20.05.23
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.
Em finais do século XX e inícios do seguinte – e ainda, até certo ponto, hoje em dia - a chegada do bom tempo, e fim (quase) definitivo da época das chuvas primaveris em Portugal era o mote para o aparecimento, tanto nas cidades e vilas como em localidades mais recônditas, de feiras de diversões itinerantes, as quais – tal como acontecia com os circos nos meses invernais – 'assentavam arraiais' durante um período de algumas semanas (ou, por vezes, até apenas de alguns dias) antes de seguirem caminho rumo ao seu próximo destino. Escusado será dizer que, para quem não morava em Lisboa e não tinha, portanto, acesso a uma Feira Popular durante a maior parte do ano, este tipo de estrutura constituía um verdadeiro 'acontecimento', atraindo inevitavelmente a população jovem da área onde surgia – e, por vezes, até alguns visitantes mais 'crescidos', aliciados pelas diversões mais 'de risco' oferecidas por este tipo de feiras.
A razão para este sucesso era evidente, e traduzia-se numa combinação de oferta e 'timing', Muitas vezes montadas para coincidir com as Festas da localidade a que chegavam (embora nem sempre fosse esse o caso) estas feiras ofereciam à juventude da área diversões de feira a que a mesma dificilmente teria, de outro modo, acesso, como o barco pirata oscilante, os carrinhos de choque, as cadeiras voadoras, o comboio-fantasma, e pelo menos uma atracção que implicasse subir a grande altura e cair abruptamente até ao solo, fosse qual fosse a sua configuração; as companhias mais endinheiradas ou elaboradas poderiam, mesmo, dispôr de uma roda gigante ou montanha-russa, tornando a perspectiva de uma Saída de Sábado à noite ainda mais atractiva para o público-alvo.
Infelizmente, tal como sucede com muitas das outras excursões e atracções de que aqui falamos, as crescentes preocupações com a segurança e a criação de novos regulamentos relativos às diversões de feira vieram restringir significativamente tanto o alcance como a frequência deste tipo de companhias itinerantes, que se vêem hoje muito reduzidas tanto em número como na variedade de atracções de que podem dispôr; naqueles tempos mais simples de finais do Segundo Milénio, no entanto, este tipo de feira de diversões temporária veio alegrar o final do ano lectivo e início de férias de muitas crianças e jovens, fornecendo-lhes uma Saída de Sábado diferenciada e bem demarcada da rotina quotidiana, e que, como tal, terá certamente criado memórias nostálgicas indeléveis na geração que com elas conviveu.