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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

08.06.24

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Em 'posts' anteriores neste nosso blog, falámos tanto dos primeiros restaurantes de fast-food a abrir em Portugal como de uma das principais alternativas nacionais nesse ramo, a Telepizza; nada melhor, portanto, do que celebrar agora a outra grande companhia de comida 'para a viagem' cem por cento portuguesa, que marcou a infância e juventude dos 'millennials' portugueses tanto ou mais do que a sobredita loja de 'pizzas', e que celebrou no ano transacto trinta anos sobre o seu aparecimento.

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Uma loja ainda com o nome e 'visual' clássicos da cadeia.

Falamos, claro, da Companhia das Sandes, a 'fiel companheira' de qualquer jovem dos anos 90 ou 2000 necessitado de almoçar e parco de 'economias', que oferecia, além de alternativas mais saudáveis ao 'fast-food' tradicional, também um ambiente mais intimista do que a típica loja 'franchisada', que convidava a sentar e dar 'dois dedos de conversa' enquanto se saboreava a baguete semi-artesanal preferida. Surgida pela primeira vez em 1993, a cadeia – cuja especialidade ficava explicitada no próprio nome – gozou de sucesso quase imediato entre os jovens lusos das gerações 'X' e 'millennial', não tardando a expandir o seu raio de acção e a surgir na maioria das principais zonas comerciais frequentadas pela demografia em causa, bem como em áreas de grande concentração de escritórios ou serviços, de onde originava o outro grande tipo de clientela da Companhia. O sucesso foi tal, aliás, que permitiu inclusivamente a abertura, quatro anos depois, de uma cadeia-irmã de foco (ainda) mais saudável, denominada Loja das Sopas, de especialidade igualmente óbvia.

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Uma loja da cadeia-irmã da Companhia, ainda hoje em operação.

Tal como sucedeu com outras cadeias mais pequenas, no entanto, a Companhia das Sandes não foi capaz de resistir a longo prazo ao 'ataque' das grandes rivais internacionais, e o surgimento de cada vez mais lojas de conceito e proposta semelhantes deram a 'estocada' final no 'reinado' da marca nas zonas comerciais nacionais. Ao contrário do que se possa pensar, no entanto, tal mudança de paradigma não levou à extinção total da cadeia, a qual, após um exercício de 'rebranding' que lhe tirou as Sandes do nome, 'renasceu' das cinzas com um menu mais abrangente, que ia além das tradicionais baguetes, e conseguiu encontrar o seu nicho no cada vez mais competitivo mercado da comida 'para levar'.

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Uma Companhia actual, já sem as Sandes no nome.

Hoje em dia, a agora apenas Companhia conta com mais de três dezenas de lojas, e encontra-se incorporada no grupo Starfoods, que opera também, além das duas companhias originais, cadeias especializadas em peixe e em comida italiana, afirmando-se como um dos principais grupos de restauração nacionais; uma história de sucesso bem merecida para uma marca que, nos seus primórdios, ajudou a alimentar de forma relativamente saudável e em conta inúmeros jovens em passeio pelo 'shopping' ou em intervalo de almoço da escola.

06.05.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Apesar de fazer parte da cultura de países como os Estados Unidos desde há quase três-quartos de século, o conceito de 'fast food' – estabelecimentos alimentares especializados em pratos com alto teor calórico e pouco valor nutritivo, mas que podem ser adquiridos e consumidos em meros minutos – demorou várias décadas a expandir-se até ao Sul da Europa, e a Portugal em concreto; de facto, seria apenas no início dos anos 90 que a juventude lusitana teria ensejo de descobrir todo um rol de estabelecimentos que os seus contemporâneos do outro lado do Atlântico tomavam já como garantidos, e que, apesar do 'atraso' na travessia do referido oceano, rapidamente viriam também a 'cair no gosto' dos jovens ibéricos.

Como não podia deixar de ser, esta 'investida' foi liderada por aquela que talvez continue a ser a maior (e, decerto, mais conhecida) de todas as cadeias de 'fast food', que 'desbravaria' caminho para a chegada posterior de todas as suas congéneres. A primeira 'experiência' teve lugar em Cascais, nos arredores de Lisboa, naquele que era, à época, o maior 'shopping' em Portugal, o CascaiShopping; seria aí que, logo no primeiro ano da última década do século XX, o 'infame' McDonald's viria a abrir o seu primeito estabelecimento em território nacional, despertando de imediato o interesse de toda uma geração de jovens, para quem as 'casas de hambúrgeres' 'à americana' eram, até então, conceitos existentes apenas no cinema oriundo daquele continente.

