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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

16.06.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 15 de Junho de 2025.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Veio com selo de jogador de Selecção, para jogar num histórico, e acabou na então II Divisão B nacional; mais tarde, passou 'despercebido' por um grande, singrou noutro, e foi convidado a representar a Selecção Nacional Portuguesa, apesar de ter nacionalidade brasileira; já em fim de carreira, ainda foi campeão da Liga de Honra com apenas uma mão-cheia de aparições; pelo meio, gravou o seu nome nos anais da História do futebol português, tanto pelo talento como pelo caricato percurso que empreendeu. Falamos de Luiz Bonfim Marcos, mais conhecido como Lula, o 'centralão' que, ao longo dos anos 90, impressionou pela sua estatura e capacidade de 'mandar' no sector mais recuado da defesa de vários clubes históricos dos campeonatos nacionais, quer ao nível mais alto, quer em contextos mais discretos.

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Com a camisola do Famalicão.

'Caído de pára-quedas' em Famalicão em 1988 – sem nada saber sobre a localidade, ou mesmo o país para onde vinha jogar – Lula não começou da forma mais auspiciosa a sua estadia naquele que se tornaria o seu país de acolhimento, sendo 'apanhado' nas teias de um caso de secretaria que atiraria o 'Fama' – cujo plantel havia sido formatado para competir no patamar principal – para a II Divisão B. Para seu crédito, o brasileiro não se queixou; antes, tomou parte activa no restabelecer da equipa aos escalões profissionais, tendo o clube, logo no ano seguinte, 'saltado' a então II Divisão de Honra para de novo se integrar entre os maiores nomes do desporto-rei em Portugal. Cumprindo a promessa feita aos jogadores, a direcção famalicense libertou Lula e dois dos seus compatriotas, tendo o defesa regressado ao seu país-natal para jogar no Sport Recife.

Durou apenas alguns meses, no entanto, esse regresso ao Brasil, sendo que, no dealbar dos anos 90, Lula regressava a Famalicão, por pedido expresso de Abel Braga, para se afirmar como peça-chave dos famalicenses durante as próximas duas épocas. Tais eram o seu talento e potencial, de facto, que o jogador foi mesmo equacionado para jogar pela Selecção...portuguesa, provando que a naturalização de jogadores estrangeiros (sobretudo brasileiros) remonta a muito antes de Deco. E apesar de esse pedido, em particular, ter sido recusado, Lula ficou mesmo no 'radar' dos dirigentes portugueses, sobretudo do seleccionador Carlos Queiroz, que chamaria mesmo o jogador para jogar no Sporting após assumir o comando técnico dos 'Leões'. Por essa altura, já Lula era campeão paulista e da Taça Libertadores, pelo São Paulo, mas ainda assim, aquiesceu em vir jogar para aquele que era um dos principais clubes do seu 'outro' país.

Mais uma vez, no entanto, o azar bateu à porta, já que Lula foi incapaz de fazer uso da sua dupla nacionalidade, contando como estrangeiro num plantel já no limite imposto pelas regras de então; o central acabou, assim, por ficar cinco meses sem jogar em Alvalade, antes de procurar relançar a carreira com uma mudança para Leiria. Esta estratégia resultou e, longe de polémicas e azares, o brasileiro foi capaz de relançar a carreira, tanto nessa época na cidade do Lis como na seguinte, em que regressou à capital para ser peça-chave de outro histórico nacional, o Belenenses, onde partilhou plantel com futuros 'grandes' como Ivkovic, Paulo Madeira ou Mauro Airez, e onde encontrou maior prazer em jogar, de entre todos os clubes da sua carreira.

