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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 13 de Julho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A bola de 1992.

Enquanto centro nevrálgico do jogo de futebol – sendo mesmo a razão do prefixo do mesmo – a bola acaba por ser um elemento tão icónico quanto os próprios equipamentos ou chuteiras dos jogadores, apesar de, muitas vezes, menos notável ou notório. Ainda assim, têm havido, ao longo dos últimos cinquenta anos, várias bolas oficiais da FIFA e UEFA cujo 'design' e escolha de cores e padrões as torna particularmente memoráveis, e suscita a compra de um sem-número de réplicas por parte dos jovens fãs do desporto-rei. Os anos 90 não foram, de forma alguma, excepção a esta regra; de facto, ainda que as bolas oficiais dos Campeonatos Europeus daquela década ficassem longe das cores vivas e 'designs' memoráveis do Novo Milénio, as mesmas revelavam, ainda assim, suficiente 'personalidade' para justificarem serem as escolhidas do público-alvo em causa.

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O modelo de 1996.

Da responsabilidade da Adidas, fabricante único das competições internacionais desde o seu início, as três bolas oficiais dos Europeus de finais do século XX (a Etrusco Único de 1992, Questra Europa de 1996 e Terrestra Silversteam de 2000) apresentavam a mesma base no tradicional branco, mas marcavam a diferença através de padrões bem distintos, embora nem sempre particularmente originais. A Etrusco, por exemplo (modelo que 'transitava' do Mundial de Itália '90) era uma simples bola preta e branca, com o habitual e frequentemente imitado padrão da Adidas: painéis lisos no meio, com um 'friso' a toda a volta. Já a Questra Europa, usada apenas no Euro '96, marcava a diferença através das cores usadas no friso (azul e vermelho) que evocavam a anfitriã Inglaterra sem, ao mesmo tempo, serem declaradamente alusivas à icónica Union Jack. Por sua vez, a Terrestra Silverstream, utilizada apenas no Europeu de 2000, apostava num conceito menos declaradamente localizado e de cariz mais inovador, substituindo a clássica cor branca dos painéis por um elegante prateado, que tornava de imediato a bola mais apelativa para os jovens da viragem do Milénio, época em que o futurismo estava em alta em todos os sectores da sociedade.

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O esférico de 2000.

Três bolas tão semelhantes quanto distintas, portanto, cada uma das quais desenhada para apelar às sensibilidades dos adeptos da época e, idealmente, garantir que os mesmos levavam para casa uma réplica de um dos três esféricos, por oposição às igualmente apelativas, e mais baratas, bolas não oficiais com os painéis decorados com bandeiras dos diferentes países do Mundo – um paradigma que, aliás, se mantém até aos dias de hoje, tendo sem dúvida ajudado a informar o 'design' da bola do Campeonato Europeu prestes a concluir-se algumas horas após a publicação deste 'post'...

13.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 11 de Julho de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Enquanto competições máximas do futebol ao nível internacional (ou seja, de Selecções) é natural que tanto os Mundiais como os Campeonatos Europeus motivem publicações especiais por parte dos periódicos desportivos um pouco por todo o Mundo. E escusado será dizer que, num país tão fanático pelo desporto-rei como Portugal, essa naturalidade assume contornos de inevitabilidade, tendo os adeptos nacionais, ao longo dos anos, 'aprendido' a contar com múltiplos suplementos e destacáveis, ou até mesmo revistas individuais, com foco nos diversos certames. O primeiro Europeu do Novo Milénio não foi, de todo, excepção a essa regra, antes pelo contrário, tendo visto surgir nas bancas lusitanas não apenas uma, mas duas revistas especiais a ele dedicadas, ambas com o então Bola de Ouro Luís Figo como figura de capa, ele que era o 'porta-estandarte' da Selecção Nacional na era pré-Cristiano Ronaldo.

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A primeira destas duas, da responsabilidade do jornal 'Record', revestia-se de especial interesse por apresentar uma abordagem algo diferente do habitual: além das habituais 'fichas' de jogadores e factos sobre a competição, a publicação em causa trazia, à laia de 'biografias' dos elementos da Selecção Nacional da época, uma série de textos assinados por autores tão consagrados quanto Manuel Alegre ou Carlos Tê, além de outras figuras ligadas ao mundo das artes e letras, como os cineastas João Botelho e Joaquim Leitão. Já os 'distintos adversários' das outras selecções participantes no certame eram 'apresentados' por especialistas dos respectivos países, com natural destaque para nomes ligados ao jornalismo desportivo. A completar esta ambiciosa edição estavam oito 'guias turísticos' das principais cidades onde a competição se desenrolaria, elaborados 'in loco' por correspondentes do jornal. Uma publicação inovadora e ambiciosa, portanto (sobretudo para os parâmetros algo conservadores do jornalismo desportivo) que terá, certamente, justificado em pleno os quinhentos escudos do preço de capa, até mesmo para quem não era fã do desporto-rei.

