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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

12.09.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de, hoje em dia, fazer parte integrante da cultura popular portuguesa, o 'anime' – nome por que é genericamente conhecido qualquer produto animado oriundo do Japão – tardou a penetrar na consciência popular lusa da mesma forma que havia feito no resto do Mundo...pelo menos, aparentemente. Isto porque, mesmo sem o saberem, as crianças e jovens nacionais já vinham sendo expostas a produtos mediáticos inseríveis nesta categoria pelo menos dez anos antes das primeiras séries declaradamente identificadas como tal; de facto, quem, na infância, viu 'desenhos animados japoneses' já conhecia o género muito antes do mesmo ser categorizado como tal. Mais – além de séries de traços declaradamente nipónicos, como 'Capitão Hawk' ou 'Cavaleiros do Zodíaco', a influência japonesa fazia-se também sentir em grande parte das séries ocidentais, as quais, à época, não só 'encomendavam' muita da sua animação ao País do Sol Nascente como também tratavam de adaptar e dobrar material originalmente produzido naquela nação.

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Um exemplo deste último fenómeno, cuja criação precede qualquer das séries atrás mencionadas, mas que seria exibido em Portugal sensivelmente na mesma altura das mesmas, é ´Esquadrão Águia', o nome nacional para a adaptação norte-americana do 'anime' 'Gatchaman' que – dependendo a quem se pergunte – é conhecida ora como 'G-Force', ora como 'Battle of the Planets', ora ainda como 'Eagle Riders'. Originalmente criada e exibida no Japão em 1978, a série demoraria nada menos do que catorze anos a chegar às televisões nacionais – um 'atraso' impressionante, mesmo pelos padrões da época!

É claro que, com tal intervalo de tempo desde a sua criação, os aspectos técnicos de 'Esquadrão Águia' ficavam, naturalmente, muito atrás dos das restantes séries com que competia, incluindo os supramencionados 'Saint Seiya' e 'Captain Tsubasa'; vista mais de quarenta anos depois, a animação da série é quase dolorosamente limitada, mais próxima de um 'Speed Racer' (outra série que chegaria 'atrasada' aos televisores nacionais) do que do desenho animado médio daquele início dos anos 90. Assim, o único factor de espanto é o facto de, após essa transmissão na RTP em 1992, em versão legendada, a série ter sido repescada, não uma, mas DUAS vezes, ambas com nova dobragem a cargo da Somnorte – primeiro, na mesma década, pela SIC (onde passou em 1997) e, já na década seguinte, pela RTP2, onde passaria em 2003, um exacto QUARTO DE SÉCULO após a sua criação!

As razões para tal cariz perene da série na televisão portuguesa são pouco claras, tendo, presumivelmente, a ver com a combinação ideal entre baixos custos de aquisição e (desde há alguns anos) nostalgia apresentado pelas aventuras dos Eagle Riders no combate aos Vorak, soldados alienígenas que procuram dominar a Terra em nome da sua entidade, Cybercon; no fundo, o mesmo tipo de premissa que tem vindo a fazer das sucessivas séries de 'Power Rangers' um sucesso inter-generacional, e que parece nunca perder o apelo para as demografias mais jovens. Ainda assim, para essas, havia – na altura, e especialmente hoje em dia – opções bem melhores do que esta série meio 'tosca', que beneficiou (e muito) por ter surgido no sítio certo e na altura certa para ter feito parte do grupo de animações pioneiras do seu género em Portugal, mas cujo valor é, nos dias que correm, quase exclusivamente nostálgico.

A introdução da série permite, desde logo, verificar as deficiências técnicas da mesma por comparação à 'concorrência'.

04.07.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A abertura autêntica, de época, está disponível aqui mesmo, no SAPO, mas não permite fazer 'embed'...

Este é daqueles posts que tinha, mesmo, de começar assim – com um dos mais icónicos genéricos de abertura dos anos 90, daqueles que consegue a proeza de ser memorável sem, para isso, utilizar sequer uma palavra.

Não menos memorável e icónica, no entanto, é a própria série a que este mítico instrumental serve de suporte; antes pelo contrário, serão poucos os ex-jovens da época que não se recordem de ver pelo menos alguns episódios das aventuras do grupo de bebés conhecido, na versão original, como 'Rugrats', e em Portugal como 'Os Meninos do Coro'.

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De longe a mais famosa produção da dupla Arlene Klasky e Gabor Csupó – e uma das mais famosas do catálogo da Nickelodeon, a par de 'Hey Arnold!' e 'Ren e Stimpy' – 'Rugrats' chegou a Portugal em 1992 (menos de um ano depois da sua estreia em território norte-americano, um intervalo invulgarmente célere para a época) como um dos primeiros 'trunfos na manga' da recém-nascida SIC, que transmitiria a série como parte do seu bloco infantil da manhã durante os dois anos seguintes, primeiro em versão original legendada e, mais tarde, com a icónica (e impressionantemente fiel em termos vocais) dobragem que a maioria das crianças daquela época associará, de imediato, ao nome da série.

