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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

02.02.25

NOTA: Este 'post' é parcialmente respeitante a Sábado, 1 de Fevereiro de 2025.

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

A chegada a Portugal das grandes superfícies, em meados da década de 90, veio confinar a uma presença cada vez mais esporádica certos tipos de lojas do chamado comércio local, anteriormente muito mais prolíficas e omnipresentes na vida quotidiana dos cidadãos nacionais. Foi assim com as drogarias e mercearias tradicionais (as segundas das quais aqui terão em breve o seu espaço) com as lojas de brinquedos e discos, com os videoclubes e com o tipo de estabelecimento que abordamos neste 'post' duplo de fim-de-semana: as lojas de desporto de bairro.

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De facto, onde hoje a Decathlon e a Sport Zone são as principais referências no tocante à compra de equipamento desportivo especializado (daquele que dificilmente se encontraria num hipermercado), há cerca de três décadas, esse mesmo nicho era do domínio praticamente exclusivo de lojas mais pequenas, altamente especializadas, e existentes em praticamente todas as localidades e bairros mais urbanos do País, muitas vezes como parte de uma pequena galeria comercial. Ali se podiam comprar desde produtos mais básicos, como ténis, chuteiras, sapatilhas de ginástica, calções, meias ou camisolas de futebol (quer genéricas quer, por vezes, alusivas a clubes específicos) até outros bem mais especializados, como canas de pesca, ou mesmo troféus 'genéricos' para atribuição em competições e eventos de pequenos clubes ou agremiações. E apesar de, por comparação às referidas grandes superfícies, os preços serem, necessariamente, inflacionados, tal diferença acabava por se justificar dado o atendimento personalizado e atencioso, 'à moda antiga', de que cada cliente era alvo.

Tal como sucedeu com os restantes tipos de loja mencionados no início deste texto, no entanto, também as pequenas lojas de desporto de bairro se foram vendo ficar cada vez mais irrelevantes e perder boa parte da sua clientela, para quem os preços mais baixos das novas lojas em cadeia tinham um atractivo irresistível. Assim, embora este tipo de loja não esteja, ainda, totalmente extinto (ainda que seja apenas uma questão de tempo até que tal suceda) os poucos estabelecimentos ainda restantes sobrevivem, acima de tudo, graças a uma capacidade de resistência acima da média, misturada com um pouco de sorte; uma pena, já que os equipamentos desportivos para modalidades e actividades extra-curriculares continuam a ser um dos campos em que o comércio de proximidade não só tem razão de ser como apresenta claras vantagens em relação ao actual paradigma de compras 'online' ou em grandes superfícies.

25.01.25

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui por diversas vezes falámos de brinquedos que procuravam simular e adaptar desportos 'reais' à realidade infantil, nomeadamente através do uso de plástico leve, o qual não só tornava os jogos mais seguros como também adequava os objectivos à força e destreza do público-alvo. Era assim, por exemplo, com o bilhar, os dardos, o bólingue, e também com o desporto de que falamos neste 'post', o golfe.

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De facto, nas mesmas lojas que vendiam os outros produtos acima elencados, era também possível encontrar estojos de golfe em miniatura, contendo no interior vários tacos e uma bola, todos em plástico oco, semelhante ao utilizado para os conjuntos de bólingue, por exemplo. Tal como acontecia com estes, a criança podia, assim, recriar um jogo de golfe, com todas as suas tacadas 'impossíveis', ainda que sem a presença de buracos, os quais tinham de ser 'improvisados' (com recipientes colocados na horizontal, por exemplo) ou ficar a cargo da imaginação. Fosse qual fosse o método escolhido, no entanto, os referidos conjuntos eram, invariavelmente, capazes de proporcionar tanto Sábados aos Saltos, com o quintal a servir de 'green', como Domingos Divertidos, como o jogo a desenrolar-se no chão do quarto - ainda que, em ambos os casos, provavelmente muito mais breves do que um verdadeiro jogo de golfe, com o seu ritmo lento e as suas quase duas dezenas de buracos.

Tal como sucede com os seus congéneres acima citados, continua a ser possível adquirir conjuntos de golfe deste tipo; no entanto, como também sucede com muitos dos outros 'kits' de desporto de brincar, os mesmos encontram-se confinados, em larga medida, a 'sites' grossistas da Internet, sendo raro encontrar um 'ao vivo e a cores', numa qualquer loja 'dos trezentos' ou chinesa. Quem viveu o período de maior popularidade destes brinquedos, no entanto, certamente se recordará de muitos fins-de-semana passados a aperfeiçoar a sua técnica de tacada, qual Tiger Woods em miniatura...

