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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

04.11.21

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

O ano de 1994 viu grande parte das crianças e jovens portugueses desenvolver uma verdadeira obsessão por dinossauros, as míticas criaturas pré-históricas relançadas na cultura popular pelo filme Parque Jurássico, um dos maiores êxitos de bilheteira – senão mesmo o maior – do ano anterior. Tendo a dita película encontrado grande parte do seu sucesso entre o público mais jovem, sobretudo o do sexo masculino, não foi portanto de surpreender que, durante os meses que se seguiram à sua exibição nos cinemas portugueses, essa mesma fatia de público tenha procurado coleccionar tantos objectos alusivos ao filme e à sua temática quanto possível. Fossem réplicas de dinossauros em borracha, livros sobre a vida destas criaturas ou até kits de escavação de fósseis, tudo o que se relacionasse com dinossauros ou com a pré-História em geral tinha sucesso quase garantido naquele ano de 1994.

No campo das publicações periódicas, o panorama não se afigurava por aí além diferente, pelo que a aposta de pelo menos uma editora neste autêntico filão de vendas também não se afigurou como por aí além surpreendente. A editora em causa foi a Planeta deAgostini, que aproveitou a deixa para acrescentar uma publicação sobre dinossauros ao seu já vasto leque de lançamentos pedagógicos, cursos de línguas e enciclopédias em fascículos semanais, 'adocicando-a' com um atractivo irresistível para os jovens da altura, e que garantiu que pelo menos o primeiro fascículo da série fosse um retumbante sucesso.

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Alguns dos muitos fascículos da série

Simplesmente intitulada 'Dinossauros!', esta série (originalmente oriunda do Reino Unido, onde fora criada pela Orbis Publishing) chegava às bancas na crista da onda da 'dinomania', oferecendo a quem coleccionasse todos os fascículos, não um, mas DOIS pontos de interesse; por um lado, a possibilidade de juntar todos os diferentes 'ossos' necessários à construção de um esqueleto-modelo de dinossauro, e por outro, o atractivo adicional de cada número incluir duas páginas com imagens em 3D, as quais podiam ser visualizadas com recurso aos óculos especiais oferecidos com o primeiro volume. Uma oportunidade bem aproveitada, portanto, para explorar não apenas a 'febre' dos dinossauros, mas ainda a do 3D, que na altura também grassava entre os jovens de todo o Mundo.

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Alguns dos brindes e acessórios oferecidos com a série

Qualquer conjugação destes dois elementos tinha enormes probabilidades de ser bem-sucedida, e no caso da dino-colecção da Agostini, foi exactamente isso que aconteceu, com muitas crianças a adquirirem, pelo menos, o volume inicial da série, o qual – como também era hábito naquela época – foi sujeito a uma oferta de lançamento, disponibilizando elementos extra pelo preço-base dos fascículos; a estratégia, como também era hábito, resultou em cheio, e aquele primeiro número, com o sempre popular T-Rex na capa, constituiu, à época, presença habitual nos quartos de crianças e jovens de Norte a Sul do País. Já os restantes fascículos eram comparativamente mais caros, ficando por isso reservados apenas aos mais fanáticos, e com mais dinheiro (e tempo) para gastar neste tipo de coleccionismo – o que, tendo em conta os níveis de concentração e atenção da criança média (tanto daquele tempo como de agora) poderá ter reduzido consideravelmente a dimensão do público-alvo desta série do número 2 em diante...

Ainda assim, esta foi uma colecção suficientemente memorável e temporã para justificar a inclusão neste blog nostálgico, cujo criador era, à época, da idade, sexo e persuasão ideais para sucumbir aos encantos de uma iniciativa como esta - tendo, como tal (e como muitos outros) tido em casa aquele primeiro fascículo da série...

10.10.21

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Qualquer criança dos anos 90 – sobretudo do sexo masculino – terá vivas recordações daquele período de um ou dois anos, durante a sua infância, em que cultivou uma verdadeira obsessão por dinossauros. Já de si ‘feitos à medida’ para agradar à demografia em causa, estes misteriosos monstros pré-históricos foram, em meados dos anos 90, alvo de renovado interesse por parte do público infanto-juvenil ocidental, como conseguência da estreia do filme ‘Parque Jurássico’, um dos maiores sucessos de bilheteira da década e ainda hoje visto como um clássico dos filmes de aventura para toda a família. Como seria de esperar, Portugal também não escapou a esta ‘febre’, e era raro o jovem do sexo masculino abaixo dos 13-14 anos que , durante os dois anos posteriores à estreia do filme em Portugal, não tivesse entre a sua colecção de ‘bonecos’ pelo menos uma réplica em borracha de uma qualquer espécie de dinossauro, fosse ele um dos muito desejáveis predadores mostrados no filme de Spielberg, ou uma mais pacata (mas não menos fascinante) espécie herbívora.

