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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.02.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

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De entre os muitos estilos que floresceram no ambiente musical dos anos 90, o rap e o hip-hop foram alguns dos mais destacados. Ainda que a génese do estilo remetesse à década transacta – que já havia dado ao movimento alguns dos seus mais clássicos artistas, como os super-grupos Sugarhill Gang, Run-DMC, Public Enemy e N.W.A., entre outros - foi nos últimos anos do século XX que o género verdadeiramente floresceu, substituindo as batidas algo primárias daqueles e outros artistas oitentistas por produções mais ricas, e conseguindo mesmo transcender o seu nicho e tornar-se conhecido a nível do 'mainstream'. No espaço de alguns anos, nomes como Dr. Dre, Snoop Dogg, Puff Daddy, DMX, Tupac Shakur, Cypress Hill ou o grupo de 'alucinados mentais' conhecido como Wu-Tang Clan tornavam-se conhecidos do melómano comum, e conseguiam mesmo que algumas das suas músicas 'caíssem no gosto' de um público mais alternativo, que se revia na indignação e frontalidade dos cantores do movimento, pesasse embora a falta de guitarras eléctricas como pano de fundo.

Escusado será dizer que não tardou até que novos artistas explorassem esta conjuntura favorável, sendo alguns deles mesmo 'protegidos' dos pioneiros do movimento; e embora nem todos estes nomes tenham tido carreiras exactamente memoráveis, há, sem dúvida, um deles que se destaca acima de todos os outros – o de um jovem caucasiano franzino, de cabelo loiro oxigenado, que, nos últimos anos do Segundo Milénio, logrou desafiar a hegemonia afro-americana do género, e lançar uma carreira que perdura até aos dias de hoje, e que não se pode considerar nada menos do que icónica. Falamos, claro está, de Marshall Bruce Mathers III, mais conhecido nos círculos do hip-hop pelo seu 'nome de guerra', Eminem.

Já conhecido nos meandros do 'underground' há mais de uma década, graças às habituais 'mixtapes' e colaborações, bem como por formar parte do grupo Dirty Dozen, ou D12, seria, no entanto, apenas nos últimos meses do Segundo Milénio que Eminem verdadeiramente atingiria a fama, através do seu segundo registo de originais, um disco que levava o nome do 'alter-ego' do 'rapper, e que muitos melómanos mais distraídos até hoje crêem ser o seu disco de estreia. Não era – essa honra pertencia a 'Infinite', lançado três anos antes, e sucedido por uma 'demo' auto-intitulada, em 1997 – mas era, sem dúvida, o disco que o catapultava para a consciência colectiva da juventude de finais do século XX, para quem se tornou quase imediatamente um ídolo, pela sua tendência para a imagética profana e deliberadamente chocante, inspirada em parte por filmes de terror. Um 'rapper' totalmente adequado para a época em que surgiu, portanto, e que não hesitou em usar esse oportunismo para demonstrar todo o seu talento, e se tornar um ícone do 'hip-hop' moderno.

Não era, de facto, apenas a 'curiosidade' de ser caucasiano, ou a quantidade de 'asneiras' e piadas 'porcas' que dizia, que tornava Eminem interessante para os jovens daquele final dos anos 90; o próprio estilo vocal e musical do 'rapper' era único e inconfundível. Numa era em que todos tentavam ser mais 'graves' do que o 'vizinho' – com alguns artistas a beirarem o 'grunhido' ininteligível – Mathers apresentava uma voz deliberadamente aguda e nasalada, de 'cana rachada', que condizia na perfeição com a letra sardónica e cómica e batidas algo 'estranha', minimalista e até 'cartoonescas«' do 'single' com que se apresentaria ao Mundo, o adequadamente intitulado 'My Name Is...'. Este diferencial distinguia-o, desde logo, da maioria dos outros artistas do género, o que, quando aliado às letras sarcásticas e provocatórias e ao seu tom de pele, colocava sobre ele um holofote muitas vezes 'iluminado' à base de controvérsias, mas que também ajudava a dar luz ao seu talento – talento esse que fica bem espelhado no álbum em análise neste 'post'.

O 'single' 'My Name Is...' assinalaria a primeira vez que grande parte do Mundo ouviria falar de Eminem.

