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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

22.11.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Os últimos anos do século XX foram palco de uma das periódicas, mas nem sempre perceptíveis mudanças de paradigma no tocante a filmes dirigidos a um público alargado, que viu os 'blockbusters' leves e divertidos e dramalhões sisudos de meados da década darem, progressivamente, lugar a filmes que amalgamavam os dois géneros, conseguindo a proeza de ser declaradamente comerciais e, ao mesmo tempo, ter alguma substância, além de apresentarem um tom consideravelmente mais sério do que muitos dos seus antecessores. Este novo paradigma ficava muitíssimo bem ilustrado em filmes como 'Matrix', 'Equilibrium', 'O Projecto Blair Witch', 'O Sexto Sentido', 'Homem Na Lua' ou o filme de que falamos neste post, sobre cuja estreia em Portugal se comemoraram há cerca de dez dias os vinte e cinco anos; e porque essa data coincidiu com a pausa para 'recarregar baterias' deste nosso 'blog', nada melhor do que aproveitar esta oportunidade para rectificar esse erro, e falar de 'Clube de Combate'.

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Ainda hoje conceituado e desanimadoramente actual, o clássico de David Fincher – baseado num não menos clássico livro do autor de culto Chuck Palahniuk – 'aterrava' nas salas de cinema a 12 de Novembro de 1999, a tempo de injectar uma dose considerável de psicose e trauma psicológico ao normalmente 'leve' mercado cinematográfico de Natal. Com os papéis principais divididos entre Edward Norton – do não menos perturbante 'América Proibida' – e Brad Pitt – em plena fase de afirmação como actor 'sério', após a excelente prestação em 'Seven – Sete Pecados Mortais' – com a 'ajuda' da especialista em personagens psicologicamente desequilibradas, Helena Bonham Carter, o filme afirmava-se desde logo como desafiante devido à longa duração. De facto, numa época em que a maioria dos filmes se cingia ainda à marca das duas horas, Fincher 'esticava' a história de Tyler Durden, do seu 'comparsa' no titular Clube de Luta (do qual nunca se sabe o nome) e da disfuncional namorada deste, Marla Singer, a quase duas horas e meia, as quais permitiam explorar cada recôndito das psicoses dos três personagens, a caminho de uma das mais clássicas 'reviravoltas' da História do cinema, poucos meses antes de 'O Sexto Sentido' ter definido o novo padrão para as mesmas.

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O icónico duo de protagonistas do filme.

O resultado é um filme declaradamente e propositalmente pesado, mas cuja exploração de problemas psicológicos, violência explícita (geradora, à época, de enorme controvérsia) e 'frases de efeito' marcantes não podiam deixar de agradar ao sector mais velho da geração 'millennial' (bem como aos 'X' mais novos), os quais acorreram aos cinemas naquele mês de Novembro, para ajudar a tornar o filme de Fincher num sucesso de bilheteiras tão grande em Portugal como o fôra no resto do Mundo, e fazer dele um dos filmes mais memoráveis de um ano já de si recheado de êxitos que se viriam a afirmar mais ou menos intemporais. E ainda que 'Clube de Combate' talvez não seja o maior destes – 1999 foi, afinal de contas, o ano de lançamento de 'Matrix', 'O Projecto Blair Witch', 'O Sexto Sentido', 'American Pie' ou 'Notting Hill', entre outros – o filme de David Fincher merece ainda assim, sem qualquer dúvida, um lugar nesse panteão, como uma das obras contemporâneas que melhor balanceia a seriedade do cinema independente com elementos de 'blockbuster', na única época da História da Sétima Arte em que essa combinação poderia almejar sucesso generalizado.

07.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 06 de Setembro de 2024.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Numa era em que os 'remakes' e 'reboots' se contam entre os géneros de filme mais produtivos em Hollywood e não só, e em que todas as maiores propriedades nostálgicas já viram ser-lhes aplicado tal tratamento, não é de admirar que toque a vez a franquias e personagens menos lembrados, ou com estatuto de culto. O mais recente exemplo desta mesma tendência estreou em Portugal há cerca de duas semanas, pouco mais de trinta anos após o original que o inspirou, e ao qual presta homenagem; e visto que tal data recaiu durante o período de férias do Anos 90, nada melhor do que aproveitar esta primeira Sessão após o hiato para recordar, oportunamente, esse primeiro filme, enquanto o seu sucessor ainda se encontra em cartaz nas salas lusitanas.

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Chegado ao nosso País em pleno Verão de 1994 – estreou a 15 de Julho – a primeira adaptação oficial da banda desenhada 'The Crow' trazia um ambiente tudo menos estival, fielmente passado das páginas do material de base para o grande ecrã. Talvez por isso 'O Corvo' tenha rapidamente assumido contornos de culto entre as franjas mais alternativas da sociedade, com especial incidência nos movimentos gótico e 'heavy metal', para quem a estética sombria e narrativa de tendências poéticas eram sobremaneira apelativas.