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Exemplos típicos e comuns deste tipo de brinquedo

À semelhança da maioria dos produtos de que aqui falamos, também estes dinossauros em miniatura tinham padrões de qualidade manifestamente distintos, indo desde nacos de plástico vagamente em forma de dinossauro até àquilo que, à época, se criam ser réplicas anatomicamente correctas das principais espécies pré-históricas (e que hoje se sabe estarem tão erradas como os modelos genéricos com os quais na altura competiam.) Como seria de esperar, estes últimos eram bastante mais desejados e pretendidos do que os seus congéneres menos cuidados, mas a verdade é que a ‘febre’ era tal que qualquer brinquedo (ou antes, produto) vagamente alusivo e ligado à temática dos dinossauros encontraria quase garantidamente o seu público.

Hoje em dia, com a saga ‘Parque Jurássico’ renascida como ‘Mundo Jurássico’ e novos avanços científicos a pintarem os dinossauros como pássaros gigantes (por oposição à natureza reptiliana que se lhes atribuía nos anos 90) é de crer que estes monstros pré-históricos continuem a capturar a imaginação das crianças de uma certa idade. Infelizmente, no entanto, as réplicas em miniatura deixaram praticamente de existir no ‘mundo real’, sendo que a maioria dos brinquedos ‘dinossáuricos’ de hoje apresentam características mecânicas, ao estilo ‘Transformer’; os ‘bonecos’ de dinossauros recriados em minucioso detalhe e com pretensões a realismo, com que todos brincámos, praticamente desapareceram, deixando como único rasto a memória daqueles que viveram e participaram da sua época áurea. Um daqueles casos em que vale a pena pedir que quem tenha filhos lhes mostre esses brinquedos da nossa infância, a fim de evitar que os mesmos se percam para sempre…

03.07.21

NOTA: Este post corresponde a Quarta-feira, 30 de Junho de 2021.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Na nossa Segunda de Séries sobre Os Dinossauros, mencionámos a quase ausência de ‘merchandise’ à altura da grande popularidade da série entre as crianças. Para além das habituais t-shirts e de um algo incongruente jogo de tabuleiro (havia propriedades muito mais famosas que não os tinham), pouco havia para manter os jovens fãs da série ocupados e entretidos entre episódios.

É por isso que causa tanta estranheza descobrir que ‘Os Dinossauros’ teve direito a uma revista aos quadradinhos própria – e que a mesma chegou a ser editada em Portugal, apesar de só quem lá esteve poder comprovar esse facto.

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A ÚNICA imagem da edição portuguesa de 'Os Dinossauros'

Sim, leitores, a revista portuguesa de ‘Os Dinossauros’ é mais um membro do grupo dos Esquecidos pela Net, existindo exactamente UMA imagem da mesma em toda a Googlesfera; o que até nem é de surpreender, tendo em conta que a série foi um fenómeno bastante ‘de época’, e a revista não foi mais do que um complemento destinado a ‘sacar mais uns cobres’ antes de as crianças passarem à próxima febre. Acabado o ciclo de vida da série, acabou também o da revista, que ainda assim conseguiu chegar aos 20 números, os mesmos da versão brasileira, de onde aliás a BD portuguesa retirava quase todo o seu material.

(De referir que, ao contrário do que aconteceu com as revistas da Disney ou Marvel/DC, a versão brasileira de 'Os Dinossauros' nunca chegou a ser exportada para Portugal; as edições que por cá saíram eram publicadas pelo próprio ramo nacional da Editora Abril.)

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Exemplo do estilo de ilustrações da BD

Em termos técnicos e qualitativos, a BD de ‘Os Dinossauros’ salda-se pela mediania aceitável típica do quadradinhos de ‘meio da tabela’ daquela época. Quer isto dizer que as histórias são engraçadas, os desenhos são cuidados (e reproduções exactas do estilo da série em ilustrações 2D) mas nada perdura ou fica na memória da mesma maneira que as melhores histórias da Turma da Mônica ou da Disney; era ‘só mais’ um título da ‘era de ouro’ dos quadradinhos, em que qualquer coisa vendia desde que tivesse personagens fofinhos ou fosse baseado num programa que as crianças vissem. Foi nesta última vertente que ‘Os Dinossauros’ apostou todas as suas fichas – era, declaradamente, um produto de consumo imediato e a curto prazo, semelhante à BD das Tartarugas Ninja (uma publicação, aliás, sensivelmente equivalente a nível de qualidade.)

