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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.01.24

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Os anos 80 e 90 foram décadas de excelência para o cinema de acção, responsáveis por uma série quase infindável de 'blockbusters' capitaneados por 'heróis' tão conhecidos como Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme ou Sylvester Stallone. Este último, em particular, há muito que deixara os contornos independentes da sua estreia com 'Rocky' (que também realizara) ou com o primeiro filme da série 'Rambo', e se acomodara à figura de herói musculado, carrancudo e de poucas palavras a que a sua caracterização deste último personagem o associara. Em inícios da década de 90, este era já, praticamente, o único tipo de papel para o qual Stallone era escalado – excepção feita à ocasional comédia de acção, à semelhança do congénere Schwarzenegger – o que não invalidava que o actor e realizador tentasse, ainda assim, injectar alguma variedade à sua filmografia, nomeadamente através de incursões por outros géneros.

Destes, era a ficção científica a que mais frequentemente captava a atenção do astro, que, só no ano de 1993, participaria em duas super-produções do género – primeiro a pouco unânime adaptação da banda desenhada 'Juiz Dredd', em 'O Juiz', e depois 'Homem Demolidor', um filme de estética e enredo muito semelhantes e que, em conjunto com o seu antecessor, ajudou a que o nome de Stallone fosse, durante alguns meses, sinónimo com o género da acção futurista.

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E se, em 'O Juiz', o carrancudo herói de acção surgia acompanhado de Rob Schneider, no papel de coadjuvante com veia cómica, aqui a co-estrela é bem mais inesperada, e bem menos irritante: trata-se, nada mais nada menos, do que de Wesley Snipes, o futuro 'Blade', aqui no papel de antagonista do polícia futurista de Stallone. O trio de personagens centrais do filme completa-se com Sandra Bullock, mais tarde reconhecida por filmes como 'Speed – Perigo a Alta Velocidade' ou 'Miss Detective', e que aqui interpreta a parceira de Stallone no caso que este investiga.

O resultado são duas horas acima da média no tocante a ficção científica noventista (uma fasquia que apenas seria elevada no final da época) que foram, à época, consideradas um 'regresso à forma' para Stallone, após uma série de filmes menos conseguidos, e que tiveram mesmo honras de adaptação oficial em livro, publicada em Portugal pela inevitável Europa-América, magnata deste género de publicação no nosso País.

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Capa nacional da novelização da trama, lançada pela inevitável Europa-América.

Grande parte deste sucesso, e do apelo do filme, ter-se-à devido à veia satírica do enredo, que ajudava a destacá-lo dos outros filmes 'de explosões' futuristas que povoavam os cinemas e videoclubes da época. Quase exactos trinta anos após a sua estreia nacional (a 21 de Janeiro de 1994, dois meses e meio após 'abrir' nos Estados Unidos) 'Homem Demolidor' é, decididamente, um produto do seu tempo, mas ainda apresenta qualidade suficiente para poder ser considerado um dos melhores exemplos do género de ficção científica pré-'Matrix', e para entreter qualquer fã do género disposto a contextualizá-lo correctamente.

28.10.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Apesar de não serem totalmente verídicos – havendo vários exemplos que justificam a ida ao cinema – os axiomas de que 'as sequelas nunca são tão boas como os originais' e 'as terceiras partes de filmes nunca são boas' têm o seu quê de verdade, havendo igualmente vários exemplos demonstrativos disso mesmo; é, pois, fácil de perceber que, quando a terceira parte de uma popular (e, até então, excelente) série de filmes é anunciada mais de cinco anos após a primeira sequela, o sentimento vigente entre os fãs da referida franquia seja um misto de entusiasmo pelo regresso de uma das suas propriedades intelectuais favoritas e apreensão pela projectada perda de qualidade do filme.

