22.12.24
NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2024.
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
Os anos 90 foram palco de uma mudança de paradigma no campo do cinema de acção, com os enredos centrados em mercenários em luta com exércitos inimigos ou terroristas, típicos da década anterior, a serem substituídos por um maior influxo de elementos de ficçáo científica, inspirados nos sucessos de 'Exterminador Implacável 2' e, mais tarde, 'Matrix'. E se, eventualmente, este género viria a lançar uma série de novos potenciais heróis de acçáo, a fase inicial do mesmo serviu, ainda, de veículo a nomes da 'velha escola', como Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme ou o 'Exterminador' em pessoa, Arnold Schwarzenegger. Foi, aliás, este último a ter as honras de 'encerrar' tanto o século XX como o Segundo Milénio, com um filme bem característico da sua época e, pelos critérios do actor, até bastante ambicioso; uma pena, portanto, que o resultado tenha ficado um pouco aquém das expectativas.
Falamos de 'Os Dias do Fim', película que celebrou há poucos dias os vinte e cinco anos da sua estreia em Portugal (a 17 de Dezembro de 1999) e que vê Arnold travar uma batalha com o próprio Diabo para o impedir de procriar com uma mulher humana e gerar, assim, o Anticristo. Um conceito muito mais sério e sombrio do que os de filmes anteriores do ex-culturista, e que lhe atribui um personagem também ele mais 'humano' e menos perfeito e invencível do que os que normalmente encarnava, que lidava inclusivamente com problemas de alcoolismo. Um veículo mais do que credível, portanto, para a planeada evoluçáo de carreira do actor, que pretendia expandir os seus horizontes enquanto intérprete, e adaptar-se ao novo 'clima' cinematográfico de inícios do Terceiro Milénio.
Infelizmente, consecutivos problemas impediram que 'Os Dias do Fim' atingisse o seu potencial, tendo uma série de bons realizadores optado por declinar o projecto, fosse por outros compromissos (como Guillermo del Toro ou Sam Raimi) fosse por problemas com o guiáo e a produçáo, como foi o caso com Marcus Nispel, e a realizaçáo a acabar por ficar a cargo de Peter Hyams. De igual modo, actores como Tom Cruise, Liv Tyler ou Kate Winslet tiveram de ser 'substituídos' por Schwarzenegger e a futura estrela de televisão, Robin Tunney. E embora o impacto destas mudanças no produto final nunca possa ser contabilizado, a verdade é que a versáo final de 'Os Dias do Fim' teve uma recepçáo extremamente negativa por parte da crítica e do público e foi um relativo fracasso de bilheteira, sendo hoje visto, ironicamente, como o início dos 'dias do fim' da carreira de Arnold Schwarzenegger, a qual entraria em abrupto declínio no Novo Milénio.
Embora ainda apreciado em certos círculos como filme 'tão mau que é bom', 'Os Dias do Fim' é, pois, lembrado hoje em dia sobretudo como aposta falhada, ou 'passo maior do que a perna'; ainda assim, como um dos últimos filmes a estrear em Portugal no Segundo Milénio, o filme merece ainda assim uma homenagem por altura dos vinte e cinco anos da sua estreia nas salas de cinema nacionais.