Enfim, apesar de sem dúvida ter entretido muitas crianças nos anos 90, esta é uma revista que, sem o seu contexto de ‘cultura pop’, merece o esquecimento a que a Internet a votou. Ainda assim, para quem a leu, ainda que sem grande fanatismo (como foi o caso por estas bandas) vale sempre a pena recordar mais um dos títulos esquecidos dos ‘nossos’ Anos 90…

02.07.21

NOTA: Este post é relativo a segunda-feira, 28 de Junho de 2021.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Hoje em dia, quando se fala em clones dos lendários Simpsons, a primeira série que vem à cabeça é ‘Pai de Família’. No entanto, esta não foi, nem por sombras, a primeira tentativa de emular a super-popular série de Matt Groening; pelo contrário, os anos 90 viram surgir inúmeras séries exactamente nos mesmos moldes de ‘Os Simpsons’, apenas com uma ligeira mudança. No fundo, uma situação semelhante à daqueles filmes descritos como ‘Assalto ao Arranha-Céus mas com…’, só que neste caso relativa a séries – uma situação, aliás, semelhante à que se verificava, na mesma altura, relativamente aos ‘clones’ de ‘Tartarugas Ninja’.

Um dos mais populares de entre esta vaga de ‘imitadores’ de ‘Os Simpsons’ era uma série produzida em início dos anos 90 pela Jim Henson Television, em parceria com a Disney, e cujo conceito se pode resumir como ‘Os Simpsons, mas na pré-história’. Falamos, claro, de ‘Os Dinossauros’, uma ‘sitcom’ criada através de uma mistura de fantoches estilo ‘Marretas’ e actores dentro de fatos de borracha, que também se poderia descrever como ‘Os Flintstones, mas com dinossauros’.

Estreada nos Estados Unidos em 1991 e em Portugal no ano seguinte, em versão dobrada e com transmissão nas tardes de fim-de-semana da RTP, ‘Os Dinossauros’ segue as peripécias diárias dos Sinclair, uma família de classe média composta pelo pai, Earl, a mãe, Fran, e três filhos: os adolescentes Robbie e Charlene, e a ‘estrela da companhia’, o descritivamente nomeado Bebé (inicialmente baptizado, devido a uma situação insólita, como Ai, Ai, Estou a Morrer Seu Idiota Sinclair). Ou seja, exactamente a mesma estrutura de uma outra família televisiva da mesma época, só que com pele verde em vez de amarela…

(Curiosamente, segundo os produtores, Jim Henson teria desenvolvido o conceito de ‘Os Dinossauros’ ainda antes da estreia de ‘Os Simpsons’; no entanto, o ‘timing’ da estreia, no auge da popularidade da série de Matt Groening, torna inevitáveis as comparações e acusações de ‘cópia’.)

A verdade, no entanto, é que ‘Os Dinossauros’ TINHA algumas diferenças em relação a ‘Os Simpsons’. Para começar, o agregado familiar dos Sinclair incluía também a mãe de Fran, Zilda (no original, Ethyl), uma típica ‘sogra do pior’, sempre a atormentar Earl do conforto da sua cadeira de rodas; depois, Earl trabalhava num estaleiro de desflorestação, por oposição a uma central nuclear, como ‘um outro’ careca, ou a uma pedreira, como o ‘quase-contemporâneo’ Fred Flintstone; por fim, o facto de os filhos do casal serem mais velhos do que os das outras famílias (quer os ainda bebés Pedrita e Bam-Bam, quer os estudantes primários Bart e Lisa) permitia alguma variedade nas histórias em relação às suas duas inspirações.