20.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 18 e Domingo, 19 de Janeiro de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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O 'antes' e o 'depois' do desporto de rua em Portugal.

Apesar de, hoje em dia, ser praticamente impossível visitar qualquer localidade portuguesa sem deparar com, pelo menos, um recinto modernamente equipado para a prática de desporto (normalmente inserido num espaço verde urbano, como um parque ou jardim), tal não era, de todo, o caso há meras três décadas - antes pelo contrário, em meados dos anos 90, a maioria das crianças (sobretudo as residentes fora dos principais pólos urbanos) via-se, ainda, obrigada a improvisar no tocante a 'instalações' para os seus jogos de futebol de rua, ou qualquer outro desporto.

De facto, o mais provável é que a grande maioria dos 'millennials' portugueses tenha crescido aos 'chutos' na bola em 'campos' de areia ou terra sem quaisquer marcações, descalço ou com os ténis mais velhos que ainda tivesse (para poder sujar à vontade) e com três traves de ferro ou mesmo apenas alguns paus a servir de balizas. Isto porque foi apenas já 'às portas' do século XXI que as autarquias nacionais investiram em esforços urbanísticos, a maioria dos quais se traduziu em novos espaços verdes e infra-estruturas de lazer, como parques infantis (quem não se recorda de um famoso anúncio com Vítor de Sousa, a proclamar a construção de um recinto deste tipo?) ou ringues para a prática de futebol ou basquetebol.

Os 'millennials' mais novos (bem como a geração que lhes sucedeu) já pôde, assim, desfrutar de espaços adequados para Sábados aos Saltos e Domingos Desportivos, com e sem bola; quem nasceu ainda nos anos 80 ou inícios de 90, no entanto, assistiu em 'primeira mão' à transição de 'campos' quase imaginados em baldios e terrenos pelados para quadras de piso sintético na escola ou parque municipal, tendo assim podido experienciar o 'melhor de dois Mundos' no tocante ao desporto de rua nacional.

06.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 5 de Janeiro de 2025.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Regra geral, o termo 'lendas' aplica-se, sobretudo, a praticantes de uma determinada actividade. No entanto, quando os líderes, mentores ou treinadores desses mesmos praticantes são tão carismáticos e marcantes como os mesmos, nada impede - antes pelo contrário - a que recebam, também eles, o epíteto de 'lendas'. Serve este ponto prévio para justificar (como se tal fosse necessário) a presença nesta rubrica dedicada às 'Lendas do Campeonato Nacional' de uma personalidade que, embora tenha desenvolvido carreira de ambos os 'lados' de um campo de futebol, se destacou, e é lembrado, sobretudo pelo seu trabalho fora das quatro linhas, ao serviço de um clube que, no total, representou durante uma década e meia.

Falamos do espanhol Francisco Fortes Calvo, normalmente conhecido pela alcunha 'Paco', e que marcou época no futebol português com o seu farto bigode e a afável personalidade demonstrada enquanto treinador 'perene' do Sporting Clube Farense, a 'instituição' do futebol português da qual comandou os destinos durante mais de uma década. Nada melhor, pois, do que dedicar algumas linhas a esta espécie de 'Sir Alex Ferguson português' - salvas as devidas distâncias, claro está - que acaba, este fim-de-semana, de completar exactos setenta anos de vida.

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Paco Fortes enquanto jogador do Farense, na década de 80...

Foi ainda nos anos 80 que Paco Fortes aprendeu a amar o Farense, ao qual se juntava em meados da década, então na capacidade de jogador, e já com créditos firmados em Espanha, onde representara o Barcelona, Málaga, Espanyol e Valladolid - uma carreira 'de respeito' para um jogador que viria mesmo a concluir no Algarve a sua 'viagem' futebolística, após cinco épocas com a 'malha' alvinegra. Conhecido, enquanto jogador, pela sua garra e 'pavio curto', aquele que é ainda hoje considerado o melhor jogador da História do Farense viria, no entanto, a ganhar tão forte vínculo com a 'capital do Sul', e com o respectivo clube, que mesmo após pendurar as botas, nunca viria verdadeiramente a deixar as instalações do Estádio de São Luís, tendo simplesmente 'transitado' de um lado do banco técnico para o outro, ao assumir o cargo de treinador, no final da época de 1988/89.

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...e como treinador dos algarvios, já na década seguinte.