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Sobre a 'outra' publicação alusiva ao Europeu de 2000 – fornecida como suplemento do jornal 'Expresso' – existe bastante menos informação; no entanto, a capa sugere que os conteúdos da mesma se insiram numa linha bastante mais típica e 'clássica' do que a seguida pela congénere de 'Record', com dados sobre os jogadores, estádios e países participantes, além de um guia TV com as datas e horas da exibição televisiva dos jogos, quase todos transmitidos em directo pela RTP. Um suplemento de valor inegável, mas que fica muito longe da ambiciosa e demarcada proposta do jornal de António Tadeia. Ainda assim, sem dúvida uma peça de coleccionador, a qual, tal como a revista de 'Record', valerá sem dúvida a pena adicionar à colecção de um adepto com interesse na História das publicações sobre futebol em Portugal, talvez ao lado das revistas dos Mundiais editadas por 'A Bola' e 'Record', e da publicação sobre a 'Geração de Ouro' sugerida pela primeira alguns anos depois...

08.07.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

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Apesar de não ser imediatamente óbvia, a relação entre os mundos do futebol e da música tem, tradicionalmente, sido simbiótica. De sucessos 'pop' adaptados a cânticos (e vice-versa) a músicas especificamente conotadas com o desporto-rei, ou mesmo tematizadas em torno deste, têm sido muitos os exemplos desta sinergia desde que o futebol se tornou um espectáculo globalista e massificado; quando a este paradigma se junta também a vertente comercial a que o desporto em causa vem, cada vez mais, sucumbindo, a existência de discos oficiais para as competições internacionais da UEFA e FIFA torna-se lógica ao ponto de parecer óbvia.

E de facto, foram poucos os Campeonatos do Mundo ou Europeus dos últimos trinta anos a não se fazerem acompanhar de um álbum oficial repleto de 'malhas' evocativas do ambiente em torno da competição em causa; o primeiro grande exemplo desta tendência deu-se em 1996, quando a Inglaterra juntou dois dos seus grandes 'amores' num só conjunto de doze faixas a que chamou 'The Beautiful Game', e voltou a ser assim com quase todas as competições subsequentes, logo a começar pelas duas seguintes, nomeadamente o Mundial de França '98 e o Euro 2000. É ao álbum oficial deste último que, em época de novo Europeu, dedicamos abaixo algumas linhas.

Por comparação a 'The Beautiful Game' e até ao álbum do France '98, o disco do Euro 2000 revela desde logo uma abordagem algo distinta, mais centrada na coesão musical e criação de atmosferas do que no investimento em grandes nomes da música mundial. De facto, onde o disco de '96 trazia nomes como Jamiroquai, New Order, Primal Scream, Supergrass, Blur ou Pulp, e o de '98 contava com Ricky Martin (com a imortal 'The Cup of Life') Youssou N'Dour, Gypsy Kings, Daniela Mercury, Chumbawamba e Skank, entre outros, o único nome mais imediatamente reconhecível do álbum de 2000 será o dos pop-rockers Republica, ficando as restantes faixas a cargo de DJs e artistas de música electrónica relativamente desconhecidos fora da esfera do Europop e Euro-disco. E apesar de a estratégia escolhida até fazer sentido, dado o campeonato em causa ter sido realizado em dois dos 'centros nevrálgicos' deste estilo de música, a verdade é que essa falta de variedade e grandes nomes limitou severamente o potencial público-alvo do álbum, limitando o seu apelo a quem gostava de música electrónica na sua vertente mais 'azeiteira'.

Não quer isso dizer, no entanto, que o álbum fosse um falhanço total; nenhum conjunto de músicas encabeçado pela monstruosa 'Campione 2000' merece esse epíteto. No entanto, quando comparado aos seus dois antecessores, e a alguns lançamentos posteriores, este é, sem dúvida, um lançamento mais limitado (por definição) e, como tal, menos presente na memória colectiva dos fãs de futebol. Uma pena, já que um dos melhores Europeus de sempre merecia, decididamente, ter gozado de uma banda sonora à altura do futebol praticado...

07.07.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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Goste-se mais ou menos dos jogadores convocados, o apoio à Selecção Nacional de futebol masculino sénior está entranhado no âmago de qualquer adepto português, teimando em surgir sempre que as Quinas surgem em mais um Mundial ou Europeu – algo que vem sendo recorrente de há três décadas a esta parte. No entanto, a maioria dos adeptos mais velhos será, também, rápida a admitir que a Selecção de hoje já não desperta a mesma paixão do grupo desse tempo, centrado em elementos da lendária Geração de Ouro e que apresentava o verdadeiro 'futebol champanhe', dando 'espectáculo' e entusiasmando os adeptos independentemente do resultado.