Uma pena, pois, que a adaptação cinematográfica do 'comic' independente pouco mais tenha para oferecer do que esses mesmos aspectos estéticos. De facto, um desempenho carismático de Brandon Lee (filho de Bruce) no papel do protagonista homónimo não chega a ser suficiente para colmatar o argumento algo superficial, que reduz a relativa profundidade da narrativa da BD a uma simples história de vingança igual a tantas outras. Ainda assim, não faltam ao benjamim do clã Lee oportunidades para se afirmar como a estrela de acção perfeitamente viável que se teria, sob outras circunstâncias, certamente tornado, e o jovem enfrenta com desenvoltura as múltiplas cenas de pancadaria e tiroteios em que o seu personagem se vê envolvido.

E seria, precisamente, no decurso de um desses tiroteios que se daria a tragédia pela qual o filme é hoje, sobretudo, lembrado, quando Brandon foi fatalmente atingido por uma bala verdadeira, por oposição ao simulacro em borracha que deveria ter sido instalado no seu lugar. Uma morte envolta em inevitável controvérsia, e que ceifava o jovem actor aos apenas vinte e oito anos, pondo um ponto final macabro naquela que poderia ter sido uma carreira honrosa, nas passadas do pai, e cuja sombra assola inevitavelmente o filme, sobrepondo-se às criadas pelos artefactos cénicos do filme.

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Apesar da trágica perda do seu actor principal, no entanto, os estúdios de Hollywood não desistiram de adaptar as histórias d''O Corvo'; pelo contrário, o filme daria azo a nada menos do que três sequelas antes de ser refeito e iniciar nova continuidade. A primeira destas, 'O Corvo: Cidade dos Anjos', surgia quase exactamente três anos após o lançamento do original, novamente no Verão – estreou em Portugal a 1 de Agosto de 1997 – e trazia 'mais do mesmo', agora com Vincent Perez no papel do justiceiro. O grande relevo, no entanto, não vai para a estrela principal, e sim para a inusitada presença de Iggy Pop no papel de um dos vilões, a qual acentua ainda mais a ligação entre esta série de filmes e o movimento do rock pesado, do qual Iggy foi um dos pioneiros, como líder da banda The Stooges. Apesar do convidado 'de peso', no entanto, o filme falhou redondamente nas bilheteiras mundiais, tendo sido alvo de críticas manifestamente negativas por parte da imprensa especializada.

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Foi, portanto, com surpresa que os poucos fãs da franquia ainda restantes receberam, em 2001, uma segunda sequela alusiva ao espírito vingador. Chegado a Portugal a 8 de Junho de 2001, 'O Corvo 3: Pena Capital' traz Eric Mabius no papel de Alex Corvis, regressado dos mortos para ilibar o próprio nome num caso de homicídio, ao lado de Kirsten Dunst, então a poucos meses de filmar 'Tudo Por Elas'. Fruto da péssima recepção do filme anterior, esta terceira parte apenas teve direito a exibição limitada nos cinemas, tendo essencialmente sido lançado em formato 'direct-to-video', com orçamento e valores de produção a condizer, e sofrido o mesmo fado da maioria das produções do género, ou seja, o quase total esquecimento.

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Não ficava ainda por aqui, no entanto, a saga d''O Corvo', sendo que sairia ainda uma quarta parte, em 2005, novamente em formato 'direct-to-video', e que, apesar disso, conta com um elenco de luxo. Senão veja-se: em contraste com os anónimos actores do filme anterior (com excepção de Dunst) 'O Corvo: A Reencarnação' conta com a participação de Edward Furlong (de 'Exterminador Implacável 2' e 'América Proibida'), Tara Reid (de 'American Pie: A Primeira Vez'), David Boreanaz (o Angel de 'Buffy, Caçadora de Vampiros'), Dennis Hopper, Danny Trejo, do lutador Tito Ortiz e até da cantora Macy Gray, então 'em alta' entre a demografia-alvo do filme. Talento até demais para uma quarta parte de uma franquia há muito moribunda, e que era, mais uma vez, alvo de enormes críticas por parte da imprensa especializada.

Felizmente, ao contrário de franquias como 'Halloween' ou 'Sexta-Feira, 13', os criadores dos filmes d''O Corvo' souberam onde parar, deixando 'morrer' definitivamente a série antes de a mesma se adentrar ainda mais na espiral descendente em que já se encontrava. O filme de 2024 é, pois, uma oportunidade para 'começar de novo', e voltar a despertar interesse na obra de James O'Barr, a qual – ao contrário do que as suas adaptações cinematográficas poderiam indicar – tem algum mérito artístico, e merece ser conhecida ou relembrada por fãs de banda desenhada de teor obscuro e gótico. Já os filmes podem ser votados ao esquecimento onde já se encontram, sendo o original o único dos quatro digno de uma Sessão de Sexta nostálgica e de cérebro totalmente 'desligado'...