As suas boas exibições ao longo dessas duas épocas voltaram, naturalmente, a valer-lhe o interesse de um 'grande', desta vez mais próximo da sua 'base' original em Famalicão. Lula viria mesmo, assim, a vestir a camisola listada de um dos principais clubes de Portugal...só que listada de azul, e não de verde. Seria, de facto, ao serviço do FC Porto, e não do Sporting, que o brasileiro passaria as duas temporadas seguintes, embora sem nunca se afirmar, e não chegando às duas mãos-cheias de presenças pelos então hegemónicos 'Dragões' nortenhos – números, ainda assim, suficientes para o sagrarem bicampeão nacional, com participação em dois dos inéditos cinco títulos ganhos pelo conjunto da Invicta durante esse período, mas que não chegaram para evitar que o jogador rumasse novamente ao Brasil em finais da época de 1997-98, desta feita para representar o Vitória Esporte Clube.

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Numa das escassas aparições que fez pelo FC Porto.

Não terminaria aí, no entanto, a ligação de Lula a Portugal, já que, nos primeiros meses do Novo Milénio, o defesa regressaria ao nosso País para ganhar a edição de 1999-2000 da II Liga ao serviço do Paços de Ferreira, pesem embora as apenas oito presenças com a camisola dos 'castores'. Só então o brasileiro diria, definitivamente, adeus a Portugal, para rumar à 'reforma dourada' dos campeonatos chineses, onde actuaria ainda durante mais três épocas e meia, ao serviço de dois clubes, antes de pendurar definitivamente as botas, em 2003, já com trinta e sete anos praticamente completos. Como registo de uma carreira que não conta com quaisquer cargos técnicos, fica um percurso repleto de altos, baixos, 'carambolas' e momentos inusitados, mas que – talvez por isso mesmo – garante a Lula um lugar na galeria dos 'figurões' dos campeonatos de futebol portugueses de há trinta anos; nem bem Grande dos Pequenos, nem bem Lenda da Primeira Divisão, mas ainda assim mais que merecedor de espaço nestas nossas páginas, por ocasião dos seus cinquenta e nove anos. Parabéns, e que conte muitos.

06.04.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 5 de Abril de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

De entre as muitas novas preocupações sociais a surgir durante as duas últimas décadas do século XX, a da vida saudável e perda de peso fica apenas atrás da ecologia como uma das mais relevantes no Mundo ocidental. Apesar de não ser nada de novo, estando presente na referida sociedade desde pelo menos há meio século a esse ponto, a preocupação com estar em forma, desenvolver músculos ou partes do físico, ou ainda perder peso ganhou novos contornos durante os anos 80 e 90, tendo simultaneamente ganho uma representação 'visível' e tangível, com o aparecimento dos ginásios e a difusão em massa de disciplinas como a aeróbica.

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De facto, foi precisamente nesses últimos anos do Segundo Milénio que se deu a génese do movimento pró-exercício físico que hoje permeia as vidas da quase totalidade dos cidadãos ocidentais. E se, ao contrário do que ocorre actualmente, os ginásios estavam, sobretudo, reservados aos culturistas e praticantes de desportos de combate, as 'donas de casa', profissionais de colarinho branco e outros sectores menos activos da sociedade encontraram na prática da referida actividade a sua forma de garantir a manutenção da tão importante 'linha'. Como consequência, verificou-se durante o período em causa um enorme aumento do número de aulas de aeróbica e 'step' oferecidos pelos supracitados ginásios, além do aparecimento de cassettes VHS que permitiam realizar o equivalente a uma sessão no conforto do lar.

Por sua vez, esta junção de factores resultou, inevitavelmente, na difusão da aeróbica a outros sectores da sociedade, não tardando a disciplina em causa a permear, por exemplo, o currículo das aulas de Educação Física do ensino preparatório e secundário, onde veio a encontrar toda uma nova demografia-alvo de jovens prontas (e, por vezes, também prontos) a emular os exercícios que viam as mães fazer no clube local ou em frente à televisão – ainda que, muitas vezes, num mero arremedo, mais próximo de uma brincadeira de faz-de-conta durante um Sábado aos Saltos do que de qualquer tipo de exercício sério. Ainda assim, esta actividade não deixava de constituir uma maneira de as crianças e jovens se manterem activos, ainda que talvez não a mais acertada ou apropriada para a faixa etária em causa.

