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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

17.10.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Hoje em dia, o conceito de 'pacotes-mistério' – ou seja, embalagens opacas que prometem uma figura ou brinde da colecção a que são alusivas, mas não especificam qual, estando parte da emoção, precisamente, no mistério – é por demais popular entre as crianças e jovens das gerações 'Z' e 'Alfa'; no entanto, o referido sistema tem raízes bastante mais antigas do que se possa pensar, fazendo já sucesso junto das demografias 'X' e 'millennial'. De facto, uma das instâncias mais antigas desse tipo de fenómeno em Portugal remonta ao início dos anos 90, quando grande parte das crianças e jovens nacionais decidiram coleccionar porquinhos.

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Alguns dos muitos porquinhos da colecção.

Sim, nos anos antes dos ovos Kinder popularizarem as colecções de 'bonequinhos' como brinde alimentar, já uma companhia havia procurado explorar esse mercado de forma mais tradicional, através do lançamento de uma colecção de porquinhos 'humanizados' (ainda que não antropomórficos) com as mais variadas temáticas, de bebés de touca ou babete a árbitros de futebol ou boxeadores, passando por porcos de fato (um dos quais fazia lembrar a icónica indumentária de Babar) ou porcas fêmeas de batom ou a fazer bailado, entre muitas outras figuras altamente coleccionáveis, e apelativas para ambos os sexos – embora, claro, houvesse sempre algumas consideradas demasiado femininas para os rapazes, ou vice-versa.

Escusado será dizer que o próprio conceito da linha, muito semelhante ao subjacente às cadernetas de cromos, não só fomentava como praticamente exigia a troca de figuras, de modo a completar ao máximo possível a colecção – um factor absolutamente necessário ao procurar criar uma 'febre de recreio'. E apesar de estes porquinhos não terem chegado ao nível de iconicidade e 'culto' de uns Tazos, Pega-Monstro ou Caveiras Luminosas – encontrando-se mesmo algo Esquecidos Pela Net – o volume que se pode encontrar para venda no OLX indicia que terá havido uma percentagem significativa de portugueses e portuguesas não só a coleccionar estas figuras à época do seu lançamento, como também a guardar a sua colecção de infância para propósitos nostálgicos; para esses, aqui fica mais uma lembrança daquela que foi uma das pioneiras do conceito de 'pacotes-mistério' em território nacional.

05.07.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 4 de Julho de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Desde a sua massificação em inícios do século XX, o futebol tem sido o desporto mais consensual e com maior base de fãs a nível mundial; Portugal não é, de todo, excepção a esta regra, como se pode facilmente verificar pela existência de nada menos do que três jornais diários dedicados apenas e tão-somente a notícias de cariz desportivo, com natural primazia para o futebol. Não é, pois, de estranhar que cada nova competição internacional, particularmente as disputadas entre selecções de jogadores de cada país, façam 'parar' grande parte do Mundo, e motivem um sem-número de companhias a efectuar promoções alusivas ao certame em causa.

O Euro '96, levado a cabo em Inglaterra, não foi, de forma alguma, excepção a esta regra, tendo vários produtos, companhias e entidades adoptado temporariamente as cores da bandeira do país em que eram comercializados, e oferecido brindes centrados nas equipas presentes no torneio. Em Portugal, uma dessas entidades era o jornal 'A Bola', que, não querendo deixar créditos por mãos alheias no que toca à sua área de especialização, veiculava esse Verão, em conjunto com o seu jornal, figuras em borracha dos jogadores da Selecção Portuguesa da altura.

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Algumas das figuras da colecção, e respectivos cartões de 'identidade'.

Inteligentemente chamados de Figuras da Bola (num trocadilho com o nome do jornal) estes bonecos constituíam, basicamente, caricaturas tridimensionais dos jogadores, cada um dos quais surgia com as feições exageradas daquele estilo de arte, e com cabeças muito maiores do que o 'esquelético' corpo em que assentavam. Ainda assim, e apesar da abordagem 'cartunesca', a maioria dos 'craques' da Geração de Ouro era, ainda, perfeitamente reconhecível, de Fernando Couto e Paulo Sousa com as suas 'melenas' à não menos farta cabeleira loira de Jorge Cadete, o enorme queixo de Sá Pinto ou a cabeça achatada de Luís Figo, entre outras características propositalmente ampliadas para máximo efeito cómico. Juntamente com cada uma das figuras vinha, ainda, um cartão, com uma caricatura do jogador em causa e alguns dados vitais do mesmo – um pormenor cujo valor era apenas aparente, já que o que verdadeiramente interessava era a figura, ideal para colocar na estante, mesa de cabeceira ou secretária (não confundir com Secretário, que também faz parte da colecção...!) e mostrar assim o apoio à Selecção.

Curiosamente, apesar da natureza obviamente atractiva desta promoção (mais próxima de um brinde dos ovos Kinder ou do Happy Meal do McDonald's do que algo oferecido por um jornal), não tornou a haver, em certames subsequentes, qualquer outra promoção deste tipo, deixando a 'Selecção' de Figuras da Bola como uma iniciativa única no panorama promocional português, quer do século XX quer do actual, e bem merecedora de lembrança nas páginas deste nosso blog.

02.05.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Há precisamente uma semana, falámos neste mesmo espaço dos ovos Kinder, uma das mais icónicas guloseimas entre as crianças e jovens de Portugal desde a sua entrada no mercado, há já mais de quatro décadas; e apesar de, nesse 'post', termos abordado de relance os brindes dos referidos ovos, é inegável que aquela que, para muitos, era a principal razão para comprar estes ovos merece o seu próprio capítulo neste nosso 'blog'. É, pois, sobre as Quinquilharias contidas naqueles memoráveis cilindros amarelo-ocre que falaremos esta Quinta – especificamente, sobre as colecções de figuras que representavam o 'Santo Graal' desta categoria de brinde.