Seria o início de exactamente uma década à frente dos farenses, durante a qual acompanharia o clube da II Divisão de Honra (para onde tombariam logo no final da sua primeira época, incompleta, no comando) ao escalão principal do futebol nacional, e com o qual faria História em meados da década, ao almejar a glória da Taça UEFA, competição em que o clube participaria há exactos trinta anos, na temporada de 1994/95. Sob o seu comando, os algarvios afirmaram-se e cimentaram-se como um dos conjuntos mais 'duros de roer' do futebol português, muito por conta de jogadores como Hajry, Eugénio e, claro, Hassan, o único outro nome tão sinónimo com o Farense da década de 90 como o próprio Paco. Aquando da saída - em 1999, para o 'vizinho' Imortal - era herói e lenda viva em Faro, cidade à que voltaria ainda mais uma vez, já no Novo Milénio, para tentar 'salvar' o 'seu' clube da descida de divisão, objectivo em que não foi bem sucedido. Pelo meio, Fortes treinaria ainda, durante uma época, outro histórico do futebol português, o hoje bem mais modesto União de Lamas. Após o 'regresso' gorado à casa-mãe, Paco passaria ainda pelo Pinhalnovense - por duas vezes, separadas por uma infrutífera experiência internacional, no Raja Casablanca de Hajry - clube onde viria a encerrar funções enquanto técnico desportivo, no final da temporada 2008/09.

Infelizmente, a vida do carismático técnico após a sua 'reforma' esteve longe dos confortos da da maioria dos seus congéneres; pelo contrário, Paco Fortes chegou mesmo a estar desalojado, sendo obrigado a viver numa carrinha, e foi apenas através do programa de veteranos do Barcelona (clube onde se lançou) que o simpático espanhol foi capaz de refazer a vida, e conseguir um final feliz para a sua história, enquanto controlador marítimo no porto de Barcelona. Será, no entanto, pela sua passagem pelo futebol português que o sorridente 'bigodudo' será sempre lembrado, e é devido a ela que lhe prestamos esta homenagem, meras horas depois de completar sete décadas de vida. 'Feliz cumpleanos', Paco, e que conte ainda muitos!
 

23.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Domingo, 22 de Dezembro de 2024.
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Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.
 

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É piada recorrente entre adeptos de futebol portugueses até aos dias de hoje: o misterioso fenómeno que fazia com que as excelentes equipas do Sporting dos anos 90 e 2000 iniciassem cada nova temporada do Campeonato Nacional 'a todo o gás', mas perder fôlego (e terreno) a partir de meados de Dezembro, sagrando-se 'campeão de Natal'. mas acabando por soçobrar na segunda metade da época, e permitir a 'ultrapassagem' do grande rival Benfica ou do Futevol Clube do Porto (bem como, numa ocasião histórica, do Boavista). Agora, numa altura em que a 'maldição' parece estar, mais uma vez, em curso, a conjuntura afigura-se ideal para dedicarmos algumas linhas a essa estranha tendência.
 
Ao contrário do que é costume neste tipo de casos, esses consecutivos 'falhanços' dos 'Leões' de Lisboa não podem ser atribuidos a nenhum factor concreto, sendo normalmente derivados de uma conjunção da hegemonia dos rivais (sobretudo o Porto, que atravessava, em finais do século XX e inícios do seguinte, uma fase demolidora), quebras anímicas, plantéis inconsistentes, maus treinadores, jogos difíceis, erros de arbitragem e algum azar. Sejam quais forem os motivos, no entanto, a verdade é que, num período de mais de duas décadas, o Sporting CP apenas logrou conquistar dois títulos nacionais, não tendo sido mais do que 'campeáo de Inverno' nas restantes décadas. E se, nos últimos cinco anos, este paradigma parecia finalmente estar a reverter-se, a presente temporada indica que a 'maldição' não está, de todo, debelada, e que os adeptos mais recentes do clube de Alvalade podem estar prestes a viver uma situação análoga à experienciada pelos seus antecessores de finais do século XX...
 

24.11.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Embora a História do desporto-rei esteja repleta de jogadores que, após inícios auspiciosos em clubes menores, almejam prosseguir, consequentemente, a carreira em emblemas de maior dimensão (senão mesmo 'gigantes'), os atletas com capacidade de fazer a diferença no mesmo clube em duas ocasiões diferentes contam-se em bastante menor número. De facto, ainda que tais casos não sejam totalmente inauditos, os mesmos são, sem dúvida, suficientemente raros para que os jogadores capazes de integrar este grupo sejam merecedores de destaque. É, precisamente, o caso do futebolista a quem dedicamos as próximas linhas, um médio ofensivo 'à moda antiga' que celebra este Domingo o seu quinquagésimo-oitavo aniversário e que, há exactas trinta temporadas, regressava ao clube que o formara e lançara, para inscrever indelevelmente o seu nome na extensa lista de 'lendas' do mesmo.