Como todas as 'manias' e 'febres' da sociedade ocidental, no entanto, também a aeróbica acabou por ser alvo de mutação, ainda que sem nunca ter desaparecido completamente.; em vez disso, a modalidade dividiu-se em diversas disciplinas, as quais ainda hoje podem ser vistas no horário ou lista de aulas do ginásio mais próximo. Quem viveu a 'febre' original da aeróbica, no entanto, certamente reconhecerá nestas divisões apenas o espírito da rotina de exercícios que pôs milhões de mulheres (e também muitos homens) num estúdio de musculação ou em frente à televisão, em 'leggings' e perneiras, a agitar freneticamente os braços durante meia hora de cada vez...

31.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 30 de Março de 2025.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

A passagem de um jogador talentoso de um clube de média dimensão para um de maior nomeada é comum ao ponto de ser um passo esperado na carreira de qualquer atleta; menos habitual, no entanto, é ver um futebolista fazer o percurso inverso, dando um 'passo atrás' enquanto ainda vive o auge da carreira. Não sendo de todo inaudita, esta situação prima pela raridade, o que torna ainda mais surpreendente constatar que um dos seus mais famosos exemplos teve lugar em Portugal, na década de 1990.

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Isto porque, ao assinar pelo Benfica no Verão de 1997 (em plena 'era Graeme Souness') o checo Karel Poborsky trazia já honras de campeão checoslovaco (pelo Slavia Praga) e inglês (pelo Manchester United de Alex Ferguson), bem como de semi-finalista da Taça UEFA e da Liga dos Campeões (pelos mesmos clubes, respectivamente) e de internacional indiscutível do seu país, tendo inclusivamente sido 'carrasco' de Portugal no icónico Euro '96, ao marcar o único golo do jogo dos quartos-de-final, uma 'chapelada' a Baía após excelente trabalho individual que ditaria o afastamento das Quinas da competição. Um palmarés mais 'decorado' que o habitual para um jogador que ingressasse no Campeonato Nacional português, e que tornava de imediato Poborsky numa das grandes 'estrelas' dessa edição da competição.

E a verdade é que, na Luz, o checo, 'tapado', em Manchester, pelo indiscutível David Beckham, viria mesmo a conseguir relançar a carreira, afirmando-se como uma das peças preponderantes dos plantéis por onde passou nas suas três épocas e meia de águia ao peito, como um dos melhores jogadores dos últimos Campeonatos do século XX, e como uma das pouquíssimas contratações acertadas feitas pelo técnico escocês durante o seu infame período ao comando dos 'encarnados'. Médio rápido e tecnicista, o checo não tardou a mostrar a sua valia, e a sua icónica 'cabeleira' aloirada tornou-se praticamente sinónima com qualquer lance de perigo criado pela equipa do Benfica durante aqueles anos finais do Segundo Milénio.

Tudo o que é bom chega ao fim, no entanto, e Poborsky, como tantos outros jogadores antes de si, viria mesmo a deixar o Benfica, já nos primeiros meses do Novo Milénio, e pouco após a 'prenda de Natal' que foi o regresso de Toni ao comando técnico do clube da Luz. O destino era ainda outro país a adicionar ao currículo, e ainda outro clube de média-grande dimensão europeia – no caso a Lazio, onde fez uma época e meia 'ao seu nível', embora optasse por não renovar contrato e, ao invés, regressar à sua República Checa natal, no caso para o 'lado oposto' da cidade de Praga, onde vestiria a camisola do Sparta, rival acérrimo do mesmíssimo Slavia onde se afirmara, cerca de uma década antes.

