09.01.25
NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 09 de Janeiro de 2025.
Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.
Apesar de, normalmente, as efemérides político-sociais não figurarem em grande escala na vida das crianças e jovens, existem momentos que, de tão importantes ou marcantes, não podem senão ficar indelevelmente gravados na mente até mesmo dos mais jovens – toda a gente se recorda, por exemplo, de onde estava no 11 de Setembro, ou de ver na televisão a Guerra do Golfo ou a do Iraque. A juntar a esta lista há, ainda, o momento vivido há pouco mais de vinte e cinco anos, mesmo ao cair do pano do século XX e do Segundo Milénio, e que via Portugal deixar, pela primeira vez em mais de cinco séculos, de ter definitivamente quaisquer territórios coloniais na região vulgarmente conhecida como Ultramar. E porque deixámos, acidentalmente, passar em branco esta efeméride na data do aniversário em si, nada melhor do que corrigir agora essa situação e, apesar de com um par de semanas de atraso, assinalar o quarto de século da 'cedência' de Macau à República Popular da China, e do encerramento da 'era colonial' em Portugal.
Vista geral da cerimónia.
Batiam as doze badaladas do dia 19 de Dezembro de 1999 (no horário português) quando o então Presidente da República, Jorge Sampaio, se juntava ao seu congénere chinês no pódio para efectivar oficialmente a transferência de poderes relativos ao território de Macau, que punha termo a um período de quase quatro séculos e meio de domínio português no enclave asiático e deixava Portugal sem quaisquer colónias internacionais, poucos anos depois de findo o atribulado e polémico processo de independência de Timor-Leste, hoje Timor-Lorosae. O Governador macaense, General Rocha Vieira era, pois, forçado a cessar funções, o mesmo sucedendo com os restantes funcionários públicos nacionais no território, que davam assim lugar aos seus congéneres chineses, numa cerimónia que teve honras de transmissão na RTP, então o canal oficial dos assuntos de Estado.
O General Rocha Vieira, governador português em Macau, entrega a bandeira de Portugal a um oficial chinês, num gesto simbólico de transferência de poderes.
Apesar de amigável, esta transferência de poderes não deixou, ainda assim, de ficar marcada pela controvérsia, nomeadamente em relação a algumas peças de arte presentes nos edifícios governamentais portugueses, que nunca foram devolvidos ao Estado. Ainda assim, no cômputo geral, tratou-se de um processo com fricção mínima – algo bastante necessário após a tensa situação timorense – e que marcou um momento histórico no Portugal contemporâneo, merecendo (e devendo) assim ser recordado numa altura em que se acaba de completar um quarto de século sobre a sua mediática conclusão.