De facto, sem ser um álbum geracional e transcendente como seria o seu sucessor directo – não há nenhuma 'Stan' em 'The Slim Shady LP' – detém ainda assim, merecidamente, o estatuto de clássico moderno do rap e hip-hop, graças a músicas como a referida 'My Name Is...', 'Guilty Conscience', 'Role Model' ou 'Just Don't Give a Fuck', esta com a participação do amigo Kid Rock, também ele, à época, um artista em ascensão.

E apesar de as restantes faixas serem menos memoráveis ou históricas – ao contrário do que aconteceria no álbum seguinte – e de o álbum ter entrado para a História sobretudo por aquilo a que deu azo nas duas décadas e meia seguintes (ao contrário, mais uma vez, do que sucede com o seu sucessor) esta quase exacta hora de música não deixa, ainda assim, de constituir um marco na música moderna, nem de ser de 'audição obrigatória' para qualquer fã do género, e merece bem ser celebrada, poucos dias depois de se ter assinalado um quarto de século sobre o seu lançamento, a 23 de Fevereiro de 1999. Parabéns, e que continue a constituir uma referência do estilo durante ainda muitos mais anos.

25.12.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Já aqui anteriormente referimos como o conceito de 'disco de Natal' faz parte daquele leque de edições que permitem, com relativamente pouco esforço e investimento, retirar lucros consideráveis; afinal, quem não gosta de dar à sua quadra festiva uma banda-sonora adequada, recheada daqueles mesmos clássicos intemporais já de há muito entrados no domínio público e, como tal, disponíveis praticamente de graça? Com isto em mente, não é de admirar que se continue a assistir a uma verdadeira 'avalanche' de edições deste tipo a cada novo mês de Dezembro, algumas com 'roupagem' ligeiramente mais atractiva, ou até mesmo licenciada, mas a maioria constante de uma selecção dos mesmos temas e artistas associados desde há décadas à época do Natal.

Um dos mais curiosos exemplos deste tipo de disco foi o disponibilizado pela marca de electrodomésticos Teka e pela revista de 'fofocas' e programação Nova Gente em inícios dos anos 90 - presumivelmente, como parte de uma promoção ou oferta na compra da revista durante a quadra em causa.

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Simplesmente e singelamente intitulado 'As Mais Belas Melodias de Natal', e com grafismo tão genérico quanto o título, trata-se de uma colecção de oito temas natalícios, com uma duração aproximada de apenas vinte e cinco minutos, na qual se misturam temas mais tradicionais com as habituais interpretações 'jazz' ou 'swing' de Bing Crosby, Doris Day e Frank Sinatra que tendem a monopolizar a programação das rádios durante este período. De singular ou único, só mesmo os enormes logos da Teka e Nova Gente impressos na capa, e que não deixa esquecer a origem nem a empresa responsável pela existência do disco - uma jogada de marketing que não deixa de ser inteligente, pese embora a natureza pouco impressionante ou memorável da edição em causa.

Talvez tenha sido essa mesma falta de 'algo mais' que fez com que 'As Mais Belas Melodias de Natal' se perdesse por completo nas 'brumas do tempo' nas três décadas desde o seu lançamento, sendo este um daqueles produtos que apenas conhecemos devido à habitual entrada no Discogs.com, aos ocasionais leilões do mesmo no OLX e por, ainda hoje, continuar a existir uma cópia na casa familiar do autor que vos escreve. Algo de estranhar, apenas, pela proveniência do disco em causa, uma daquelas 'bizarrias' que costumam dar a produtos funcionais, mas perfeitamente anónimos, um estatuto um pouco mais de culto - algo que, infelizmente, parece não se ter passado com este CD da Teka e Nova Gente, cuja memória se encontra, até agora, apenas verdadeiramente preservada pelo 'post' que acabam agora de ler.

11.12.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Apesar de fazer parte integrante da cultura e costumes da ideologia católica e cristã portuguesa, o Natal não tem tradicionalmente, em termos musicais, a mesma expressão no nosso País de que goza, por exemplo, nos Estados Unidos ou Reino Unido. De facto, antes de David Fonseca se dedicar a criar 'hinos' nacionais para a quadra, eram poucos os artistas portugueses que se aventuravam na gravação de uma música de Natal, sendo a maioria dos álbuns e lançamentos do género em solo nacional constituídos por aquelas velhas músicas do domínio público que todos nos habituámos a ter como 'banda sonora' das compras de última hora. Com isto em mente, não deixa de ser surpreendente – e admirável – a tentativa da Vidisco de lançar um verdadeiro disco de Natal 'made in Portugal', com a edição de 'Natal – Música e Canções', logo na primeira quadra festiva da década de 90.

