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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

06.10.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui anteriormente falámos dos jogos 'para adultos' recriados à escala dos 'mais pequenos', com o bilhar/snooker e os matraquilhos à cabeça, mas passando também pela petanca. No entanto, consta dessa lista outro tipo de jogo, até agora nunca por nós mencionado, e que, ao contrário dos outros, era (e continua a ser) capaz de proporcionar tanto um Sábado aos Saltos como um Domingo Divertido, dependendo do contexto em que é utilizado; falamos dos conjuntos de bólingue para crianças, muito populares nos anos 90 e que continuam a ser possíveis de adquirir, num formato muito semelhante (senão mesmo idêntico) até aos dias que correm.

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Feitos de plástico ultra-leve (por oposição à madeira dos 'artigos genuínos') para que possam ser facilmente derrubados com recurso mínimo à força, estes conjuntos permitem, em tudo o resto, recriar o jogo autêntico - embora com menor número de pinos – continuando o objectivo a passar por derrubar o maior número possível dos referidos pinos com apenas um lançamento da icónica bola perfurada, a qual, tal como os próprios alvos, é leve e fácil de manusear por mãos pequeninas. Quem tivesse familiaridade com o sistema de pontuações do bólingue podia mesmo ir 'marcando' no seu cartão os diferentes lançamentos, para mais tarde os comparar com os dos irmãos ou vizinhos. Não era, no entanto, necessário contar com jogadores adicionais para desfrutar destes conjuntos, nem tão-pouco esperar por dias mais amenos para organizar partidas; a natureza destes equipamentos (leves e de dimensões muito menores que os originais) permitiam que fossem utilizados tanto no exterior como no interior, tornando-os numa distracção ideal tanto para um Sábado de sol como para um Domingo mais chuvoso.

Tal como referimos, estes conjuntos de pinos e bola de bólingue em plástico continuam, até hoje, a ser comercializados em lojas chinesas, de brinquedos, e mesmo em grandes superfícies, embora a sua popularidade tenha, naturalmente, decrescido com o acréscimo de opções digitais ao dispor das gerações Z e Alfa. Ainda assim, o apelo do faz-de-conta e do 'brincar aos adultos' continua a ser muito forte, mesmo entre as demografias digitais, pelo que não será descabido pensar que, algures em Portugal, haja ainda crianças que passem parte do seu fim-de-semana a organizar torneios de bólingue no chão do quarto, com o mesmo tipo de equipamentos que, em tempos, divertiu do mesmo modo os seus pais...

29.09.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Numa era em que a maioria dos homens ocidentais de uma certa faixa demográfica exibe uma aparência muito semelhante, e cuidada até ao extremo, é fácil esquecer que, há meros trinta anos, era por demais fácil reconhecer certas classes sociais e profissionais pelo aspecto que apresentavam. Destas, a mais famosa talvez seja a dos desportistas profissionais, e especificamente dos futebolistas, cujas marcantes escolhas no tocante a aparências popularizaram, em Portugal, a expressão 'cabelinho à jogador da bola'. São inúmeros os exemplos ilustrativos deste estilo durante os anos 90 e 2000, bastando lembrarmo-nos de Fernando Couto, Nuno Gomes, Claudio Cannigia, Jorge Cadete ou mesmo Luís Figo, mas um dos mais memoráveis e marcantes pertenceu a um jogador do Sporting Clube de Portugal na viragem da década de 80 para a de 90, o qual completa hoje sessenta e cinco anos.

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O futebolista com três das quatro camisolas que envergou em Portugal.

Falamos de Paulo Roberto Bacinello, avançado goleador cujo apelido futebolístico derivava da pequena cidade que o vira nascer em 1959 – Cascavel, no estado brasileiro do Paraná. Era ali, ao serviço do clube local, que, em finais dos anos 70, o adolescente então já conhecido como Paulinho Cascavel daria os primeiros toques na bola enquanto jogador semi-profissional; seguir-se-ia uma passagem discreta pelo Criciúma, antes de o avançado demonstrar a sua verdadeira valia ao marcar vinte e sete golos ao serviço do Joinville, conquistando assim a Bota de Ouro no Campeonato Catarinense de 1984. Esta boa prestação valer-lhe-ia, subsequentemente, o primeiro 'salto', no caso para o Fluminense, um dos 'grandes' históricos do futebol brasileiro. Ali, no entanto, Paulinho nunca seria mais do que segunda escolha atrás de Washington, uma das 'lendas' do clube carioca, tendo somado apenas oito jogos em todo o Brasileirão de 1984, das quais apenas um na condição de titular – números, ainda assim, suficientes para lhe outorgar o título de Campeão Brasileiro daquele ano.

