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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

11.01.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025.

NOTA: Por razões temáticas, este Sábado será de Saídas.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Como o jovem médio de finais do século XX se sentia ao regressar às aulas após o Natal, a estrear a roupa nova...

Os primeiros dias do mês de Janeiro marcam, tradicionalmente, o regresso às aulas para o segundo período lectivo, após a paragem, em Dezembro, para o Natal e Ano Novo. E, mais do que assegurar que a matéria está estudada ou os materiais em ordem, o mais importante para qualquer jovem neste recomeço é entrar 'com o pé direito' no novo ano – de preferência, tendo vestido no mesmo o ténis 'da moda' que recebeu no Natal.

Sim, o regresso às aulas após as férias de Inverno sempre foi, e continua a ser, a época por excelência para ser 'vaidoso', e 'exibir' as prendas de vestuário que se receberam no dia 25, fazendo um esforço para combinar, na primeira semana lectiva após a pausa, absolutamente TODAS as roupas novas, por mais 'estrambólicos' que fiquem os conjuntos. Para os jovens dos anos 90 e 2000, era hora de mostrar aos colegas, amigos e até rivais o blusão da Duffy, a 'camisinha' da Sacoor, o 'sweat' da Gap, Gant, Amarras, No Fear ou Quebramar, as calças de ganga da Levi's, Lois ou Charro, os ténis Converse, Redley, Airwalk ou Skechers, as botas Doc Martens, Panama Jack ou Timberland, o boné com a equipa de desporto americana 'da moda', a mochila da Monte Campo, ou mesmo acessórios como brincos, pulseiras, gargantilhas, relógios ou carteiras, artigos que nunca deixavam de causar uma reacção (fosse ela positiva ou negativa) entre os pares em causa.

Ao contrário da maioria das vivências que recordamos neste 'blog', esta continua a verificar-se até aos dias de hoje, mudando apenas as marcas e artigos cobiçados ou exibidos; assim, quem tiver filhos em idade escolar certamente estará por estes dias a viver novamente, através dos seus olhos, uma situação tão familiar quanto intemporal, que eles próprios experienciaram quando tinham a mesma idade...

14.07.23

NOTA: Por motivos de relevância temporal, falaremos de cinema nas próximas duas Sextas-feiras; hoje, falaremos novamente de moda.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

O fenómeno de um produto normalmente associado com uma cultura de 'nicho' – seja a nível estético ou ideológico – se transpôr para o chamado 'mainstream' não é, de todo, inédito; pelo contrário, são incontáveis as apropriações e assimilações deste tipo feitas pela cultura ocidental nos últimos cinquenta anos, de forma transversal a todos os aspectos da sociedade. O vestuário e o calçado não são excepção, tendo várias peças originalmente destinadas ao trabalho manual ou envergadas como forma de posicionamento contra-cultural passado a ser uma mera opção estética igual a tantas outras.

Tão-pouco foram os anos 90 excepção a esta regra; a última década do século XX viu entrarem no guarda-roupa do comum dos jovens as botas texanas, os blusões de penas, e as botas de caminhada ou de biqueira de aço, que se juntavam aos casacos de cabedal e ganga no rol de artigos entretanto desprovidos da sua função original e adoptados como simples adereços de moda. A este grupo há, ainda, que juntar um artigo de calçado que, nos seus então quarenta anos de História (hoje setenta) nunca havia deixado de ser conotada com movimentos rebeldes, contra-culturais, ou, no mínimo, artísticos: as botas Dr. Martens, mais conhecidas como 'Docs'.

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De facto, apesar de serem, ainda, largamente conotadas com o vestuário dos 'freaks' (nome dado, à época, aos adeptos do movimento alternativo) a verdade é que estas botas viveram, durante a referida década, um dos seus 'estados de graça', muito por conta do referido movimento alternativo e de 'cenas' musicais e culturais como o gótico ou o 'grunge'. Com os seus tradicionais pespontos amarelos e uma gama de cores fora do comum (além das clássicas pretas ou castanhas, era comum ver nos pés da juventude modelos vermelhos, amarelos ou verdes) estas botas não podiam deixar de agradar a 'tribos' urbanas cuja filosofia estética era, precisamente, a de se destacar das 'massas' através de escolhas estilísticas inusitadas e chamativas. Junte-se a isto a sua versatilidade e a durabilidade típica de artigos de qualidade da época, e está explicado o sucesso das 'Docs' junto do público alternativo da viragem do Milénio.

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O ainda popular modelo vermelho.

O único entrave à ainda maior massificação destas botas entre os jovens lusitanos era, pois, o mesmo de sempre: o preço, que se afirmava como proibitivo para a maioria das 'carteiras' da classe média, mesmo no contexto de presentes de aniversário ou Natal; assim, para cada jovem que envergava orgulhosamente um par de Dr. Martens nos pés, haveria certamente vários outros que se viam forçados a ficar-se pelo 'sonho', e a admirar com cobiça os pares dos colegas e amigos.

A história das botas Docs na sociedade portuguesa (e mundial) tem, ainda, outra reviravolta, já que a democratização da moda, aliada à sua natureza cíclica, fez com que as mesmas regressassem à consciência colectiva de uma geração, entretanto, já capaz de suportar os custos aliados à compra de um par – bem como da seguinte, que as assimilou e integrou no seu próprio livro de estilo, e as associou aos seus próprios movimentos sócio-culturais. Um breve passeio pelas ruas de uma qualquer cidade portuguesa permite, assim, avistar novamente os icónicos pespontos amarelos nos pés de góticos, 'punks' e intelectuais, mas também das chamadas 'betinhas', provando que as septuagenárias botas mantêm o mesmo apelo transversal que as fez objecto de cobiça da maioria dos jovens portugueses há perto de três décadas.

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