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De facto, das dezasseis músicas que compõem o álbum, nem uma se insere em qualquer das categorias supramencionadas: não há aqui 'standards' dos anos 40 a 60, canções cantadas porta-a-porta por crianças norte-americanas, e nem mesmo 'A Todos Um Bom Natal' – 'A' cantiga de Natal portuguesa – aqui marca presença. O alinhamento do disco é, assim, composto por uma mistura de canções tradicionais, como 'Noite Feliz', uma ou outra peça clássica ('Avé Maria', interpretado aqui por C. Morgan) e muitos temas menos conhecidos e mais obscuros, metade dos quais a cargo do misterioso conjunto Bola de Neve, e a outra da responsabilidade dos não menos anónimos Linucha, Ana Maria, Rui Pilar e Arlindo de Carvalho, além do referido C. Morgan. Uma equipa de perfeitos desconhecidos (quase todos especializados na produção de música 'por encomenda', embora Ana Maria tenha tido uma série de 'singles' na década de 60) que 'casa' bem com o título e capa perfeitamente genéricos do álbum.

De facto, reside aí a maior pecha de 'Natal – Música e Canções': apesar do conceito e temática interessantes e até algo inovadores, toda a execução do álbum tem aquela aura 'às três pancadas' típica de muitos lançamentos do género, e que, inevitavelmente, os relega para aqueles clássicos expositores de cassettes e CDs das tabacarias e bombas de gasolina, ou para a secção de 'super-desconto' do supermercado – e, a julgar pela ínfima expressão deste lançamento, tanto à época como três décadas e meia depois, é mesmo de crer que terá sido também esse o destino de 'Natal – Músicas e Canções'. Uma pena, pois conceptualmente, este disco poderia ter-se afirmado como alternativa às mesmas colectâneas importadas com a mesma dúzia de músicas de que, mesmo na altura, já todos estávamos cansados, bastando para isso ter tido uma execução um pouco mais cuidada...

13.11.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

O fim de uma banda icónica nem sempre garante o sucesso de seja qual for o projecto a que os músicos se dediquem em seguida; antes pelo contrário, esse tipo de 'sequela' musical tende, na maioria dos casos, a ser algo ignorada pelos fãs do grupo original, que desejam apenas mais um álbum da sua banda favorita. Assim, qualquer músico que embarque neste tipo de 'aventura' tem pela frente uma série de obstáculos, a começar por essa mesma aceitação dos fãs, e que passa também pela vontade, bastante frequente, de se demarcar do som do seu grupo de origem, o que ainda ajuda a reduzir mais o interesse da 'massa adepta' pelo novo projecto.

Foi, precisamente, esse o paradigma com que se depararam Rui Pragal da Cunha e Paulo Gonçalves, dos efémeros mas icónicos Heróis do Mar, banda que marcou a cena pop-rock nacional durante os anos 80, mas que não sobreviveu ao dealbar da nova década, encerrando actividades logo nos primeiros meses da mesma. Não demorou, no entanto, até que os dois músicos demarcassem novo objectivo musical, e, menos de um ano após a dissolução dos Heróis, via a luz o primeiro (e único) registo do projecto LX-90.

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As capas das duas versões (nacional e internacional) do único álbum do projecto.

Com um nome que consiste, simplesmente, das formas abreviadas do ano e localidade de formação da banda (mas que consegue, mesmo assim, soar 'cool' e misterioso q.b.), este projecto vê Rui e Paulo juntar-se a DJ Vibe e aos desconhecidos Nuno Miguel e Nini Garcia para desenvolver um som dançante e psicadélico, alicerçado em estilos como o 'trip-hop', e pautado pelas vocalizações dramáticas e por vezes quase declamadas de Rui Pragal da Cunha; no fundo, uma espécie de versão mais 'pesada' e alternativa do 'synth-pop' dos Heróis, que não tentava sequer agradar aos fãs dos mesmos, e apontava, em vez disso, a uma demografia totalmente nova que começava a dealbar entre as gerações mais novas.

Talvez tenha estado aí a razão do insucesso do projecto: sem a ligação sonora aos Heróis do Mar, Rui e Paulo alienaram uma base de fãs antes de terem conseguido conquistar outra, e acabaram por se perder nas 'malhas' das cenas pop-rock e alternativa nacionais. O grupo ainda tentou um 'ataque' internacional, através de uma versão do álbum com músicas em Inglês, mas ficou mesmo por aí a sua discografia, tendo os músicos encerrado actividades pouco tempo depois.