17.05.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Qualquer fã de cinema reconhece que os diferentes estilos e géneros inerentes à Sétima Arte têm, por sua vez, dentro de si uma miríade de sub-géneros, cada um com parâmetros e estereótipos bem definidos (como, aliás, acontece também com as artes concomitantes, como a música e a literatura). O género do crime, por exemplo, tem desde os anos 90 uma popular e vincada sub-categoria, focada não tanto nos 'gangsters' e máfias clássicas, mas em bandidos mais modernos, com tanta lábia como mira para disparar, cujas vidas se entrelaçam de alguma forma durante noventa minutos ou duas horas, com resultados invariavelmente divertidos para os fãs do género. E se, em solo norte-americano, o mestre deste sub-estilo se chama Quentin Tarantino, do lado europeu, um nome se agiganta como incontornável dentro do mesmo: Guy Ritchie, o britânico que, há quase exactos vinte e cinco anos, se apresentava aos cinéfilos portugueses através da sua primeira – e imediatamente icónica – obra.

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Realizado e produzido ainda em 1998, 'Um Mal Nunca Vem Só' (um daqueles títulos traduzidos inexplicáveis para um filme que se chama, no original, 'Lock, Stock and Two Smoking Barrels') era vítima do 'atraso cultural' habitual em produtos mediáticos da época, acabando por 'amarar' em solo lusitano apenas vários meses após o lançamento no seu Reino Unido natal, no caso a 14 de Maio de 1999. Foi nessa data que os fãs nacionais ficaram, pela primeira vez, a conhecer o estilo hiperactivo, estilizado e movido a diálogos jocosos que, já no Milénio seguinte, seria 'revisto e melhorado' em filmes como 'Snatch – Porcos e Diamantes', 'Rock'n'Rolla: A Quadrilha' ou 'Revolver'. Muitos dos 'actores fetiche' de Ritchie também fazem aqui a sua estreia, casos de Vinnie Jones e da futura estrela de acção Jason Statham, aqui marcadamente mais 'magricelas' e com a oportunidade de demonstrar os seus dotes como actor – sim, Jason Statham sabe representar, e bem! Já a trama desenrola-se no habitual 'rebuliço' também característico de Richie, que, a páginas tantas, faz até o cinéfilo mais persistente deixar de tentar perceber o que se passa, resignando-se a desfrutar dos excelentes diálogos e cenas de acção. Em suma, um compêndio do que viriam a ser os 'clichés' das obras do realizador britânico, de cuja junção resulta um dos melhores filmes de crime do cinema moderno.

De facto, um quarto de século volvido sobre a sua estreia em Portugal (e ligeiramente mais do que isso sobre o seu lançamento original) 'Um Mal Nunca Vem Só' continua a oferecer uma experiência tão prazerosa e entusiasmante como naquele dia de Maio de 1999 em que pela primeira vez chegou às salas lusas, e a servir de inspiração para inúmeros 'imitadores', nenhum dos quais chega aos níveis de qualidade aqui almejados por Richie. Razões mais que suficientes, pois, para dedicarmos esta homenagem à obra de estreia do britânico, quando a mesma atinge tão destacado marco em solo português.

26.01.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Os anos 80 e 90 foram décadas de excelência para o cinema de acção, responsáveis por uma série quase infindável de 'blockbusters' capitaneados por 'heróis' tão conhecidos como Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme ou Sylvester Stallone. Este último, em particular, há muito que deixara os contornos independentes da sua estreia com 'Rocky' (que também realizara) ou com o primeiro filme da série 'Rambo', e se acomodara à figura de herói musculado, carrancudo e de poucas palavras a que a sua caracterização deste último personagem o associara. Em inícios da década de 90, este era já, praticamente, o único tipo de papel para o qual Stallone era escalado – excepção feita à ocasional comédia de acção, à semelhança do congénere Schwarzenegger – o que não invalidava que o actor e realizador tentasse, ainda assim, injectar alguma variedade à sua filmografia, nomeadamente através de incursões por outros géneros.

Destes, era a ficção científica a que mais frequentemente captava a atenção do astro, que, só no ano de 1993, participaria em duas super-produções do género – primeiro a pouco unânime adaptação da banda desenhada 'Juiz Dredd', em 'O Juiz', e depois 'Homem Demolidor', um filme de estética e enredo muito semelhantes e que, em conjunto com o seu antecessor, ajudou a que o nome de Stallone fosse, durante alguns meses, sinónimo com o género da acção futurista.

