Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

02.03.23

NOTA: O post de hoje foi inspirado por este vídeo do Zombi TV, que nos recordou a existência destes 'snacks'. Obrigado pela partilha!

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Poucos portugueses nascidos ou criados durante a década de 90 disputarão a supremacia da Matutano no que tocava a produtos alimentícios dirigidos a crianças. Ainda mais do que a Nestlé, a Kellogg's, a Sumol, Coca-Cola ou Frisumo, ou mesmo a Panrico (que viria mais tarde a adquirir) a produtora de 'snacks' à base de batata ou milho fritos era a principal responsável por reduzir as semanadas e aumentar as cinturas das crianças daquela geração. E apesar de grande parte desse domínio se dever aos magníficos brindes oferecidos nos produtos da companhia (responsáveis por causar não apenas uma, mas VÁRIAS febres ao longo da última década do século XX e primeira do XXI) a Matutano tinha outros argumentos no tocante a conquistar o coração das crianças, entre eles a oferta de 'snacks' bem criativos e apelativos. Por ocasião do Europeu 2021, falámos aqui de um desses produtos, os Cheetos Futebolas; agora, chega a altura de falar de um 'snack' muito semelhante, mas – por alguma razão – significativamente mais Esquecido pela Net: os Drakis.

images.jpg

Comercializados em Portugal em inícios da década, mas muito mais populares e ainda hoje recordados no país vizinho, os Drakis eram uma espécie de mistura entre os Cheetos – dos quais 'herdavam' a textura – os Fritos (por serem à base de milho) e os 3D's, mas 'apimentados' com sabor a 'bacon', bem condicente com a imagética de terror e vampiros apresentada no pacote. O principal atractivo destes 'snacks', no entanto, estava na sua forma, sendo que os mesmos eram moldados para se assemelhar a dentaduras de vampiro, tornando-os num daqueles produtos com os quais se pode 'brincar' antes de comer – e era praticamente obrigatório 'usar' aquela dentadura improvisada durante pelo menos alguns segundos antes de a trincar e consumir...

Apesar do conceito original e apelativo, e do sabor também bastante agradável, os Drakis acabaram, no entanto, por sair de circulação, sendo até hoje um dos poucos produtos da Matutano a sofrer esse 'fado'; mais, no que toca à nostalgia portuguesa, a presença destes 'snacks' na memória colectiva é praticamente inexistente, tendo mesmo a imagem que ilustra este 'post' sido retirada de uma página espanhola - uma situação que não deixa de se afigurar estranha, já que – como atrás referimos – os Drakis tinham tudo para agradar ao seu público-alvo, e continuaram ainda a fazê-lo por muitos mais anos na outra metade da Península Ibérica. Um daqueles casos sem explicação, mas que tornam ainda mais premente a preservação da memória do produto em causa no espaço digital, para que quem alguma vez se deliciou com estas 'batatas' poder, mesmo que apenas momentaneamente, relembrar uma última vez aquele sabor da sua infância, entretanto desaparecido...

08.02.23

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Apesar de ser prática corrente em outros países, o uso de personagens licenciadas para efeitos institucionais é, ainda, um recurso pouco explorado em Portugal; enquanto que no Brasil a Turma da Mônica é utilizada para os mais diversos fins educacionais, e nos EUA as Tartarugas Ninja e Bart, o mais velho dos três filhos dos Simpsons, chegaram a dar a cara pelo movimento anti-droga, em território nacional, qualquer iniciativa deste tipo tende a ser levada a cabo com personagens especificamente criados para o efeito, como o Luzinha da EDP. No entanto, durante os anos 90 (concretamente entre 1998 e 1999) houve pelo menos uma tentativa de aproveitar personagens populares entre o público mais jovem para tentar passar uma mensagem informativa e de sensibilização, sob a forma de duas bandas desenhadas criadas pelo Instituto Português da Qualidade, em parceria com a revista Super Jovem.

01.jpg

O segundo dos dois volumes da mini-série (crédito da imagem: Tralhas Várias)

Intitulados 'Os Amigos da Qualidade', estes dois volumes viam o Rato Mickey e o seu inseparável amigo Pateta – 'estrelas' maiores da 'constelação' das BDs Disney da época – embarcarem em duas aventuras em Vila Avaria, uma povoação vizinha de Patópolis caracterizada, como o próprio nome indica, por padrões de qualidade cómica e caricaturalmente inexistentes; cabe, assim, ao rato mais famoso do Mundo sensibilizar a população quanto a verificações de qualidade, enquanto tenta travar as tentativas de aproveitamento deste 'desleixo' por parte do eterno rival e fora-da-lei João Bafo-de-Onça. Uma premissa interessante, e que poderia ter rendido boas aventuras, não fora a execução algo 'desleixada' do projecto.