Em anos subsequentes, no entanto, o projecto LX-90 atingiu um certo estatuto de culto, que motivou mesmo, já neste ano de 2023 (concretamente a 13 de Julho) uma reunião, para participar no festival Super Bock Super Rock. Desta nova formação fazem parte, além dos dois ex-Heróis do Mar e de DJ Vibe, Nuno Roque, João Gomes e Samuel Palitos, este último um ex-membro dos ícones do punk nacional Censurados. Resta saber se este foi um reencontro esporádico ou se haverá planos para prosseguir com a carreira de um nome que merecia mais do que a carreira breve e discreta de que gozou, e a audiência de culto que logrou angariar durante a mesma.

30.10.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

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Apesar de não ser especialmente comum, o caso de um artista obter mais sucesso num país estrangeiro do que no seu de origem não é, de todo, inaudito; antes pelo contrário, o Portugal dos anos 90 assistiu a pelo menos três ocorrências deste fenómeno, com Iran Costa, em 1995, e Netinho, em 1998, a 'desbravarem caminho' para aquele que viria a ser o exemplo definitivo deste paradigma, tomando de assalto os 'tops' portugueses durante grande parte deste último ano, e batendo recordes de vendas para um único disco ainda hoje vigentes. Falamos, é claro, de Daniela Mercury, a cantora pop brasileira cujo quarto disco, 'Feijão com Arroz', atingiu em Portugal a marca de sêxtupla platina (correspondente à venda de quase 250 mil unidades) e inscreveu o seu nome no livro de recordes nacional como o álbum mais vendido de sempre no nosso País, além de dar às rádios nacionais um 'hit' perene para as suas 'playlists', na forma do single 'Nobre Vagabundo'.


À primeira vista, todo este sucesso pouco tem de invulgar; a surpresa chega quando se percebe que, apesar de ser já o quarto lançamento da cantora, este é o álbum de revelação de Daniela Mercury no mercado português. De facto, apesar de gozar já de enorme sucesso no seu país natal (onde 'Feijão com Arroz' é apenas o segundo álbum mais vendido da sua carreira, ficando atrás do anterior 'O Canto da Cidade') a cantora tinha, até então, sido incapaz de expandir o seu raio de acção a mercados internacionais, uma situação que mudou da forma mais drástica possível quando 'Nobre Vagabundo' pôs meio mundo a perguntar quanto tempo tinha para matar essa saudade, e um em quatro lares portugueses a investir na compra do disco – prova do poder que um single forte continua(va) a ter sobre o melómano casual.

Surpreendente é, também, o facto de – ao contrário da conterrânea Ivete Sangalo, alguns anos depois – o apelo de Mercury junto do público português não ter sido sustentado, não havendo registo de qualquer outro álbum na carreira da cantora cujos números sequer se aproximassem dos de 'Feijão com Arroz'. Assim, à semelhança do supracitado Netinho, Daniela veria o seu legado por terras lusitanas ficar-se por um single 'arrasa-quarteirões' e um disco recordista de vendas, não tendo qualquer destes dois factores almejado o seguimento que naturalmente se lhes previa; de facto, a cantora brasileira escapa por muito pouco ao rótulo de 'one-hit wonder' no contexto do mercado fonográfico em Portugal.

A carreira da cantora em si esteve longe de declinar após este marco, entenda-se – pelo contrário, Mercury viria a cantar com Alejandro Sanz e Paul McCartney (este último na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz) e tocar em conceituados festivais de jazz; em Portugal, no entanto, a natural da Bahia continua a ser conhecida, sobretudo, como a artista que, com apenas um único disco, conseguiu tornar-se o terceiro nome musical mais vendido de sempre no nosso País, apenas atrás de Julio Iglesias e do conterrâneo Roberto Carlos; no total, foram mais de um milhão de discos vendidos no último quarto de século – uma marca impressionante por parte de uma artista que dominou por completo os 'tops' de vendas em 1998, mas que continua a ser, sobretudo, conhecida por essa já decana façanha...

07.08.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Qualquer propriedade intelectual que consiga algum sucesso – seja entre o público infanto-juvenil ou mesmo entre os mais 'crescidos' – estará sempre sujeita ao aparecimento de produtos que tentam utilizar a sua imagem para vender algo pouco ou nada relacionado com a mesma. Mas enquanto que a utilização dos sobrinhos do Pato Donald como porta-voz de cereais ainda pode ser vista como uma conexão com algum sentido, o mesmo não se pode dizer da presença de Songoku e seus amigos na capa de um CD de Europop.

