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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

01.01.25

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Fosse pela novidade de ver os números iniciais mudarem de 19 para 20, pela efeméride histórica de, ao mesmo tempo, passar um ano, um século e um Milénio, ou pelos abundantes rumores sobre vírus de computador e o fim do Mundo, a verdade é que a entrada para o ano 2000 se perfila, ainda hoje, como talvez a mais mediática de sempre. Assim, não é de surpreender que a hegemónica e omnipresente editora Abril/Controljornal - sempre atenta a eventos sobre os quais pudesse capitalizar, de campeonatos de futebol a filmes de grande orçamento - tivesse tirado proveito da icónica data para lançar no mercado nacional mais uma das suas inúmeras revistas 'individuais' alusivas aos personagens Disney.

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De facto, ao contrário do que o título dá a entender, 'Disney Especial Ano 2000' não faz parte da decana série de 'almanaques' temáticos periodicamente lançados pela editora, sendo uma publicação de cariz único, na linha da supramencionada adaptação de Titanic ou de 'experiências' como 'Os Meus Heróis Favoritos' ou 'Arquivos Secretos do Detective Mickey'. Fosse qual fosse o motivo por detrás de tal decisão, a verdade é que a estratégia posicionava a referida edição como um número 'hiper-especial', daqueles que apenas raramente surgem no mercado, o que, aliado à topicidade do tema escolhido, terá sem dúvida ajudado a aumentar as suas vendas. Pena, pois, que o comprometimento por parte da Abril tenha sido apenas parcial, já que a segunda metade das duzentas e sessenta páginas do volume abandona a temática proposta - a de apresentar 'sucedâneos' e antepassados dos personagens em aventuras através dos séculos - transformando-se em 'apenas mais um' amontoado de histórias sem qualquer conexão aparente.

Ainda assim, a primeira metade do volume, aliada à atractiva capa (ainda que algo 'falha' de verdadeiros personagens de 'nome', sendo os sobrinhos de Donald as únicas caras imediatamente reconhecíveis) à percepcionada exclusividade da edição e à topicidade da temática escolhida, terá sido suficiente para cativar muitos jovens leitores da época, a maioria dos quais era, em maior ou menor grau, 'fiel' às revistas Disney da Abril e terá dado por bem-empregue o seu dinheiro. Estes factores são, também, mais que suficientes para justificar algumas linhas alusivas a esta edição, numa altura em que se acaba de celebrar o vigésimo-quinto aniversário da efeméride que lhe serve de tema.

24.07.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

É uma verdade inegável que, de entre todos os personagens da Walt Disney, o Rato Mickey goza do estatuto de 'estrela', tendo desde sempre sido a 'cara' da companhia, e contando-se hoje em dia entre os ícones 'pop' mais reconhecíveis a nível mundial; no entanto, não é menos acertado dizer que o Pato Donald ocupa um segundo lugar muito próximo nessa lista, surgindo à frente de Pateta (o terceiro personagem do 'trio maravilha' da BD Disney) e da própria namorada de Mickey, Minnie. Assim, não é de todo de espantar que, aquando dos dois aniversários marcantes que o pato mais famoso do Mundo celebrou durante os anos 90, a sua editora nacional da altura realizasse uma comemoração 'à altura', tal como fizera por ocasião dos aniversários de sessenta e cinco e setenta anos de Mickey. O resultado foram duas edições comemorativas que – ao contrário do que sucedia com pelo menos uma das do Rato Mickey – valia bem a pena ter na colecção para quem fosse fã da irascível ave aquática de fato de marinheiro.

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A primeira destas, que comemora dentro de um par de dias (a 26 de Julho) o trigésimo aniversário da sua chegada às bancas, era alusiva aos sessenta anos de Donald, e trazia quase duzentas e quarenta páginas com quase duas dezenas e meia de histórias protagonizadas pelo pato aniversariante e seu restante núcleo, com especial ênfase para os seus sobrinhos, catalistas da dinâmica familiar presente em muitas histórias do personagem. Infelizmente, das vinte e quatro aventuras que compunham o volume, a esmagadora maioria era de produção (à época) moderna, tendo sido originalmente publicada em meados da década de 80, o que fazia da edição pouco mais do que um Hiper Disney tematizado em torno do aniversário de Donald. Ainda assim, uma edição de valor para quem privilegiasse o coleccionismo, pese embora o proibitivo preço (quase setecentos escudos, uma 'pequena fortuna' em 1994, sobretudo no tocante a banda desenhada).