Imagina-se, pois, que terá sido sensivelmente esta a reacção dos fãs de 'Alien – O Oitavo Passageiro', ao saberem que estava em preparação uma segunda sequela das aventuras de Ellen Ripley na sua luta continuada contra os aterrorizantes Xenomorphs, as criaturas que tornaram famoso o artista H. R. Giger, e que ainda hoje continuam a constituir um dos melhores exemplos de efeitos práticos do cinema moderno. E se o nome de David Fincher ao comando dava algumas garantias de qualidade – mesmo estando o realizador ainda longe do renome que ganharia com 'Fight Club' e 'Se7en – Sete Pecados Mortais', meia década mais tarde – a verdade é que este acabou, mesmo, por ser um dos 'exemplos de capa' da 'maldição das terceiras partes', ficando 'Alien 3' muito aquém das expectativas dos aficionados do 'Alien' de Ridley Scott e de 'Aliens', a sequela bem mais 'bombástica' e 'explosiva' dirigida por James Cameron.

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A responsabilidade por este fracasso não foi, no entanto, totalmente do realizador, tendo Fincher (ele próprio uma 'segunda escolha' após o abandono de um tal Vincent Ward, algo impensável hoje em dia) sofrido com a interferência constante dos produtores e do estúdio que financiava o projecto, bem como com um processo de filmagens, ele próprio, algo tumultuoso, e que incluiu mesmo dias de filmagens sem argumento!

Tendo tudo isto em conta, é, pois, um milagre que 'Alien 3' tenha feito sucesso por toda a Europa (incluindo em Portugal, onde se completaram há precisamente um mês trinta anos sobre a sua estreia) e sido mesmo nomeado para um Óscar (no campo dos efeitos visuais) e vários prestigiosos prémios do campo da ficção científica, como os Saturnos e os Hugos, além de um MTV Movie Award para melhor sequêmcia de acção. A verdade, no entanto, é que – visto como um filme por si só – a obra de Fincher até tem algum mérito recuperando e exacerbando o tom de ficção científica pura e dura do primeiro 'Aliens', e conseguindo dar a cada um dos três primeiros filmes da série uma identidade própria (uma versão alternativa, conhecida como Assembly Cut e lançada em 2003, é, aliás, bastante do agrado dos fãs); no entanto, não é menos verdade que a terceira parte da franquia representa, também, o início do seu declínio, o qual se viria a confirmar de forma retumbante com o filme seguinte da série.

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De facto, se 'Alien 3' havia dado algumas indicações de que a franquia 'Alien' talvez não voltasse aos seus tempos áureos, 'Alien - A Ressurreição' (que completa em fins do próximo mês de Fevereiro vinte e cinco anos sobre a sua estreia em solo nacional) serve de confirmação a esse mesmo facto. Mal recebido tanto pelos fãs como pela crítica especializada, o filme apresenta, pela primeira vez, um tom declaradamente comercial, de 'blockbuster', e sem um pingo da identidade que os seus três antecessores haviam almejado – isto apesar da presença do francês Jean-Pierre Jeunet na cadeira de realizador, ele que se notabilizaria anos depois com o muito aclamado 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain', e de Joss Whedon (ele mesmo, de 'Buffy, A Caçadora de Vampiros') como argumentista.

Dado este notório decréscimo de qualidade, não é, pois, de admirar que a terceira sequela de 'Alien' tenha também sido a menos bem sucedida até então, o que não invalida que tenha feito 161 milhões de dólares no mercado global, e sido nomeada para vários prémios Saturno; a enorme distância a que ficou dos Óscares, no entanto, revelava que a franquia perdera o respeito dos 'decision-makers' da indústria cinematográfica, uma tendência que apenas se viria a exacerbar com os capítulos seguintes da série. Esses já ficam, no entanto, fora do âmbito deste nosso blog, pelo que (felizmente) podemos deixar a franquia 'Alien' num ponto ainda relativamente digno da sua trajectória, e fingir que a terceira e quarta partes foram mesmo os piores dissabores que a mesma sofreu. Oxalá tal fosse verdade...