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Um dos mais bizarros produtos já abordados no Anos 90 (crédito da imagem: OLX).

Que a maior febre de recreio de sempre em Portugal não poderia nunca ficar imune a este fenómeno era um dado adquirido; a estranheza vem do método escolhido para capitalizar sobre a popularidade da série. Isto porque, das sete músicas de 'Dragon Ball Z - Vivam os Meus Amigos' (lançado em 1997, no auge da popularidade da série) apenas as três escritas propositadamente pelo chefe do projecto, Fernando António dos Santos ('Kameame', 'Saber Ser Guerreiro' e 'Dragon Mix',) tentam estabelecer ligação com o 'anime' de Akira Toriyama, não constando sequer do alinhamento os lendários temas de abertura de qualquer dos (então) dois capítulos da saga. Mais – as músicas tão-pouco são interpretadas pelos actores da série, ficando, em vez disso, a cargo de vocalistas genéricos, alguns sem sequer direito a apelido nos créditos, caso do vocalista principal Cândido ou de uma tal Ana Margarida.

Quanto ao estilo musical, é o que se poderia esperar – um Eurodance marcadamente 'pimba', típico do período, e que não ficaria a mais num disco dos Excesso, D'Arrasar ou Santamaria (bandas que Cândido e os seus comparsas parecem, aliás, estar a tentar imitar.) Quem esperava algo mais tolo ou divertido, ao estilo de uns Aqua, poderá ficar desapontado, mas aqueles para quem a presença de Songoku na capa já constitui razão suficiente para a compra serão, sem dúvida, menos exigentes – à semelhança, aliás, dos responsáveis por este projecto, que nem sequer se preocuparam em colocar a imagem correcta na capa, já que o CD é alusivo a Dragon Ball Z, mas a ilustração é retirada do ÍNÍCIO da série original, com Songoku pré-adolescente e ainda de 'kimono' azul, e Yamcha com a sua roupa de fora-da-lei, antes de ambos trocarem as respectivas vestes pelo tradicional vermelho da escola do Mestre Tartaruga Genial!

'Vivam os Meus Amigos' destaca-se, assim, sobretudo pelo fascínio exercido por uma obra que consegue não acertar plenamente em absolutamente NADA, e cuja própria existência é, em si mesma, fascinantemente bizarra, justificando os elevadíssimos preços que o disco consegue em sites de leilões. Para quem ainda nutra alguma curiosidade mórbida quanto ao que se pode ouvir nesta 'pérola' da exploração comercial, fica abaixo o álbum completo, para que possam ser tiradas conclusões próprias...

24.07.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Por vezes, no mundo da música, sucede um fenómeno curioso, mediante o qual um determinado país ou região cria laços afectivos com um artista ou grupo estrangeiro, a ponto de o mesmo ser acarinhado como se de um 'produto' nacional se tratasse. É, ainda hoje, o caso, por exemplo, com o Brasil e Argentina em relação aos Iron Maiden e KISS, do Japão em relação a Ozzy Osbourne, e – como veremos neste post – de Portugal com os alemães Guano Apes.

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De facto, durante o auge da sua popularidade, em finais dos anos 90, parecia não passar um ano sem que a banda de Sandra Nasic, Henning Rümenapp, Steffan Ude e Dennis Poschwatta fizesse mais uma paragem em algum palco português – normalmente num dos inúmeros festivais de Verão realizados à época, um pouco à semelhança do que se passaria também com os Metallica na década seguinte - ou até mesmo num programa de televisão, por mais incongruente que este fosse com o seu estilo musical. E, para ser sincero, o público lusitano também não parecia cansar-se de ouvir sucessos como 'Lords of the Boards', 'Rain', 'Open Your Eyes' ou a versão 'rockalhada' para 'Big In Japan', original dos Alphaville – tudo temas repetidos quase em 'loop' nas rádios 'alternativas' portuguesas, sobretudo na saudosa e influente Mega FM. E depois, de repente, tudo parou; o grupo deixou de gozar do sucesso que anteriormente conhecia, e o nome Guano Apes desapareceu do léxico musical dos jovens afeitos ao rock alternativo.

O concerto da banda na edição de 2000 do Festival do Sudoeste, e a inesperada aparição programa 'Herman 99', sucessor de 'Herman 98' na grelha da SIC são apenas duas das muitas presenças dos Apes no nosso País por alturas da viragem do Milénio.

