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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

07.08.21

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

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E para esta primeira Saída de Agosto, nada melhor do que uma ‘escapadela’ até uma piscina de ar livre, a alternativa mais acessível e menos ‘especial’ – embora não menos divertida – aos parques aquáticos dos anos 90.

Embora muitos destes estabelecimentos tenham fechado desde o ‘nosso’ tempo, encontrando-se muitos deles, actualmente, votados a um abandono e degradação algo deprimentes, na última década do século XX, estes espaços eram ainda relativamente comuns, fosse por si só, fosse como parte de um complexo mais alargado – o qual, frequentemente, incluía uma piscina interior, aquecida e de comprimento olímpico, além de outros espaços complementares.

Quanto à porção exterior, esta incluía normalmente uma piscina para crianças pequenas – geralmente rasa – e outra de tamanho e configuração normal, sendo que os complexos maiores podiam também contar com uma piscina intermédia, para crianças mais velhas, mas ainda demasiado pequenas para frequentarem com segurança a piscina para adultos. Alguns destes espaços contavam, ainda, com atractivos adicionais, como pranchas de saltos (por vezes a diferentes alturas, mas normalmente baixas o suficiente para os mais novos também poderem saltar) ou pequenos escorregas, que permitiam vivenciar uma fracção da sensação de visitar um parque aquático, de forma mais modesta mas também mais segura – isto, é claro, para além do típico bar, onde se podia comprar um gelado no intervalo dos mergulhos…

Mesmo sem estes implementos adicionais, no entanto, uma visita à piscina era sempre garantia de diversão – ainda que, geralmente, controlada de forma a não haver excessos (quem nunca ‘levou nas orelhas’ por fazer ‘bombas’ ou mortais, que se acuse…) Fosse saltando, fazendo pinos e acrobacias ou simplesmente 'chapinhando’ (mas sem atirar água aos amigos– outra das proibições ‘clássica’ dos regulamentos de piscina da época, ficando o conjunto completo com as interdições de utilizar bolas e insufláveis e de nadar debaixo de água) uma manhã ou tarde na piscina era sempre bem passada, e acabava invariavelmente com aquela sensação boa de estar ‘todo partido’, e pronto para um bom banho quente, mas ao mesmo tempo ‘pronto para outra’ – já no dia seguinte, se tiver de ser…

Depois de completa a adolescência, esta sensação esvai-se um pouco, e a experiência de ir à piscina torna-se algo mais corriqueira e banal, embora não menos agradável; no entanto, quem tem filhos continua a poder viver, através deles, aqueles saudosos tempos em que se podia passar uma tarde de Verão entre ‘bombas’ e gelados, sem pensar em mais nada…

13.06.21

NOTA: Este post corresponde a Sábado, 12 de Junho de 2021.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

E como a onda de calor que se tem feito sentir já convida a uns mergulhos, nada melhor do que recordar um tipo de atracção de Verão que, infelizmente, ficou mesmo nos anos 90, sem hipótese de retorno, pelo menos nos moldes em que funcionavam..

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Um parque aquático abandonado, em Altura; muitos dos estabelecimentos semelhantes dos anos 90 encontram-se, hoje, nas mesmas condições

Falamos dos parques aquáticos, uma alternativa extremamente popular às habituais praia e piscina durante a ‘nossa’ década, sobretudo pela sensação refrescante que a descida num dos seus característicos escorregas de água (que, inevitavelmente, terminavam num enorme ‘chapão’ na piscina) proporcionava. Diz quem sabe que era uma sensação única – e quanto maior o escorrega, melhor…

Em Portugal, foram dois os parques aquáticos a adquirir especial relevância, embora por razões diametralmente distintas; o facto de ambas essas instalações terem, eventualmente, sucumbido ao mesmo triste final será, talvez, consequência dos eventos que trouxeram um deles para a ribalta, os quais abordaremos mais à frente.