Uma 'traição' que, no entanto, correria bem ao jogador, que se tornaria o atleta mais bem pago da República Checa e juntaria mais dois campeonatos e uma Taça ao seu palmarés, antes de escolher abraçar o desafio de regressar ao clube que o formara, o modesto Dynamo Ceske Budejovice, onde ainda faria mais de duas dezenas e meia de aparições nas ligas secundárias checas, marcando dez golos, antes de 'pendurar' de vez as botas. Pelo meio, participaria ainda em mais três icónicos torneios internacionais, os Campeonatos Europeus de 2000 (na Bélgica e Holanda) e 2004 – esse mesmo, o realizado em Portugal, onde a sua Selecção seria eliminada pela da...Grécia – e o Campeonato Mundial de 2006, após o qual se retiraria também do futebol internacional.

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Ao contrário de muitos dos seus colegas e contemporâneos de que aqui falamos, no entanto, o checo escolheu não transitar para cargos técnicos após o encerramento de carreira (excepção feita aos dois anos que passou como director técnico da Selecção checa), preferindo dedicar-se ao trabalho de escritório (quer no seu clube formador, quer no Sindicato dos Jogadores checo) e ser lembrado pelos seus feitos em campo, e como membro de uma das melhores gerações de sempre da República Checa, tendo partilhado o campo com nomes como Pavel Nedved ou Tomás Rosicky. Em fim-de-semana de aniversário (completou cinquenta e três anos) façamos-lhe, pois, a vontade, e recordemos a sua bem-sucedida passagem por Portugal, e o estatuto icónico que adquiriu junto dos adeptos do Benfica durante a mesma.

23.02.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 22 de Fevereiro de 2025.

NOTA: Por motivos de relevância, este Domingo será Desportivo.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Recentemente, falámos aqui dos conjuntos de 'bowling' e golfe de brincar; no entanto, essas estavam longe de ser as únicas tentativas de replicar desportos reais à escala infantil. De facto, não só existiam outros desportos visados por este tipo de prática, como os instrumentos veiculados para simular esses mesmos desportos nem sempre eram tão obviamente 'falsos' como nos casos acima citados, como vem comprovar o brinquedo que abordamos este fim-de-semana.

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Não que as raquetes de ténis de brinquedo tivessem alguma pretensão ao realismo; não se tratavam de verdadeiros instrumentos para a prática do desporto à escala reduzida, mas antes de réplicas em plástico relativamente leve, o mesmo se aplicando à bola ou 'volante' de 'badminton' com que tendiam a ser comercializadas. No entanto, não deixa também de ser verdade que, mesmo com estas limitações, estes conjuntos potenciavam uma experiência muito mais próxima do verdadeiro desporto que simulavam do que qualquer dos seus congéneres anteriormente abordados nestas páginas, sendo perfeitamente possível organizar um jogo de ténis durante um Domingo Desportivo em família ou entre amigos apenas com recurso às mesmas. Talvez por isso a sensação de brincar com estas raquetes fosse ainda mais gratificante do que em qualquer dos casos acima referidos, permitindo mesmo rever-se como 'às' do ténis mundial, ainda que apenas por breves instantes...

Tal como muitos dos outros brinquedos de que aqui vimos falando, também as raquetes em plástico se encontram, ainda, disponíveis no mercado, mas em larga medida remetidas para 'sites' grossistas, sendo menos frequente encontrá-las no contexto da vida real. Ainda assim, tal como os outros 'kits' de pseudo-desporto, este é um produto relativamente intemporal, e que quiçá faça ainda as delícias das crianças da nova 'Geração Alfa', no intervalo entre dois vídeos de YouTube ou 'posts' nas redes sociais, durante um Sábado aos Saltos de sol...

02.02.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 1 de Fevereiro de 2025.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

A chegada a Portugal das grandes superfícies, em meados da década de 90, veio confinar a uma presença cada vez mais esporádica certos tipos de lojas do chamado comércio local, anteriormente muito mais prolíficas e omnipresentes na vida quotidiana dos cidadãos nacionais. Foi assim com as drogarias e mercearias tradicionais (as segundas das quais aqui terão em breve o seu espaço) com as lojas de brinquedos e discos, com os videoclubes e com o tipo de estabelecimento que abordamos neste 'post' duplo de fim-de-semana: as lojas de desporto de bairro.