As razões para tão abrupto 'esquecimento' são incertas, sendo que, mesmo tendo em conta o decréscimo de sucesso do primeiro para o segundo álbum, o grupo continuou a ser bastante popular tanto entre entusiastas do movimento 'nu-metal' (nas franjas do qual a banda vinha caminhando) como do rock alternativo mais melódico, mas ainda assim cheio de atitude, ao estilo de umas Hole ou Veruca Salt. Mas se 'Don't Give Me Names' (de 2000) ainda teve a 'cover' de Alphaville, 'Don't Give Me Names' (de 2003) não gozou da mesma sorte, apesar da presença de pelo menos um tema tão bom quanto os dos dois primeiros álbuns, o explosivo 'Dick'. A total indiferença a que o dito lançamento foi votado, aliado às habituais 'diferenças criativas', viria, aliás, a ditar o fim dos Guano Apes, que entravam em hiato em 2006 para prosseguir outros projectos, nenhum dos quais teve qualquer repercussão em Portugal.

Parecia ser o fim do 'caso' amoroso entre os 'roqueiros' alternativos alemães e o público lusitano; no entanto, como sucede em tantos outros casos, a história dos Guano Apes viria mesmo a ter, mais do que um epílogo, uma sequela, já que o grupo se voltaria a reunir apenas três anos depois, e lançaria ainda mais dois discos de estúdio, 'Bel-Air' (de 2001) e o derradeiro 'Offline' (de 2013), além de uma edição especial comemorativa dos vinte anos de 'Proud Like a God'. As visitas a Portugal, essas, mantêm-se até aos dias de hoje, tendo o grupo actuado no nosso País há apenas dois dias, aquando da escrita deste post, no caso na concentração 'motard' de Faro. E embora o seu público esteja – como os próprios músicos – mais envelhecido e enrugado do que há um quarto de século, é de crer que as gargantas continuem afinadas para 'berrar' em uníssono os grandes sucessos de antanho; afinal, uma verdadeira paixão nunca morre completamente, apenas esmorece...

26.06.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Na última Sessão de Sexta, abordámos aquele que foi um dos filmes de maior sucesso no ano de 1993 – 'O Guarda-Costas', o drama romântico que unia o então galã 'de primeira' Kevin Costner à mega-popular diva pop Whitney Houston, que fazia assim a sua estreia cinematográfica. No decurso dessa peça, referimos também que o sucesso da referida película havia sido consideravelmente ultrapassado pelo da sua banda-sonora, que se viria a tornar o LP mais vendido do ano em Portugal e um pouco por todo o Mundo; agora, chega a hora de expandirmos um pouco essa temática, e analisarmos mais a fundo um daqueles 'mega-sucessos' discográficos como cada vez vai havendo menos.

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A banda sonora d''O Guarda-Costas' segue o mesmo modelo de outras, como 'Tarzan', da Disney, cujo principal destaque é a presença de um compositor ou intérprete – neste caso, a própria cantora, que se encarrega de metade das faixas do álbum (a outra metade pertence a nomes como Kenny G, Lisa Stansfield ou Joe Cocker, todos, como Houston, com temas inéditos e gravados em exclusivo para o filme). Assim, mais do que uma banda sonora comum, este álbum acaba por afirmar-se quase como um novo EP (ou mini-LP, como eram conhecidos na altura) de Whitney, podendo os fãs da cantora ignorar a segunda metade do álbum, se assim desejarem, e focar-se apenas na mão-cheia de músicas inéditas da sua 'diva' favorita – um aspecto que talvez tenha contribuído para as vendas astronómicas deste álbum à época (além, claro está, da popularidade do filme em si).

Outro factor determinante na 'cavalgada' deste disco para o topo das tabelas discográficas de Portugal e do Mundo é o facto de o primeiro dos seis novos temas, e faixa de abertura do álbum, ser 'I Will Always Love You', tema-estandarte de Whitney Houston, e talvez o mais popular dos seus muitos sucessos. E a verdade é que a faixa merece a aclamação de que goza, apresentando uma prestação portentosa por parte da cantora, que ajudaria a cimentar a mesma no panteão de grandes vozes da música moderna. Entre as restantes, destaque também para 'I'm Every Woman', um clássico da era 'disco' originalmente gravado por Chaka Khan e que mostrava a versatilidade da cantora, ao mesmo tempo que prestava homenagem a influências como Aretha Franklin, Tina Turner ou a própria intérprete original da música.