O primeiro, e mais famoso, destes parques era o Ondaparque, inaugurado em 1986 e que representou a primeira tentativa portuguesa de criar uma instalação deste tipo.. Situado à entrada da vila da Costa de Caparica – um dos principais ‘destinos de praia’ dos lisboetas, situado na Margem Sul do rio Tejo – este parque chegou a ser icónico para as crianças da Grande Lisboa, com a sua configuração única de escorregas e piscinas, tantas vezes capturada em fotografias durante o auge da popularidade do Parque. Só a visão do complexo principal de escorregas, momentaneamente vislumbrável da auto-estrada, já fazia imaginar muitos e bons momentos de ‘chapões’ e ‘chapinhanço’, aguçando desde logo a vontade de visitar o parque – mesmo com o convidativo mar da Costa a proporcionar banhos tão bons ou melhores, apenas uns metros mais à frente…

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O Ondaparque da Caparica, com o seu clássico sinal estilo Hollywood e configuração de escorregas.

O Ondaparque foi, dos dois complexos abordados neste post, aquele que se pode considerar ter sido vítima das circunstâncias. Sem que tivesse quaisquer ‘culpas no cartório’, a instalação foi apanhada na ‘febre’ de fechar todo e qualquer parque aquático do seu tipo (derivada de acontecimentos a que aludiremos já a seguir) e continua, até hoje, abandonada, não tendo o espaço sido reaproveitado ou restaurado – o que não deixa de ser surpreendente, dada a área e potencial que o mesmo apresenta. Não deixa de ser triste ver o parque da nossa infância assim – velho, degradado, com o grafitti a substituir a água na superfície dos lendários escorregas, e as ervas daninhas a fazerem as vezes dos visitantes deliciados. Resta, pois, esperar que alguma empresa ou autarquia pegue neste, em tempos, icónico espaço e lhe dê nova vida, ainda que numa vertente diferente da original…

E tendo já falado do ‘parque bom’, chega agora a hora de nos debruçarmos sobre o ‘parque mau’. Chegou a hora de falarmos…do Aquaparque.

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A entrada do Aquaparque no auge da sua popularidade.

Situado no Restelo (outra zona da periferia lisboeta na rota directa de um popular destino de praia, no caso a linha de Cascais) o Aquaparque travou, em finais da década de 80 e princípios da que nos concerne, uma acirrada batalha com o Ondaparque pelo trono de principal parque aquático não só da região, mas de todo o país.  Esta ‘guerra’ natural entre espaços concorrentes viria, no entanto, a adquirir contornos mais sombrios quando, em 1993, duas crianças, ambas com nove anos, morreram em dias consecutivos, e da mesma maneira: ao serem sugadas pelos tubos que faziam a filtragem da água das piscinas, e que careciam de redes de protecção.

Reportagem de época sobre o trágico acidente

Um acidente horripilante, digno de filme de ficção científica, mas que – infelizmente – foi muito real, e ditou o ‘início do fim’ da era dos parques aquáticos em Portugal. Primeiro, foram as multidões a manifestar-se, tentando forçar a entrada no ‘Aquaparque da morte’, e atingindo à pedrada os agentes policiais que os procuraram restringir; depois, o assunto tornou-se matéria principal nos principais meios de comunicação; e, finalmente, tornou-se uma disputa legal, que viria a terminar apenas em 2002, com os familiares das jovens vítimas a serem indemnizadas pelo Estado português. O espaço, esse, ficaria encerrado por tempo indeterminado – e não demoraria até o ‘indeterminado’ se tornar ‘permanente’. Tal como aconteceu com o Ondaparque, chegou a falar-se em reconverter este espaço (no caso, em parque infantil, segundo veiculam várias notícias de meados de 2019) mas, um ano e meio volvidos, tal plano ainda não parece ter-se concretizado...

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Um parque aquático actual, em Santarém

Entretanto, passaram-se quase três décadas desde o auge dos parques aquáticos, e a verdade é que a ‘moda’ não tornou a pegar; embora existam ainda alguns complexos que vão mantendo este tipo de denominação (em Peniche, por exemplo) a maioria consiste apenas de piscinas ‘normais’, de diversos tamanhos, com uma ou outra prancha ou um ou outro escorrega pelo meio, sendo de duvidar que se torne a ver um parque como os descritos neste blog (até por questões de segurança, as quais se tornaram bastante mais rígidas desde aquela época). No entanto, aqueles que viveram a ‘era de ouro’ deste tipo de estabelecimentos nunca esquecerão a sensação de os visitar, e de estar no topo de um daqueles escorregas enormes, a olhar para a piscina lá bem ao fundo, à espera de descer…

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