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O primeiro McDonald's a abrir em Portugal surgiu na região de Cascais

O sucesso deste primeiro restaurante (pese embora a sua localização algo específica) foi suficiente para encorajar outras cadeias a seguir o exemplo da cadeia de Ronald McDonald, sendo que, ainda no mesmo ano, a zona das Picoas, no centro de Lisboa, veria 'aterrar' o primeiro estabelecimento de outra famosa companhia do ramo, a Pizza Hut – o qual, aliás, se mantém aberto, na mesma localização, até aos dias de hoje. No ano seguinte, seria a vez de o próprio McDonald's expandir a sua base de operações com um segundo restaurante, agora também na zona nevrálgica da capital – e, curiosamente, a curta distância do da concorrente Pizza Hut. Em 1992, a espanhola Telepizza 'alargar-se-ia' tambem ao país vizinho, destacando-se de imediato pelo diferencial significativo de preços em relação à Pizza Hut, e a partir daí, estava dado o mote para a entrada, durante os dez a quinze anos seguintes, de inúmeras outras cadeias internacionais, como a KFC (chegada a Portugal em 1996), bem como para o aparecimento de cadeias de 'fast-food' de origem nacional, como o a famosa Pans Co, mais conhecida por Companhia das Sandes.

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Foto contemporânea da primeira Pizza Hut a abrir em Portugal, ainda hoje situada na mesma localização.

À entrada para o século XXI, os jovens portugueses tinham, assim, já muito por onde escolher neste campo, com a maioria das grandes cadeias a marcarem presença nas principais localidades nacionais, com principal ênfase nos diversos 'shoppings' surgidos de uma assentada nos últimos anos da década de 90; a 'investida' dos 'fast-foods' estava, no entanto, longe de estar concluída, tendo as duas primeiras décadas do Novo Milénio visto chegar a Portugal companhias como a Starbucks e a Taco Bell, prontas a satisfazer não só os locais como os cada vez mais estrangeiros radicados ou de visita ao país. Mais – esta tendência não mostra sinais de abrandar, deixando a certeza de que, aconteça o que acontecer e mude o mundo como mudar, as gerações presentes e vindouras não deixarão, certamente, de poder contar com restaurantes de logotipo, menus, mesas e cadeiras coloridos, especialistas em 'dispensar' quantidades inacreditáveis de 'comida de plástico' por hora, para deleite dos seus jovens clientes...

22.12.22

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

No mundo dos negócios - como, aliás, em muitos outros - a marca de trinta anos é tão respeitável quanto rara. Àparte os grandes conglomerados e as marcas já bem estabelecidas no mercado internacional, é pouco frequente ver uma loja ou serviço manter-se não só 'viva' como 'bem de saúde' do ponto de vista financeiro durante um período de tal forma alargado - o que faz com que seja ainda mais de louvar quando tal facto se verifica, e duplamente em tratando-se de um negócio de moldes mais 'locais'.

Serve este preâmbulo para justificar o desvio momentâneo dos assuntos natalícios, a fim de aproveitar esta última oportunidade para celebrar os trinta anos de uma companhia que marcou a infância e adolescência de toda uma geração de portugueses - a Telepizza, que completou este ano, precisamente, três décadas de existência no mercado alimentar e de 'fast food' português.

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Foi, de facto, em 1992 (um par de anos antes do McDonald's e depois da grande rival Pizza Hut) que a pizzaria cujo 'segredo está na massa' 'saltou a fronteira' da vizinha Espanha, onde surgira cinco anos antes, para fazer concorrência à 'monopolista' 'Cabana das Pizzas', e se tornar sinónima com a entrega ao domicílio deste tipo de alimento em território nacional. Com a sua 'receita secreta' de base para a massa (cujo resultado final era tão bom ou melhor que o da concorrente), o seu delicioso pão de alho e os preços bem mais 'simpáticos' que os da 'Cabana', a companhia ibérica não tardou a 'cair no gosto' dos portugueses, assumindo-se como líder na entrega ao domicílio (posto de que ainda hoje goza) e tornando-se tão omnipresente nas principais localidades do nosso país, que muita gente erroneamente acreditou tratar-se de um negócio fundado em Portugal.

O passo seguinte passou, naturalmente, pela internacionalização, ainda que tenha levado à pizzaria ibérica mais de duas décadas a extravasar as fronteiras ibéricas, e a abrir novas lojas, primeiro na América Central e do Sul, e mais tarde em países da Europa (nomeadamente o Reino Unido e a Polónia) e do Médio Oriente e Ásia do Sul. Para muitas ex-crianças portuguesas dos anos 90 e 2000, no entanto, esta companhia continuará a ser, ainda e sempre, aquela que trazia a casa, ao fim de semana, o tão esperado e apreciado disco de massa de pão com 'toppings', pronto a ser 'devorado' em família. Parabéns, Telepizza - e que contes ainda muitos mais!