Ao todo, foram três temporadas – as primeiras, e melhores – em que os mini-espectadores se tornaram íntimos de Tommy, Chucky, os gémeos Phil e Lil e a 'carrasca' e centro das atenções do grupo, a espalha-brasas Angélica, que, por ser mais velha e extremamente mimada, dividia o seu tempo entre enfiar ideias na cabeça dos amigos mais novos e fazer 'birras' para obter o que queria dos adultos.

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O grupo original de 'Meninos do Coro', mais tarde expandido com novos personagens.

E por falar em adultos, estava aí outro dos factores que ajudava a demarcar 'Rugrats – Os Meninos do Coro' de produções contemporâneas semelhantes; os personagens adultos tinham tanto 'tempo de antena' como os bebés, e eram tão ou mais interessantes do que estes, transmitindo (ainda que de forma leve e subtil) mensagens sobre temas tão importantes como as famílias monoparentais, a identidade de género ou os pais mais focados no trabalho que nos filhos, e que tentam suprir essa lacuna com 'mimos' excessivos. Entre si, este grupo de personagens ajudava a que houvesse um pouco de variedade nas histórias da série, e permitia retirar o foco exclusivamente das aventuras estilo 'pastelão' e 'nonsense' dos protagonistas homónimos da série.

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O grupo dos adultos adiciona uma nova dimensão aos episódios.

Estes (e outros) elementos faziam de 'Rugrats – Os Meninos do Coro' uma excelente série para todas as idades (já que os guiões também incluíam piadas de humor um pouco mais sofisticado e dirigidas ao público adulto) que perdurou na memória dos jovens portugueses mesmo depois de ter saído originalmente do ar, em 1994. E se os espectadores lusos da época apenas conheceram esses episódios dos primórdios, lá por fora, a situação era bem diferente, tendo 'Rugrats' continuado a fazer sucesso durante várias décadas, e dado origem a inúmeros produtos de merchandising (tanto oficiais como piratas), várias longas-metragens, novas séries com os mesmos personagens (a excelente 'All Grown Up!' e a experiência falhada chamada 'Angelica and Susie's Pre-School Daze') e até um 'escape room' em Los Angeles!

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Os personagens em idade pré-adolescente, tal como surgem na sequela 'All Grown Up!'

Por cá, no entanto, o público fã de desenhos animados apenas voltaria a tomar contacto com Tommy e os seus amigos em 2005, com o advento da versão portuguesa da própria Nickelodeon, em que a série se encontrava inserida, agora com novas dobragens.

E a verdade é que esta segunda passagem (da qual é oriundo o genérico que abre este post) se afirmou ainda mais bem-sucedida que a primeira, tendo os 'Meninos do Coro' aproveitado a especificidade da sua nova 'casa', e o estatuto de que gozavam dentro da mesma, para se tornarem presença assídua nos ecrãs da nova geração que, entretanto, substituíra o seu público-alvo original; tanto assim que, em 2021, estreava na Nickelodeon Portugal uma nova temporada desta série aparentemente perene e imorredoura, que conseguiu já a proeza de ser transversal a duas gerações de espectadores, um feito normalmente reservado apenas a produções da Disney e Hanna-Barbera. Só por isso, 'Os Meninos do Coro' já mereciam uma presença nestas páginas; o facto de serem, efectivamente, uma das melhores e mais nostálgicas de entre as séries 'importadas' dos EUA naquele período é apenas a cereja no topo deste bolo de baba, cuspo e outros ingredientes 'duvidosos', mas ainda assim extremamente saboroso...

14.04.22

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

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Quando se é criança, 'vale tudo' para 'desligar', mesmo que por momentos, de uma aula chata; e nos anos 90, quando os telemóveis ainda eram mais excepção que regra e os 'tablets' ainda nem eram ideia no cérebro de um qualquer cientista, uma das principais formas que as crianças de todo o Mundo encontravam para 'matar tempo' nessas alturas mais chatas (quando não estavam a passar papéis entre si, claro) eram as confecções em papel, criadas com as folhas dos cadernos e 'dossiers'.

Da mais famosa destas - o quantos-queres - já falámos numa edição anterior desta rubrica; hoje, dedicaremos a nossa atenção às outras principais categorias de criações deste tipo - a saber, os barcos, os chapéus e, claro, os aviões de papel.

Dos três tipos, o mais universal era, sem dúvida, o último, até por um avião de papel ser tão fácil de criar - e a definição do que constituía uma criação deste tipo tão lata - que até quem não tinha grande jeito podia rapidamente 'fabricar' um destes artefactos e gerar algum entusiasmo, fosse na sala de aula ou cá fora, no recreio (as competições para ver que avião voava mais longe eram praticamente um ritual entre jovens de uma certa idade); por contraste, os barquinhos requeriam água nas proximidades (e tendiam a desfazer-se rapidamente) e os chapéus deixavam de servir após uma certa (pouca) idade. Ainda assim, qualquer destes três elementos constituía uma 'quinquilharia' artesanal perfeitamente válida - e, mais importante, uma forma divertida de fazer 'acelerar' o tempo num dia de escola mais lento...

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