26.05.23
NOTA: Por motivos de relevância temporal, o post desta Sexta será sobre cinema. As Sextas com Style regressam para a semana.
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
A passada Quarta-feira, dia 24 de Maio de 2023, ficou marcada pelo falecimento de um ícone da música pop e 'soul' das décadas de 80 e 90, a icónica e inimitável Tina Turner. Como tal, e enquanto preparamos a inevitável homenagem à mesma, iremos, esta Sexta, recordar o filme biográfico alusivo à sua vida, e sobre cuja estreia em Portugal se assinalam, em Novembro próximo, exactas três décadas.
Baptizado com o mesmo nome de um dos maiores sucessos da cantora, 'What's Love Got To Do With It' (abreviado, na versão Portuguesa, para o consideravelmente mais simples e menos icónico 'Eu, Tina', mesmo titulo da autobiografia da cantora, que o filme tem por base) trazia Angela Bassett no papel principal – uma escolha tão acertada que quase parecia inevitável, dadas as semelhanças físicas entre a actriz e a cantora (após, claro está, a adição da inconfundível cabeleira 'afro' que era imagem de marca de Tina) – e Laurence Fishburne (outra escolha acertada) como o controverso Ike Turner. Na cadeira de realizador sentava-se o britânico Brian Gibson, um relativamente anónimo realizador de televisão cujos principais créditos, à época, eram a realização de 'Kilroy Was Here' (o filme que servia de 'teledisco' para o álbum conceptual do mesmo nome da banda de rock sinfónico Styx) e da sequela de 'Poltergeist'. Um candidato tão improvável quanto estarrecedor, para quem esta filmo-biografia da diva helvético-americana continua a ser, talvez, o projecto de maior monta até aos dias de hoje.
Os dois actores principais partilham bastantes semelhanças físicas com o verdadeiro casal.
Apesar da falta de um nome sonante ao 'leme' do projecto (e das objecções do verdadeiro casal quanto à falta de veracidade e liberdades tomadas com a história), no entanto, 'Eu, Tina' foi um sucesso de bilheteira, e ambos os seus actores principais nomeados para os Óscares de Melhor Actor e Melhor Actriz na cerimónia daquele ano; Angela Bassett viria, mesmo, a arrecadar um Globo de Ouro pela sua prestação como Tina, na categoria de Melhor Actriz de Comédia ou Musical, mostrando porque havia sido escolhida em detrimento de nomes mais jovens e populares, como Hale Berry, Janet Jackson ou a sucessora natural de Tina, Whitney Houston, que havia sido protagonista de um dos maiores sucessos do ano anterior, 'O Guarda-Costas', e para quem esta teria sido a oportunidade perfeita de dar continuidade à carreira cinematográfica.
Conforme referimos, no entanto, Bassett foi uma escolha acertada, não só pelas semelhanças com Tina como por se tratar de uma actriz experiente, e capaz de desempenhar um papel complexo e emotivo como o da diva 'pop' sem se 'assustar' nem ficar além das expectativas. O seu desempenho, juntamente com o de Fishburne, é, aliás, o principal argumento a favor deste filme, que – mesmo trinta anos após o seu lançamento – se afirma como uma excelente forma de prestar homenagem a Tina, e à influência que a sua música, personalidade e até história de vida tiveram na música 'pop' dos anos 80 e 90.