De facto, muito mais do que os horríveis desenhos da fase moderna/italiana (que certamente terão os seus fãs, embora não seja o caso por aqui) os dois volumes desta mini-série (se assim se puder chamar a algo deste tipo) pecam pelos diálogos algo óbvios e até condescendentes, e pelo reaproveitamento algo óbvio de elementos, sendo que basta ver como o chefe da polícia de Vila Avaria é, em tudo, gémeo do de Patópolis para se perceber que esta história talvez não seja totalmente criada 'à medida'. Embora muitos criadores de conteúdos para jovens não levem este factor em conta, este tipo de mensagem tende a ser melhor aceite pelo público-alvo quando transmitida com subtileza e cuidado aparente na criação, algo em que estas bandas desenhadas deixam um pouco a desejar.

Ainda assim, esta não deixava de ser uma iniciativa louvável de transmitir uma mensagem importante, embora o seu impacto real seja difícil de medir à distância de vinte e cinco anos; nostalgicamente, estes volumes encontram-se algo Esquecidos pela Net – embora seja possível 'sacar' um deles neste link – mas talvez algum dos nossos leitores que ocupe, hoje em dia, um cargo de inspector de qualidade ou semelhante nos possa dizer até que ponto estas duas Bds o influenciaram na sua escolha. Até lá, fica aqui o 'post' a recordar esta iniciativa inusitada e até única em Portugal, que apesar de algumas falhas óbvias, não deixou de ser meritória...

07.02.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Há programas assim. Para cada transmissão televisiva nostálgica, e fomentadora de múltiplos artigos nos mais diversos blogs e sites por essa Internet afora, há tantos outros que parecem ter caído no esquecimento total, e sobre os quais poucas informações se podem encontrar, à excepção daquelas que, por uma razão ou outra, retivemos na memória. O concurso de que falamos hoje pertence a esta última categoria, sendo o nosso tema mais Esquecido Pela Net desde os sumos do Astérix, e um dos (muito) poucos para os quais não nos foi possível encontrar imagens, vídeos, ou qualquer outra referência para além de uma página de créditos no iMDB; de facto, quase seria possível descartar este programa como fruto da nossa imaginação infantil, não fosse o não-tão-pequeno detalhe de termos feito parte do mesmo.

Sim, leram bem – com a tenra idade de nove anos, o autor deste blog foi escolhido para representar a sua turma do quarto ano (e, por arrasto, a sua escola) como uma das crianças encarregues de 'dar as pistas' aos concorrentes de 'Trocado em Miúdos', um concurso cujo ciclo de vida foi breve, e o impacto nostálgico, ao que parece, praticamente nulo. O que não deixa de ser pena, visto que o formato tinha uma premissa, até, bem divertida – em cada emissão, um grupo de concorrentes (adultos) tentava adivinhar uma série de palavras e conceitos definidos, em vídeo, por grupos de crianças em idade de instrução primária. O resultado era, previsivelmente, hilariante, com os 'definidores' a dividirem-se, normalmente, entre os genuinamente precisos e concisos, aqueles que tentavam arranjar definições mais criativas, como foi o caso daquele que vos escreve, e os que simplesmente se atrapalhavam e 'atropelavam' nos pensamentos, dificultando ainda mais uma tarefa já de si nada simples.

E pronto – acabámos de descrever tudo aquilo de que nos conseguimos lembrar do concurso (tirando, claro, a parte das filmagens em si, levada a cabo na ludoteca da escola, em poucos 'takes', e com a equipa técnica visivelmente a divertir-se com as divagações mentais do seu 'protagonista'). O resto fica por conta do iMDB, que aponta a participação de nomes 'carimbados' da televisão portuguesa (e da TVI daquele período, em particular) como são os casos de Teresa Guilherme, Ricardo Carriço, Maria Vieira, Henrique Viana e até Sérgio Godinho! Infelizmente, conforme referimos acima, não nos é possível confirmar, ou mesmo apresentar provas, para qualquer destas informações, dado não haver sequer um vídeo de YouTube ou Dailymotion sobre o programa; ainda assim, não quisemos deixar de recordar um dos programas da época que mais memória nos deixou – quanto mais não fosse pelo envolvimento pessoal – e cuja total ausência do mundo cibernético não se pode considerar menos do que muito estranha...