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O jogador com a camisola que o consagrou no início e fim de carreira.

Regressado à Cidade Invicta já com honras de titular absoluto de Juventus e Mónaco, bem como de vencedor da última Taça UEFA da década de 80, ao serviço da 'Vecchia Signora', e finalista vencido da competição de 1991-92, pelo Mónaco (além dos títulos conquistados ao serviço do próprio Futebol Clube do Porto, na década anterior), poderia, à primeira vista, parecer que Rui Barros voltava ao Estádio das Antas já com tudo conquistado, para a proverbial 'reforma dourada'. O internacional português – então ainda a alguns meses de completar vinte e oito anos, e como tal, na flor da carreira - rapidamente desprovaria essa teoria, no entanto, mostrando, pelo contrário, ter ainda uma palavra a dizer no seio do seu clube 'do coração'. Tanto assim era que o médio-ofensivo não só conquistaria um lugar no onze inicial de um Porto fortíssimo e em plena fase hegemónica, como também se revelaria elemento crucial na até então inaudita caminhada rumo ao penta-campeonato nacional, que o Porto iniciaria logo na temporada seguinte. De facto, das seis épocas que realizou na sua segunda passagem pelo Porto, só na última (já à beira da reforma) Rui Barros perderia preponderância no plantel azul e branco, registando ainda assim dezasseis presenças ao longo da temporada 1999-2000, cujo final o veria retirar-se dos relvados, agora sim, já com tudo ganho.

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Rui Barros na função de técnico dos 'dragões'

Dada a lealdade demonstrada ao clube no qual passou mais de metade da sua carreira, não foi de todo surpreendente que, após a reforma como jogador profissional, Rui Barros tivesse sido integrado na estrutura do FC Porto, onde alternou funções de treinador adjunto e interino ao longo de mais de uma década (entre 2005 e 2016), tendo mesmo chegado a festejar a conquista da Supertaça de 2006 na condição de treinador principal da equipa sénior. Mais tarde, em 2018, o ex-fantasista dos 'dragões' assumiria o cargo de treinador das reservas do clube, cargo que ocuparia durante os três anos seguintes, antes de se trasladar para a função de olheiro, que desenvolve até hoje, não deixando de ser apropriado que um dos melhores criativos da História do clube portuense tenha, hoje, a função de descobrir novos talentos potencialmente ao seu nível – e, idealmente, com o mesmo grau de lealdade e amor à camisola por si demonstrado enquanto jogador profissional pelos dragões. Parabéns, e que conte ainda muitos.

10.11.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Já aqui anteriormente falámos de alguns dos nomes constantes da restrita lista de desportistas que representaram dois ou mais clubes 'grandes' do futebol português durante os anos 90 e 2000. E se alguns destes - como Sergei Yuran, Kulkov, Edmilson, Mário Jardel, Drulovic, Zahovic, João Vieira Pinto ou Izmailov - almejariam fama e glória em ambos os emblemas em causa, no entanto, outros tantos seriam, numa fase inicial, 'ignorados', ou utilizados como opção de recurso, para depois virem finalmente a explanar o seu potencial num dos dois 'rivais' do seu primeiro clube. Foi o caso de nomes como Nuno Valente ou o jogador que celebramos hoje, no dia do seu quinquagésimo-quarto aniversário: o guarda-redes russo Sergei Ovchinnikov.

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Ovchinnikov ao serviço do primeiro dos dois 'grandes' portugueses que representou...

Chegado a Portugal no defeso de Inverno de 1997-98, Ovchinnikov aterrava em Lisboa, para representar o Benfica, já com a 'tarimba' de nada menos do que seis épocas e meia como dono e senhor da baliza do Lokomotiv de Moscovo, à época um clube de razoável dimensão no contexto europeu, bem como de 'dono' da baliza da Selecção russa, com a qual disputara o Campeonato Europeu em Inglaterra, seis meses antes. Em Lisboa, no entanto, o guardião deparava-se com um problema 'bicudo' – nomeadamente, o facto de a baliza dos 'encarnados' estar entregue ao incontornável Michel Preud'Homme, que disputa com Schmeichel o título de melhor guarda-redes a actuar em Portugal na era moderna, e cuja longevidade entre os postes da Luz é ainda hoje lendária.

Na sua primeira época fora do eixo da Europa de Leste, Ovchinnikov não iria, pois, além das nove presenças com a camisola das 'águias' lisboetas, um número que se viria a duplicar na temporada seguinte, sem que, no entanto, o guardião internacional russo se lograsse estabelecer como primeira opção da equipa da capital. Foi, pois, com naturalidade que o internacional russo procurou outros 'vôos' na época seguinte, tendo a solução passado por dar um 'passo atrás' e assinar pelo histórico Alverca – curiosamente, à época, o principal satélite do clube de onde Ovchinnikov era oriundo.