09.09.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Já anteriormente aqui abordámos o facto de, apesar de o género da ficção científica ter rendido muito mais clássicos nos anos 80 do que na década seguinte, os poucos grandes filmes do género que saíram durante os anos 90 terem, quase universalmente, adquirido o estatuto de clássicos desde a sua estreia; de 'O Exterminador Implacável 2' e 'O Dia da Independência' a 'Matrix' e 'Episódio I - A Ameaça Fantasma', a lista de mega-producções de temática futurista da última década constituiu um verdadeiro ror de êxitos de bilheteira, os quais almejaram também, muitas vezes, o consenso entre a sempre exigente crítica especializada.

Curiosamente, o ano de 1997 acabou por ser particularmente prolífero nesse campo, oferecendo às salas de cinema mundiais vários filmes de qualidade dentro deste género. De 'Homens de Negro' já aqui falámos; a 'O Enigma do Horizonte', atempadamente chegaremos; no entrementes, chega a altura de falar de um filme que celebrou há pouco mais de duas semanas o vigésimo-quinto aniversário da sua estreia nas salas portuguesas – facto que, por um lapso de calendarização, não chegámos na altura a assinalar. Neste 'post', corrigimos esse erro, e dedicamos finalmente umas linhas a 'O Quinto Elemento'.

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Realizado pelo excêntrico francês Luc Besson, conhecido pelos seus filmes de acção estilosos e com cenas 'a mil à hora', 'O Quinto Elemento' destoa um pouco na filmografia do cineasta, tendo muito pouco a ver com o anterior 'Léon, o Profissional', com o futuro mega-sucesso 'Taken' ou com a série 'Taxi', onde Besson foi guionista e produtor; onde esses eram filmes relativamente simples, de ambiente (mais ou menos) realista e focados na acção pura e dura, a longa-metragem de 1997 leva-nos até um futuro distante, claramente influenciado pelo clássico 'Blade Runner', e adopta um tom mais próximo deste do que da habitual linha 'Guy-Ritchie-parisiense' das obras de Besson. Em comum com muita da restante obra do francês, o filme tem a componente visual – repleta de penteados e perucas mirabolantes, a concorrer com o inevitável 'neon' que qualquer filme futurista tem que incluir – e o cuidado no desenvolvimento de personagens marcantes, com particular destaque para o andrógino empresário da vida nocturna Ruby, interpretado por Chris Tucker, hoje em dia talvez o elemento mais icónico e lembrado do filme.

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O excêntrico e andrógino Ruby de Chris Tucker é um dos personagens mais memoráveis do filme

Estes pequenos toques ajudam, em grande medida, a colmatar a história, que nada tem de especial, sendo a habitual trama sobre um polícia futurista (o Korben Dallas de Bruce Willis), também claramente herdada de 'Blade Runner', mas que é, ainda assim, apresentada e contada com competência acima da média, proporcionando duas horas de entretenimento garantido - como é, aliás, apanágio do realizador francês.

Em suma, 'O Quinto Elemento' é um filme bem típico da época estival (apesar do ambiente escuro e pós-apocalíptico) e que constituiu, à época da sua estreia, uma desculpa mais do que válida para escapar do sol de finais de Agosto para o frescor de uma sala de cinema; hoje, vinte e cinco anos depois desse momento, a obra de Luc Besson, além de continuar a 'aguentar-se' bastante bem, tem o prestígio adicional de não só ter inspirado futuras incursões do cineasta pelo ramo da ficção científica – como 'Lucy' ou o mais recente 'Valerian e a Cidade dos Mil Planetas' – como também se contar entre os melhores lançamentos do género a sair da década de 90, tendo-se merecidamente tornado um clássico dos videoclubes da viragem de milénio. Razões mais que suficientes para que lhe dediquemos (ainda que já atrasadamente) esta mão-cheia de parágrafos...