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Previsivelmente, muitas das falhas dessa primeira edição eram corrigidas na segunda, saída quase exactamente cinco anos depois, no mesmo mês de Julho (embora a data exacta de publicação não se encontre, neste caso, disponível) e que comemorava os sessenta e cinco anos do pato marinheiro. De facto, apesar de contar com apenas dois terços das páginas da 'irmã mais velha' (menos de duzentas), esta edição tirava o máximo proveito do espaço de que dispunha, apresentando não só uma mistura mais equilibrada de histórias antigas e modernas (com mais de metade – cinco em nove – assinadas por Carl Barks) como também uma estrutura seccionada por temas, cada um deles introduzido por uma página de texto informativo, e ainda uma capa e contra-capa dedicadas e devidamente assinaladas. Medidas que, em edições menos especiais, poderiam parecer 'para encher chouriços', mas que, neste contexto, dão ao volume o carácter diferenciado que se espera de uma edição de aniversário – e tudo por menos de quinhentos escudos, o que, em 1999, era consideravelmente menos do que os setecentos de 1994! Estes pequenos mas nada insignificantes ajustes ajudavam a fazer da edição '65 Anos' a melhor das duas, e mais do que colmatavam a redução em conteúdo e número de páginas, tornando-a quase essencial para fãs do temperamental pato.

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De realçar ainda duas edições, ambas de 1994 e ambas publicadas à margem das 'oficiais' da Abril: 'Feliz Aniversário, Donald – O Livro de Ouro das Suas Melhores Histórias', publicada pela RBA Editora como parte da colecção 'Disney em Banda Desenhada', e o livro do mesmo título da colecção 'Clássicos da BD'. Ambas são bem sucedidas em transmitir a sensação de 'edição de luxo', com as suas capas encadernadas e de cuidado desenho, mas (apesar dos títulos quase idênticos) os conteúdos de ambas são vastamente diferentes: o volume da RBA Editora segue, em larga medida, a mesma linha das edições da Abril, abrindo com três páginas dedicadas à génese do personagem e uma quarta com instruções sobre como desenhar Donald, e partindo daí para uma colectânea de histórias de todas as eras do personagem, enquanto o segundo livro foca-se, sobretudo, nas informações sobre a génese e percurso do aniversariante, descurando o aspecto de BD em si (embora contenha ainda duas histórias, nas últimas páginas.) Duas abordagens completamente diferentes, mas que resultam ambas bastante bem, podendo mesmo ser consideradas melhores do que qualquer das propostas da Abril/Controljornal, as quais não tinham quaisquer pretensões a ser algo mais do que revistas aos quadradinhos ligeiramente mais luxuosas do que a média.

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Independentemente do volume em que recaísse a escolha do jovem leitor, no entanto, uma coisa é certa: o sexagésimo e sexagésimo-quinto aniversários de Donald foram celebrados com tanta ou mais pompa e circunstância que o do 'melhor inimigo', e providenciou aos fãs do pato mais famoso do Mundo muito e bom material de leitura durante aqueles Verões de 1994 e 1999. Feliz aniversário, Donald, e que contes ainda muitos.

19.06.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Na última semana, temos vindo a focar os nossos 'posts' em produtos alusivos, ou derivados, das séries exibidas, em inícios dos anos 90, pelo espaço Clube Disney; e, depois de termos falado dos diversos videojogos protagonizados por personagens das mesmas, nada melhor do que dedicarmos a nossa atenção ao 'outro' grande meio artístico em que a companhia se movia, além dos desenhos animados – a BD. Isto porque, apesar de a maioria das séries em causa apenas ter direito a tradução em Português 'de Portugal' já vários anos após a sua saída do 'ar' (nomeadamente através de diversas séries de álbuns aparentemente desconexas e algo aleatórias), foram ainda assim feitos alguns esforços para apresentar histórias alusivas a alguns dos personagens ainda durante o apogeu da sua popularidade, nomeadamente por parte da editora por excelência de materiais Disney em Portugal, a então ainda chamada Abril Jovem. De entre estes, destaca-se a edição de um luxuoso álbum encadernado, com centenas de páginas, exclusivamente dedicado à reprodução de histórias com a 'marca' DuckTales, das quais existia já uma vasta selecção do outro lado do oceano, por terras de Vera Cruz.