Era, pois, com esse estatuto que Cascavel embarcava na sua primeira aventura internacional, rumando a Portugal para representar um dos três 'grandes' do País, no caso o Futebol Clube do Porto. Na Invicta, no entanto, o avançado ver-se-ia na mesma difícil posição que experienciara no Rio de Janeiro, enfrentando a concorrência desleal do 'Bi-Bota' Fernando Gomes, do qual estava fadado a ser eterno suplente. A sua única época ao serviço dos azuis e brancos saldou-se, assim, em uma única presença, antes de o avançado ter sido 'despachado' para Guimarães como parte do negócio em torno do guarda-redes Júnior Best – uma troca que acabaria por beneficiar todas as partes, já que as duas épocas na Cidade-Berço permitiriam a Cascavel relançar a carreira de forma nada menos que impressionante. Quarenta e sete golos em sessenta jogos são o saldo total do primeiro período alto da carreira do avançado desde os tempos dos distritais brasileiros, tendo a sua contribuição ajudado o Vitória FC a assegurar o terceiro lugar na época 1985-86, e a carimbar exibição honrosa na Taça UEFA do ano seguinte. Rapidamente se espalhava por Portugal e arredores o nome daquele avançado que marcava golos de todas as formas e feitios, e foi com total naturalidade que os vimaranenses viram a sua estrela ser abordada pelo segundo 'grande' português da sua carreira, desta feita localizado mais a Sul.

Esta segunda passagem por um clube de monta correria, no entanto, significativamente melhor a Paulinho Cascavel, que demonstrava em Lisboa os mesmos predicados técnicos e faro de golo que exibira em Guimarães, e se afirmava rapidamente como peça-chave do Sporting de finais dos anos 80. À entrada para a última temporada da década (e primeira dos 'noventas'), eram já mais de oitenta e cinco as presenças do avançado com o pentrado 'mullet' ao serviço dos Leões, ao longo das quais obtivera quarenta e cinco golos (sendo melhor marcador do campeonato na sua primeira época) e ajudara o clube a conquistar o seu único título nesse período, a Supertaça Cândido de Oliveira. A época de 1989/90 parecia, inicialmente, seguir nessa mesma toada, mas um desacordo com o então presidente do clube, Sousa Cintra, via Paulinho Cascavel perder preponderância na equipa, que viria a abandonar no final da temporada, tendo contribuído com meros três golos em cerca de duas dezenas e meia de presenças, números muito aquém dos que vinha obtendo em Portugal até então.

Um 'craque' em baixa anímica ou de forma não deixa, ainda assim, de ser um 'craque', e era com o máximo prazer que o Gil Vicente acolhia Paulinho Cascavel como parte do seu plantel para a época 1991/92. Esta fase da carreira do avançado ficaria, no entanto, marcada por outro conflito, este contra as sucessivas lesões que ia contraindo, e que culminaram no final da sua carreira profissional, aos trinta e dois anos, após apenas oito presenças com a camisola dos Galos.

Ao contrário de muitos dos nomes que abordamos nestas páginas, no entanto, Paulinho Cascavel não transitou para cargos técnicos ou federativos no seio do futebol, optando em vez disso por continuar a carreira por mais alguns anos, agora no Campeonato Nacional de Veteranos, onde se sagraria Bota de Ouro em cinco das seis épocas que fez ao serviço do Aliados de Lordelo. Penduradas definitivamente as chuteiras, o agora ex-jogador regressaria ao seu Brasil natal para se tornar empresário do ramo da pecuária, deixando a continuação do legado futebolístico ligado ao nome Cascavel à responsabilidade do filho, Guilherme, que desde 2005 vem representando diversos emblemas das divisões inferiores portuguesas, não tendo nunca logrado alcançar o alto nível atingido pelo pai. Continua, pois, a ser do jogador com o 'cabelinho à jogador da bola' (e bigode a condizer) e capacidade invulgar para marcar golos que muitos adeptos se lembrarão ao ouvir o nome Cascavel, merecendo o mesmo o seu lugar no panteão de Lendas da Primeira Divisão nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos!

22.09.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui anteriormente falámos dos carrinhos de metal em escala reduzida, um dos mais tradicionais e nostálgicos brinquedos entre as gerações hoje adultas, e sobretudo entre a sua parcela masculina. Pois bem, não é só sobre os carros em si que recaem as memórias de Domingos Divertidos passados a simular corridas ou combates automóveis inspirados em 'Destruction Derby' e 'Twisted Metal' – também as garagens e parques de estacionamento para os referidos veículos ajudam a adicionar toda uma nova dimensão a essas recordações, tal como o faziam com as próprias brincadeiras em si.

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Uma garagem de brincar da Hot Wheels, bem exemplificativa deste tipo de brinquedo.

De facto, estas estruturas – muito populares junto das gerações 'X' e 'millennial', em particular – prestavam-se a grande variedade de usos, podendo tanto servir para simplesmente 'arrumar' os carrinhos ao fim do dia, como de palco para as referidas corridas e colisões, grandemente auxiliadas pelas rampas que constituíam parte obrigatória de qualquer estrutura deste tipo que se prezasse. Nem só de rampas e patrocínios viviam estes brinquedos, no entanto; as melhores garagens-modelo chegavam a ter bombas de gasolina e zonas de lavagem a jacto, permitindo emular ao máximo a experiência de visitar uma área de serviço automóvel – uma ilusão ainda mais propiciada pelo uso de logotipos oficiais de marcas ligadas ao mercado autómovel, como a Shell ou a Mobil.

Não admira, pois, que as garagens, parques de estacionamento e estações de serviço em miniatura provoquem junto de uma certa demografia um sentimento nostálgico semelhante ao causado por certos cenários para figuras de acção, os quais serviam uma finalidade muito semelhante, e com resultados igualmente bem conseguidos. E apesar de, em anos subsequentes, terem virtualmente desaparecido do quotidiano infantil – como vem, progressivamente, sucedendo também com os próprios carrinhos-modelo – este género de produto fará, para sempre, parte das memórias de Domingos Divertidos da infância de pelo menos duas gerações de portugueses, os quais certamente terão, após ler este post, ficado com vontade de ir 'lançar' um carrinho pela rampa de uma destas estruturas abaixo, e de o ver ganhar velocidade até 'disparar' pela saída..

15.09.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

No futebol, como em qualquer ramo profissional, existem figuras incontornáveis, de que qualquer adepto, de qualquer época da História, terá pelo menos ouvido falar. A grande maioria delas são, logicamente, jogadores; no entanto, existem também pelo Mundo fora muitos e variados exemplos de personalidades que, sem terem brilhado dentro de campo, se destacaram com louvor do 'outro lado' das quatro linhas, como técnicos ou treinadores. Uma dessas figuras – uma das maiores, ao nível de um Alex Ferguson – foi um simpático e invariavelmente educado sueco que, em meio a uma carreira nada menos que ilustre, acabou por 'tocar' também os adeptos portugueses com a sua cortesia e carisma. Falamos, claro, de Sven-Goran Eriksson, três vezes campeão nacional pelos encarnados do Benfica, cuja morte devida a cancro do pâncreas, há cerca de três semanas, deixou um vazio pronunciado nos meandros do desporto-rei. Este Domingo Desportivo não poderia, pois, deixar de constituir um epitáfio a um dos grandes nomes da História do futebol, através de uma retrospectiva da sua breve mas marcante passagem por Portugal.

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Um jovem Eriksson com duas outras lendas do Benfica, Toni e Eusébio.

Chegado ao Benfica já com louros de campeão sueco e vencedor da Taça da Suécia e Taça UEFA ao serviço do Gotemburgo. Em Portugal, os excelentes auspícios deixados por esse início de carreira técnica – após discreta carreira dentro das quatro linhas, nos anos 60 e 70 – vir-se-iam não só a confirmar como a ampliar, com Eriksson a levar o Benfica ao bi-campeonato nas suas duas épocas como técnico, em 1982-83 e 1983-84, tendo também assegurado a Taça de Portugal na primeira das duas, na qual atingiu ainda os quartos de final da então chamada Taça das Taças.

Era, pois, em glória que o treinador sueco saía para Itália, no defeso de Verão do ano de 1984, naquela que acabaria por ser a mais discreta fase da sua carreira, com passagens 'sem história' por Roma e Fiorentina a culminarem no regresso a Portugal, onde o seu antigo clube o acolheu de braços abertos, radiante por poder novamente contar com tão histórica figura no comando. E a verdade é que, nesta segunda passagem pelos campeonatos nacionais, Eriksson voltou a ser feliz, adicionando mais um título de campeão ao seu currículo, em 1990-91, além da Supertaça conquistada no ano anterior. Uma última época menos bem conseguida não manchava a reputação do treinador, que, no final da temporada 1991-92, rumava novamente a Itália, desta vez para uma experiência algo mais positiva, com conquistas várias ao serviço da Sampdoria e Lazio, com quem se sagraria campeão italiano nos primeiros meses do Novo Milénio. Daí, o percurso do treinador levá-lo-ia a Inglaterra, onde também chegou a ser ídolo - dando mesmo a cara e nome a um 'clone' de Championship Manager lançado para PC e PlayStation - e depois à China, país onde viria a encerrar a carreira em 2017, ao serviço do Shenzen.

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Com antigos colegas e jogadores durante uma homenagem no Estádio da Luz.

Apesar de nunca ter voltado a Portugal, no entanto, o sueco nunca deixou de ser calorosamente recordado pelos adeptos nacionais – sobretudo, mas não apenas, do Benfica – pelo seu conhecimento táctico, espírito de vitória, desportivismo e cordialidade, e por ser um 'gentleman' 'à moda antiga' – aspectos que vão já escasseando (e que fazem falta) não só no desporto-rei como na sociedade em geral. Que descanse em paz.

04.08.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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Nos últimos meses da década de 70, o futebol português via nascer mais uma competição, a juntar aos campeonatos nacionais e à Taça de Portugal: a Supertaça Cândido de Oliveira, troféu designado em homenagem ao lendário jogador e treinador que põe frente a frente os vencedores das duas outras competições. E embora as características do panorama futebolístico nacional não permitam grandes surpresas, tornando algo previsível quais as duas equipas que se irão defrontar, a História do troféu reservou, ainda assim, lugar a surpresas, embora a hegemonia de Sporting, Benfica e FC Porto apenas por três vezes tenha sido quebrada nos já quarenta e cinco anos de vida da competição. Agora, no rescaldo de mais uma Supertaça (ganha de forma tão impressionante quanto mirabolante pelo FC Porto) nada melhor do que recordar esses 'intrusos' que, embora apenas por uma época, lograram 'roubar' uma Taça aos três 'grandes' nacionais.

A primeira dessas três 'intromissões' deu-se ainda na década de 1980, quando o Vitória de Guimarães, capitaneado por Nando e com Neno na baliza, levou para casa o troféu da época 1987-88, após bater por um agregado de 2-0 o Porto de Quinito, que contava com nomes como João Pinto, Augusto Inácio, António André, Jaime Pacheco, Domingos ou Rui Águas, e que havia, nesse ano, feito a 'dobradinha', derrotando precisamente a equipa de Geninho na final da Taça de Portugal. Os vimaranenses tornavam-se assim, ainda que sem o saberem, a única equipa fora do eixo Lisboa-Porto a vencer a competição, e realizavam um feito e que apenas mais uma equipa conseguiria igualar em toda a História da competição – curiosamente, outra agremiação alvinegra, embora neste caso as cores surgissem em padrão axadrezado.

Falamos, claro, do Boavista, que, por duas vezes na década de 90, 'bateu o pé' a um 'grande' – primeiro em 1992 e em seguida cinco anos depois, em 1997, ambas contra o FC Porto. O primeiro destes dois triunfos viu a equipa então treinada por Manuel José, e que tinha como capitão o histórico Paulo Sousa, eliminar a equipa de Carlos Alberto Silva, após dois 'derbies da Invicta' repletos de golos, o primeiro dos quais veria os axadrezados vencer por 3-4 em plenas Antas, para depois segurar (e assegurar) um empate a duas bolas em casa, no Bessa. De ressalvar que, dessa equipa do Boavista, faziam parte, além de Paulo Sousa, nomes como Lemajic, Rui Bento, Caetano, Litos ou o 'Grande dos Pequenos' axadrezado, Bobó, que faziam frente ao Porto de Baía, Fernando Couto, Aloísio, Paulinho Santos, Timofte, Kostadinov, Domingos, Jorge Costa e Jorge Couto.

Já a segunda vitória, obtida em Agosto de 1997, veria os homens de Mário Reis, ainda com Paulo Sousa como capitão e agora com o bem conhecido Ricardo na baliza (além do também 'famoso' matador Ayew na frente) levar de vencida a turma de António Oliveira por um resultado agregado de 2-1, tendo a equipa axadrezada vencido em casa por 2-0 antes de ir perder às Antas por margem mínima, a qual não foi suficiente para lhe retirar o troféu. A equipa de Ricardo, Paulo Sousa, Rui Bento, Isaías, Martelinho, Delfim e do 'matador' Ayew Kwame (muitos com passagem passada ou futura pelos 'grandes') lograva assim conquistar um dos poucos troféus perdidos pelo Porto da fase hegemónica, que, na época em causa, contava com nomes tão conhecidos dos adeptos da altura como Rui Jorge, Sérgio Conceição, Drulovic, Zahovic, Chippo, Folha, Capucho e, claro, Mário Jardel, além do 'perene' Paulinho Santos.

Assinalar-se-ia assim a última vez que uma equipa fora do 'triumvirato' de Sporting, Benfica e Porto levaria para casa a Supertaça, pelo menos até à data de publicação deste 'post'. Numa era em que o desnível entre equipas se tende cada vez mais a reduzir, não é, no entanto, impossível ou impensável que outra agremiação consiga repetir tal façanha – sendo que, por exemplo, o Sporting de Braga deu muito trabalho ao seu homónimo lisboeta ainda há poucos anos, sucumbindo já perto do fim do jogo; e se o formato de 'jogo único' torna impossível uma vitória por agregado, como as conseguidas pelos clubes acima descritos, a verdade é que a remontada do Porto na edição 2024 do certame prova que tal desiderato pode perfeitamente ser atingido num jogo de 90 ou 120 minutos. Têm a palavra as restantes quinze equipas actualmente no escalão principal nacional...

28.07.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Na nossa última publicação, falámos dos cavalos de pau, um tipo de brinquedo hoje obsoleto mas que, nos anos 90, constituía ainda uma excelente forma de passar um Sábado aos Saltos. Para quem não era adepto de grandes 'coboiadas' ou 'cavalgadas', no entanto (ou simplesmente para crianças mais novas) existia uma outra opção, a qual podia por si mesma dar azo a um Domingo Divertido: os cavalinhos de baloiço.

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Lá por casa existia um modelo exactamente igual a este...

Uma espécie de versão mais encorpada (e estática) dos cavalos de pau, os cavalos de baloiço eram presença frequente nos quartos de cama ou de brinquedos de crianças em idade pré-escolar, quando um brinquedo deste tipo era ainda capaz de encantar, e proporcionavam uma espécie de cruzamento entre o referido cavalo de pau e uma versão gratuita dos brinquedos de moeda tão populares à época. Requerendo apenas um pequeno impulso – que podia ser dado tanto pela criança como por um adulto – e controlo firme sobre os manípulos situados de cada lado da cabeça (já que, nestes casos, tendia a não haver rédeas) estes brinquedos eram a forma ideal de viver as fantasias de ser 'cowboy', cavaleiro ou príncipe encantado sem grande esforço, e sem quaisquer acidentes resultantes em 'nódoas negras', arranhões e outras 'mazelas' típicas da infância. Não é, pois, de espantar que os mesmos continuassem a gozar de enorme popularidade entre as crianças das décadas de 80 e 90, as quais certamente relembrarão uma qualquer variação do tradicional modelo pintado de vermelho e branco, que ilustra este post.

À semelhança dos cavalos de pau, é também ainda hoje possível encontrar para venda versões modernas dos cavalos de baloiço, sobretudo em lojas especializadas em brinquedos de índole mais clássica; tal como com os seus 'irmãos' mais 'magricelas', no entanto, é difícil imaginar o interesse que um produto desta índole possa ter para a 'geração iPad', para quem até mesmo os referidos brinquedos de abanar movidos a créditos já têm de ter animações a acompanhar. Quem viveu num tempo mais simples e menos tecnológico, no entanto, certamente terá, após ler este 'post', despertado memórias remotas de muitos Domingos Divertidos passados 'a cavalo' de um destes 'bravos alazões', a dar largas a uma imaginação que cada vez mais vai faltando às crianças modernas...

21.07.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Qualquer fã de futebol que tenha crescido em Portugal nas duas últimas décadas do século XX recordará com especial carinho as icónicas cadernetas de cromos alusivas aos campeonatos nacionais da época, cada uma repleta de clubes históricos e caras que, através da sua presença ano após ano, acabavam por se tornar familiares e conhecidas. O jogador de que falamos este Domingo, no dia do seu quinquagésimo-oitavo aniversário, foi uma dessas caras, tendo ficado ligado, na mente dos jovens adeptos nacionais, a um dos mais históricos de todos os clubes nacionais, o carismático Sporting Club Farense.

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O jogador com a camisola com que se tornou sinónimo.

De facto, apesar de nascido na Margem Sul do Tejo e formado no Sporting, onde dava os primeiros toques logo no início da adolescência, Rui Pedro Rodrigues Eugénio (vulgarmente conhecido apenas pelo seu apelido) veria a sua carreira sénior ficar ligada a regiões consideravelmente mais a Sul, nomeadamente a terras algarvias – região onde, aliás, daria os primeiros passos como sénior, aos dezoito anos recém-completos, ao serviço do Olhanense. Seguir-se-ia uma experiência mais a Norte (no Recreio de Águeda) e outra na zona de Lisboa – onde representaria, durante duas épocas, o Estoril-Praia – mas o dealbar da época 1988-89 via o defesa lateral ingressar na agremiação com que haveria de se tornar sinónimo para muitos adeptos portugueses ao longo da década seguinte. Essa primeira passagem pelo Farense durou quatro épocas, em que Eugénio se afirmou como peça-chave quase indiscutível da equipa algarvia, realizando mais de cento e trinta jogos entre a então Segunda Divisão de Honra e o escalão principal – que, aliás, ajudaria a equipa a atingir logo na sua segunda época, a qual ficou também coroada pela presença no Jamor (embora como finalista derrotado) e, a nível pessoal, pelo nascimento do filho, Pedro.

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Cromo da Panini dos tempos da passagem pelo Braga....

Foi com o Farense ainda 'em alta', e com estatuto de titular quase indiscutível, que Eugénio abraçou a sua próxima aventura, desta feita no outro extremo do País, e trocando a camisola alvinegra do Farense pela alvirrubra do Sporting de Braga de Mladen Karoglan. A passagem para um clube de maior dimensão não assustou, no entanto, Eugénio, que rapidamente se afirmou como opção também nos arsenalistas, pelos quais viria a realizar setenta e cinco jogos ao longo das três épocas seguintes.

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...e da segunda passagem pelo Farense.

Em 1995, no entanto, surgiria a oportunidade de 'regressar a casa', que Eugénio não hesitaria em aproveitar; seria, pois, de braços abertos que a 'capital' do Algarve voltaria a acolher um jogador que lhes dera muitas alegrias num passado nada distante. E a verdade é que Eugénio retomaria funções no mesmo patamar em que as havia deixado, ou seja, como titular habitual – pelo menos durante a primeira época, já que na seguinte (de 1996/97) viria a perder o lugar, realizando apenas sete partidas em toda a campanha. A situação viria, no entanto, a ser corrigida na época seguinte, tendo Eugénio voltado a figurar como parte importante da equipa durante os dois anos seguintes, antes de se tornar novamente opção de recurso na sua última época nos 'leões' algarvios, já no dealbar do Novo Milénio.

Por esta altura, o 'peso' da idade já se começava a fazer sentir, e Eugénio iniciaria, gradualmente, uma transição para o futebol semi-profissional, 'despedindo-se' dos principais escalões nacionais com uma época como 'jogador de plantel' do Olhanense (num bonito 'fecho de círculo' da sua carreira profissional) antes de ingressar por duas épocas no modesto Sambrasense (embora algumas fontes dêem também conta de uma passagem pelo Valdevez). Seria nesse clube, e na condição de amador, que, no final da época 2002/2003, Eugénio viria a fechar definitivamente o seu ciclo enquanto jogador de campo, deixando o legado do seu nome nas mãos do filho, Pedro, à época ainda em idade de Iniciado, e parte das escolas do Farense - ele que viria a passar pelas Academias de Sporting e Benfica e, tal como o pai, a representar o clube alvinegro em duas ocasiões distintas, antes de rumar ao estrangeiro para jogar na Bulgária, Turquia e, actualmente, Cazaquistão. Já o Eugénio 'sénior' transitaria, com naturalidade, para cargos técnicos do clube a que ficara indelevelmente ligado, tendo exercido funções de adjunto durante duas épocas, e chegado mesmo a ser treinador interino dos algarvios na época 2006/2007.

Hoje afastado do Mundo do futebol, Eugénio continua, no entanto, a ser lembrado com carinho pelos adeptos farenses, que aprenderam a respeitar e apreciar o profissionalismo do lateral, um homem de valores e personalidade bem maiores do que a sua estatura de módicos 1,66 metros, e que bem merece esta singela homenagem no dia do seu aniversário. Parabéns, e que conte muitos.

23.06.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

O conceito e propósito declarados deste 'blog' passam por recuperar experiências vividas pela juventude portuguesa dos anos 90; no entanto, é ocasionalmente necessário fazer um pouco de 'batota' e viajar até ao primeiro ano da década, século e Milénio seguintes, para assinalar um qualquer evento digno de nota. Foi assim com 'Capitães de Abril', a única homenagem filmográfica a um dos mais importantes eventos da História de Portugal, e será assim, novamente, este Domingo Desportivo, para recordar aquele que é unanimemente considerado um dos melhores Campeonatos Europeus de sempre, e que foi palco da primeira de várias prestações honrosas da Selecção Nacional em certames deste tipo, que culminaria com a inusitada e inesperada vitória em 2016.

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Entrando desde logo na História como o primeiro evento futebolístico internacional organizado 'a meias', o Euro 2000 tinha lugar a partir de 10 de Junho daquele ano, em várias localidades da Bélgica e da Holanda, países que haviam batido a Espanha e a Áustria no sorteio, e cuja pequena dimensão justificava a organização conjunta. Em prova estavam, além das duas selecções anfitriãs, catorze outras equipas, sendo que a Alemanha se qualificava igualmente de forma directa, por ser campeã em título; já Portugal beneficiava do primeiro de muitos 'bafejos' de sorte, qualificando-se como 'melhor segundo' (após o habitual 'passeio' na fase de qualificação, com goleadas aos habituais Liechtenstein e Luxemburgo) e ganhando, assim, a oportunidade de 'corrigir' o agri-doce desempenho em solo inglês, quatro anos antes.

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O conjunto português presente no certame, um dos melhores de sempre.

E a verdade é que, sem ser favorito, o colectivo português apresentava um conjunto fortíssimo, 'movido' a Geração de Ouro (tal como em '96) mas com adições e peças secundárias significativamente melhores, e que ajudavam a elevar ainda mais o nível de desempenho da equipa, como era o caso de Nuno Gomes na frente de ataque, ou Sérgio Conceição na ala. O único entrave ao sucesso da Selecção das Quinas era o nível absurdamente elevado das restantes selecções, em antítese absoluta à fase de qualificação; e o grupo que calhava a Figo, Jorge Costa, Rui Costa, João Pinto e companhia era tudo menos simpático, com a sempre complicada Inglaterra e a campeã em título Alemanha a perfilarem-se como favoritas aos dois primeiros lugares. O jogo inaugural da Selecção no torneio parecia indicar isso mesmo, com a equipa portuguesa a perder por 0-2 ainda antes da meia hora...

...mas foi então que começou o milagre. Primeiro, uma remontada contra a Inglaterra para uma eventual vitória por 3-2, com golos de antologia de Figo e João Pinto; depois, o empate entre Roménia e Alemanha; e, finalmente, o 'massacre' à campeã em título, com um não menos antológico 'hat-trick' de Conceição, que cimentava Portugal como líder do grupo na mesma jornada em que a Roménia derrotava, também ela, a Inglaterra, garantindo o segundo lugar e arredando as duas favoritas da eliminatórias – no caso da Alemanha, com um único ponto! Uma fase de grupos perfeitamente 'louca', mas que fazia sobressair a equipa portuguesa como, agora sim, uma das favoritas.

O primeiro jogo do Euro veria talvez a prestação mais épica da Selecção Portuguesa da era moderna até então.

Os quartos-de-final nada fizeram para mudar essa percepção, tendo Portugal conseguido superiorizar-se confortavelmente à Turquia (curiosamente, o seu mais recente adversário à data de edição deste post, novamente com vitória folgada), por 0-2, e avançando assim para as meias-finais, onde iria enfrentar a temível França, campeã do Mundo em título; e a verdade é que, como sucederia década e meia depois, os guerreiros lusitanos surpreenderam o Mundo enfrentando os gauleses 'olhos nos olhos', e 'empurrando' o jogo para prolongamento – altura em que, finalmente, o azar bateu à porta. Centro de Trezeguet, Baía batido, e Abel Xavier leva a mão à bola em plena pequena área. Penalty, prontamente convertido pelo então melhor do Mundo, Zidane, e que confirmava a reviravolta num jogo em que Portugal até entrara a ganhar, um pouco ao invés do que sucedera frente à Inglaterra. Ficava a consolação de perder com a eventual campeã, que, dias depois, aproveitaria novamente o prolongamento para se superiorizar à Itália, garantindo assim a 'dobradinha' de troféus internacionais e cimentando-se como melhor Selecção europeia.

A honrosa prestação frente à França terminaria, infelizmente, em desapontamento.

Apesar deste resultado (novamente) agri-doce, no entanto, muitos adeptos de certa idade continuam a ter boas recordações do Euro 2000, competição que viu talvez o melhor conjunto de jogadores portugueses da era moderna (vestidos a rigor com um dos mais emblemáticos equipamentos da História da Selecção, e que vendeu muitas camisolas, tanto oficiais como da 'feira') defrontar-se 'taco a taco' com outras selecções tão boas ou melhores, e contribuir para um dos campeonatos europeus com melhor futebol de sempre, facto que não podia deixar de lhe garantir a presença nas páginas virtuais deste nosso blog nostálgico – mesmo que, tecnicamente, já não tivesse tido lugar nos anos 90...

16.06.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Numa era em que tudo parece disponível à distância de dois ou três 'cliques' e algumas semanas de espera, pode parecer caricato pensar que, há meras três décadas, muitas crianças e jovens tinham, ainda, de 'improvisar' as suas próprias brincadeiras, com recurso a materiais 'genéricos' e muita imaginação; e se alguns destes casos foram já abordados no nosso 'post' sobre o faz-de-conta, a brincadeira que abordamos hoje é tão ou mais icónica do que as ali elencadas, sobretudo para quem era adepto ou entusiasta de futebol. Numa altura em que tem início mais um Euro, nada melhor, portanto, do que recordar um 'desporto' tão popular que ainda hoje se disputam campeonatos nacionais oficiais do mesmo! Falamos, é claro, do 'futebol de caricas', a alternativa ao algo dispendioso Subutteo criada pela criativa geração 'X' (e fomentada pela existência, à época, de caricas personalizadas com as caras de jogadores de futebol) e prontamente adoptada, também, pela sua sucessora, dado o seu excelente balanço de custo, tempo e diversão.