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De facto, onde hoje a Decathlon e a Sport Zone são as principais referências no tocante à compra de equipamento desportivo especializado (daquele que dificilmente se encontraria num hipermercado), há cerca de três décadas, esse mesmo nicho era do domínio praticamente exclusivo de lojas mais pequenas, altamente especializadas, e existentes em praticamente todas as localidades e bairros mais urbanos do País, muitas vezes como parte de uma pequena galeria comercial. Ali se podiam comprar desde produtos mais básicos, como ténis, chuteiras, sapatilhas de ginástica, calções, meias ou camisolas de futebol (quer genéricas quer, por vezes, alusivas a clubes específicos) até outros bem mais especializados, como canas de pesca, ou mesmo troféus 'genéricos' para atribuição em competições e eventos de pequenos clubes ou agremiações. E apesar de, por comparação às referidas grandes superfícies, os preços serem, necessariamente, inflacionados, tal diferença acabava por se justificar dado o atendimento personalizado e atencioso, 'à moda antiga', de que cada cliente era alvo.

Tal como sucedeu com os restantes tipos de loja mencionados no início deste texto, no entanto, também as pequenas lojas de desporto de bairro se foram vendo ficar cada vez mais irrelevantes e perder boa parte da sua clientela, para quem os preços mais baixos das novas lojas em cadeia tinham um atractivo irresistível. Assim, embora este tipo de loja não esteja, ainda, totalmente extinto (ainda que seja apenas uma questão de tempo até que tal suceda) os poucos estabelecimentos ainda restantes sobrevivem, acima de tudo, graças a uma capacidade de resistência acima da média, misturada com um pouco de sorte; uma pena, já que os equipamentos desportivos para modalidades e actividades extra-curriculares continuam a ser um dos campos em que o comércio de proximidade não só tem razão de ser como apresenta claras vantagens em relação ao actual paradigma de compras 'online' ou em grandes superfícies.

25.01.25

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui por diversas vezes falámos de brinquedos que procuravam simular e adaptar desportos 'reais' à realidade infantil, nomeadamente através do uso de plástico leve, o qual não só tornava os jogos mais seguros como também adequava os objectivos à força e destreza do público-alvo. Era assim, por exemplo, com o bilhar, os dardos, o bólingue, e também com o desporto de que falamos neste 'post', o golfe.

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De facto, nas mesmas lojas que vendiam os outros produtos acima elencados, era também possível encontrar estojos de golfe em miniatura, contendo no interior vários tacos e uma bola, todos em plástico oco, semelhante ao utilizado para os conjuntos de bólingue, por exemplo. Tal como acontecia com estes, a criança podia, assim, recriar um jogo de golfe, com todas as suas tacadas 'impossíveis', ainda que sem a presença de buracos, os quais tinham de ser 'improvisados' (com recipientes colocados na horizontal, por exemplo) ou ficar a cargo da imaginação. Fosse qual fosse o método escolhido, no entanto, os referidos conjuntos eram, invariavelmente, capazes de proporcionar tanto Sábados aos Saltos, com o quintal a servir de 'green', como Domingos Divertidos, como o jogo a desenrolar-se no chão do quarto - ainda que, em ambos os casos, provavelmente muito mais breves do que um verdadeiro jogo de golfe, com o seu ritmo lento e as suas quase duas dezenas de buracos.

Tal como sucede com os seus congéneres acima citados, continua a ser possível adquirir conjuntos de golfe deste tipo; no entanto, como também sucede com muitos dos outros 'kits' de desporto de brincar, os mesmos encontram-se confinados, em larga medida, a 'sites' grossistas da Internet, sendo raro encontrar um 'ao vivo e a cores', numa qualquer loja 'dos trezentos' ou chinesa. Quem viveu o período de maior popularidade destes brinquedos, no entanto, certamente se recordará de muitos fins-de-semana passados a aperfeiçoar a sua técnica de tacada, qual Tiger Woods em miniatura...