Em suma, analisando os factores em torno do sucesso desta banda sonora, torna-se fácil perceber a razão do mesmo, que passa por uma estratégia de 'marketing' inteligente, que aliava a presença de um nome sonante da música pop da época a temas exclusivamente originais (ainda que muitos fossem versões de músicas gravadas em décadas anteriores por diferentes artistas), cerca de metade dos quais interpretado pela própria 'estrela' – uma combinação que ajudou a fazer deste disco o mega-sucesso que constituiu, e que torna surpreendente o facto de essa mesma abordagem não ter sido repetida com maior frequência.

À distância de trinta anos, e com um panorama musical significativamente diferente, a banda sonora original de um filme romântico entretanto esquecido pode parecer uma escolha estranha para o posto de disco mais vendido mundialmente, seja em 1993 ou em qualquer outro ano; a verdade, no entanto, é que o 'star power' de Whitney Houston naqueles inícios de 90 era tal que chegava, por si só, para causar esse efeito, e tornar este álbum num dos 'objectos de estudo' do mercado musical de finais do século XX.

 

06.03.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

Apesar de não ter, de longe, tanta expressão como a vizinha Espanha e os outros 'enclaves' mediterrânicos, como a Itália e a Grécia, Portugal não deixa, ainda assim, de ter uma cena hard rock e heavy metal bastante saudável, com várias bandas a conseguirem ganhar reconhecimento a nível nacional ao longo dos anos, e mais do que uma publicação especializada a gozar de alguma longevidade. Ainda assim, a triste verdade é que, destas, são mesmo muito poucas as que chegam a gozar de algum sucesso ao nível do 'mainstream', sendo pouco provável que o fã médio de música radiofónica (mesmo que com inclinações mais 'rock') seja capaz de nomear mais do que dois ou três nomes nesta categoria. Destes, o primeiro será inevitavelmente o dos Moonspell, expoente máximo do metal português, e talvez a única banda pesada verdadeiramente bem-sucedida a alguma vez sair do nosso país; logo atrás dos 'mestres' liderados por Fernando Ribeiro virão talvez, no entanto, nomes como os dos Tarantula – veterana banda de metal clássico do Porto, no activo há quase quatro décadas – e o da banda visada nesta Segunda de Sucessos, os lisboetas R.A.M.P.

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Caso paradoxal da música nacional, o grupo da Margem Sul do Tejo (cujo nome é um acrónimo das iniciais dos membros fundadores) conseguiu a proeza – considerável mesmo nos dias de hoje, e ainda mais nos anos 90 - de atingir a aceitação do grande público melómano sem nunca comprometer ou 'amaciar' a sua sonoridade power/thrash/groove, muito influenciada por bandas como Pantera. Ao contrário do que acontece em tantos outros casos, as guitarras pesadas e vocalizações fortes do fundador Rui Duarte não impediam a banda de bater recordes de vendas para uma banda pesada (o segundo disco, 'Intersection', entrou nos tops nacionais em 1995) e ser convidada a marcar presença em eventos e programas de índole generalista, como o 'Buereré', no qual se afirmaram como, talvez, o convidado musical mais insólito, incongruente e inesperado da década, senão mesmo da História da televisão portuguesa. A imagem daqueles 'cabeludos' a berrar e a fazer o tradicional 'headbanging' no cenário multi-colorido do programa de Ana Malhoa, rodeados de 'bonecos' e crianças em idade de instrução primária ficou, desde esse momento, gravada na memória de toda uma geração – o que, no fundo, faz com que a presença da banda no programa possa ser considerada um sucesso...

Imaginem ligar a televisão num fim-de-semana de manhã e 'ouver' isto entre o Dragon Ball Z e os Power Rangers...

Não era só a televisão infanto-juvenil que dava um nível inusitado de atenção à banda do Seixal; também a rádio parecia gostar do colectivo liderado por Rui Duarte e Ricardo Mendonça, tendo a Rádio Comercial considerado 'For A While', uma das faixas de 'Evolution, Devolution, Revolution', o terceiro trabalho do grupo, como uma das dez melhores músicas do ano de 1998 – uma distinção meritória e difícil de atingir para muitos artistas pop, que dizer de uma banda de metal! Também radialistas como António Sérgio consideravam o grupo uma 'pedrada no charco' do rock português, tendo-se este apoio (declarado ainda por alturas do primeiro álbum do grupo, 'Thoughts', de 1992) provado determinante na ascensão da banda dentro da cena musical nacional.