E se, na maioria dos casos, uma decisão deste tipo significaria o fim de uma carreira ao mais alto nível, para Ovchinnikov, esta representou precisamente o contrário; seguindo a máxima de 'dar um passo atrás para dar dois à frente', o guardião russo iniciaria em Alverca a sua 'remontada', a qual o veria afirmar-se como primeira opção para a baliza dos ribatejanos e, após uma temporada a bom nível, ser sondado por outro 'grande' português, no caso o representante nortenho, por quem assinava no primeiro defeso de Verão do século XXI. E enquanto que, em Lisboa, Ovchinnikov se vira 'tapado' por um histórico indiscutível do clube, na Cidade Invicta, o jogador não teve quaisquer problemas em se afirmar como titular da baliza azul e branca, amealhando mais de sessenta e cinco presenças pelos portistas ao longo dos dezoito meses seguintes, e conquistando uma Taça de Portugal (frente ao Sporting) e uma Supertaça (frente ao Boavista). Em falta ficou, apenas, o campeonato, que seria ganho, pela segunda vez em três anos, pelo Sporting.

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...e do segundo.

Quando tudo parecia, finalmente, ir de vento em popa para Ovchinnikov em Portugal, no entanto, eis que surge uma proposta irrecusável para voltar à 'casa-mãe', em Moscovo. O guardião não hesitou, naturalmente, em tirar partido desta oportunidade, voltando assim a ocupar o lugar que deixara vago meia década antes, o qual não voltaria a largar durante as quatro épocas e meias seguintes, até à transferência para o rival Dínamo, onde se formara e iniciara a carreira sénior, em finais dos anos 80, mas onde, desta feita, não almejou mais do que a condição de suplente. (Curiosamente, se tivesse optado por ficar no Porto, o russo teria quiçá feito parte da equipa de José Mourinho que 'tomou de assalto' as competições europeias em meados da década de 2000.) Pelo meio, ficava ainda um 'reencontro' com os portugueses, no âmbito do Euro 2004, onde beneficiaria a Selecção do seu 'país adoptivo' ao jogar a bola com a mão fora da área, acção que lhe valeu a expulsão do jogo entre Rússia e Portugal, a contar para a fase de grupos do certame.

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O momento da expulsão frente a Portugal, no Euro 2004.

Para além desta atribulada mas honrosa carreira nos relvados, Ovchinnikov faz, ainda, parte da enorme lista de ex-jogadores que enveredam por cargos técnicos após 'pendurarem as botas'. No caso do guardião russo, há a assinalar passagens pelo 'seu' Lokomotiv (como treinador de guarda-redes), pelos Dínamos de Kiev (como assistente) e Minsk (como treinador principal), pela Selecção Nacional russa (onde foi, novamente, responsável pelo treino de guarda-redes) e, mais recentemente, pelo CSKA, onde ocupou a posição principal do banco durante nada menos do que seis temporadas, entre 2014 e 2020. Desde então, o ex-futebolista parece ter-se retirado dos 'palcos' do desporto-rei, presumivelmente para 'gozar' a reforma, tendo já deixado um considerável legado em duas frentes distintas, e o seu nome impresso na História do futebol não só do seu país natal, mas também de uma pequena nação no extremo exactamente oposto da Europa. Parabéns, e que conte ainda muitos.

29.09.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Numa era em que a maioria dos homens ocidentais de uma certa faixa demográfica exibe uma aparência muito semelhante, e cuidada até ao extremo, é fácil esquecer que, há meros trinta anos, era por demais fácil reconhecer certas classes sociais e profissionais pelo aspecto que apresentavam. Destas, a mais famosa talvez seja a dos desportistas profissionais, e especificamente dos futebolistas, cujas marcantes escolhas no tocante a aparências popularizaram, em Portugal, a expressão 'cabelinho à jogador da bola'. São inúmeros os exemplos ilustrativos deste estilo durante os anos 90 e 2000, bastando lembrarmo-nos de Fernando Couto, Nuno Gomes, Claudio Cannigia, Jorge Cadete ou mesmo Luís Figo, mas um dos mais memoráveis e marcantes pertenceu a um jogador do Sporting Clube de Portugal na viragem da década de 80 para a de 90, o qual completa hoje sessenta e cinco anos.

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O futebolista com três das quatro camisolas que envergou em Portugal.