01.08.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de apenas recentemente ter penetrado na cultura 'mainstream' ocidental, a animação japonesa (o chamado 'anime') vinha, já, informando em grande medida os conteúdos mediáticos produzidos na Europa e, sobretudo, nos EUA desde a década de 70. Além da adaptação de séries clássicas do género (como 'Esquadrão Águia') e da criação de outras constituídas por episódios (mal) dobrados e colados de dois 'animes' diferentes (como 'Robotech'), os estúdios ocidentais vinham já, também, recrutando a ajuda dos seus congéneres ocidentais na criação de animações para séries tão conhecidas como 'Tiny Toons', 'Capitão Planeta', e até algo como 'As Aventuras do Bocas'.

Apesar desta aparente expansão em termos estilísticos e temáticos, no entanto, não há dúvida de que os estúdios japoneses eram recrutados, a maior parte das vezes, para prestar assistência num género específico de conteúdo animado: a série de acção e ficção científica, em que as décadas de 80 e 90 foram especialmente pródigas. De 'GI Joe' e 'Transformers' a 'Tartarugas Ninja', 'M.A.S.K', 'Rambo' ou 'X-Men', a maioria das séries deste tipo lançadas durante as referidas décadas tinham 'dedinho' japonês, com algumas a nem sequer esconderem a influência nipónica nos seus traços.

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O grupo de heróis homónimo da série

É o caso da série que abordamos esta semana – 'Skysurfer' (no original, 'Skysurfer Strike Force'), apenas mais um entre tantos outros produtos semelhantes a invadirem as ondas televisivas (portuguesas e não só) durante os últimos anos do século XX; de facto, um par de minutos chega para perceber que o aspecto dos personagens tem forte influência do 'anime' televisivo da época (aqueles olhos grandes ao estilo 'Esquadrão Águia' ou 'Cavaleiros do Zodíaco' não enganam ninguém), sendo que neste caso a influência se estende, também, à escrita. Isto porque 'Skysurfer' tem um conceito semelhante aos famosos e clássicos 'tokusatsu' ou 'Super Sentai' – aquelas séries sobre heróis de fatos e capacetes a 'condizer' que lutam contra monstros de dois andares, que fazem parte da cultura japonesa há décadas e que, no ocidente, ficaram famosas por servirem de base a localizações como 'VR Troopers', 'Big Bad Beetleborgs' e, claro, as inúmeras séries de 'Power Rangers'; e embora Jack Hollister e os seus comparsas nunca cheguem a esconder a cara, os seus fatos de super-herói são activados mediante um relógio especial, que lembra muito os 'morphers' dos referidos Power Rangers.

Em tudo o resto, 'Skysurfer' é uma série absolutamente típica da época, uma espécie de cruzamento entre 'M.A.S.K.' ou 'GI Joe' e 'X-Men', e que mistura todos os elementos populares naquela era da animação ocidental: armas 'laser', veículos futuristas, super-poderes, experiências científicas, vilões cibernéticos mascarados, e até mutantes. Uma receita que parece criada em laboratório, mas que nunca chega a conseguir elevar a série acima da miríade de outras absolutamente idênticas que iam surgindo à época.

Ainda assim, o sucesso das duas temporadas do programa nos seus EUA natais terá sido suficiente para a mesma ser importada para Portugal – isso, ou a SIC já estava a vasculhar no 'fundo do barril'. Fosse qual fosse a motivação, no entanto, a verdade é que a série chegava mesmo ao nosso país, dois anos após a sua estreia, e com dobragem a cargo dos suspeitos do costume – quem, à época, via séries como 'A Lenda de Zorro', 'Robin dos Bosques', 'A Carrinha Mágica' ou os referidos 'Power Rangers' rapidamente identificará pelo menos um dos apenas quatro (!) dobradores que se revezam para dar vida aos diferentes personagens.

