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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

07.09.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 06 de Setembro de 2024.

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Numa era em que os 'remakes' e 'reboots' se contam entre os géneros de filme mais produtivos em Hollywood e não só, e em que todas as maiores propriedades nostálgicas já viram ser-lhes aplicado tal tratamento, não é de admirar que toque a vez a franquias e personagens menos lembrados, ou com estatuto de culto. O mais recente exemplo desta mesma tendência estreou em Portugal há cerca de duas semanas, pouco mais de trinta anos após o original que o inspirou, e ao qual presta homenagem; e visto que tal data recaiu durante o período de férias do Anos 90, nada melhor do que aproveitar esta primeira Sessão após o hiato para recordar, oportunamente, esse primeiro filme, enquanto o seu sucessor ainda se encontra em cartaz nas salas lusitanas.

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Chegado ao nosso País em pleno Verão de 1994 – estreou a 15 de Julho – a primeira adaptação oficial da banda desenhada 'The Crow' trazia um ambiente tudo menos estival, fielmente passado das páginas do material de base para o grande ecrã. Talvez por isso 'O Corvo' tenha rapidamente assumido contornos de culto entre as franjas mais alternativas da sociedade, com especial incidência nos movimentos gótico e 'heavy metal', para quem a estética sombria e narrativa de tendências poéticas eram sobremaneira apelativas.

Uma pena, pois, que a adaptação cinematográfica do 'comic' independente pouco mais tenha para oferecer do que esses mesmos aspectos estéticos. De facto, um desempenho carismático de Brandon Lee (filho de Bruce) no papel do protagonista homónimo não chega a ser suficiente para colmatar o argumento algo superficial, que reduz a relativa profundidade da narrativa da BD a uma simples história de vingança igual a tantas outras. Ainda assim, não faltam ao benjamim do clã Lee oportunidades para se afirmar como a estrela de acção perfeitamente viável que se teria, sob outras circunstâncias, certamente tornado, e o jovem enfrenta com desenvoltura as múltiplas cenas de pancadaria e tiroteios em que o seu personagem se vê envolvido.

E seria, precisamente, no decurso de um desses tiroteios que se daria a tragédia pela qual o filme é hoje, sobretudo, lembrado, quando Brandon foi fatalmente atingido por uma bala verdadeira, por oposição ao simulacro em borracha que deveria ter sido instalado no seu lugar. Uma morte envolta em inevitável controvérsia, e que ceifava o jovem actor aos apenas vinte e oito anos, pondo um ponto final macabro naquela que poderia ter sido uma carreira honrosa, nas passadas do pai, e cuja sombra assola inevitavelmente o filme, sobrepondo-se às criadas pelos artefactos cénicos do filme.

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Apesar da trágica perda do seu actor principal, no entanto, os estúdios de Hollywood não desistiram de adaptar as histórias d''O Corvo'; pelo contrário, o filme daria azo a nada menos do que três sequelas antes de ser refeito e iniciar nova continuidade. A primeira destas, 'O Corvo: Cidade dos Anjos', surgia quase exactamente três anos após o lançamento do original, novamente no Verão – estreou em Portugal a 1 de Agosto de 1997 – e trazia 'mais do mesmo', agora com Vincent Perez no papel do justiceiro. O grande relevo, no entanto, não vai para a estrela principal, e sim para a inusitada presença de Iggy Pop no papel de um dos vilões, a qual acentua ainda mais a ligação entre esta série de filmes e o movimento do rock pesado, do qual Iggy foi um dos pioneiros, como líder da banda The Stooges. Apesar do convidado 'de peso', no entanto, o filme falhou redondamente nas bilheteiras mundiais, tendo sido alvo de críticas manifestamente negativas por parte da imprensa especializada.

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Foi, portanto, com surpresa que os poucos fãs da franquia ainda restantes receberam, em 2001, uma segunda sequela alusiva ao espírito vingador. Chegado a Portugal a 8 de Junho de 2001, 'O Corvo 3: Pena Capital' traz Eric Mabius no papel de Alex Corvis, regressado dos mortos para ilibar o próprio nome num caso de homicídio, ao lado de Kirsten Dunst, então a poucos meses de filmar 'Tudo Por Elas'. Fruto da péssima recepção do filme anterior, esta terceira parte apenas teve direito a exibição limitada nos cinemas, tendo essencialmente sido lançado em formato 'direct-to-video', com orçamento e valores de produção a condizer, e sofrido o mesmo fado da maioria das produções do género, ou seja, o quase total esquecimento.

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Não ficava ainda por aqui, no entanto, a saga d''O Corvo', sendo que sairia ainda uma quarta parte, em 2005, novamente em formato 'direct-to-video', e que, apesar disso, conta com um elenco de luxo. Senão veja-se: em contraste com os anónimos actores do filme anterior (com excepção de Dunst) 'O Corvo: A Reencarnação' conta com a participação de Edward Furlong (de 'Exterminador Implacável 2' e 'América Proibida'), Tara Reid (de 'American Pie: A Primeira Vez'), David Boreanaz (o Angel de 'Buffy, Caçadora de Vampiros'), Dennis Hopper, Danny Trejo, do lutador Tito Ortiz e até da cantora Macy Gray, então 'em alta' entre a demografia-alvo do filme. Talento até demais para uma quarta parte de uma franquia há muito moribunda, e que era, mais uma vez, alvo de enormes críticas por parte da imprensa especializada.

