21.12.22
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.
Recentemente, falámos aqui do ritual de enfeitar a árvore de Natal, ainda hoje um dos pontos altos deste período de Festas para muitas crianças e jovens, em Portugal e não só; agora, chega a altura de recordar a outra (e não menos entusiasmante) vertente das decorações natalícias do lar português médio - o presépio.
Um presépio bem tradicional e típico da época.
Montado, normalmente, ao mesmo tempo do que a árvore (e geralmente perto da mesma) a tradicional cena do nascimento de Jesus permitia aos mais criativos dar largas à imaginação, senão na cena em si (que é histórica e, como tal, imutável) pelo menos na apresentação da mesma - por exemplo, através da construção de uma manjedoura ou estrela em trabalhos manuais, a qual se tornava, posteriormente, parte integrante da cena até se 'desfazer'.
Mesmo quem não tinha pendor para estas inovações, no entanto, tinha muito por onde se entusiasmar, sendo a própria aquisição das figuras em si - à época, normalmente, disponíveis em formato avulso em muitas drogarias e lojas tradicionais 'de bairro' - já constituía uma experiência fora do vulgar, e indicativa de que a época natalícia se estava, verdadeiramente, a iniciar; e depois, claro, havia a própria disposição da cena na sala de jantar ou de estar, também ela bastante divertida, sendo apenas difícil resistir à tentação de usar os figurinos do presépio como figuras de acção, ou heróis de histórias retiradas naquele preciso instante da nossa imaginação. E depois havia, claro, a também memorável 'excursão' pelas ruas da cidade, vila ou aldeia, em busca dos presépios públicos que as diferentes autarquias sempre montavam como complemento às tradicionais iluminações, muitos dos quais se destacavam pelo conceito, execução, ou simplesmente pelo tamanho...
Sejam quais forem as circunstâncias em torno deste ritual anual, no entanto, não restam dúvidas de que o mesmo constituía um dos pontos altos da experiência de preparação do Natal para as crianças e jovens portugueses de finais do século XX; a única questão que se coloca é, portanto, se esta prática continuará a ter o mesmo impacto para as gerações actuais...