Ao contrário dos programas acima referidos, no entanto – ainda hoje lembrados com carinho pela geração que com eles cresceu – 'Skysurfer' não deixou, sequer, a memória de ser uma boa 'série-anúncio' para a respectiva linha de brinquedos, desaparecendo dos televisores da juventude portuguesa da mesma maneira que por eles passara: sem grande alarido - embora, aparentemente, tivesse feito o suficiente para ser 'repescada' pelo Canal Panda, três anos depois (então em versão original legendada) e para justificar o lançamento em VHS, no habitual formato de alguns episódios em cada cassette, pela inevitável Prisvídeo.

Apesar do pouco impacto cultural da série, no entanto, numa altura em que um episódio específico (disponível no Dailymotion, e que serviu de inspiração para este 'post') completa exactos vinte e cinco anos sobre a sua transmissão no canal de Carnaxide (a 2 de Agosto de 1997, presumivelmente como parte do icónico bloco infantil do canal, o inesquecível Buereré) vale a pena recordar aquela que é um dos 'concorrentes' menos lembrados dessa era da programação para jovens em Portugal.

Episódio da série transmitido há quase exactos vinte e cinco anos

 

 

 

 

 

 

 

 

18.07.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Nos anos 80, um dos maiores axiomas do 'marketing' dirigido ao pùblico mais jovem ditava que qualquer propriedade intelectual de sucesso tinha, inevitavelmente, direito a uma adaptação televisiva em formato desenho animado, independentemente de ser ou não apropriada para a demografia em causa – uma mentalidade, aliás, que se estendeu à década seguinte, que viu personagens supostamente para adultos, como Rambo, serem convertidas para animação e sujeitas a um formato episódico e serializado, com uma evidente e necessária redução dos níveis de violência, mas de outro modo inalteradas, atingindo graus maiores ou menores de sucesso entre o público-alvo.

Dada a natureza de muitas das propriedades sujeitas a este tratamento ao longo das duas décadas em causa (muitas das quais já em fase decadente, ou com relevância reduzida, como 'Highlander Os Imortais') não é de espantar que um dos maiores sucessos de bilheteira da última década do século XX tenha, também, sido convertida a este formato – no caso, 'MIB – Homens de Negro', o mega-sucesso de 1997 que misturava ficção científica, acção e comédia, e que cimentou o estatuto de Will Smith como estrela de cinema internacional.

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Surgida no mesmo ano do filme, e com envolvimento directo do criador do conceito, Lowell Cunningham, a série animada de 'MIB' é, diga-se em abono da verdade, mais fiel ao espírito do filme do que muitos dos outros esforços deste tipo, explorando as diferentes missões dos agentes J, K e L (esta, curiosamente, uma personagem totalmente distnta da sua homónima cinematográfica) e mantendo intactas as personalidades e a química entre as personagens; até mesmo a música de abertura, uma memorável faixa electrónica, não deixava ficar mal o 'rap' original de Will Smith, presente no filme. A grande pecha era, pois, a mesma da maioria das séries congéneres – a animação, que apresenta aquele estilo meio 'preso de movimentos' típico de finais dos anos 90, apesar de a série ter a chancela da Warner Brothers (o que explica, também, o porquê de o 'design' dos personagens se aproximar muito do da série animada de 'Batman'.)

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O elenco principal de personagens da série, cujo 'design' lembra o das suas homólogas da série animada de Batman

Apesar desta pecha, no entanto, a versão animada de 'MIB' fez sucesso suficiente para justificar quatro temporadas, continuando em produção nos seus EUA natais até 2001 – e, falhando assim, curiosamente e por pouco, a estreia da sequela, que sairia no ano seguinte. Já em Portugal, a série estrearia em 1999 – dois anos depois do filme, mas com a propriedade intelectual Homens de Negro ainda suficientemente relevante para o justificar – no icónico espaço infantil da TVI, Batatoon (onde passaria, também, outra adaptação animada de um 'blockbuster', no caso 'Godzilla' – sim, ESSE, Godzilla!) onde acabou, naturalmente, por passar algo despercebida em meio à mirabolante selecção que o bloco ofereceu durante o seu tempo de vida, e que incluiu séries tão inesquecíveis e populares como Samurai X, Alvin e os Esquilos, Sailor Moon, Digimon ou Sonic. Ainda assim, na semana em que o filme que a inspirou completa um quarto de século sobre a sua estreia em Portugal, não fica mal recordar a mais modesta, menos icónica, mas ainda assim bem-conseguida versão animada do mesmo.