20.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 18 e Domingo, 19 de Janeiro de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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O 'antes' e o 'depois' do desporto de rua em Portugal.

Apesar de, hoje em dia, ser praticamente impossível visitar qualquer localidade portuguesa sem deparar com, pelo menos, um recinto modernamente equipado para a prática de desporto (normalmente inserido num espaço verde urbano, como um parque ou jardim), tal não era, de todo, o caso há meras três décadas - antes pelo contrário, em meados dos anos 90, a maioria das crianças (sobretudo as residentes fora dos principais pólos urbanos) via-se, ainda, obrigada a improvisar no tocante a 'instalações' para os seus jogos de futebol de rua, ou qualquer outro desporto.

De facto, o mais provável é que a grande maioria dos 'millennials' portugueses tenha crescido aos 'chutos' na bola em 'campos' de areia ou terra sem quaisquer marcações, descalço ou com os ténis mais velhos que ainda tivesse (para poder sujar à vontade) e com três traves de ferro ou mesmo apenas alguns paus a servir de balizas. Isto porque foi apenas já 'às portas' do século XXI que as autarquias nacionais investiram em esforços urbanísticos, a maioria dos quais se traduziu em novos espaços verdes e infra-estruturas de lazer, como parques infantis (quem não se recorda de um famoso anúncio com Vítor de Sousa, a proclamar a construção de um recinto deste tipo?) ou ringues para a prática de futebol ou basquetebol.

Os 'millennials' mais novos (bem como a geração que lhes sucedeu) já pôde, assim, desfrutar de espaços adequados para Sábados aos Saltos e Domingos Desportivos, com e sem bola; quem nasceu ainda nos anos 80 ou inícios de 90, no entanto, assistiu em 'primeira mão' à transição de 'campos' quase imaginados em baldios e terrenos pelados para quadras de piso sintético na escola ou parque municipal, tendo assim podido experienciar o 'melhor de dois Mundos' no tocante ao desporto de rua nacional.

06.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 5 de Janeiro de 2025.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Regra geral, o termo 'lendas' aplica-se, sobretudo, a praticantes de uma determinada actividade. No entanto, quando os líderes, mentores ou treinadores desses mesmos praticantes são tão carismáticos e marcantes como os mesmos, nada impede - antes pelo contrário - a que recebam, também eles, o epíteto de 'lendas'. Serve este ponto prévio para justificar (como se tal fosse necessário) a presença nesta rubrica dedicada às 'Lendas do Campeonato Nacional' de uma personalidade que, embora tenha desenvolvido carreira de ambos os 'lados' de um campo de futebol, se destacou, e é lembrado, sobretudo pelo seu trabalho fora das quatro linhas, ao serviço de um clube que, no total, representou durante uma década e meia.

Falamos do espanhol Francisco Fortes Calvo, normalmente conhecido pela alcunha 'Paco', e que marcou época no futebol português com o seu farto bigode e a afável personalidade demonstrada enquanto treinador 'perene' do Sporting Clube Farense, a 'instituição' do futebol português da qual comandou os destinos durante mais de uma década. Nada melhor, pois, do que dedicar algumas linhas a esta espécie de 'Sir Alex Ferguson português' - salvas as devidas distâncias, claro está - que acaba, este fim-de-semana, de completar exactos setenta anos de vida.

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Paco Fortes enquanto jogador do Farense, na década de 80...

Foi ainda nos anos 80 que Paco Fortes aprendeu a amar o Farense, ao qual se juntava em meados da década, então na capacidade de jogador, e já com créditos firmados em Espanha, onde representara o Barcelona, Málaga, Espanyol e Valladolid - uma carreira 'de respeito' para um jogador que viria mesmo a concluir no Algarve a sua 'viagem' futebolística, após cinco épocas com a 'malha' alvinegra. Conhecido, enquanto jogador, pela sua garra e 'pavio curto', aquele que é ainda hoje considerado o melhor jogador da História do Farense viria, no entanto, a ganhar tão forte vínculo com a 'capital do Sul', e com o respectivo clube, que mesmo após pendurar as botas, nunca viria verdadeiramente a deixar as instalações do Estádio de São Luís, tendo simplesmente 'transitado' de um lado do banco técnico para o outro, ao assumir o cargo de treinador, no final da época de 1988/89.