18.01.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

O período de Natal e o início do ano seguinte eram, por razões óbvias, a altura do ano por excelência para o lançamento e comercialização de agendas – que, neste caso, se referiam não àqueles livrinhos de couro recheados de papel pautado onde se anotavam números de telefone e moradas antes do advento dos 'smartphones', mas sim a verdadeiros tomos encadernados, dirigidos a um público infanto-juvenil, e que combinavam essa vertente com outros conteúdos de interesse para a demografia-alvo, como receitas, passatempos, curiosidades, ou espaços onde anotar os desejos e ambições para o novo ano. E se a rainha indisputada deste tipo de publicação era 'A Minha Agenda', o esforço anual da RTP cujo principal ponto de interesse era o lendário anúncio, também não deixou de haver um ou outro 'concorrente' esporádico, determinado a retirar a 'coroa' à publicação da emissora estadual.

Destes, um dos principais (e que não deixa de ser surpreendente nunca ter almejado mais altos vôos) foram as agendas Disney – volumes em tudo semelhantes a 'A Minha Agenda', mas com o atractivo extra de contarem com a presença (totalmente legal e licenciada) das mais populares personagens de banda desenhada da Disney. Assim, conteúdos que de outra forma teriam de ter sido decorados com desenhos ou motivos genéricos passavam a ter como 'anfitriões' o Tio Patinhas, o Rato Mickey, e as restantes (e bem conhecidas) personagens com que as crianças portuguesas conviviam sempre que abriam uma revista aos quadradinhos da época.

Infelizmente, este é mais um daqueles casos em que o produto em questão foi totalmente Esquecido Pela Net, não havendo mesmo rasto de qualquer dos (pelo menos dois) volumes lançados (relativos aos anos de 1992 e 93) em sites como o OLX. Assim, e perante a impossibilidade de retirar imagens dos nossos exemplares pessoais (há muito arrumados numa de entre muitas caixas com conteúdos semelhantes) vemo-nos forçados a publicar, pela segunda vez, um 'post' sem quaisquer imagens.

Ainda assim, e numa altura do ano em que a maioria das crianças tinha, ainda, motivação para utilizar activamente este tipo de volumes, não queríamos deixar passar em branco este 'conccrrente' d''A Minha Agenda', cujo insucesso é tão difícil de perceber quanto o seu desaparecimento total da consciência nostálgica colectiva portuguesa – algo que pode parecer inimaginável para um produto com uma licença tão popular quanto a dos Estúdios Walt Disney, mas que, no caso destas agendas, é absolutamente verídico...

06.11.22

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Apesar da muito apregoada relutância em desviar a atenção das consolas (ou, na actualidade, dos iPads) a verdade é que há poucas crianças que resistam a uma oportunidade de 'pôr a mão na massa', quer em sentido literal, quer figurado. De facto, a melhor forma de interessar um jovem seja em que tema fôr sempre foi – e continua a ser – dar-lhe a oportunidade de interagir de forma prática com algo relacionado com o mesmo, ao invés de apenas memorizar informação retirada de um livro.

Nos anos 90, uma das principais formas de potenciar essa mesma interacção era através de jogos interactivos de mesa, de pendor educativo, mas onde o mesmo era bem disfarçado ao ponto de convencer o público-alvo de que o interesse pelo tema em foco em cada jogo havia sido totalmente voluntário.

escavacoes-fosseis-4-em-1-.jpg

Exemplo moderno do tipo de jogo a que este post se refere.

E temas eram o que não faltava, sendo que esta série de jogos – um dos raros exemplos importados do estrangeiro durante o período em causa – continha títulos que abrangiam todas as principais áreas de interesse das demografias mais jovens, da escavação de fósseis às estrelas e astros, passando pela modelagem manual, propondo actividades a escala reduzida, mas ainda assim suficientemente abrangentes e desafiadoras para conseguirem manter o interesse dos pequenos utilizadores. É claro que um interesse prévio pelo tema abordado ajudava, mas a verdade é que estes jogos eram, também, exímios em despertar paixões por áreas até então inexploradas, sendo igualmente bem-sucedidas em ambas as funções.