E esta última condicionante é mais importante do que parece, já que um dos principais elementos associados a 'essa' Selecção Nacional era o azar. De facto, jogasse melhor ou pior, Portugal parecia sempre soçobrar nos momentos-chave, fosse por falta de sorte, fosse por o adversário lhe ser legitimamente superior. O auge desta tendência (apenas desfeita, de forma inacreditável, em 2016) foi, claro, a derrota frente à massa adepta caseira, em pleno Estádio da Luz, na final do Euro 2004; no entanto, o problema já vinha, a essa data, mais 'de trás', tendo ambas as participações das Quinas em competições internacionais durante os anos 90 redundado em esperanças desfeitas quase 'à última hora'.

De facto, logo no seu regresso aos palcos internacionais, em 1996 (Europeu que iniciaria a referida tendência de apuramentos sucessivos que perdura até aos dias de hoje) Portugal logrou efectuar uma fase de grupos honrosa, até dominadora, e foi favorecido com um sorteio bastante razoável para os quartos-de-final, evitando os 'tubarões' e defrontando a República Checa, hoje Chéquia. O 'presente' revelar-se-ia, no entanto, 'envenenado', com um golo monumental do futuro benfiquista Karel Poborsky (então jogador do Manchester United) a ditar a eliminação da equipa fortemente favorita para esse jogo, e a lançar a 'outra' tendência de Portugal em Europeus, esta mais negativa que a anteriormente mencionada.

A 'maldição' continuaria (e de forma ainda mais dolorosa) quatro anos depois, quando uma das melhores selecções portuguesas de sempre realizaria uma fase de grupos irrepreensível (encabeçada por uma reviravolta histórica contra a Inglaterra) e 'dinamitaria' a Turquia nos quartos, garantindo o acesso a uma meia-final de má memória, em que levou a França campeã do Mundo dois anos antes a prolongamento, para depois ser 'atraiçoada' por uma mão de Abel Xavier em plena área, que Zidane converteria em corações partidos de Norte a Sul de Portugal.

Vistos isoladamente, cada um destes casos pode parecer apenas coincidência, ou azar; no entanto, todo o adepto português sabe que os mesmos marcaram o início de uma tendência que apenas seria contrariada duas décadas depois, no único jogo que Portugal talvez não merecesse ganhar. E numa altura em que a 'maldição' volta a 'atacar' em pleno (tendo Portugal acabado de soçobrar nos 'penalties' frente à França, nos quartos-de-final do Euro 2024) convém que não se perca a memória de onde tudo começou...

02.07.24

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

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Enquanto desporto mais popular a nível global, não é de admirar que o futebol tenha sido, desde o dealbar dos jogos de vídeo, um dos temas mais populares em torno dos quais centrar um título interactivo; e se, nos primórdios da tecnologia, se afirmava algo complicado transladar as emoções do desporto-rei para o ecrã da televisão ou computador, a acelerada evolução da tecnologia verificada a partir de meados da década de 80 permitiu uma aproximação gradualmente cada vez mais realista das partidas virtuais às verdadeiras, a qual prossegue em fluxo até aos dias de hoje. E se os jogos da viragem de Milénio não dispunham das tecnologias foto-realistas disponíveis hoje em dia, a verdade é que conseguiam já proporcionar uma experiência bastante fidedigna à realidade de um jogo de futebol, conseguindo assim conquistar os corações (e carteiras) dos adeptos do desporto-rei.

Não é, pois, de estranhar que a segunda metade dos anos 90 e primeira metade da década seguinte tenha assistido a uma época áurea para os jogos de futebol (e de desporto em geral), com múltiplas franquias a disputarem, de forma mais ou menos bem-sucedida, o 'trono' dividido por duas míticas séries, ambas 'em alta' até aos dias de hoje: 'FIFA', da EA Sports, e 'International Superstar Soccer', da Konami, que, já no Novo Milénio, adoptaria nova designação, ainda hoje vigente: 'Pro Evolution Soccer'. E se em termos de jogabilidade e realismo era esta última a clara vencedora, a 'rival' e 'co-monarca' tinha um considerável 'trunfo na manga' – nomeadamente, a licença oficial para produzir os jogos alusivos às competições internacionais de Selecções. De facto, desde o Mundial de 1994 que a companhia americana dispunha de autorização para criar os títulos oficiais de cada novo certame, um poder de que apenas uma vez não tiraram partido, quando permitiram que a licença oficial do Europeu de 1996 fosse atribuída à Gremlin, criadora da série 'terceira classificada' na 'guerra' do futebol interactivo dos anos 90, 'Actua Soccer', e que lançava um jogo muito semelhante aos da referida franquia.