03.04.21

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E se da última vez falámos dos hipermercados, hoje vamos falar de um conceito que, a partir da segunda metade da ‘nossa’ década, passou a estar intimamente ligado aos mesmos: o do ‘shopping center’ moderno.

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Inaugurado, em Portugal, pelo C. C. Amoreiras, aberto em 1985, o conceito de ‘shopping’ como hoje o conhecemos não viria, no entanto, a popularizar-se até inícios da década seguinte, com o aparecimento do CascaiShopping, em 1991. Ao passo que o Amoreiras era, ainda, apenas uma versão em ‘ponto maior’ dos centros comerciais de bairro, o CascaiShopping assumia, desde logo, o repto de ser a primeira versão portuguesa dos ‘malls’ norte-americanos, então também a viver o seu período de maior popularidade. Não obstante a sua localização periférica – bem menos acessível do que é hoje – a nova grande superfície não deixou de atrair a sua quota-parte de curiosos, enquanto os que não podiam ir sonhavam com salas inteiras só com máquinas de jogos ou mini-feiras populares completas localizadas no interior do recinto, entre outros encantos que se dizia existirem naquele local mágico…

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A entrada do CascaiShopping e a famosa 'Divertilândia', localizada no seu interior, tal como eram em 1991

Apesar da existência destes precursores e pioneiros, no entanto, a verdadeira data de início da ‘moda’ dos ‘shoppings’ em Portugal seria o ano de 1996, em que o Norte apresenta ao resto do País a sua própria mega-superfície, o ArrábidaShopping, situado na zona com o mesmo nome, em Vila Nova de Gaia. Dois anos depois, em ano de Expo mundial, Lisboa aumentava a parada, inaugurando, de uma assentada, duas superfícies deste tipo: o Centro Comercial Colombo, na zona da Luz/Benfica, e o Centro Comercial Vasco da Gama, situado no próprio recinto da Expo 98, o hoje denominado Parque das Nações. A zona do Porto ‘empataria’ a partida ainda nesse mesmo ano, com a abertura do NorteShopping, em Matosinhos, ficando assim cada cidade com duas mega-superfícies.

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A entrada principal do C. C. Colombo, em Lisboa

Agora, sim, Portugal tinha as suas próprias versões dos ‘malls’ americanos, as quais rapidamente se viriam a tornar tão populares como estes. Em Lisboa, o Colombo suscitava excursões organizadas e ‘romarias’ de fim-de-semana, semelhantes às que haviam ocorrido aquando da abertura do primeiro hipermercado em Portugal, conforme descrito na nossa última ‘Saída.’

Entre os mais fiéis ‘devotos’ destas novas superfícies estavam, é claro, os mais novos, que viam subitamente reunidos num só local vários dos seus principais interesses: hipermercados (e respetivas secções de brinquedos), cinemas, salas de jogos ‘arcade’ e, claro, diversas opções de comida ‘fast food’, desde as mais populares até outras recém-chegadas. Esta combinação de fatores, à época única, tornava os denominados ‘shopping centers’ autênticas ‘terras prometidas’ para os mais novos, e pontos de encontro de fins-de-semana e feriados para os um pouco mais velhos, para quem estas superfícies tinham o atrativo adicional das lojas de roupa ou tecnologia. No fundo, a cultura de ‘shopping’ em Portugal, conforme a conhecemos hoje em dia, teve aqui os seus inícios.

Ao longo da década seguinte (já no novo milénio) a presença deste tipo de superfícies em Portugal viria a aumentar exponencialmente um pouco por todo o País, ao ponto de as mesmas se tornarem corriqueiras e já sem o mesmo encanto daqueles primeiros representantes. ‘Shoppings’ como o El Corte Inglés ou o Freeport, que tinham propostas algo diferenciada, ainda conseguiram suscitar algum interesse e excitação, mas de modo geral, este tipo de superfícies tornou-se só mais uma parte da paisagem urbana portuguesa do Século XXI. Hoje em dia, até dentro de estádios já se podem encontrar cinemas ‘multiplex’ e áreas de consumo de ‘fast food’, algo outrora impensável fora do contexto de um hipermercado ou mega-shopping.

Para a história, no entanto, ficam aqueles primeiros ‘shoppings’ de Lisboa e Porto, que maravilharam e fizeram as delícias de toda uma geração. E vocês? Faziam parte deste número? Quais as vossas melhores memórias deste tipo de superfícies? Partilhem nos comentários!

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