Talvez por isso este tipo de jogo tenha conseguido (ao contrário de muitos outros de que aqui falamos) manter-se nas prateleiras de lojas especializadas, lojas de brinquedossupermercados e hipermercados até aos dias de hoje; afinal, algo que nunca faltará na sociedade são crianças com gosto e curiosidade pelo saber, e pais dispostos a ajudá-los a fomentar essas paixões. Assim, e apesar de a série original de jogos lançada à época ter, infelizmente, sido Esquecida Pela Net, este constitui um dos poucos exemplos de produtos abordados neste blog que se mantêm quase tão populares nos dias de hoje como o eram naquele tempos, como bem o demonstram os exemplos de variantes contemporâneas que ilustram esta publicação.

19.10.22

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

...como é o caso dos produtos dentífricos licenciados.

Já aqui várias vezes aludimos ao facto de a existência (e volume) de 'merchandising' ser um dos principais indicadores de sucesso para qualquer 'franchise' infanto-juvenil – sendo que, no caso das propriedades intelectuais mais avassaladoramente populares, o mesmo pode surgir sob as formas mais bizarras, insólitas e inesperadas. São exemplos deste fenómeno nos anos 80 e 90, entre outros, os ténis, serviços de chá ou espumas de banho da Barbie, a água de colónia do Pateta Desportista, os prendedores de atacadores das Tartarugas Ninja, o jogo de tabuleirosumo de frutas do Astérix, e os produtos que, hoje, aqui abordamos: a pasta dentífrica e escova de dentes do Super Mario.

Capture.PNG

Lançada no início da década de 90, quando a fama e popularidade do personagem da Nintendo se encontravam em alta devido ao lnnçamento dos excelentes 'Super Mario Bros. 3' (para NES) e 'Super Mario World' (para Super Nintendo), este era daqueles produtos em que o licenciamento era difícil de explicar e justificar – pelo menos até recordarmos que muitas crianças e jovens tinham alguma relutância em lavar os dentes, podendo a presença do seu personagem favorito no tubo ou na escova ajudar a minimizar este factor, e encorajar à higiene oral regular na etapa de desenvolvimento em que ela é mais importante; e a verdade é que, nesse sentido, Mario era uma aposta extremamente segura, sobretudo entre o público masculino.

Estranhamente, dada a licença e o facto de a escova de dentes ser comercializada pela Sensodyne, estes são daqueles produtos que, hoje em dia, se encontram totalmente Esquecidos Pela Net – daí a imagem única, alusiva a uma promoção e retirada de um 'scan' de uma revista 'de época', precisamente ligada à Nintendo. Quem, no entanto, teve a sorte de poder lavar os dentes na companhia do seu personagem favorito, certamente ainda hoje se recorda destes dois apetrechos que ocupavam, de imediato, lugar de destaque em qualquer casa de banho infantil da época...

13.10.22

NOTA: Por motivos de relevância, esta semana, trocaremos a ordem das Quintas ao Quilo com as do Quiosque; estas últimas voltarão para a semana.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Reza um velho ditado que 'uma imagem vale mais do que mil palavras', e tal axioma torna-se ainda mais verdadeiro num meio maioritariamente visual, como é o caso da Internet. No entanto, como também  demonstrámos, por experiência própria, nas páginas deste mesmo 'blog', certos itens nostálgicos parecem ter sido Esquecidos Pela Net, sendo praticamente impossível encontrar imagens dos mesmos sem recorrer a meios próprios e mais 'artesanais'. E se, até agora, nos havíamos conseguido 'desenrascar' nesse capítulo, no que toca ao assunto do 'post' de hoje, confessamo-nos derrotados; por mais que se procure, NÃO existem na 'net' quaisquer imagens do artigo em causa.

Falamos do sumo de frutas de Astérix comercializado em Portugal em finais dos anos 90, que apenas a memória de o consumir numa ou outra festa de anos nos impede de classificar como uma memória falsa, ou figmento da imaginação. Essa mesma memória diz-nos, ainda, que o referido sumo era vendido em pacotes 'Tetrapak', ao estilo dos do Um Bongo ou Fresky (bebidas com que muito se assemelhava, até em termos de sabor) ilustrados com a famosa imagem do guerreiro gaulês a beber a poção mágica e a sentir, de imediato, os seus efeitos, ao mais puro estilo Red Bull. Tal como no caso dos concorrentes supracitados, esta imagem era comum aos dois ou três sabores em que o sumo era comercializado (os habituais tutti-frutti, laranja, e possivelmente também de ananás, embora a nossa memória já remota não permita ter a certeza) sendo a cor da 'lombada' a única forma de os distinguir.