Seria um erro que a Electronic Arts não voltaria a cometer, recuperando e cimentando a exclusividade ao longo das duas competições seguintes, cujos jogos ajudaram, também, a estabelecer a fórmula ainda hoje vigente para jogos alusivos a certames internacionais – nomeadamente, uma versão 'condensada' do título 'FIFA' do ano anterior, ao qual são removidos todos os aspectos relativos ao futebol de clubes e campeonatos nacionais, ficando o foco exclusivamente limitado à competição em causa. Foi assim, primeiro, com 'World Cup '98' – uma versão mais 'básica' e menos entusiasmante do excelente 'FIFA '98: Road to the World Cup' – e voltou a ser assim com o jogo oficial do Euro 2000, que se afirmava mais uma vez como um título da série 'FIFA' com menos equipas e opções.

Enquanto que o título oficial do França '98 era, em tudo, semelhante ao jogo 'principal' lançado no ano anterior, no entanto, 'UEFA Euro 2000' (lançado poucos meses antes do evento em causa, para PC e PlayStation) oferece uma particularidade interessante em relação a 'FIFA 2000', constituindo uma actualização gráfica considerável em relação ao mesmo, e posicionando-se como uma espécie de 'ponte' entre este e o título seguinte da série, 'FIFA 2001', que seria lançado ainda antes do final desse ano. Assim, e devido a este facto, o jogo em questão acaba por se afirmar como 'caso único' no contexto da série 'FIFA', não sendo visualmente idêntico nem ao seu antecessor, nem ao seu sucessor, ou a qualquer outro jogo da série.

Ficam-se por aí as 'novidades', no entanto, já que em termos de jogabilidade e sonoplastia, 'Euro 2000' é um típico título da EA Sports da época, com o habitual (e excelente) comentário de John Motson e Mark Lawrenson e o mesmo conjunto de acções simplistas que resultavam, nove em cada dez vezes, em golo. Edições posteriores introduziriam inovações às mecânicas da série, mas em 'Euro 2000', continua a bastar a habitual combinação de corrida, passe, drible, centro, e pressão rápida na tecla ou botão de remate para garantir o sucesso – embora, agora, em ritmo mais lento, já que o detalhe gráfico limitava a velocidade do jogo, sobretudo na versão para PC.

Por virtude desta falta de originalidade, 'Euro 2000' acaba por ser recomendado apenas a completistas, fãs da competição em causa, ou adeptos patriotas desejosos de 'corrigir' a História e levar a Selecção Nacional da fase Geração de Ouro à final do certame; quem apenas deseje disputar umas partidas de futebol 'sem compromisso' ficará, certamente, melhor 'servido' com qualquer dos dois 'FIFAs' próximos a este jogo, ou até com as edições de 1998 ou 1999 do jogo em causa. Ainda assim, em tempo de Europeu, seria um 'crime' não fazer menção ao jogo que ajudava a EA Sports a entrar no Novo Milénio da mesma forma que saíra do anterior – como força hegemónica no campo da simulação de futebol.

 

25.06.24

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

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As transmissões de jogos de futebol têm, tradicionalmente e consistentemente, estado entre os segmentos com maior 'share' de audiências da televisão em sinal aberto em Portugal. Mesmo depois do advento da Sport TV (e, mais tarde, de redes como a Eleven Sports ou dos canais privados de cada clube) os jogos exibidos na RTP, SIC e TVI não deixam de atrair números invulgares de público para cada uma dessas estações, o que se afirma como natural num país com tanto gosto e apetência pelo desporto-rei como é o nosso. Ainda assim, situações em que a emissora depende activamente do futebol para sair de uma crise de audiências não deixam de constituir casos extremos, tanto em Portugal como um pouco por todo o Mundo; e, no entanto, era precisamente esse o contexto em que a RTP se encontrava nos primeiros meses da viragem do Milénio, e que levou a emissora estatal a empregar medidas drásticas nesse Verão, aquando da realização do Campeonato Europeu de Futebol.

Isto porque, como detentora de acções na Sport TV, a RTP dividiria, normalmente, o 'pacote' de direitos de transmissão dos jogos com a emissora privada, exibindo apenas partidas selectas em sinal aberto, numa práctica que se mantém até aos dias de hoje; no caso do Euro 2000, no entanto, tal partilha não teve lugar, tendo a RTP retido os direitos de todas as vinte e sete partidas - de um total de trinta e uma - que logrou conseguir transmitir (as restantes quatro viriam a ser exibidas no 'outro' canal de desporto da TV Cabo da época, o Eurosport, que mostraria também algumas das partidas da RTP em diferido, numa emissão que dedicava vinte e quatro horas diárias à competição), obrigando a Sport TV a transmitir apenas debates sobre os jogos da competição, nos horários em que normalmente os estaria a exibir. Tais acções deviam-se à crise de resultados que a emissora estatal atravessava por comparação às rivais privadas, sendo que apenas o futebol conseguia equiparar a estação da 5 de Outubro às de Carnaxide ou Queluz.