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E se, em 'O Juiz', o carrancudo herói de acção surgia acompanhado de Rob Schneider, no papel de coadjuvante com veia cómica, aqui a co-estrela é bem mais inesperada, e bem menos irritante: trata-se, nada mais nada menos, do que de Wesley Snipes, o futuro 'Blade', aqui no papel de antagonista do polícia futurista de Stallone. O trio de personagens centrais do filme completa-se com Sandra Bullock, mais tarde reconhecida por filmes como 'Speed – Perigo a Alta Velocidade' ou 'Miss Detective', e que aqui interpreta a parceira de Stallone no caso que este investiga.

O resultado são duas horas acima da média no tocante a ficção científica noventista (uma fasquia que apenas seria elevada no final da época) que foram, à época, consideradas um 'regresso à forma' para Stallone, após uma série de filmes menos conseguidos, e que tiveram mesmo honras de adaptação oficial em livro, publicada em Portugal pela inevitável Europa-América, magnata deste género de publicação no nosso País.

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Capa nacional da novelização da trama, lançada pela inevitável Europa-América.

Grande parte deste sucesso, e do apelo do filme, ter-se-à devido à veia satírica do enredo, que ajudava a destacá-lo dos outros filmes 'de explosões' futuristas que povoavam os cinemas e videoclubes da época. Quase exactos trinta anos após a sua estreia nacional (a 21 de Janeiro de 1994, dois meses e meio após 'abrir' nos Estados Unidos) 'Homem Demolidor' é, decididamente, um produto do seu tempo, mas ainda apresenta qualidade suficiente para poder ser considerado um dos melhores exemplos do género de ficção científica pré-'Matrix', e para entreter qualquer fã do género disposto a contextualizá-lo correctamente.

19.01.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Para a maioria das crianças e jovens dos anos 80 e 90, Robin Williams é conhecido, sobretudo, pelos seus dotes cómicos, ombreando com nomes como Eddie Murphy, Tim Allen, Rowan Atkinson ou Jim Carrey no panteão de grandes actores de comédia da época; para os espectadores mais velhos, no entanto, o malogrado actor era, também, famoso pela sua versatilidade, sendo capaz de interpretar de forma convincente (embora sempre imbuída da sua fisicalidade e dramatismo propositadamente exagerados) papéis mais 'sérios'. A própria filmografia do actor demonstra explicitamente essa dicotomia, com filmes como 'Papá Para Sempre', 'Flubber – O Professor Distraído' ou a versão original do 'Aladdin' da Disney a serem contrapostos com magníficas interpretações dramáticas em obras como 'Bom Dia Vietname', 'O Bom Rebelde', ou o filme que inspira esta Sessão extra, por ocasião do trigésimo-quarto aniversário da sua estreia em Portugal.

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De facto, apesar de tecnicamente o post da passada Quinta-feira servir 'função dupla' como Sexta com Style, não poderíamos deixar de aproveitar a ocasião de falar de um dos filmes mais marcantes do início dos anos 90, no exacto dia em que, no primeiro mês da nova década, o mesmo surgia nos cinemas lusitanos, dando-nos, assim, a 'desculpa' perfeita para o incluirmos neste nosso 'blog'. Falamos de 'O Clube dos Poetas Mortos', clássico do género dramático que, fosse no cinema ou, mais tarde, através do mercado de vídeo, teve impacto directo sobre pelo menos duas gerações de cinéfilos, pela sua bem conseguida mistura de drama 'para chorar' com elementos relativos ao processo de amadurecimento, com que o público-alvo facilmente se conseguia identificar.

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O ´professor' e 'alunos' nos quais se centra o filme.

Guiado por uma magnífica interpretação de Williams como o novo professor de Literatura de uma escola privada norte-americana determinado a fazer 'sair da casca' os seus alunos, o filme conta, ainda, com 'performances' de alto nível por parte dos jovens actores que compõem a turma, com destaque para um jovem Ethan Hawke e para Robert Sean Leonard, futura 'cara conhecida' de várias séries de televisão. E apesar de o tempo se ter encarregue de tornar certas falas e cenas 'meméticas' ao ponto de quase parecerem paródias, a verdade é que é difícil negar a qualidade de escrita e interpretação das mesmas, e do filme em geral, e a validade da sua mensagem – embora, neste último caso, seja fácil a um espectador mais experiente oferecer contrapontos a várias das ideias do filme. Para o público-alvo, no entanto, as mensagens de auto-determinação, auto-descoberta e rejeição do destino por outros traçado terão sido por demais eficazes, explicando o estatuto de culto de que o filme continua a gozar.

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A cena mais icónica do filme.