12.07.21

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

 

Este é mais um daqueles posts que se podia perfeitamente ficar pelo vídeo reproduzido acima, e decerto não deixaria de ter impacto junto dos leitores deste blog; este tema, como os de Dragon Ball Z ou Power Rangers, é daqueles que é ASSIM TÃO icónico para a nossa geração, e que fará qualquer jovem dos anos 90 recordar onde e quando o ouviu pela primeira vez.

A série a que pertence (ou pertencia) não é, no entanto, menos lendária ou memorável – pelo contrário, o tema e o programa estavam bem um para o outro. Tratava-se, como é evidente, de ‘Ficheiros Secretos’, a série que apresentou ao mundo o duo de David Duchovny e Gillian Anderson, duas estrelas em potência que, infelizmente, nunca confirmaram o potencial que demonstravam como co-estrelas deste lendário programa.

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A icónica dupla de protagonistas da série

Criada em setembro de 1993 por Chris Carter – um nome, a dada altura, não menos mítico do que o da própria série – ‘Ficheiros Secretos’ demorou menos de um ano a chegar a Portugal (uma raridade à época), tendo estreado na TVI em 1994, a tempo de cativar toda uma geração de jovens com a sua mistura de enredos sobrenaturais e de terror a uma típica série policial e de mistério – uma mistura que ajudava, e muito, a tornar o programa original, e a fazê-lo destacar-se de uma concorrência que, já na altura, jogava demasiado pelo seguro. Mulder e Scully viam-se, semanalmente, a braços com estranhas ocorrências, as quais, invariavelmente, acabavam por envolver fantasmas e/ou extraterrestres – por muito que a Scully de Anderson teimasse em manter o seu cepticismo empedernido, mesmo depois de duas temporadas inteiras de fenómenos deste tipo. Já o Mulder de David Duchovny seria, hoje, inevitavelmente tachado de ‘teórico da conspiração’ – ainda que os seus palpites e o seu ‘querer acreditar’ se acabassem sempre por revelar acertados. Junte-se a esta interessante dicotomia a óbvia química exibida pelos dois actores (que chegaram mesmo a ser um casal em consequência do seu trabalho na série) e o que temos é mesmo uma grande maneira de passar uma noite de sexta-feira.

E sim, dissemos ‘noite’, pois embora ‘Ficheiros Secretos’ fosse extremamente popular entre crianças e jovens, a verdade é que era transmitido já depois da ‘hora da cama’, obrigando muito do seu público a ficar acordado – aberta ou clandestinamente – para conseguir ver cada novo episódio. Valia o facto de no dia seguinte ser fim-de-semana…

E como qualquer programa de sucesso entre a miudagem, ‘Ficheiros Secretos’ deu origem a variado ‘merchandise’, de filmes originais (lançados no cinema!) à inevitável reedição de episódios em DVD, e das habituais t-shirts a números especiais de revistas como a ‘Super Jovem’, e até – famosamente – um daqueles jogos de cartas que, não se chamando ‘Magic: The Gathering’, nunca eram coleccionados (e muito menos jogados) seja por quem fosse. Em suma, sem ser uma força da natureza como os outros programas referidos no início deste texto, ‘Ficheiros Secretos’ tinha um lugar confortável nas preferências dos jovens (fossem portugueses ou estrangeiros) tendo, inclusivamente, ajudado a lançar a ‘febre’ dos extraterrestres, e a reavivar a dos fantasmas.