Falamos de Paulo Roberto Bacinello, avançado goleador cujo apelido futebolístico derivava da pequena cidade que o vira nascer em 1959 – Cascavel, no estado brasileiro do Paraná. Era ali, ao serviço do clube local, que, em finais dos anos 70, o adolescente então já conhecido como Paulinho Cascavel daria os primeiros toques na bola enquanto jogador semi-profissional; seguir-se-ia uma passagem discreta pelo Criciúma, antes de o avançado demonstrar a sua verdadeira valia ao marcar vinte e sete golos ao serviço do Joinville, conquistando assim a Bota de Ouro no Campeonato Catarinense de 1984. Esta boa prestação valer-lhe-ia, subsequentemente, o primeiro 'salto', no caso para o Fluminense, um dos 'grandes' históricos do futebol brasileiro. Ali, no entanto, Paulinho nunca seria mais do que segunda escolha atrás de Washington, uma das 'lendas' do clube carioca, tendo somado apenas oito jogos em todo o Brasileirão de 1984, das quais apenas um na condição de titular – números, ainda assim, suficientes para lhe outorgar o título de Campeão Brasileiro daquele ano.

Era, pois, com esse estatuto que Cascavel embarcava na sua primeira aventura internacional, rumando a Portugal para representar um dos três 'grandes' do País, no caso o Futebol Clube do Porto. Na Invicta, no entanto, o avançado ver-se-ia na mesma difícil posição que experienciara no Rio de Janeiro, enfrentando a concorrência desleal do 'Bi-Bota' Fernando Gomes, do qual estava fadado a ser eterno suplente. A sua única época ao serviço dos azuis e brancos saldou-se, assim, em uma única presença, antes de o avançado ter sido 'despachado' para Guimarães como parte do negócio em torno do guarda-redes Júnior Best – uma troca que acabaria por beneficiar todas as partes, já que as duas épocas na Cidade-Berço permitiriam a Cascavel relançar a carreira de forma nada menos que impressionante. Quarenta e sete golos em sessenta jogos são o saldo total do primeiro período alto da carreira do avançado desde os tempos dos distritais brasileiros, tendo a sua contribuição ajudado o Vitória FC a assegurar o terceiro lugar na época 1985-86, e a carimbar exibição honrosa na Taça UEFA do ano seguinte. Rapidamente se espalhava por Portugal e arredores o nome daquele avançado que marcava golos de todas as formas e feitios, e foi com total naturalidade que os vimaranenses viram a sua estrela ser abordada pelo segundo 'grande' português da sua carreira, desta feita localizado mais a Sul.

Esta segunda passagem por um clube de monta correria, no entanto, significativamente melhor a Paulinho Cascavel, que demonstrava em Lisboa os mesmos predicados técnicos e faro de golo que exibira em Guimarães, e se afirmava rapidamente como peça-chave do Sporting de finais dos anos 80. À entrada para a última temporada da década (e primeira dos 'noventas'), eram já mais de oitenta e cinco as presenças do avançado com o pentrado 'mullet' ao serviço dos Leões, ao longo das quais obtivera quarenta e cinco golos (sendo melhor marcador do campeonato na sua primeira época) e ajudara o clube a conquistar o seu único título nesse período, a Supertaça Cândido de Oliveira. A época de 1989/90 parecia, inicialmente, seguir nessa mesma toada, mas um desacordo com o então presidente do clube, Sousa Cintra, via Paulinho Cascavel perder preponderância na equipa, que viria a abandonar no final da temporada, tendo contribuído com meros três golos em cerca de duas dezenas e meia de presenças, números muito aquém dos que vinha obtendo em Portugal até então.

Um 'craque' em baixa anímica ou de forma não deixa, ainda assim, de ser um 'craque', e era com o máximo prazer que o Gil Vicente acolhia Paulinho Cascavel como parte do seu plantel para a época 1991/92. Esta fase da carreira do avançado ficaria, no entanto, marcada por outro conflito, este contra as sucessivas lesões que ia contraindo, e que culminaram no final da sua carreira profissional, aos trinta e dois anos, após apenas oito presenças com a camisola dos Galos.