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Certamente editado em simultâneo com a transmissão da série na RTP, por forma a capitalizar sobre a sua popularidade (embora a data exacta de publicação seja desconhecida), 'DuckTales – Os Caçadores de Aventuras' era uma importação directa do Brasil (o que explica a utilização do título empregue naquele país, por sinal MUITO melhor e mais adequado que o português) e reunía, num só volume, nada menos do que quatro números da revista brasileira do mesmo nome, a qual, mau-grado a profusão de edições transatlânticas no mercado português, nunca chegou a ser distribuída por terras lusas. No total, eram doze histórias, distribuídas ao longo de quase trezentas páginas (!) nas quais cabiam, também, frontispícios informativos e contextualizantes, e até uma página de passatempos. Um verdadeiro 'maná' de material a explorar para fãs da série, e que apenas torna mais deprimente o facto de nenhuma destas histórias alguma vez ter tido uma edição 'a sério' em Portugal.

Ainda assim, este álbum não terá deixado de constituir um verdadeiro 'evento' para quem tinha interesse na série em causa, fazendo por justificar o sem dúvida exorbitante preço de revenda, e destacando-se decididamente da miríade de edições 'normais' deitadas para as bancas pela hegemónica Abril a cada novo mês durante a época em causa.

22.05.24

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

A hegemonia da Abril Jovem (depois Abril-Controljornal) no seio do mercado de banda desenhada português de inícios dos anos 90, e os riscos que essa posição permitia tomar sem grandes repercussões, são já temas recorrente desta rubrica do nosso 'blog'; menos falado, no entanto, é o facto de a ubiquidade das BD's Disney nas tabacarias e bancas de jornais portuguesas ter motivado outras editoras a tentar conseguir um pedaço de tão lucrativo 'bolo', fosse através da edição de álbuns individuais, fosse, como no caso do tema deste 'post', através de uma colecção completa.

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Um dos álbuns da série, no caso tematizado na então recém-inaugurada Eurodisney.

Genericamente intitulada 'Disney em Banda Desenhada', a série editada pela RBA Editora há cerca de trinta anos revelava, infelizmente, tão pouco cuidado na selecção de histórias como na denominação da série. Isto porque, em oposição directa à tematização explícita das edições especiais da Abril, a colecção da RBA parece não ter um fio condutor, ou sequer propósito declarado, cabendo na mesma desde histórias da Disney Adventures traduzidas (com personagens como o Comando Salvador ou o Pato da Capa Preta) até adaptações directas de filmes da companhia como Aladdin, Basílio o Grande Mestre dos Detectives ou o segundo filme de Bernardo e Bianca, passando por histórias mais compridas e épicas, livros compostos inteiramente por 'tirinhas' de uma página e até uma edição comemorativa do aniversário da criação do Pato Donald, que por essa altura celebrava sessenta anos de existência. Um verdadeiro 'balaio de gatos', que tinha a vantagem de oferecer conteúdos um pouco para todos os gostos (e em luxuosa edição em formato livro, por oposição às habituais revistas formato A5) mas pecava pela falta da coesão a que a Abril Jovem havia habituado (mal) os seus leitores.

Não é, pois, de admirar que a referida colecção não tenha sido mais do que um mero 'ponto' no 'radar' da banda desenhada Disney dos anos 90, ofuscada tanto por alguns dos álbuns editados pela própria Abril como por colecções como a que propunha adaptações bilingues de todos os filmes da companhia. Ainda assim, a série da RBA ofereceu algo, à época, ainda pouco visto, nomeadamente histórias declaradamente afastadas do 'núcleo duro' de personagens da companhia, o que poderá ter servido de 'chamariz' para os fãs das BD's Disney já fartos do constante foco em Mickey e Pateta. Para esses, a colecção ora em análise poderá ter tido algum factor nostálgico; para o fã comum das revistas da Abril, no entanto, o mais provável é que esta série tenha passado quase despercebida

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