03.04.21
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.
E se da última vez falámos dos hipermercados, hoje vamos falar de um conceito que, a partir da segunda metade da ‘nossa’ década, passou a estar intimamente ligado aos mesmos: o do ‘shopping center’ moderno.
Inaugurado, em Portugal, pelo C. C. Amoreiras, aberto em 1985, o conceito de ‘shopping’ como hoje o conhecemos não viria, no entanto, a popularizar-se até inícios da década seguinte, com o aparecimento do CascaiShopping, em 1991. Ao passo que o Amoreiras era, ainda, apenas uma versão em ‘ponto maior’ dos centros comerciais de bairro, o CascaiShopping assumia, desde logo, o repto de ser a primeira versão portuguesa dos ‘malls’ norte-americanos, então também a viver o seu período de maior popularidade. Não obstante a sua localização periférica – bem menos acessível do que é hoje – a nova grande superfície não deixou de atrair a sua quota-parte de curiosos, enquanto os que não podiam ir sonhavam com salas inteiras só com máquinas de jogos ou mini-feiras populares completas localizadas no interior do recinto, entre outros encantos que se dizia existirem naquele local mágico…
A entrada do CascaiShopping e a famosa 'Divertilândia', localizada no seu interior, tal como eram em 1991
Apesar da existência destes precursores e pioneiros, no entanto, a verdadeira data de início da ‘moda’ dos ‘shoppings’ em Portugal seria o ano de 1996, em que o Norte apresenta ao resto do País a sua própria mega-superfície, o ArrábidaShopping, situado na zona com o mesmo nome, em Vila Nova de Gaia. Dois anos depois, em ano de Expo mundial, Lisboa aumentava a parada, inaugurando, de uma assentada, duas superfícies deste tipo: o Centro Comercial Colombo, na zona da Luz/Benfica, e o Centro Comercial Vasco da Gama, situado no próprio recinto da Expo 98, o hoje denominado Parque das Nações. A zona do Porto ‘empataria’ a partida ainda nesse mesmo ano, com a abertura do NorteShopping, em Matosinhos, ficando assim cada cidade com duas mega-superfícies.
A entrada principal do C. C. Colombo, em Lisboa
Agora, sim, Portugal tinha as suas próprias versões dos ‘malls’ americanos, as quais rapidamente se viriam a tornar tão populares como estes. Em Lisboa, o Colombo suscitava excursões organizadas e ‘romarias’ de fim-de-semana, semelhantes às que haviam ocorrido aquando da abertura do primeiro hipermercado em Portugal, conforme descrito na nossa última ‘Saída.’
Entre os mais fiéis ‘devotos’ destas novas superfícies estavam, é claro, os mais novos, que viam subitamente reunidos num só local vários dos seus principais interesses: hipermercados (e respetivas secções de brinquedos), cinemas, salas de jogos ‘arcade’ e, claro, diversas opções de comida ‘fast food’, desde as mais populares até outras recém-chegadas. Esta combinação de fatores, à época única, tornava os denominados ‘shopping centers’ autênticas ‘terras prometidas’ para os mais novos, e pontos de encontro de fins-de-semana e feriados para os um pouco mais velhos, para quem estas superfícies tinham o atrativo adicional das lojas de roupa ou tecnologia. No fundo, a cultura de ‘shopping’ em Portugal, conforme a conhecemos hoje em dia, teve aqui os seus inícios.
Ao longo da década seguinte (já no novo milénio) a presença deste tipo de superfícies em Portugal viria a aumentar exponencialmente um pouco por todo o País, ao ponto de as mesmas se tornarem corriqueiras e já sem o mesmo encanto daqueles primeiros representantes. ‘Shoppings’ como o El Corte Inglés ou o Freeport, que tinham propostas algo diferenciada, ainda conseguiram suscitar algum interesse e excitação, mas de modo geral, este tipo de superfícies tornou-se só mais uma parte da paisagem urbana portuguesa do Século XXI. Hoje em dia, até dentro de estádios já se podem encontrar cinemas ‘multiplex’ e áreas de consumo de ‘fast food’, algo outrora impensável fora do contexto de um hipermercado ou mega-shopping.
Para a história, no entanto, ficam aqueles primeiros ‘shoppings’ de Lisboa e Porto, que maravilharam e fizeram as delícias de toda uma geração. E vocês? Faziam parte deste número? Quais as vossas melhores memórias deste tipo de superfícies? Partilhem nos comentários!