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Um dos muitos livros inspirados pelo sucesso da série

Infelizmente, mais uma vez, a velha máxima de que ‘tudo o que é bom acaba’ se provou acertada em relação a esta série, a qual – a partir da quarta temporada – decidiu retirar o foco do sobrenatural para se transformar em ‘só mais uma’ série sobre traições e espionagem; e o mais irónico é que o ‘arauto’ dessa viragem foi um personagem que muitos estavam desejosos por conhecer, após a série ter criado um enorme e aliciante mistério à sua volta. Infelizmente, quando se revelou a Mulder e Scully, o ‘Cigarette Smoking Man’ acarretou consigo o início do fim daquela que houvera sido uma série excelente, precisamente, por ser original. Daí para a frente, foi sempre a decrescer em termos de interesse, até já ninguém sequer saber que ‘Ficheiros’ ainda estava no ar, e muito menos se interessar. Uma pena, visto a série ter potencial para se ter tornado ainda mais lendária entre a geração que entrava na adolescência em finais dos anos 90. Mesmo com este desaire, no entanto, não a podemos considerar menos do que histórica entre a juventude portuguesa – e, como tal, bem merecedora de um lugar na rubrica sobre séries deste blog explicitamente nostálgico…

 

04.07.21

NOTA: Este post corresponde a Sexta-feira, 2 de Julho de 2021.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E porque se celebra, este fim-de-semana, o famoso Dia da Independência norte-americano, nada melhor do que recordar o filme que colocou essa data (ainda mais) nas bocas do resto do Mundo – Portugal incluído – e que foi lançado há quase exactamente 25 anos, a 3 de Julho de 1996.

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Falamos de ‘O Dia da Independência’, o filme-evento realizado por Roland Emmerich que transformou Will Smith de actor de ‘sitcom’ em herói de acção, com resultados surpreendentemente convincentes.

Não que Smith fosse a única ‘estrela da companhia’ – longe disso. Além do eterno ‘Príncipe de Bel-Air’, o elenco reunido por Emmerich contava ainda com Jeff Goldblum, Bill Pullman, Randy Quaid ou Harvey Fierstein, entre outros – isto, claro, sem falar do verdadeiro centro das atenções: os efeitos especiais.

De facto, ‘O Dia da Independência’ é quase mais um espectáculo visual do que um filme; ainda que as prestações dos principais actores sejam fortes, a história é o típico exagero absurdo característico deste tipo de produção, e que fornece bastas oportunidades para Emmerich e companhia utilizarem efeitos de computador absurdamente avançados para a época. Sejam as naves dos extraterrestres ou as habituais explosões, há (havia) muito com o que ficar de boca aberta nas quase duas horas e meia de duração do filme (também aqui Emmerich foi visionário, afirmando-se como precursor da tendência para filmes mais longos do que a média que se verificaria alguns anos depois.)

Os efeitos visuais do filme eram nada menos do que impressionantes, e extremamente avançado para a época.

O resultado foi um sucesso absoluto de bilheteira, tendo-se ‘O Dia da Independência’ tornado o filme mais lucrativo do ano, e o segundo mais lucrativo de sempre até então, apenas atrás do outro grande filme-evento da década, o ainda mais nostálgico ‘Parque Jurássico’. E apesar de essa marca ter sido, desde então, largamente ultrapassada (basta recordar os absurdos números de bilheteira de ‘Vingadores: Endgame’), a verdade é que ‘O Dia da Independência’ conseguiu manter-se marcante e relevante o suficiente para justificar uma sequela celebratória das suas duas décadas de vida, lançada em finais de Junho de 2016; o impacto desta última esteve, no entanto, longe do conseguido pelo seu precursor, um filme-espectáculo numa época em que os mesmos ainda eram a excepção, e não a regra. Nada melhor, portanto, do que celebrar o 25º aniversário deste marco do cinema dos anos 90 relembrando o furor que o mesmo causou à época…

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