Ao contrário de muitos dos nomes que abordamos nestas páginas, no entanto, Paulinho Cascavel não transitou para cargos técnicos ou federativos no seio do futebol, optando em vez disso por continuar a carreira por mais alguns anos, agora no Campeonato Nacional de Veteranos, onde se sagraria Bota de Ouro em cinco das seis épocas que fez ao serviço do Aliados de Lordelo. Penduradas definitivamente as chuteiras, o agora ex-jogador regressaria ao seu Brasil natal para se tornar empresário do ramo da pecuária, deixando a continuação do legado futebolístico ligado ao nome Cascavel à responsabilidade do filho, Guilherme, que desde 2005 vem representando diversos emblemas das divisões inferiores portuguesas, não tendo nunca logrado alcançar o alto nível atingido pelo pai. Continua, pois, a ser do jogador com o 'cabelinho à jogador da bola' (e bigode a condizer) e capacidade invulgar para marcar golos que muitos adeptos se lembrarão ao ouvir o nome Cascavel, merecendo o mesmo o seu lugar no panteão de Lendas da Primeira Divisão nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos!

15.09.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

No futebol, como em qualquer ramo profissional, existem figuras incontornáveis, de que qualquer adepto, de qualquer época da História, terá pelo menos ouvido falar. A grande maioria delas são, logicamente, jogadores; no entanto, existem também pelo Mundo fora muitos e variados exemplos de personalidades que, sem terem brilhado dentro de campo, se destacaram com louvor do 'outro lado' das quatro linhas, como técnicos ou treinadores. Uma dessas figuras – uma das maiores, ao nível de um Alex Ferguson – foi um simpático e invariavelmente educado sueco que, em meio a uma carreira nada menos que ilustre, acabou por 'tocar' também os adeptos portugueses com a sua cortesia e carisma. Falamos, claro, de Sven-Goran Eriksson, três vezes campeão nacional pelos encarnados do Benfica, cuja morte devida a cancro do pâncreas, há cerca de três semanas, deixou um vazio pronunciado nos meandros do desporto-rei. Este Domingo Desportivo não poderia, pois, deixar de constituir um epitáfio a um dos grandes nomes da História do futebol, através de uma retrospectiva da sua breve mas marcante passagem por Portugal.

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Um jovem Eriksson com duas outras lendas do Benfica, Toni e Eusébio.

Chegado ao Benfica já com louros de campeão sueco e vencedor da Taça da Suécia e Taça UEFA ao serviço do Gotemburgo. Em Portugal, os excelentes auspícios deixados por esse início de carreira técnica – após discreta carreira dentro das quatro linhas, nos anos 60 e 70 – vir-se-iam não só a confirmar como a ampliar, com Eriksson a levar o Benfica ao bi-campeonato nas suas duas épocas como técnico, em 1982-83 e 1983-84, tendo também assegurado a Taça de Portugal na primeira das duas, na qual atingiu ainda os quartos de final da então chamada Taça das Taças.

Era, pois, em glória que o treinador sueco saía para Itália, no defeso de Verão do ano de 1984, naquela que acabaria por ser a mais discreta fase da sua carreira, com passagens 'sem história' por Roma e Fiorentina a culminarem no regresso a Portugal, onde o seu antigo clube o acolheu de braços abertos, radiante por poder novamente contar com tão histórica figura no comando. E a verdade é que, nesta segunda passagem pelos campeonatos nacionais, Eriksson voltou a ser feliz, adicionando mais um título de campeão ao seu currículo, em 1990-91, além da Supertaça conquistada no ano anterior. Uma última época menos bem conseguida não manchava a reputação do treinador, que, no final da temporada 1991-92, rumava novamente a Itália, desta vez para uma experiência algo mais positiva, com conquistas várias ao serviço da Sampdoria e Lazio, com quem se sagraria campeão italiano nos primeiros meses do Novo Milénio. Daí, o percurso do treinador levá-lo-ia a Inglaterra, onde também chegou a ser ídolo - dando mesmo a cara e nome a um 'clone' de Championship Manager lançado para PC e PlayStation - e depois à China, país onde viria a encerrar a carreira em 2017, ao serviço do Shenzen.

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Com antigos colegas e jogadores durante uma homenagem no Estádio da Luz.

Apesar de nunca ter voltado a Portugal, no entanto, o sueco nunca deixou de ser calorosamente recordado pelos adeptos nacionais – sobretudo, mas não apenas, do Benfica – pelo seu conhecimento táctico, espírito de vitória, desportivismo e cordialidade, e por ser um 'gentleman' 'à moda antiga' – aspectos que vão já escasseando (e que fazem falta) não só no desporto-rei como na sociedade em geral. Que descanse em paz.

21.07.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Qualquer fã de futebol que tenha crescido em Portugal nas duas últimas décadas do século XX recordará com especial carinho as icónicas cadernetas de cromos alusivas aos campeonatos nacionais da época, cada uma repleta de clubes históricos e caras que, através da sua presença ano após ano, acabavam por se tornar familiares e conhecidas. O jogador de que falamos este Domingo, no dia do seu quinquagésimo-oitavo aniversário, foi uma dessas caras, tendo ficado ligado, na mente dos jovens adeptos nacionais, a um dos mais históricos de todos os clubes nacionais, o carismático Sporting Club Farense.