Quando somada a uma série de 'picardias' entre o canal público e o seu 'sócio' privado – com a Sport TV a negar à RTP direitos de transmissão em directo dos jogos do FC Porto na Liga dos Campeões do ano transacto (obrigando a que os mesmos fossem exibidos em diferido, com uma hora de atraso), e a emissora estatal a 'vingar-se' bloqueando, no último momento, o acesso do canal codificado ao particular Portugal-Itália – esta atitude tornou inviável qualquer colaboração futura entre os dois canais, tendo a Sport TV procurado associar-se à SIC no tocante à partilha de direitos televisivos de eventos de desporto, iniciada com a transmissão conjunta do Open do Estoril em Ténis. Já a RTP beneficiria mesmo do 'choque na veia' proporcionado por um dos melhores Euros de sempre, ao qual se seguiram, quase de imediato, os Jogos Olímpicos de Sydney, também cobertos na quase totalidade pela emissora estatal. Um Verão de sucesso para as 'duas' RTPs, portanto - muito por conta daquilo a que a imprensa da época chegou a chamar uma 'overdose' de desporto – mas que, ao mesmo tempo, mudaria para sempre o paradigma e estrutura de partilhas e alianças para a transmissão de eventos desportivos em Portugal, numa alteração cujos efeitos se continuam a fazer sentir até aos dias de hoje, e que parece dar razão à máxima que diz que 'nunca é apenas futebol'...

24.06.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

No contexto certo, um tema musical pode ter tanto impacto, e fazer tanta diferença na percepção de um todo, quanto um logotipo ou qualquer outro elemento gráfico ou de apresentação; o do desporto não é excepção a esta regra, bastando relembrar a mais que icónica sequência de introdução dos jogos da Liga dos Campeões para comprovar esse facto. Assim, não é de surpreender que as entidades reguladoras de certos desportos, entre eles o futebol, procurem associar os seus principais eventos a um determinado tema ou canção, normalmente composto propositadamente para o certame, na esperança que o mesmo se imortalize entre o público adepto e faça perdurar na memória o evento que representa; e apesar de nem todas estas tentativas serem particularmente bem sucedidas, algumas chegam a almejar um determinado nível de tracção cultural, sendo um dos melhores exemplos a faixa sobre a qual versa o 'post' de hoje.

Falamos de 'Campione', 'malha' eurodance puramente noventista (culturalmente, ainda se estava nos anos 90 em meados de 2000) composta e interpretada pelo DJ sueco E-Type, e cujo motivo musical remete a uma canção popular holandesa de cariz patriótico, intitulada 'Oranje Boven'; para quem não é oriundo dos Países Baixos, no entanto, a melodia será 'apenas' a daquela canção do Euro 2000, ficando mais ligada àquele Verão de futebol do que a qualquer fervor patriótico. E a verdade é que, fosse qual fosse a fonte de inspiração, E-Type fez um trabalho magnífico no tocante à composição da faixa, transformando-a num daqueles 'hinos' de que basta ver o título para imediatamente evocar o refrão e batida mais do que pegajosos, e colocar até o mais empedernido dos roqueiros a trautear o pseudo-cântico de estádio que serve de base aos mesmos. Não é, pois, de admirar que o próprio cântico em si tenha, posteriormente, sido adoptado para esse mesmo propósito na 'vida real', extravasando assim os limites da música em que se insere – o que não pode deixar de ser considerado um sinal de sucesso compositivo.

É, pois, por demais evidente que 'Campione' constitui um exemplo claro de sucesso no campo das sinergias entre eventos desportivos e o mundo da música, ainda que não atingindo o nível da referida música da Champions ou ainda de 'Força', o hino do Euro 2004 da autoria de Nelly Furtado. Ainda assim, uma composição mais que merecedora de menção nestas nossas páginas, numa altura em que se celebram vinte e quatro anos não só sobre o seu lançamento, mas sobre o evento a que serviu de banda-sonora oficial.

23.06.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

O conceito e propósito declarados deste 'blog' passam por recuperar experiências vividas pela juventude portuguesa dos anos 90; no entanto, é ocasionalmente necessário fazer um pouco de 'batota' e viajar até ao primeiro ano da década, século e Milénio seguintes, para assinalar um qualquer evento digno de nota. Foi assim com 'Capitães de Abril', a única homenagem filmográfica a um dos mais importantes eventos da História de Portugal, e será assim, novamente, este Domingo Desportivo, para recordar aquele que é unanimemente considerado um dos melhores Campeonatos Europeus de sempre, e que foi palco da primeira de várias prestações honrosas da Selecção Nacional em certames deste tipo, que culminaria com a inusitada e inesperada vitória em 2016.

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Entrando desde logo na História como o primeiro evento futebolístico internacional organizado 'a meias', o Euro 2000 tinha lugar a partir de 10 de Junho daquele ano, em várias localidades da Bélgica e da Holanda, países que haviam batido a Espanha e a Áustria no sorteio, e cuja pequena dimensão justificava a organização conjunta. Em prova estavam, além das duas selecções anfitriãs, catorze outras equipas, sendo que a Alemanha se qualificava igualmente de forma directa, por ser campeã em título; já Portugal beneficiava do primeiro de muitos 'bafejos' de sorte, qualificando-se como 'melhor segundo' (após o habitual 'passeio' na fase de qualificação, com goleadas aos habituais Liechtenstein e Luxemburgo) e ganhando, assim, a oportunidade de 'corrigir' o agri-doce desempenho em solo inglês, quatro anos antes.