Em termos de gosto, conforme já referimos, o sumo Astérix ficava extremamente próximo dos seus congéneres e companheiros de escaparate, não passando de um sumo de frutas industrial mediano, sem nada que o notabilizasse, quer pela positiva, quer pela negativa; o principal aspecto diferenciador era, mesmo, a licença, que apanhava ainda a ponta final do ressurgimento da popularidade de Astérix, Obélix e restantes irredutíveis gauleses. Talvez por isso a longevidade deste sumo no mercado português tenha sido curta, e o seu impacto reduzido o suficiente para o inserir, firmemente, na categoria dos Esquecidos Pela Net. Ainda assim, e pese embora a falta de imagens, não podíamos deixar passar em claro aquele que era ainda outro dos muitos produtos com os personagens de Goscinny e Uderzo a surgir na esteira do 'renascimento' destes últimos – ainda que, neste caso, se tratasse de um dos menos memoráveis...

29.08.22

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 28 de Agosto de 2022.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já por diversas vezes aqui mencionámos os jogos de tabuleiro como sendo uma das principais (e melhores) maneiras de passar um Domingo bem Divertido em família nos anos 90. O que nunca referimos, no entanto, é que – como em todas as áreas – também dentro deste género de passatempo existia uma hierarquia claramente delimitada, com alguns jogos a serem bastante mais bem aceites e apetecíveis para a criança ou jovem médio português do que outros; e, dentro dos primeiros, não podem restar dúvidas de que um dos mais populares era o lendário Quem É Quem?

D9NGnDRWsAEKw6F.jpg

A única imagem alusiva à versão portuguesa do jogo descoberta na respectiva pesquisa Google

Embora algo Esquecido Pela Net hoje em dia (pelo menos pela portuguesa, já que é fácil encontrar referências ao mesmo oriundas de outros países) o icónico jogo de adivinhar caras proporcionou muitas horas de diversão a toda uma geração de crianças portuguesas, para as quais o título era presença quase obrigatória na prateleira do quarto, e parte integrante das escolhas para uma tarde de brincadeira com familiares ou amigos.

As razões para tal preferência são simples de explicar, e resumem-se, basicamente, ao equilíbrio perfeito entre simplicidade, interesse e competitividade que o jogo reunia. De facto, apesar de a ideia de um 'interrogatório' destinado a adivinhar a carta detida pelo adversário parecer mais próxima de um teste psicológico do que de um jogo para crianças, a verdade é que o Quem É Quem conseguia fazer este conceito resultar em pleno, sobretudo por dar às crianças liberdade total no respeitante às perguntas, não estando as mesmas restritas às questões sugeridas pelo jogo; uma das vertentes mais divertidas do mesmo prendia-se, aliás, com a criatividade necessária para elaborar novas perguntas após esgotadas todas as mais corriqueiras (uma ocorrência que não era, de todo, infrequente). E havia ainda, claro, o 'frisson' de ver o adversário reduzido a apenas duas cartas (ou caras) e não saber que pergunta efectuar para 'matar' de vez o jogo...

Em suma, um conceito relativamente simples, mas divertidíssimo, e que fomentava a criatividade, imaginação e capacidades de dedução de uma forma que poucos outros jogos não declaradamente educativos conseguiam. Não é, pois, de espantar que se possa encontrar, no mercado actual uma edição actualizada (em formato de viagem) do referido jogo, pronta a conquistar toda uma nova geração; resta, pois, saber se o mesmo terá, para esta, o mesmo interesse que teve para a dos seus pais...

09.08.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

De entre os géneros televisivos a gozar de maior popularidade nos anos 90, o humor talvez fosse o que estivesse mais 'em alta'; e se na televisão estatal era Herman José quem dava cartas nesse campo, os dois canais privados tinham, eles próprios, a sua quota-parte de 'ases na manga' no que a fazer rir diz respeito, tanto no que tocava a séries como a programas de entretenimento, contando, à época, com títulos tão icónicos como 'Levanta-te e Ri', 'Malucos do Riso', 'Camilo & Filho Lda', ou o formato de que falamos neste 'post', 'Paródia Nacional'.

pnacional1.jpg.w300h182.jpg

Estreado algures há vinte e cinco anos, e – como a maioria dos programas da época – baseado num formato estrangeiro (no caso, espanhol) do mesmo nome, esta mistura de programa de auditório, variedades e 'stand-up comedy' contava com um conceito relativamente original, que permitia aos próprios telespectadores criar e enviar para o programa letras humorísticas, as quais eram devidamente musicadas e interpretadas pelo grupo de cantores e bailarinos residentes do programa; no final de cada episódio, eram premiadas as três melhores de entre a meia-dúzia de paródias interpretadas.