Também pode ser considerado que, ao mostrarem um casamento entre duas espécies diferentes de dinossauro, os produtores estavam inconscientemente a transmitir uma mensagem sobre tolerância inter-racial – embora nada disso explique o facto de TODOS os dinossauros da família (excepto Earl e o Bebé) serem de espécies diferentes, mesmo os que são filhos uns dos outros! Poder-se-ia, claro está, debater que essa incongruência é, em si mesma, uma piada – nomeadamente, uma alusão a Fran ter tido casos extra-conjugais que resultaram no nascimento de Robbie e Charlene – não fosse o facto de a própria Fran ser filha de uma espécie de dinossauro completamente diferente da sua! Ou havia muitos casos extra-maritais na pré-história, ou este era mesmo um daqueles absurdos em que ninguém pensou antes de encetar o processo de pré-produção…

À parte estas diferenças intencionais ou acidentais, no entanto, tudo o resto - das dinâmicas familiares, a algumas das situações, ao facto de Earl ter um grupo de amigos no trabalho, exactamente como Homer com Lenny e Carl, à sua relação com o chefe, Sr. Richfield, decalcada da de Fred Flintstone com o Sr. Slate - ‘tresanda’ às duas principais inspirações da série – o que ajuda, em parte, a explicar o enorme sucesso da série, tanto nos seus Estados Unidos natais como, mais tarde, em Portugal.

A outra parte desse sucesso deve-se àquela que, ainda hoje, continua a ser a parte mais memorável desta série, nomeadamente as ‘catchphrases’ dos diversos personagens. Quem se lembra de, ali por volta de 1992, gritar no recreio ‘Queridaaa, chegueeeei!’ ou ‘Não és a Mamã!’ (enquanto fingia agredir a outra pessoa com um golpe de caçarola na cabeça) certamente saberá do que estou a falar. No que toca ao público infantil, estes dichotes (e os constantes e hilariantes ataques do Bebé ao pai) eram, praticamente, razão suficiente para ver a série, porque mesmo quando os episódios eram de compreensão mais obscura ou adulta, havia sempre estes ‘bordões’ aos quais se agarrar para rir um bocado.

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Eh, eh, eh...ainda hoje tem piada...

Como resultado desta tendência, o Bebé, em particular, tornou-se um personagem extremamente popular - uma espécie de Bart Simpson de fraldas, com toda a irreverência e jeito para a frase-feita deste, mas de uma perspectiva algo mais inocente. Era, aliás, nele que se centrava o pouco ‘merchandise’ alusivo à série que chegou a Portugal, com particular destaque para o jogo de tabuleiro, precisamente intitulado 'Não És a Mamã!’, e cujo objetivo envolvia arranjar comida para o membro mais novo da família.

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Mas existem Funkos...porque CLARO que existem Funkos 

Enfim, apesar de não ter ficado no ar muito tempo (pelo menos em Portugal – nos EUA, teve várias temporadas) ‘Os Dinossauros’ conseguiu ser uma série bem memorável para a juventude da altura, e deixar a sua marca num dos períodos áureos da televisão infanto-juvenil em Portugal. Nada mau, para um clone de segunda linha dos Simpsons…

16.04.21

Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.

E hoje falamos daquele que é, senão o mais marcante, pelo menos um dos mais marcantes filmes dos anos 90 para todos aqueles que tinham idade suficiente para o ver: o glorioso e inesquecível ‘Parque Jurássico’.

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Lançado em 1993, mas chegado a Portugal com alguns meses de atraso, este filme trazia a chancela, por um lado, de Steven Spielberg – O realizador por excelência de filmes ‘de família’ nos anos 80 e 90 – e, por outro, da Industrial Light and Magic, a lendária companhia de efeitos especiais de George Lucas, que se encarregava dos efeitos e criaturas do filme.

A junção destes dois gigantes da indústria de ‘blockbusters’ para todas as idades só podia mesmo resultar num clássico do género, e foi sem dúvida nisso que ‘Parque Jurássico’ se tornou, cativando crianças e adolescentes um pouco por todo o Mundo, e lançando – ou relançando – o interesse das mesmas nesses seres misteriosos e majestosos chamados dinossauros.

Portugal não foi, é claro, excepção, e naquele ano de 1994 era difícil encontrar uma criança, especialmente do sexo masculino, que não tivesse pelo menos um dinossauro de borracha no quarto. A maioria, além dos brinquedos, tinha também livros explicando a vida destes seres – em maior ou menor detalhe – além de outros objetos alusivos ou à pré-história, ou pelo menos ao filme de Spielberg. O sucesso da temática pré-histórica entre as crianças portuguesas já não era novidade à época – o Museu Nacional de História Natural já tivera enorme sucesso com a sua exposição sobre dinossauros no início da década – mas ‘Parque Jurássico’ veio contribuir para que mesmo quem não tinha qualquer interesse nesse tipo de assunto tentasse descobrir o máximo possível sobre a verdadeira existência das criaturas retratadas no filme.