Acima de tudo, o filme de Peter Weir faz parte daquele contingente de obras cinematográficas que se recusa a 'envelhecer', podendo tão facilmente ter sido rodado no ano transacto como três décadas antes - como foi o caso – e que, por isso, continuam a constituir uma excelente experiência fílmica, mesmo para a geração habituada a efeitos especiais mirabolantes e ritmos de acção frenéticos. Isto porque, conforme acima notámos, as mensagens transmitidas pela obra continuam a afirmar-se como universais, o que, aliado ao excelente elenco, poderá fazer com que a geração digital levante o olhar do TikTok durante duas horas, e se delicie com uma Sessão de Sexta ainda hoje acima da média - teoria que pode ser testada seguindo este link...

12.01.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Uma das primeiras Saídas de Sábado deste nosso blog foi ao cinema, para recordar a experiência de ir, com os pais ou amigos, ver um filme 'da moda' numa sala de bairro, ou num dos muitos 'multiplexes' que iam surgindo por esse País fora, como parte integrante dos 'shopping centers' que se vinham, também eles, espalhando pelo território continental. No entanto, havia ainda uma terceira categoria de cinema – e segundo tipo de filme – não contemplados por esse primeiro artigo; é, precisamente, essa mesma categoria que iremos abordar nesta Sessão de Sexta, a qual terá um cariz algo mais intelectual do que de costume. Isto porque, esta Sexta, recordaremos as mostras e ciclos de cinema independente, prática corrente dos anos 90 e 2000 que, como tantas outras abordadas nestas páginas, tem vindo progressivamente a perder fôlego ao longo dos últimos quinze anos, mas que fez as delícias de duas gerações de jovens cinéfilos portugueses, apresentando-lhes filmes aos quais, de outra forma, não teriam necessariamente acesso na era pré-serviços de 'streaming'.

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A Medeia Filmes foi uma das principais distribuidoras de cinema independente e de autor em Portugal.

De facto, numa época em que eram poucos e selectos os lançamentos em VHS (e mesmo, mais tarde, em DVD) estes ciclos temáticos ou exibições num número limitado de salas mais pequenas eram a única forma de contacto com um certo tipo de cinema mais 'de autor', mais condicente com um clima mais sério e introspectivo do que com as pipocas e música-ambiente das salas de 'shopping'. Certos cinemas mais históricos ou menos centrais das grandes capitais (e não só) faziam mesmo da exibição deste tipo de filme o seu principal factor distintivo, destacando-se orgulhosamente das salas mais 'comerciais' e apelando abertamente a um público mais cinéfilo, como era o caso, entre outros, dos cinemas King ou Star, ambos na zona de Roma/Alvalade, em Lisboa. E embora o advento do Novo Milénio, a chegada do DVD e a considerável expansão no volume e cariz dos lançamentos disponíveis em edição nacional tenham, inevitavelmente, causado uma mudança no teor deste tipo de iniciativa, a mesma gozou, ainda, de mais uma década de enorme visibilidade, com as salas e cinematecas a aproveitarem as potencialidades do novo formato, muitas vezes exibindo o filme directamente a partir do mesmo.

Ainda assim, estes espaços mais pequenos viram-se incapazes de travar o progressivo avanço dos mega-cinemas comerciais, e a organização de ciclos e mostras de cinema passou, progressivamente, para o domínio das associações privadas, universidades, e outros espaços semelhantes, onde se mantém até aos dias de hoje, tendo a maioria das salas conhecidas por mostrarem filmes 'alternativos' soçobrado ao inevitável domínio dos filmes da Disney, Marvel, Star Wars e outros 'blockbusters' semelhantes. Os cinéfilos da Geração Z vêem-se, assim, obrigados a recorrer à Internet (ou às colecções de filmes dos pais) para conhecerem alguns dos mesmos clássicos que os seus antecessores tiveram o privilégio de ver em ecrã gigante, numa qualquer sala ao fundo de umas escadas ou na divisão do fundo de um centro comercial de bairro, vinte ou trinta anos antes...

16.12.23

NOTA: Por motivos de relevância, todas as Sextas-feiras de Dezembro serão Sessões.

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2023.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

O facto de, hoje em dia, quase todos os filmes surgirem em cinemas um pouco por todo o globo ao mesmo tempo, em estreia mundial, pode fazer esquecer que, nos anos 90, passava-se precisamente o contrário, podendo a mesma película estrea em dois países adjacentes com várias semanas ou até meses de atraso. Na maioria dos casos, esta 'décalage' não ultrapassava alguns dias, mas chegava a haver casos extremos em que certos filmes estreavam em determinadas regiões com intervalos absurdos - como no caso de 'Sozinho em Casa', que, em Portugal, estreou quase exactamente um ano após o seu aparecimento nos EUA. E embora esse mesmo filme tenha, ainda assim, surgido na época natalícia, pese embora o atraso, outros havia que o fenómeno em causa 'empurrava' para alturas descabidas e algo aleatórias, retirando-lhe parte da potencial audiência que pudesse ter tido interesse na época certa do ano. Foi o caso do filme abordado nesta Sessão de Sexta, o qual, apesar de ter completado na semana que ora finda trinta anos sobre a sua estreia, seria muito mais adequado para exibição em finais de Outubro ou inícios de Novembro, na época do Halloween.

