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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

04.04.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

O surgimento dos canais de televisão privados potenciou o surgimento e expansão de um formato televisivo já explorado, ao de leve, pela televisão estatal, mas exacerbado e explorado à exaustão pelas referidas SIC e TVI: o 'talk show' matinal. Já tradicional nas grelhas de programação de países como os Estados Unidos e a Inglaterra, este tipo de programa - no qual se misturam entrevistas, debates, 'casos' reais, escândalos, segmentos com conselhos práticos do dia a dia e números de entretenimento - cimentou-se definitivamente em Portugal na segunda metade da década de noventa, para não mais abandonar as grelhas televisivas - e um dos principais responsáveis por essa popularidade (bem como um dos pioneiros do formato) foi precisamente o programa de que hoje falamos, estreado há pouco mais de um quarto de século e que levava o nome da sua apresentadora: 'Fátima Lopes'.

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Idealizado por Manolo Bello (um dos co-criadores dos famosos 'Apanhados', o programa propunha um bloco diário de três horas, sob a égide da apresentadora homónima (então conhecida, sobretudo, pelos não menos icónicos 'Perdoa-me' e 'All You Need is Love'), e sempre dedicado a um tema de interesse para o seu público-alvo de donas-de-casa - ainda que, por vezes, o assunto em debate fosse um pouco mais 'arriscado' do que o habitual, como foi o caso com o travestismo, num episódio que, aliás, chegou a ser reaproveitado pelos icónicos Gato Fedorento, anos depois da última transmissão do programa, que data de 2001. (De notar, aliás, que 'Fátima Lopes' entrou nas casas dos portugueses durante quase exactamente três anos, datando a primeira emissão de 16 de Fevereiro de 1998, e a última de 2 de Fevereiro de 2001.)

O final do programa não significou, no entanto, o fim do formato em causa na emissora de Carnaxide, ou mesmo da carreira de Fátima Lopes como apresentadora deste tipo de conteúdos; pelo contrário, a apresentadora tornou-se tão sinónima com programas deste tipo como Manuel Luís Goucha na RTP, surgindo à cabeça de mais dois formatos do mesmo tipo em anos subsequentes, 'SIC 10 Horas' e 'Fátima', antes de se 'mudar' para a TVI, onde continuaria na mesma senda. Ainda assim, é pelo seu programa homónimo, e pelas suas mais de seiscentas emissões, que a apresentadora é, ainda hoje, recordada por muitos daqueles que acompanhou durante o pequeno-almoço ou os 'tempos mortos' das manhãs de infância ou adolescência, tornando-se presença diária, constante e reconfortante no ecrã da televisão de casa.

10.01.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

por diversas vezes aqui apresentámos provas cabais de que os concursos se encontravam entre os formatos televisivos mais populares dos anos 80 e 90 (e, embora em menor escala, também do Novo Milénio). Desde sempre presentes nas tardes dos portugueses, sob as mais diversas formas e formatos e subordinados aos mais variados temas, este tipo de programa nunca deixava de se afirmar como um sucesso de audiências junto do público-alvo. A adição a este genéro feita pela SIC há quase exactos vinte e cinco anos – a 12 de Janeiro de 1998, escassos dois meses após o quinto aniversário da emissora – não é excepção a esta regra, e conseguiu mesmo atrair alguma atenção durante os pouco mais de três anos em que esteve no ar.

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Tratava-se de 'Roda dos Milhões', uma espécie de mistura entre 'A Roda da Sorte' e o clássico sorteio televisionado do Totoloto que, mais do que um mero programa de televisão, se tornou num verdadeiro 'franchise', com direito a revista própria, CD alusivo aos artistas que actuavam no programa, e até uma raspadinha com o seu nome.

Apresentado inicialmente pela dupla de Jorge Gabriel (símbolo máximo do programa) e Mila Ferreira – ambos então em alta – e mais tarde também por Fátima Lopes, o programa oferecia ainda outros atractivos, como música ao vivo a cargo de artistas tanto nacionais como internacionais, mas era nos diversos jogos e passatempos que residia o principal interesse do formato, pelo menos para quem não jogava no Totoloto.

download.jpgOs dois grandes símbolos do programa.

Isto porque, à boa maneira do seu antecessor espiritual, 'A Roda da Sorte', o concurso contava em estúdio com a roda homónima, que os concorrentes da semana podiam girar para ganharem prémios imediatos em dinheiro, bem como com outros jogos, como a 'Marca da Sorte', em que o prémio era um automóvel; assim, mesmo quem não 'arriscava' nos números da Santa Casa tinha vastas razões para sintonizar semanalmente a estação de Carnaxide às Segundas, em horário nobre – especialmente porque se atravessava, à época, o longo período entre o fim d''A Roda da Sorte' original, com Herman José, e a chegada das versões 'revitalizadas' do concurso, na época seguinte, servindo a 'Roda dos Milhões' como honroso substituto.

Assim, foi com naturalidade que o programa se assumiu como mais um dos muitos sucessos da estação de Carnaxide durante a sua 'fase imperial' na segunda metade dos anos 90 – pelo menos até a SIC findar, abruptamente, a sua transmissão, por impossibilidade de manter o horário das Segundas à noite, e perder o formato para a televisão estadual, onde o seu destino seria exactamente o inverso, tendo a versão com Nuno Graciano como apresentador durado exactos três meses antes da extinção total do formato, a 6 de Junho de 2001. Nada que belisque a reputação ou marca histórica e cultural de um concurso que, ainda que simples e simplista, não deixou (com maior ou menor mérito) de ser um sucesso, e, como tal, é bem digno de ser celebrado na semana em que se completa um quarto de século sobre a sua estreia.

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