'For a While', o tema considerado como um dos dez melhores de 1998 pela Rádio Comercial.

Ascensão essa que, aliás, continuaria Novo Milénio adentro, com o grupo a continuar a ser 'a' banda de abertura por excelência para grandes nomes do metal mais pesado em território nacional, e a lançar mais dois álbuns álbuns de originais, um ao vivo, e uma colectânea celebratória do quarto de século de actividade, todos bastante bem sucedidos, pesem embora algumas mudanças de formação.

Comemorada a referida marca de vinte e cinco anos de actividade, no entanto, o grupo perde proeminência, remetendo-se ao relativo silêncio (pelo menos a nível discográfico) durante quase uma década, antes de ensaiar um regresso tão inesperado quanto explosivo em 2022 – a reacção ao qual foi suficientemente entusiasta para provar que os R.A.M.P. continuavam a ser capazes de atrair os 'metaleiros' portugueses em massa, e que a reputação da banda dentro da cena se mantinha intacta, mesmo que longe do sucesso comercial de outros tempos. Quanto ao que o futuro reserva para o grupo de Rui Duarte e companhia, há que esperar para ver, mas uma coisa é certa: os R.A.M.P. merecem já o seu lugar na lista de grandes nomes da música alternativa portuguesa, não só dos anos 90 como a nível geral – uma façanha invejável para um grupo de um estilo tão pouco 'acessível' como o thrash metal...

20.02.23

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

E em pleno período de Carnaval, nada melhor do que recordar aquele que foi um dos discos de maior sucesso entre a 'criançada' portuguesa noventista, e que tinha como intérpretes uma dupla de palhaços, um dos símbolos máximos desta época do ano.

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Capa e alinhamento do álbum.

Falamos do primeiro dos quatro (!) álbuns alusivos ao programa infantil Batatoon, lançado em 1999, e que foi talvez o expoente máximo do 'império' comercial derivado daquele que foi, também, um dos maiores sucessos da década junto do público-alvo, cuja licença se estendia ainda a uma revista e a um sem-número de produtos com as caras dos apresentadores Batatinha e Companhia; no entanto, era mesmo o CD ou cassette que os pequenos fãs do programa mais procuravam, tendo-se este álbum rapidamente tornado um êxito, não só em termos de vendas, mas também de popularidade entre a demografia em causa.

As razões para tal estatuto eram simples, e estavam ligadas ao facto de, ao contrário de outros álbuns infantis licenciados do mesmo período, como o d''Os Patinhos', este lançamento consistir, não apenas de duas ou três faixas 'licenciadas' – neste caso, os dois temas-título e a música dos 'Parabéns', as músicas mais populares do programa - rodeadas de versões de cantigas do domínio público; em vez disso, o restante alinhamento consistia de músicas verdadeiramente ouvidas no contexto do programa da TVI, aproximando assim o disco de algo como 'As Canções do Lecas' ou dos álbuns do Buereré ou da Arca de Noé, que se podem considerar seus precursores directos

O que muitas das crianças que vibravam ao som de 'Croc Croc' ou 'O Cãozinho Entra na Roda' certamente não saberiam à época era que estas mesmas músicas eram adaptações quase directas do repertório da famosa Xuxa, lenda viva dos programas infantis brasileiros, ou de outros conjuntos infantis daquele país, como o Trem da Alegria, com apenas muito ligeiros ajustes de linguagem para os trazer do Português do Brasil para o europeu, reduzindo assim a necessidade de compôr e gravar temas originais...

Comparação entre a versão original brasileira de 'Croc Croc' e a adaptação portuguesa incluída no álbum.

Mérito, ainda assim, para os dois intérpretes, que conseguiram não só 'trazer' estas músicas para o outro lado do Oceano Atlântico, mas também torná-las sucessos junto de um público infantil algo diferente do do brasileiro – até porque muitos destes temas tinham já mais de uma década de existência quando 'aterraram' na Península Ibérica pela mão dos dois palhaços. E apesar de muitas das crianças que corriam às prateleiras das lojas de discos ou supermercados para adquirir o CD só quererem ouvir o 'Ba Bata Batatoon' ou o tema de abertura, a verdade é que Batatinha e Companhia (ou os seus produtores) ofereciam um produto mais cuidado e completo do que a média, fazendo com que o dinheiro investido neste álbum ou nos seus sucessores directos se pudesse considerar bem gasto.

 

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