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O conjunto português presente no certame, um dos melhores de sempre.

E a verdade é que, sem ser favorito, o colectivo português apresentava um conjunto fortíssimo, 'movido' a Geração de Ouro (tal como em '96) mas com adições e peças secundárias significativamente melhores, e que ajudavam a elevar ainda mais o nível de desempenho da equipa, como era o caso de Nuno Gomes na frente de ataque, ou Sérgio Conceição na ala. O único entrave ao sucesso da Selecção das Quinas era o nível absurdamente elevado das restantes selecções, em antítese absoluta à fase de qualificação; e o grupo que calhava a Figo, Jorge Costa, Rui Costa, João Pinto e companhia era tudo menos simpático, com a sempre complicada Inglaterra e a campeã em título Alemanha a perfilarem-se como favoritas aos dois primeiros lugares. O jogo inaugural da Selecção no torneio parecia indicar isso mesmo, com a equipa portuguesa a perder por 0-2 ainda antes da meia hora...

...mas foi então que começou o milagre. Primeiro, uma remontada contra a Inglaterra para uma eventual vitória por 3-2, com golos de antologia de Figo e João Pinto; depois, o empate entre Roménia e Alemanha; e, finalmente, o 'massacre' à campeã em título, com um não menos antológico 'hat-trick' de Conceição, que cimentava Portugal como líder do grupo na mesma jornada em que a Roménia derrotava, também ela, a Inglaterra, garantindo o segundo lugar e arredando as duas favoritas da eliminatórias – no caso da Alemanha, com um único ponto! Uma fase de grupos perfeitamente 'louca', mas que fazia sobressair a equipa portuguesa como, agora sim, uma das favoritas.

O primeiro jogo do Euro veria talvez a prestação mais épica da Selecção Portuguesa da era moderna até então.

Os quartos-de-final nada fizeram para mudar essa percepção, tendo Portugal conseguido superiorizar-se confortavelmente à Turquia (curiosamente, o seu mais recente adversário à data de edição deste post, novamente com vitória folgada), por 0-2, e avançando assim para as meias-finais, onde iria enfrentar a temível França, campeã do Mundo em título; e a verdade é que, como sucederia década e meia depois, os guerreiros lusitanos surpreenderam o Mundo enfrentando os gauleses 'olhos nos olhos', e 'empurrando' o jogo para prolongamento – altura em que, finalmente, o azar bateu à porta. Centro de Trezeguet, Baía batido, e Abel Xavier leva a mão à bola em plena pequena área. Penalty, prontamente convertido pelo então melhor do Mundo, Zidane, e que confirmava a reviravolta num jogo em que Portugal até entrara a ganhar, um pouco ao invés do que sucedera frente à Inglaterra. Ficava a consolação de perder com a eventual campeã, que, dias depois, aproveitaria novamente o prolongamento para se superiorizar à Itália, garantindo assim a 'dobradinha' de troféus internacionais e cimentando-se como melhor Selecção europeia.

A honrosa prestação frente à França terminaria, infelizmente, em desapontamento.

Apesar deste resultado (novamente) agri-doce, no entanto, muitos adeptos de certa idade continuam a ter boas recordações do Euro 2000, competição que viu talvez o melhor conjunto de jogadores portugueses da era moderna (vestidos a rigor com um dos mais emblemáticos equipamentos da História da Selecção, e que vendeu muitas camisolas, tanto oficiais como da 'feira') defrontar-se 'taco a taco' com outras selecções tão boas ou melhores, e contribuir para um dos campeonatos europeus com melhor futebol de sempre, facto que não podia deixar de lhe garantir a presença nas páginas virtuais deste nosso blog nostálgico – mesmo que, tecnicamente, já não tivesse tido lugar nos anos 90...

22.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 21 de Agosto de 2022.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidades do desporto da década.

Apesar de o mundo do futebol ser dos que mais exalta os seus 'craques', nem todos os jogadores mais memoráveis da História do desporto-rei foram, necessariamente, sobredotados ou prodígios de talento; muitos deles destacaram-se por outras qualidades, como a raça, a entrega, a dedicação a um determinado clube, a aparência bizarra ou original, ou simplesmente a longevidade no seio de uma determinada liga. O homem de quem vamos, nas próximas linhas, traçar um esboço de carreira faz, precisamente, parte deste segundo lote - apesar de ter chegado a ser internacional portuguêm em plena era da Geração de Ouro e a jogar no Real Madrid, dificilmente será recordado como um portento técnico; quaisquer memórias positivas a ele associadas terão, precisamente, a ver com os factores acima elencados, em particular a sua dedicação a um clube específico do campeonato português.