Felizmente, ao contrário de franquias como 'Halloween' ou 'Sexta-Feira, 13', os criadores dos filmes d''O Corvo' souberam onde parar, deixando 'morrer' definitivamente a série antes de a mesma se adentrar ainda mais na espiral descendente em que já se encontrava. O filme de 2024 é, pois, uma oportunidade para 'começar de novo', e voltar a despertar interesse na obra de James O'Barr, a qual – ao contrário do que as suas adaptações cinematográficas poderiam indicar – tem algum mérito artístico, e merece ser conhecida ou relembrada por fãs de banda desenhada de teor obscuro e gótico. Já os filmes podem ser votados ao esquecimento onde já se encontram, sendo o original o único dos quatro digno de uma Sessão de Sexta nostálgica e de cérebro totalmente 'desligado'...

14.01.22

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

Na última edição desta rubrica, em relação a 'O Projecto Blair Witch', observámos como cada década cinematográfica apenas tem uma mão-cheia de filmes que verdadeiramente transcendem o seu estatuto como obras de entretenimento e se tornam parte da cultura popular: e se aquele filme tinha definitivamente lugar em qualquer lista deste tipo criada para os anos 2000 (dado ter estreado precisamente no último dia da década, século e milénio) o filme de que hoje falamos é um sólido candidato ao primeiro lugar da lista equivalente para os anos 90, visto que até o cinéfilo mais distraído ou o mais veemente opositor de filmes de acção violentos saberá o que é, e do que trata.

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À época a produção mais cara da História de Hollywood, com um orçamento em torno dos cem milhões de dólares, 'O Exterminador Implacável 2: O Dia do Julgamento' foi o maior sucesso de bilheteira de 1991 e é, ainda hoje, considerado homónimo com a série 'Exterminador' como um todo (praticamente eclipsando o seu já bem-sucedido antecessor, de 1984) além de elogiado como um dos melhores filmes de ficção científica de sempre, e como um prodígio técnico para a época; nada, aliás, a que o realizador James Cameron fosse alheio, ele que já havia realizado o igualmente inovador 'Aliens' alguns anos antes, e que viria a bater o seu próprio recorde de custos não uma, mas duas vezes em anos subsequentes – primeiro com 'Titanic' (um dos principais concorrentes de 'Exterminador 2' ao trono cultural dos anos 90, a par de 'Matrix') e, mais tarde, com outro espectáculo audio-visual topo de gama, com o nome de 'Avatar'.

Mais ainda do que Cameron, no entanto, 'Exterminador 2' é sinónimo, na consciência popular, de dois nomes, ambos de actores que ocupavam papéis principais: por um lado, o jovem Edward Furlong, que viria a evoluir do seu papel como John Connor para outros papéis marcantes em filmes como 'América Proibida', e por outro, o de Arnold Schwarzenegger, para quem este filme cimentou o estatuto como principal herói de acção da década, e aniquilou de vez a possibilidade de o voltar a ver em filmes do calibre de 'Hércules em Nova Iorque'. Juntamente com o aterrorizante T-1000 de Robert Patrick (de quem o agora heróico T-101 tem de proteger John e a mãe, Sarah) os dois são responsáveis pela maioria dos elementos mais memoráveis do filme, com Arnie, em particular, a adicionar mais alguns exemplos à sua longa lista de 'frases feitas', prontos a serem referenciados e parodiados até à exaustão nas três décadas seguintes.

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Uma imagem icónica dos dois não menos icónicos protagonistas do filme

De facto, 'Exterminador 2' está tão indelevelmente enraizado na cultura popular que se torna quase redundante explanar sobre o seu sucesso, o seu impacto cultural, ou a sua importância para o género da ficção científica nas três décadas subsequentes; basta referir que, além das honras já mencionadas no início deste texto, o filme é, ainda hoje, o mais bem-sucedido da carreira de Arnold Schwarzenegger, e parcialmente responsável por iniciar o 'franchise' Terminator, que nas décadas seguintes veria surgirem novas séries de televisão, jogos de computador, e toda uma nova série de filmes centrados em torno do universo aqui retratado. E se esses mesmos filmes não são de forma alguma obras-primas do cinema, sendo controversos até mesmo entre os fãs do 'franchise', já 'Exterminador 2' é indiscutível como um dos maiores filmes dos anos 90, uma das maiores obras de ficção científica de sempre, e um marco cultural bem digno de ser celebrado – até porque, poucos meses depois de se ter celebrado a preceito o seu trigésimo aniversário, com um relançamento em 3D, continua a ser um filme tão impressionante, relevante e importante como sempre.

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Cartaz promocional da edição especial em 3D, recentemente lançada

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