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...e como treinador dos algarvios, já na década seguinte.

Seria o início de exactamente uma década à frente dos farenses, durante a qual acompanharia o clube da II Divisão de Honra (para onde tombariam logo no final da sua primeira época, incompleta, no comando) ao escalão principal do futebol nacional, e com o qual faria História em meados da década, ao almejar a glória da Taça UEFA, competição em que o clube participaria há exactos trinta anos, na temporada de 1994/95. Sob o seu comando, os algarvios afirmaram-se e cimentaram-se como um dos conjuntos mais 'duros de roer' do futebol português, muito por conta de jogadores como Hajry, Eugénio e, claro, Hassan, o único outro nome tão sinónimo com o Farense da década de 90 como o próprio Paco. Aquando da saída - em 1999, para o 'vizinho' Imortal - era herói e lenda viva em Faro, cidade à que voltaria ainda mais uma vez, já no Novo Milénio, para tentar 'salvar' o 'seu' clube da descida de divisão, objectivo em que não foi bem sucedido. Pelo meio, Fortes treinaria ainda, durante uma época, outro histórico do futebol português, o hoje bem mais modesto União de Lamas. Após o 'regresso' gorado à casa-mãe, Paco passaria ainda pelo Pinhalnovense - por duas vezes, separadas por uma infrutífera experiência internacional, no Raja Casablanca de Hajry - clube onde viria a encerrar funções enquanto técnico desportivo, no final da temporada 2008/09.

Infelizmente, a vida do carismático técnico após a sua 'reforma' esteve longe dos confortos da da maioria dos seus congéneres; pelo contrário, Paco Fortes chegou mesmo a estar desalojado, sendo obrigado a viver numa carrinha, e foi apenas através do programa de veteranos do Barcelona (clube onde se lançou) que o simpático espanhol foi capaz de refazer a vida, e conseguir um final feliz para a sua história, enquanto controlador marítimo no porto de Barcelona. Será, no entanto, pela sua passagem pelo futebol português que o sorridente 'bigodudo' será sempre lembrado, e é devido a ela que lhe prestamos esta homenagem, meras horas depois de completar sete décadas de vida. 'Feliz cumpleanos', Paco, e que conte ainda muitos!
 

23.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 22 de Dezembro de 2024.
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Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.
 

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É piada recorrente entre adeptos de futebol portugueses até aos dias de hoje: o misterioso fenómeno que fazia com que as excelentes equipas do Sporting dos anos 90 e 2000 iniciassem cada nova temporada do Campeonato Nacional 'a todo o gás', mas perder fôlego (e terreno) a partir de meados de Dezembro, sagrando-se 'campeão de Natal'. mas acabando por soçobrar na segunda metade da época, e permitir a 'ultrapassagem' do grande rival Benfica ou do Futevol Clube do Porto (bem como, numa ocasião histórica, do Boavista). Agora, numa altura em que a 'maldição' parece estar, mais uma vez, em curso, a conjuntura afigura-se ideal para dedicarmos algumas linhas a essa estranha tendência.
 