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Quem era da idade certa e não tinha pelo menos um destes em 1994, que se acuse...

A razão de tal sucesso é fácil de compreender; o filme combina um argumento inteligente ‘para todas as idades’ (cheio de ação e aventura mas com o cuidado de criar personagens memoráveis para alicerçar os momentos mais excitantes) com efeitos especiais que continuam a ser impressionantes quase trinta anos depois, criando uma fórmula vencedora e única que tanto a ‘concorrência’ como os próprios Spielberg e Lucas nunca mais conseguiriam repetir. Certos momentos do filme (como o primeiro contato da equipa de cientistas com um dos dinossauros recriados, a famosa cena com o T-Rex, na floresta, ou a igualmente célebre cena com as duas crianças na cozinha) eram extremamente eficazes em evocar as emoções corretas por parte do público-alvo, fossem elas de fascínio ou de medo – sendo este, aliás, um dos pontos mais fortes de Spielberg como realizador. Os seus filmes tendem a colocar o espectador ‘ali mesmo’, com os personagens, a sentir o que eles sentem – e, nesse aspeto, ‘Parque Jurássico’ não é, definitivamente, exceção. Em suma, o filme merece não só o sucesso de que gozou à época, mas também o estatuto de clássico que adquiriu desde então, continuando a constituir uma excelente escolha para uma tarde de cinema em família.

Com todo o burburinho que causou, e lucro de bilheteira que obteve, não foi de todo de admirar que ‘Parque Jurássico’ fosse alvo de uma sequela ainda na mesma década.

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Lançado nos cinemas quatro anos depois do original, em 1997, ‘O Mundo Perdido’ baseava-se, tal como o original, num romance de Michael Crichton, ele próprio uma sequela do livro em que o primeiro filme se baseara. Infelizmente, tanto o livro como o filme ficaram muito aquém dos seus antecessores, não tendo conseguido causar a mesma sensação do original – talvez por a fórmula já estar gasta, ou talvez por o público que aderira em massa ao filme de 1993-94 ser agora alguns anos mais velho, e ter já ultrapassado a ‘fase’ dos dinossauros.

Apesar deste revés, o ‘franchise’ teria ainda ‘pernas’ suficientes para se esticar a uma segunda (e discretíssima) sequela, já no novo milénio - o estúpido-mas-divertido ‘Parque Jurássico 3’, lançado em 2001, já muito longe do orçamento de produção e ‘glamour’ mediático do primeiro filme da série.

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Ainda assim, o terceiro episódio vale a pena para os fãs do original, já que introduz um novo dinossauro, o estupidamente ‘cool’ Spinosaurus – isto para além de não ser, de todo, um mau filme de aventuras para toda a família, tendo herdado pelo menos essa característica do seu antecessor.

Apesar deste último esforço, no entanto, o ‘franchise’ ‘Parque Jurássico’ ficar-se-ia mesmo por aí…pelo menos até 2015, ano em que – em plena febre dos ‘reboots’ – também esta série seria alvo de um ‘novo início’, com Tom Hardy no papel principal que, em tempos, fora de Sam Neill.

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Agora com o título de ‘Mundo Jurássico’ – porque um ‘remake’ tem sempre de ser maior e mais ambicioso – o filme centrava-se no parque zoológico do mesmo nome, construído no local do parque original, e que também não conseguia evitar alguns dos problemas que assolaram o mesmo – nomeadamente a tendência que criaturas de vários metros de altura e dentes aguçados têm para perseguir visitantes indefesos… Divertido ‘sem mais’, o filme foi no entanto um êxito de bilheteira, dando azo (até agora) a pelo menos uma sequela, que - como já havia sido o caso com ‘O Mundo Perdido’ – foi bastante menos bem recebida que o original.

Nenhum destes filmes, no entanto, consegue superar o original, que continua a afirmar-se como o expoente máximo da franquia, vinte e sete anos após o seu lançamento em Portugal ter tornado toda uma geração de ‘putos’ em maníacos dos dinossauros. E vocês? Contavam-se entre eles? Que pensavam do filme? Deste lado, éramos definitivamente fãs, daqueles que tinham um cesto cheio de replicas de borracha das diferentes espécies, e ‘devoravam’ tudo quanto fossem livros sobre o assunto. Também era o caso convosco? Partilhem as vossas opiniões nos comentários! Entretanto, fiquem com o tema clássico de John Williams, para vos ajudar a reavivar as memórias...

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