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De facto, apesar de nunca deixar de ser agradável encontrar dentro do ovo o tradicional carrinho ou avião, ou uma das assumidamente criativas obras de micro-engenharia baseada em eixos e rodas-dentadas, qualquer criança ou jovem na posse de um Kinder Surpresa tinha a secreta esperança de que o mesmo ocultasse um 'boneco' de qualquer que fosse a série então vigente – e foram muitas as promovidas pela Kinder durante este período. Normalmente tematizadas em torno da antropomorfização de uma espécie animal e de um qualquer conceito-base (como hipopótamos desportistas ou incongruentes tubarões persas) estas colecções exibiam, invariavelmente, enorme atenção ao detalhe, praticamente ao nível da dos brindes que o McDonald's veiculava, na mesma época, no tradicional Happy Meal – ainda que a uma escala bastante mais pequena, aproximadamente do mesmo tamanho das Matutolas, da Matutano, ou das figuras da linha Monsters In My Pocket – tornando-as assim particularmente apetecíveis para um público-alvo com gosto tanto pelo coleccionismo como pelos 'bonecos' e figuras de acção.

Foi, pois, com naturalidade que estas diferentes colecções conseguiram sucesso consecutivo junto da demografia em causa, e se tornaram os mais desejados e cobiçados de todos os brindes oferecidos pela Kinder ao longo da sua existência em território luso, o que, por sua vez, torna também natural que sejam motivo de destaque da secção dedicada a pequenas 'bugigangas' neste nosso 'blog' nostálgico - sobretudo por, algures no Novo Milénio, a Kinder ter deixado de lado estas colecções, 'atirando-as' para a categoria de 'relíquias' que as gerações Z e Alfa nunca terão ensejo de partilhar com os seus antecessores. Quem cresceu com estes bonecos, no entanto, certamente não terá dificuldade em explicar aos mais jovens a razão do apelo dos mesmos – bastando, para isso, mostrar-lhes a presente edição desta nossa rubrica...

15.05.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Em edições passadas desta rubrica, falámos aqui de algumas das mais emblemáticas linhas de 'bonecos' dos anos 90, dos LEGOs aos Pinypons, passando pelos Playmobil e, já um pouco 'fora' desse espectro, os bonecos de borracha para bebés e as figuras de acção articuladas; no entanto, havia à época um outro tipo de figurino que, embora ocasionalmente abordado em outros 'posts' nas nossas páginas, ainda não tinha sido devidamente explorado – situação que, hoje, aqui corrigimos.

Falamos dos bonecos em vinil, um brinquedo extremamente popular e fácil de adquirir nos anos 90, mas que – como aconteceu com tantos outros produtos já abordados nestas páginas – foi perdendo relevância com o passar das décadas; hoje em dia, embora ainda se vão encontrando (sobretudo nos chamados 'mystery bags' ou 'blind bags') este tipo de figuras já não tem a relevância que outrora teve, tendo o seu título sido transferido para os a dada altura mega-populares Funko Pops, as estátuas 'cabeçudas' e de olhos inexpressivos que, hoje em dia, se encontram também eles em declínio.

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Boneco em vinil do Luzinha, mascote de uma campanha da EDP nos anos 90, e um bom exemplo-padrão deste tipo de brinquedo

O conceito das figuras de vinil dos anos 90 era, aliás, precisamente oposto ao dos Funkos: onde estes consistem de um modelo homogéneo, de proporções exageradas, e que é customizado e adaptado consoante quem se deseje representar, os bonecos dos anos 90 procuravam ser o mais fiéis possível à personagem que procuravam representar, de modo a ser imediatamente possível discernir de quem se tratava.

De igual modo, enquanto os Funkos ficam mais próximos do tamanho de estatuetas, os bonecos dos anos 90 eram feitos para serem seguros na palma da mão e transportados no bolso, não passando normalmente de um tamanho equivalente ao de um Pinypon, por exemplo. Isto permitia que, não obstante a sua postura estática e falta de articulação, estes bonecos fossem incluídos em brincadeiras ao lado de qualquer dos tipos de figura mencionados no início deste texto, sem que parecessem fora do lugar ou descabidos no contexto da mesma, como aconteceria com um Funko na mesma situação.

Não nos equivoquemos, no entanto – a principal função destas figuras, tal como dos seus 'primos' actuais, era decorativa; pura e simplesmente, os bonecos 'ficavam bem' numa prateleira, e era mesmo nesse tipo de ambiente que passavam a maior parte do seu tempo. Ainda assim, quando tocava a integrá-los numa brincadeira, eram poucas as crianças (independentemente do sexo) que hesitavam em os ir buscar à referida prateleira, para ajudar em fosse qual fosse a guerra, missão ou aventura em que os outros brinquedos estavam prestes a embarcar; no fundo, apesar das suas limitações, estes brinquedos eram tratados como quaisquer outros, o que não se pode dizer em relação aos Funko Pops.

Pode considerar-se que talvez o conceito destes pequenos figurinos seja demasiado 'básico' para as crianças de hoje, com a possível excepção das mais pequenas; no entanto, se o sucesso dos referidos 'saquinhos mistério' fôr indicação, é de prever que este tipo de brinquedo continue, em maior ou menor grau, a existir na esfera social infantil durante ainda algumas décadas...

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