A responsabilidade de preencher os 'espaços mortos' entre canções ficava a cargo de José Figueiras, uma daquelas figuras que (como Jorge Gabriel, João Baião ou o próprio Herman José) se tornaram, por uma razão ou outra, quase sinónimas com a apresentação de programas vagamente ou declaradamente humorísticos transmitidos na televisão portuguesa; e o mínimo que se pode dizer é que a TVI desperdiçou uma oportunidade mais do que óbvia para integrar o apresentador (famoso pela sua habilidade em canto tirolês) no próprio grupo de intérpretes, adicionando assim ainda mais interesse ao programa.

Mesmo sem este atractivo adicional, no entanto, 'Paródia Nacional' conseguiu relativo sucesso à época da sua transmissão, chegando a ser bastante falado no contexto do recreio – um sinal claro e inequívoco de que um programa deste tipo estava a resultar; e embora o seu legado não tenha, nem de perto, chegado ao de outros programas de que por aqui vamos falando de duas em duas Terças (tendo o mesmo, actualmente, sido algo Esquecido Pela Net) vale ainda assim a pena recordar aquele que foi um formato relativamente original para um programa de humor, e que chegou a marcar – ainda que apenas ao de leve – a programação de entretenimento da época, e o respectivo público-alvo.

21.07.22

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Hoje ligados a uma vertente mais dietética e 'fitness', os iogurtes líquidos apontavam, nos anos 90, a um público mais jovem, como aliás acontecia à época com a maioria dos produtos do mesmo tipo; longe dos grafismos sóbrios, adultos e 'chatos' de hoje em dia, produtos como o Yop e o Yoggi – os dois líderes de mercado – apostavam em logotipos atractivos e elementos ligados a uma atitude jovem e até 'radical', com vista a atrair um público que, na verdade, já se rendera à combinação vencedora de sabor, saúde e conveniência apresentada por estes produtos.

A tentativa mais declarada neste sentido, no entanto foi feita por uma das outras líderes de mercado, a Danone, cuja entrada no mercado dos iogurtes líquidos se fez com um produto que, mais do que sugerir uma atitude progressiva e 'cool', a exibia aos quatro ventos, num daqueles exageros de 'marketing' que não mais se veriam após os primeiros anos do novo milénio.

Capture1.PNG

Um daqueles anúncios modelo 'ver para crer' - e a única prova de que o B Cool existiu disponível na Internet neste momento!

Posicionando-se como uma resposta alternativa e 'fixe' às bebidas 'quadradas' até então disponíveis (representadas nas publicidades por um sumo Tetra-Pak, que fazia as vezes dos verdadeiros alvos, as competidoras) a fabulosamente denominada B Cool apresentava, numa só embalagem, todos os elementos que a cultura popular de hoje em dia associa à primeira metade dos anos 90, do referido nome ao esquema de cores deliberadamente berrante e às designações alternativas dadas a cada um dos sabores disponíveis, como 'Sunrise' – tudo com o âmbito de se fazer valer como mais do que aquilo que era: um bom iogurte líquido, nem pior nem melhor do que os competidores mais estabelecidos, ainda que permitisse provar alguns sabores ligeiramente mais exóticos.

Ironicamente, apesar de todo o 'marketing' e das tentativas quase cómicas de captar a atenção do público-alvo, o B Cool teria uma vida relativamente curta nas prateleiras dos supermercados – tanto assim que, hoje em dia, faz parte do selecto grupo dos Esquecidos Pela Net, tendo sido necessário recorrer a uma captura de ecrã retirada de uma digitalização em PDF para ilustrar este post. Ainda mais ironicamente, o iogurte que tomaria o lugar deste produto (muito) do seu tempo – o delicioso Dan'Up - apresentaria um grafismo muito mais sóbrio, valendo-se, não de quaisquer truques de marketing, mas antes do nome e reputação do fabricante e de uma combinação invulgar e deliciosa de sabores (morango e banana) para encontrar o seu público, não sendo, pois, de surpreender que continue a ser comercializado até aos dias de hoje. Quanto ao seu irmão mais velho, a sua curta e pouco memorável existência serve de advertência a companhias que dêem primazia a um estilo de marketing imediatista e rapidamente datado, sobre outro mais sóbrio e intemporal: embora a táctica tenda a resultar num primeiro momento, o mais provável é que o produto em causa rapidamente caia no esquecimento quando a referida abordagem 'passar de moda' - como foi, claramente, o caso com o B Cool...

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub