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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

30.11.23

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

O último dia do mês de Novembro marca, para muitas crianças e jovens das últimas três gerações, a data em que se adquire ou tira do armário o calendário do advento, e em que cresce a antecipação por um mês passado a procurar e abrir 'janelinhas' naquela 'caixinha mágica', e a desfrutar dos mini-chocolates escondidos por detrás de cada uma. No entanto, o que muitos dos actuais participantes nesta tradição podem não saber é que, em Portugal, o calendário do advento é uma tradição natalícia relativamente recente, remontando a sua vaga inicial de popularidade, precisamente, aos anos 90.

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Exemplo moderno, mas de estética muito parecida com os calendários dos anos 90.

De facto, apesar de existir há já quase dois séculos, e de ser parte integrante da quadra natalícia de muitos outros países, sobretudo no Norte da Europa, foi apenas já na 'recta final' do século XX que este tipo de produto começou a surgir nas prateleiras portuguesas, pela mão de chocolateiras ibéricas como a Regina e a Imperial. Escusado será dizer que a premissa de um jogo de observação cujo prémio eram chocolates não tardou a popularizar-se entre o público-alvo, sendo o mais difícil, muitas vezes, evitar que fosse comido mais do que um chocolate por dia; assim, não foi de todo surpreendente que os referidos calendários se tenham rapidamente estabelecido como parte integrante da decoração da sala ou cozinha de muitas famílias portuguesas durante o mês de Dezembro, estatuto que, aliás, mantêm até hoje.

De facto, tal como naqueles anos 90, continua a ser hoje relativamente comum ver crianças sair do supermercado com os respectivos calendários do advento (um por cabeça, claro) sendo a única diferença relativamente aos finais do século XX a presença de mais mascotes licenciadas nos desenhos da caixa – enquanto que há trinta anos os mesmos tendiam a representar apenas cenas natalícias 'genéricas', hoje, é possível encontrar calendários alusivos a franquias como PJ Masks, Patrulha Pata, LOL, Vingadores ou Barbie, entre muitos outros. De igual modo, muitos destes calendários são, agora, específicos a uma marca ou variante de chocolate (como Cadbury's, Kinder ou os diferentes chocolates da Nestlé, por exemplo) e existem mesmo versões tematizadas, em que os chocolates são substituídos por prémios como figuras da LEGO ou mesmo bebidas alcoólicas, no caso dos calendários para adultos.

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Exemplos de calendários licenciados e tematizados modernos.

Assim, apesar da sua relativa brevidade no panorama natalício português, é justo afirmar que os calendários do advento se afirmaram, logo desde essa altura, como parte tão integrante do mesmo como as iluminações, os catálogos de brinquedos na caixa do correio ou as 'visitas ao Pai Natal' no hipermercado. E apesar de esse mesmo paradigma ter, entretanto, sofrido algumas alterações, as caixinhas-surpresa de chocolates lograram manter o seu posto no contexto do mesmo, preparando-se para fazer novamente as delícias da juventude de Norte a Sul do País nesta quadra natalícia de 2023 – razão mais que suficiente para aqui recordarmos os anos em que a geração que hoje compra calendários do advento para os seus filhos teve, pela primeira vez, contacto com os mesmos...

23.12.21

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

A doçaria regional portuguesa é conhecida pela sua grande variedade de opções para todas as ocasiões, e o Natal não é excepção; mas entre as azevias, os coscorões e as lampreias de ovos, há um doce que se destaca acima de todos, e que simboliza, para muitos portugueses, a culinária da quadra.

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Falamos, claro, do bolo-rei, aquela deliciosa confecção encimada com frutos secos e frutas cristalizadas (ou, no caso da variante 'rainha', apenas com os primeiros) e que rivaliza favoravelmente com as especialidades natalícias de qualquer outro país do Mundo - incluindo congéneres como o 'stollen' alemão ou o 'fruitcake' norte-americano. Melhor - tirando a maior industrialização (antigamente, dificilmente se encontrava este bolo em supermercados) o bolo-rei sofreu muito poucas alterações na sua essência, continuando a ser (quase) exactamente aquilo que sempre foi, desde a sua introdução e popularização em Portugal, em inícios do século XIX.

É no 'quase', no entanto, que reside o cerne deste post; isto porque quem tem idade para se recordar dos assuntos falados neste blog certamente sentirá, ano após ano, falta de dois elementos já de há muito retirados do bolo-rei, mas que ainda marcaram muitos Natais e dias de Ano Novo da nossa infância: o brinde e a fava.

Tradicional brindes oferecidos nos Bolo Rei portug

 

Ambas intimamente ligadas à tradição do bolo-rei (quem encontrasse o brinde podia considerar-se sortudo, enquanto que quem tivesse na sua fatia a fava tinha de pagar o bolo seguinte - daí a expressão 'sair a fava' como sinónimo de 'ter azar') as duas 'surpresas' anteriormente contidas neste bolo foram retiradas, precisamente em 1999, após a aprovação de uma lei europeia que proibia a comercialização de géneros alimentícios com brindes misturados; apesar de o bolo-rei ter inicialmente sido considerado excepção, pelo significado cultural do seu brinde e da fava, o mesmo acabou mesmo por se ver despojado dos seus elementos tradicionais quando a referida lei foi revista, dois anos mais tarde.

Até hoje, apesar de não ser exactamente proibido vender o bolo com brinde e fava, é essa a percepção geral, sendo o mesmo comercializado sem qualquer dos dois elementos já desde o inicio do século. Uma pena, visto que eram precisamente estas duas 'surpresas' que davam o carácter ao bolo-rei, e tornavam a experiência de o comer ainda mais memorável; sem eles, resta um bolo ainda (e sempre) delicioso, mas já sem aquele pequeno 'extra' que tanto nos deliciava nas nossas infâncias. Ainda assim, a compra (e posterior partilha) de um bolo-rei é uma daquelas experiências sem as quais nenhum Natal luso podia passar - fosse nos anos 90, ou nos dias de hoje. Com ou sem 'surpresas' adicionais...

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