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Falamos de 'A Família Addams 2', ou 'Addams Family Values', sequela da popular película de 1991 sobre uma família algo 'monstruosa', a qual, por sua vez, adaptava a banda desenhada de Charles Addams, E a verdade é que, talvez previsivelmente, muitos dos elementos que garantiram o sucesso dessa primeira empreitada voltam a surgir neste segundo filme, do icónico elenco com Raul Julia, Anjelica Huston, Christopher Lloyd ou Christina Ricci à atmosfera declaradamente arrepiante em que os seus personagens desenvolvem as suas vida - uma receita que funcionaria ainda melhor não tivesse o filme estreado em plena 'marcha' para o Natal, já longe do clima de abóboras, morcegos e casas assombradas dos dois meses anteriores. Sob as iluminações com motivos de Pais Natais, velinhas e bolas para a árvore, a família titular do filme parecia mais deslocada do que assustadora, sendo este daqueles casos em que um intervalo algo excessivo para colocar o filme em sala terá impedido a facturação de uma parcela significativa de receitas.

Ainda assim, quem se deu ao trabalho de ir ver o filme naquela 'recta final' do ano de 1993 certamente não terá ficado desapontado, já que, conforme acima referido, o filme oferece 'mais do mesmo' ao nível do humor, interpretações e mesmo história, além de adicionar mais um nome de talento ao elenco, no caso Joan Cusack, no papel da noiva 'interesseira' (e assassina) do Fester Addams de Christopher Lloyd. As diferenças ficam por conta de um tom mais negro e menos abertamente cómico, que torna 'Família Addams 2' um filme mais 'adulto' do que o seu antecessor, e que o ajudou a ser melhor recebido pela crítica do que este, embora o desempenho em bilheteira tenha sido inferior. No entanto, numa época da História em que o visionamento de um filme não fica confinado ou limitado pela presença do mesmo em sala ou na televisão, 'Addams 2' encaixa muito melhor como filme de Halloween, em formato de 'maratona' com o primeiro e com os dois 'remakes' animados, numa estratégia que permite ignorar o facto de esta sequela ter estreado no nosso País no incongruente mês de Dezembro...

08.12.23

NOTA: Por motivos de relevância, todas as Sextas-feiras de Dezembro serão Sessões.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Hoje em dia, os filmes de super-heróis, ou simplesmente baseados em obras de banda desenhada, são um dos géneros mais prolíficos, bem-sucedidos e de maior orçamento do panorama cinematográfico. No entanto, quem já era fã deste tipo de filme antes do advento dos Multiversos Cinematográficos Marvel e DC sabe que nem sempre foi esse o caso, antes pelo contrário, e que os filmes baseados em BD's tiveram, durante várias décadas, custos de produção baixíssimos e níveis de qualidade que oscilavam entre o aceitável e o tenebroso. De facto, já nos primeiros anos do Novo Milénio, era ainda possível sentir o receio dos 'nerds' de todo o Mundo sempre que era anunciado um novo filme do estilo, mesmo depois de terem já havido vários exemplos do género de qualidade muito acima da média. E se os 'Batmans' de Tim Burton e Joel Schumacher e os 'X-Men' de Bryan Singer são, normalmente, creditado como os primeiros filmes a contribuir para o inverter da tendência, a verdade é que o género 'quadradinhos no grande ecrã' produzia, na mesma altura, outro filme de algum sucesso, sobre cuja estreia em Portugal se celebram na próxima semana vinte e cinco anos.

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Surgido nas salas lusas a 11 de Dezembro de 1998 (mesmo dia em que era lançado o muito diferente 'Pai Para Mim...Mãe Para Ti', de que falámos na última edição desta rubrica), 'Blade' baseava-se no personagem da Marvel com o mesmo nome, um 'híbrido' de vampiro e humano conhecido como 'dhampir', que utiliza as suas habilidades vampíricas para caçar e eliminar os 'puros sangues', em cenas bem 'sangrentas', repletas de acção com armas brancas e do tipo de artes marciais que viria a ganhar (ainda mais) popularidade com o lançamento de 'Matrix', no ano seguinte.