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Como o próprio nome indica, a premissa deste jogo passa por disputar uma partida de futebol em que os 'jogadores' são caricas de garrafa de sumo ou cerveja, cada uma das quais devidamente 'decorada', no interior, com o nome e número do jogador representado. Uma vez alinhadas as duas 'equipas' – e colocado na baliza o 'guarda-redes' de rolha – as mecânicas são mais ou menos as mesmas do referido Subutteo, consistindo na simulação de uma partida de futebol sem recurso a árbitro e em que as jogadas são criadas por via de 'piparotes' nas caricas que constituem as duas equipas. Ganha, claro, quem marcar mais golos, normalmente com uma bola improvisada ou 'emprestada' de um jogo de Subutteo. Uma brincadeira que, com a sua combinação quase perfeita de desafio, customização, improviso, simplicidade e diversão, não podia deixar de 'cair no gosto' de duas gerações habituadas a transformar tudo num jogo ou brinquedo.

Escusado será dizer, no entanto, que o apelo desta 'modalidade' não se transferiu para as gerações seguintes, para quem o próprio Subutteo se afigura já algo obsoleto. Não é, pois, de surpreender que sejam os agora adultos das demografias 'X' e 'millennial' a manter vivo o espírito desta actividade, e a re-apresentá-la a todo um novo público através de participações em programas de televisão e da organização de torneios e ligas oficiais de cariz anual. Quem sabe, no entanto, estas iniciativas não tenham sido suficientes para despertar novo interesse no 'desporto' mais económico da História de Portugal...?

09.06.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Aquando do último campeonato da Europa, aproveitámos esta mesma rubrica para recordar o Euro '96, que assinalava a décima edição do torneio, a primeira com um formato mais alargado, e uma das primeiras a ter maior projecção na consciência popular mesmo de quem não gostava de futebol, nomeadamente através de produtos de 'merchandising' oficial alusivos ao evento. Agora, a menos de uma semana do início de mais um certame, nada melhor do que assinalar essa data com algumas breves linhas sobre aquele que foi, efectivamente, o primeiro Euro da década de '90, sobre o início do qual se celebram este dia 10 exactos trinta e dois anos.

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Realizado na gélida Suécia – como forma de evitar que a Espanha tivesse o monopólio dos eventos daquele Verão, após ter acolhido tanto a Expo '92 como os Jogos Olímpicos – o Euro '92 acabaria por representar uma espécie de 'afirmação' dos países nórdicos, tendo sido ganho, não pelos anfitriões, mas por uma das suas duas nações vizinhas, no caso a Dinamarca, para quem toda a competição representaria um conto de fadas, já que a sua participação derivava de uma repescagem após a desqualificação da Jugoslávia, então em processo de desmembramento. 'Segunda escolha' ou não, no entanto, o certo é que a selecção alvirrubra almejaria mesmo a presença na final do evento, onde se superiorizaria à Alemanha – um feito notável, tendo em conta que a selecção alemã atravessava, à época, um dos seus melhores períodos de sempre.

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A Selecção dinamarquesa vencedora do certame.

Além das duas finalistas e da anfitriã, participavam ainda no certame as selecções da França, Inglaterra, Países Baixos, Escócia e União Soviética, então conhecida como CIS. Um quadro repleto de plantéis fortes e nomes sonantes do futebol da época – dos campeões Peter Schmeichel e Henrik Larsen a Dennis Bergkamp, Frank Riijkard, Jean-Pierre Papin ou Tomas Brolin - mas que, para o adepto actual habituado a fases de grupos e quadros de países mais alargados, quase poderá parecer uma versão 'incompleta' de um evento deste tipo, com apenas dois grupos ao invés dos habituais seis. Era este, no entanto, o modelo da altura, e com apenas oito equipas, não é de surpreender que o certame se tenha desenrolado em apenas duas semanas, incluindo fins-de-semana, e com jogos mais espaçados entre si do que é norma hoje em dia.

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Os vencedores com o troféu.

Curiosamente, embora a Selecção Nacional portuguesa, então em entrada na fase 'movida' a Geração de Ouro, tivesse falhado o apuramento – pelo que seria a última vez em mais de três décadas - o País não deixava, ainda assim, de ter representação, no caso através da equipa de arbitragem de José Rosa dos Santos, Valdemar Lopes e António Carvalho, que teriam a seu cargo o jogo entre a anfitriã Suécia e a Inglaterra, que terminaria com o triunfo dos nórdicos por 2-1. Infelizmente, ficar-se-ia pelo lado técnico a participação de Portugal no Campeonato da Europa em causa, o que pode ajudar a explicar o seu relativo esquecimento na consciência colectiva lusitana por oposição ao seu sucessor directo – no qual as Quinas fariam uma campanha honrosa, embora amarga – e a alguns dos seus antecessores, nos quais o País marcara presença. Ainda assim, esta competição não deixa de representar um 'pedaço' de História da década em causa, pelo que, pese embora a repercussão relativamente limitada a nível nacional, não deixa de ser importante recordá-la por alturas do seu trigésimo-segundo aniversário, e do início de uma nova competição europeia de Selecções.

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