Falamos de Carlos Secretário, eterno defesa-direito do FC Porto da fase hegemónica, e que dedicou ao emblema nortenho nove das suas quinze épocas como profissional de futebol - mais de metade do total da sua carreira - apenas entrecortadas por uma passagem algo 'desastrada' pelo referido Real Madrid, por quem não conseguiu almejar mais do que treze jogos antes de voltar à 'casa de partida', para mais seis épocas. Conforme é apanágio desta secção, no entanto, não é nessas épocas ao mais alto nível que nos focaremos; pelo contrário, neste post, contaremos a história futebolística de Secretário enquanto foi uma Cara (Des)conhecida do panorama desportivo português.

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O defesa ao serviço da Selecção das Quinas, em 1999

Nascido em S. João da Madeira a 12 de Maio de 1970, foi, com naturalidade, no clube local que o jovem Secretário iniciou a sua formação futebolística, já relativamente tarde, aos 14 anos; os quatro anos que mediariam até à sua estreia como sénior veriam, ainda, o lateral passar pelas academias de Sporting e Porto, iniciando-se aí, aos dezassete anos, a relação do atleta com a agremiação azul e branca. A estreia como profissional, no entanto, dar-se-ia não no seio do clube das Antas, mas (ainda) mais a Norte, em Barcelos, onde um Secretário de apenas dezoito anos amealharia vinte e nove jogos e dois golos ao serviço do clube local, o Gil Vicente.

De Barcelos, o atleta rumaria, na época seguinte, a Penafiel, onde permaneceria por duas épocas, afirmando-se como presença quase indiscutível na equipa; no total, foram sessenta e quatro jogos com a camisola dos penafidelenses, com mais dois golos a juntar à conta pessoal do defesa. Nas duas épocas seguintes, ao serviço do Famalicão e Braga, respectivamente, o defesa conseguiria a proeza de totalizar números exactamente iguais, terminando cada uma das épocas com exactamente trinta e uma exibições e...dois golos!

Seria aqui, no final da época 1992-93 (e já como internacional sub-21 por Portugal) que Secretário chegaria, finalmente, à sua casa (quase) definitiva, onde viria a 'morar' por duas vezes: primeiro entre 1993 e 1996, contabilizando 86 jogos e mantendo a sua média de dois golos por época (num total de seis) e depois entre 1998 e 2004, período durante o qual alinharia praticamente cento e trinta vezes pelo clube das Antas, ainda que sem qualquer golo. Pelo meio, ficavam a referida (e azarada) passagem pelo campeonato espanhol, e umas nada despiciendas trinta e cinco internacionalizações AA, com duas competições internacionais disputadas ao serviço das Quinas (os Campeonatos Europeus de 1996 e 2000) e um golo marcado.

Apesar do seu longo e honroso vínculo ao FC Porto, no entanto, não seria nas Antas que Secretário viria a terminar carreira; ao invés, a última época do futebolista seria disputada ao serviço do Maia, tendo o lateral alinhado por vinte e quatro vezes com a camisola do clube dos arredores do Porto. Seria, aliás, também no Maia que Secretário iniciaria a sua nova carreira, a de treinador, que o veria passar por diversos clubes amadores e semi-profissionais dos campeonatos português (Lousada, Arouca, Salgueiros 08 e Cesarense) e francês (Lusitanos Saint-Maur e Créteil Lusitanos, clube que actualmente orienta); e apesar de não ter tanto 'brilho' como a sua carreira de jogador, esta nova etapa do ex-internacional português não deixa de ser honrada e honrosa, merecendo tanto respeito quanto foi atribuído à sua profissão passada. Numa altura em que o ex-defesa enfrenta problemas de saúde - tendo, por esse motivo, sido homenageado no último 'derby' entre Sporting e Porto - não queríamos, pois, deixar de homenagear o ex-atleta, a quem enviamos também votos de rápidas melhoras, e de que a carreira de treinador venha a ser tão notável como a de jogador profissional.

11.04.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

NOTA: Este post foi alvo de algumas alterações, após feedback do leitor Paulo Próspero, a quem agradecemos as correcções.

E que melhor maneira de dar seguimento a esta rubrica do que falando da melhor equipa  de que a Seleção Nacional portuguesa alguma vez desfrutou, e que teve o seu auge precisamente durante os anos 90?

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Dois dos expoentes máximos do futebol português das décadas de 90 e 2000

Sim, hoje vamos falar da mítica ‘Geração de Ouro’, o grupo de jogadores que se sagrou bi-campeão nacional de sub-21, e mais tarde guiou a Seleção das Quinas a algumas das suas melhores prestações de sempre em campeonatos internacionais, culminando naquela célebre e amarga final do Euro 2004, em pleno Estádio da Luz, depois de mais uma enorme campanha.