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O jogador com a camisola com que se tornou sinónimo.

De facto, apesar de nascido na Margem Sul do Tejo e formado no Sporting, onde dava os primeiros toques logo no início da adolescência, Rui Pedro Rodrigues Eugénio (vulgarmente conhecido apenas pelo seu apelido) veria a sua carreira sénior ficar ligada a regiões consideravelmente mais a Sul, nomeadamente a terras algarvias – região onde, aliás, daria os primeiros passos como sénior, aos dezoito anos recém-completos, ao serviço do Olhanense. Seguir-se-ia uma experiência mais a Norte (no Recreio de Águeda) e outra na zona de Lisboa – onde representaria, durante duas épocas, o Estoril-Praia – mas o dealbar da época 1988-89 via o defesa lateral ingressar na agremiação com que haveria de se tornar sinónimo para muitos adeptos portugueses ao longo da década seguinte. Essa primeira passagem pelo Farense durou quatro épocas, em que Eugénio se afirmou como peça-chave quase indiscutível da equipa algarvia, realizando mais de cento e trinta jogos entre a então Segunda Divisão de Honra e o escalão principal – que, aliás, ajudaria a equipa a atingir logo na sua segunda época, a qual ficou também coroada pela presença no Jamor (embora como finalista derrotado) e, a nível pessoal, pelo nascimento do filho, Pedro.

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Cromo da Panini dos tempos da passagem pelo Braga....

Foi com o Farense ainda 'em alta', e com estatuto de titular quase indiscutível, que Eugénio abraçou a sua próxima aventura, desta feita no outro extremo do País, e trocando a camisola alvinegra do Farense pela alvirrubra do Sporting de Braga de Mladen Karoglan. A passagem para um clube de maior dimensão não assustou, no entanto, Eugénio, que rapidamente se afirmou como opção também nos arsenalistas, pelos quais viria a realizar setenta e cinco jogos ao longo das três épocas seguintes.

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...e da segunda passagem pelo Farense.

Em 1995, no entanto, surgiria a oportunidade de 'regressar a casa', que Eugénio não hesitaria em aproveitar; seria, pois, de braços abertos que a 'capital' do Algarve voltaria a acolher um jogador que lhes dera muitas alegrias num passado nada distante. E a verdade é que Eugénio retomaria funções no mesmo patamar em que as havia deixado, ou seja, como titular habitual – pelo menos durante a primeira época, já que na seguinte (de 1996/97) viria a perder o lugar, realizando apenas sete partidas em toda a campanha. A situação viria, no entanto, a ser corrigida na época seguinte, tendo Eugénio voltado a figurar como parte importante da equipa durante os dois anos seguintes, antes de se tornar novamente opção de recurso na sua última época nos 'leões' algarvios, já no dealbar do Novo Milénio.

Por esta altura, o 'peso' da idade já se começava a fazer sentir, e Eugénio iniciaria, gradualmente, uma transição para o futebol semi-profissional, 'despedindo-se' dos principais escalões nacionais com uma época como 'jogador de plantel' do Olhanense (num bonito 'fecho de círculo' da sua carreira profissional) antes de ingressar por duas épocas no modesto Sambrasense (embora algumas fontes dêem também conta de uma passagem pelo Valdevez). Seria nesse clube, e na condição de amador, que, no final da época 2002/2003, Eugénio viria a fechar definitivamente o seu ciclo enquanto jogador de campo, deixando o legado do seu nome nas mãos do filho, Pedro, à época ainda em idade de Iniciado, e parte das escolas do Farense - ele que viria a passar pelas Academias de Sporting e Benfica e, tal como o pai, a representar o clube alvinegro em duas ocasiões distintas, antes de rumar ao estrangeiro para jogar na Bulgária, Turquia e, actualmente, Cazaquistão. Já o Eugénio 'sénior' transitaria, com naturalidade, para cargos técnicos do clube a que ficara indelevelmente ligado, tendo exercido funções de adjunto durante duas épocas, e chegado mesmo a ser treinador interino dos algarvios na época 2006/2007.

Hoje afastado do Mundo do futebol, Eugénio continua, no entanto, a ser lembrado com carinho pelos adeptos farenses, que aprenderam a respeitar e apreciar o profissionalismo do lateral, um homem de valores e personalidade bem maiores do que a sua estatura de módicos 1,66 metros, e que bem merece esta singela homenagem no dia do seu aniversário. Parabéns, e que conte muitos.

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