No papel do enigmático e sorumbático personagem surgia Wesley Snipes, actor em tempos tido como revelação (actuou em filmes como 'New Jack City', por exemplo) mas cuja carreira ficara marcada pela combinação de um temperamento complicado com abuso de substâncias, que o vira embarcar em obras de muito menor calibre – embora ainda tivesse conseguido trabalhar com um dos grandes heróis de acção dos anos 80 e 90, Sylvester Stallone, durante a segunda 'fase áurea' deste último, ao representar o vilão em 'Homem Demolidor', de 1994. No entanto, 'Blade' é geralmente tido como o filme que permitiu trazer Snipes de volta à ribalta, numa trajectória semelhante à que Eddie Murphy encetava no mesmo período, com a sua participação vocal em 'Mulan' e o sucesso de 'Doutor Doolittle'.

E a verdade é que, sem ser nenhum portento cinematográfico, 'Blade' resulta bem para aquilo que é – um veículo para Snipes, que nada mais pretende do que oferecer noventa minutos de entretenimento descartável para adolescentes e fãs do personagem. A referida demografia respondeu, aliás, em peso, tornando 'Blade' num dos primeiros verdadeiros sucessos de um género até então representado por obras medianas, como 'O Juiz', ou declaradamente fracas.

Tendo em conta este sucesso, não é de surpreender que Snipes tenha voltado a vestir a capa de cabedal do 'dhampir' dos quadradinhos, não uma, mas duas vezes – a primeira em 2002, sob a direcção do 'lunático' Guillermo del Toro, num filme considerado uma versão melhorada e alargada do seu antecessor, e a segunda em 2004, para o menos consensual 'Blade III: Trinity', que conseguiu ainda assim um desempenho meritório nas bilheteiras tanto nacionais quanto mundiais. Já a série baseada no personagem, também com argumento de David S. Goyer (que escrevera todos os filmes e realizara o terceiro) mas com o 'rapper' Sticky Fingaz no lugar do demissionário Snipes, não chegou a estrear em Portugal.

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Os dois filmes que completam a trilogia, também eles bastante bem sucedidos.

É fácil de perceber, portanto, que apesar de algo esquecida vinte anos passados, a trilogia 'Blade' não deixou de marcar época entre os adolescentes das gerações 'X' e 'millennial', aos quais ofereceu, precisamente, aquilo que procuravam: acção bem sangrenta e com a estética de 'cabedal negro' tão apreciada naqueles anos de viragem de Milénio. Além disso, a série explora o reavivar de interesse em vampiros, iniciado com 'Entrevista com o Vampiro', de 1995, e que viria, em anos subsequentes, a inspirar várias versões do conto de Drácula, além, claro, da inescapável 'Saga Crepúsculo'. Em finais de 1998, no entanto, os vampiros estavam, ainda, muito longe de brilhar ao sol, sendo Blade um muito melhor exemplo de como modernizar as míticas criaturas, e o seu primeiro filme um clássico nostálgico menor para a geração crescida durante os anos 90.

20.10.23

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Embora, em Portugal, seja tradição 'importada' – e recente – o Halloween tem, para países como os Estados Unidos, um significado especial, traduzido na iconografia própria (e, para muitos jovens americanos, altamente nostálgica), em rituais como o 'Doces ou Travessuras' (o famoso 'trick or treat') e a criação de disfarces ligados ao terror e, claro, na escolha de filmes próprios para a época, os quais se tendem a dividir em duas grandes categorias: as comédias familiares como 'Hocus Pocus' e 'A Família Addams' (muitas delas passadas, precisamente, na também chamada Noite das Bruxas) e os filmes de terror, de entre os quais se destaca a franquia que leva o mesmo nome da própria celebração, e que, em finais dos anos 70, revelou ao Mundo uma jovem chamada Jamie Lee Curtis.

Tal como sucedeu a todas as outras franquias de terror da mesma época, no entanto, os anos seguintes viram o seu vilão (o verdadeiramente sinistro Michael Myers, que perde apenas para o Leatherface de 'O Massacre da Serra Eléctrica' como assassino mais assustador do cinema de terror) ser muito 'mal tratado', numa série de sequelas de qualidade decrescente que contribuíram para retirar a Michael uma parte significativa da sua mística. Ainda assim, e ao contrário do que aconteceu com os contemporâneos Jason Voorhees e Freddie Krueger, viria a ser lançada a Michael uma 'corda de salvação', sob a forma de um novo capítulo, comemorativo dos vinte anos dos seus primeiros ataques, e com execução bastante mais cuidada em relação aos filmes anteriores da franquia.

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O DVD nacional do filme

Chamava-se 'Halloween H20: O Regresso', estreou nos cinemas norte-americanos há quase exactos vinte e cinco anos (mesmo a tempo do Halloween) e, apesar de apenas ter chegado ao nosso País em Março (!!!) do ano seguinte, constitui a Sessão de Sexta perfeita para a altura do ano que se aproxima - como, aliás, já demos a entender quando o incluímos, juntamente com alguns dos filmes acima referidos, na nossa Sessão de Sexta Especial de Halloween, há quase exactos dois anos; aproveitamos, agora, nova aproximação da referida data para lhe dedicarmos algumas linhas mais alargadas e específicas, por alturas de um 'aniversário' marcante para qualquer obra mediática.