Mas comecemos por onde se deve, ou seja, pelo início. Início esse que se deu em Riade, Arábia Saudita, palco do Campeonato Mundial de Juniores de 1989. Foi nesse local, durante o verão do último ano da década de 80, que Luís Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Jorge Costa, Paulo Madeira e Fernando Couto jogariam pela primeira vez juntos, ao lado de nomes menos conhecidos ou ‘esquecidos’ como Cao, Valido, Gil ou Toni. E o resultado desta junção de talentos não podia ter sido melhor – o grupo não só conquistou o campeonato naquele ano, como viria a revalidar a façanha dois anos depois, em território nacional, e com a equipa já acrescida de nomes como Abel Xavier ou Rui Bento. Bicampeões mundiais antes dos 21 anos, portanto – uma façanha de que apenas as melhores equipas do Mundo (e de sempre) se podem gabar.

Mas a beleza da história da Geração de Ouro é que, conforme indicámos no parágrafo anterior, este duplo triunfo constituiria apenas o início da sua caminhada. Durante os 15 anos seguintes, este mesmo grupo de jogadores daria mais ao país do que qualquer outro da era pré-Cristiano Ronaldo, e faria história tanto em competições internacionais como de clubes. Pelo caminho, alguns nomes ficariam para trás – João Oliveira Pinto, Paulo Torres, Bizarro – e outros se juntariam ao grupo-base, casos de Vítor Baía, Dimas, Rui Jorge, Pauleta, Deco ou o próprio CR7. A base, no entanto, não se alteraria, tendo todos ou alguns dos nomes citados acima estado presentes em todas as convocatórias da Seleção Nacional entre o Euro '96 e o Campeonato Europeu realizado em Portugal dez anos depois.

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A equipa portuguesa no Mundial de 2002

Nesse espaço de sensivelmente uma década, este mesmo grupo iria do melhor (aquela campanha do Euro 2000, fadada a acabar num golpe de azar depois de um esforço hercúleo de todo o grupo, ou a do Euro 2004, gorada por duas desatenções defensivas) ao pior (a vergonhosa campanha de 2002, na Coreia e Japão, ‘coroada’ pelo famoso murro desferido por João Vieira Pinto ao árbitro da partida com a Coreia do Sul), sempre com os níveis de apoio dos adeptos bem em alta. Aquela era, de facto, uma Seleção Nacional que valia a pena apoiar, e que dava gosto ver jogar, ficando na memória dos adeptos mais jovens durante a década de 90 as eliminatórias de grupos marcadas por ‘cabazes’ regulares ao Liechtenstein (o nosso ‘saco de treino’ preferido), Luxemburgo e outras seleções a que, hoje em dia, a equipa se vê e deseja para ganhar. Nessa época, menos que 4-0 a esse tipo de seleções era derrota, e normalmente os jogos acabavam com resultados mais perto dos dez golos de diferença do que do um ou dois normais em confrontos internacionais.

Já contra equipas do mesmo nível ou acima, os jogos eram, previsivelmente, bastante mais renhidos, mas mesmo assim, a equipa fazia boa figura, ficando na memória a reviravolta contra a Inglaterra, no jogo de abertura do grupo A do Euro 2000, ou a malfadada meia-final contra a França, em que uma mão de Abel Xavier no prolongamento ditou o adeus - isto já para não falar do Ricardo a defender penalties de Beckham e companhia sem luvas, em 2004. Estes momentos de triunfal brilhantismo quase ajudam a esquecer ‘borrões’ como os de 2002 – em que Portugal fez uma fase de grupos paupérrima contra adversários mais do que acessíveis – ou de 1996, em que um golo do benfiquista Poborsky, mais tarde do Manchester United, ditaria o afastamento nos quartos de final. Qualquer que fosse o resultado, no entanto, uma coisa era certa – qualquer campanha de Portugal constituía uma verdadeira ‘montanha-russa’ emocional, o que tornava os jogos da equipa ainda mais entusiasmantes.

21 anos depois, ainda emociona...

Claro que haverá quem diga que a equipa de 2016 era melhor – até porque conseguiu o que a Geração de Ouro nunca chegou a conseguir. No entanto, para quem prefere os ‘quases’ com espetáculo do que as conquistas com sorte e serviços mínimos, aquele grupo de jogadores continua a ser irrepetível – uma espécie de ‘dream team’ do Manchester United, mas em versão internacional. E que saudades deixam aqueles ‘passeios’ de 8-0 consecutivos nas fases de apuramento, em vez do constante ‘suar’ (e somar, no sentido de fazer contas) das trajetórias actuais…

E vocês? Que memórias retêm da Geração de Ouro do futebol português? Quem era o vosso jogador favorito? Aqui por casa, e apesar da afiliação clubística ‘contrária’, a preferência sempre foi para o ‘génio’ baixote, João Vieira Pinto… Concordam? Discordam? Façam-se ouvir nos comentários. E até lá, gritem Portugal!

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