Ao contrário do que é costume neste tipo de casos, esses consecutivos 'falhanços' dos 'Leões' de Lisboa não podem ser atribuidos a nenhum factor concreto, sendo normalmente derivados de uma conjunção da hegemonia dos rivais (sobretudo o Porto, que atravessava, em finais do século XX e inícios do seguinte, uma fase demolidora), quebras anímicas, plantéis inconsistentes, maus treinadores, jogos difíceis, erros de arbitragem e algum azar. Sejam quais forem os motivos, no entanto, a verdade é que, num período de mais de duas décadas, o Sporting CP apenas logrou conquistar dois títulos nacionais, não tendo sido mais do que 'campeáo de Inverno' nas restantes décadas. E se, nos últimos cinco anos, este paradigma parecia finalmente estar a reverter-se, a presente temporada indica que a 'maldição' não está, de todo, debelada, e que os adeptos mais recentes do clube de Alvalade podem estar prestes a viver uma situação análoga à experienciada pelos seus antecessores de finais do século XX...
 

24.11.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Embora a História do desporto-rei esteja repleta de jogadores que, após inícios auspiciosos em clubes menores, almejam prosseguir, consequentemente, a carreira em emblemas de maior dimensão (senão mesmo 'gigantes'), os atletas com capacidade de fazer a diferença no mesmo clube em duas ocasiões diferentes contam-se em bastante menor número. De facto, ainda que tais casos não sejam totalmente inauditos, os mesmos são, sem dúvida, suficientemente raros para que os jogadores capazes de integrar este grupo sejam merecedores de destaque. É, precisamente, o caso do futebolista a quem dedicamos as próximas linhas, um médio ofensivo 'à moda antiga' que celebra este Domingo o seu quinquagésimo-oitavo aniversário e que, há exactas trinta temporadas, regressava ao clube que o formara e lançara, para inscrever indelevelmente o seu nome na extensa lista de 'lendas' do mesmo.

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O jogador com a camisola que o consagrou no início e fim de carreira.

Regressado à Cidade Invicta já com honras de titular absoluto de Juventus e Mónaco, bem como de vencedor da última Taça UEFA da década de 80, ao serviço da 'Vecchia Signora', e finalista vencido da competição de 1991-92, pelo Mónaco (além dos títulos conquistados ao serviço do próprio Futebol Clube do Porto, na década anterior), poderia, à primeira vista, parecer que Rui Barros voltava ao Estádio das Antas já com tudo conquistado, para a proverbial 'reforma dourada'. O internacional português – então ainda a alguns meses de completar vinte e oito anos, e como tal, na flor da carreira - rapidamente desprovaria essa teoria, no entanto, mostrando, pelo contrário, ter ainda uma palavra a dizer no seio do seu clube 'do coração'. Tanto assim era que o médio-ofensivo não só conquistaria um lugar no onze inicial de um Porto fortíssimo e em plena fase hegemónica, como também se revelaria elemento crucial na até então inaudita caminhada rumo ao penta-campeonato nacional, que o Porto iniciaria logo na temporada seguinte. De facto, das seis épocas que realizou na sua segunda passagem pelo Porto, só na última (já à beira da reforma) Rui Barros perderia preponderância no plantel azul e branco, registando ainda assim dezasseis presenças ao longo da temporada 1999-2000, cujo final o veria retirar-se dos relvados, agora sim, já com tudo ganho.

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Rui Barros na função de técnico dos 'dragões'

Dada a lealdade demonstrada ao clube no qual passou mais de metade da sua carreira, não foi de todo surpreendente que, após a reforma como jogador profissional, Rui Barros tivesse sido integrado na estrutura do FC Porto, onde alternou funções de treinador adjunto e interino ao longo de mais de uma década (entre 2005 e 2016), tendo mesmo chegado a festejar a conquista da Supertaça de 2006 na condição de treinador principal da equipa sénior. Mais tarde, em 2018, o ex-fantasista dos 'dragões' assumiria o cargo de treinador das reservas do clube, cargo que ocuparia durante os três anos seguintes, antes de se trasladar para a função de olheiro, que desenvolve até hoje, não deixando de ser apropriado que um dos melhores criativos da História do clube portuense tenha, hoje, a função de descobrir novos talentos potencialmente ao seu nível – e, idealmente, com o mesmo grau de lealdade e amor à camisola por si demonstrado enquanto jogador profissional pelos dragões. Parabéns, e que conte ainda muitos.

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