Como o próprio título dá a entender, 'H20' (não confundir com H2O) tem lugar vinte anos após o original, ou seja, no ano de 1998. Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), irmã do assassino mascarado e única vítima a ter sobrevivido a repetidos ataques por parte do mesmo, descobre que não consegue escapar ao seu passado quando o irmão a descobre na pequena cidade californiana onde reside sob um nome falso, e prontamente enceta nova tentativa de acabar com a sua vida de uma vez por todas. Na 'linha de mira' do assassino estão também o filho adolescente de Strode, John (interpretado pelo jovem galã da altura, Josh Hartnett) que organiza com os amigos uma festa de Halloween particular longe dos adultos e de outros jovens, tornando-se assim alvos fáceis para Myers, e Will Brennan, companheiro de Laurie que, juntamente com a mesma e com um segurança da escola, tenta proteger os jovens do tresloucado assassino, para quem os mesmos seriam, de outra forma, alvos fáceis.

Uma receita sem muito de inovador, e que recorre mesmo a alguns (senão a todos) os clichés dos chamados 'slasher movies', mas cujo segredo reside em saber precisamente o que o público de filmes como 'Sei O Que Fizeste No Verão Passado' espera e pretende de uma obra deste tipo, e oferecer, precisamente, isso, sem o tipo de tentativas de inovação ou experimentação que haviam morto, aos poucos, as franquias concorrentes 'Pesadelo em Elm Street' e 'Sexta-Feira 13'. Ao contrário de muitos dos filmes de ambas, 'Halloween H20: O Regresso' é, só e apenas, o que apregoa ser: uma revisão e actualização do conceito do original de John Carpenter, já longe da qualidade do mesmo, mas ainda assim criado com assumido respeito e apreço pelas bases por ele estabelecidas. Assim, e embora não suplante (e ainda menos substitua) o mesmo, este primeiro reviver de uma franquia ainda hoje vive merece bem o investimento de menos de hora e meia por parte dos entusiastas do terror 'pop', seja como parte de uma 'maratona' mais alargada de todos os títulos da série, seja por si mesmo, como 'refeição rápida' para saciar a vontade de apanhar uns 'sustos' frente ao ecrã na noite de Sexta-feira de Halloween.

26.08.23

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-Feira, 25 de Agosto de 2023.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Hoje em dia, o nome de Quentin Tarantino é sinónimo de um certo e determinado tipo de cinema, pleno de referências à cultura 'pop', diálogos inteligentes e cheios de palavras incomuns, humor negro e, muitas vezes, doses cavalares de 'molho de tomate'. Mas se, hoje em dia, o cinema do realizador (com todos os elementos supracitados) faz parte das referências de qualquer cinéfilo, em Maio de 1993, o mesmo era um ilustre desconhecido - pelo menos para os jovens lusitanos, que se preparavam (sem o saber) para tomar contacto com a sua primeira obra-prima.

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Terceiro filme do realizador (embora seja o primeiro de maior expressão, e considerado por muitos como a sua verdadeira estreia), 'Cães Danados' ('Reservoir Dogs', no original) traz já todos os elementos supracitados, bem como outros típicos de Tarantino (como a 'ponta' do próprio realizador numa das cenas), tendo sido responsável por os implementar e apresentar ao grande público. E se, em trabalhos subsequentes, QT se desdobraria em arroubos de história, aqui, o argumento não pode ser mais simples: todo o filme se passa num único local, um armazém abandonado, e se centra num único grupo de seis homens, ali refugiados após um assalto mal-sucedido. Sem saberem nada uns sobre os outros, além dos nomes de código referentes a cores, os mesmos acabam, ainda assim, por desenvolver relações interpessoais de cariz tragicómico, num resultado final que fica entre a comédia negra e a vertente mais sarcástica dos filmes de crime (ao estilo Guy Ritchie).

Alicerçado nas excelentes exibições de Harvey Keitel, Steve Buscemi, Tim Roth e Michael Madsen, 'Cães Danados' não tardou a ganhar renome como um dos filmes mais sangrentos até então filmados, e também como uma descontrução dos filmes de crimes, semelhante à sua inspiração directa, 'The Killing', de Stanley Kubrick. O seu sucesso contribuiu também, em larga medida, para estabelecer o nome de Tarantino como jovem realizador a ter em conta, um estatuto que seria cimentado pelo seu trabalho seguinte, o lendário 'Pulp Fiction', lançado em 1994. 'Cães Danados' é, no entanto, muito mais do que apenas um 'ensaio geral' para esse filme, e continua a merecer os elogios de que é alvo, mesmo após completadas três décadas sobre a sua chegada a Portugal.

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