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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

28.03.23

NOTA: Este 'post' é correspondente a Segunda-feira, 27 de Março de 2023.

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de ser a fonte de muita da iconografia mais apelativa para o público mais jovem, como flores e passarinhos, a Primavera encontra-se, ainda assim, sub-representada no campo da animação; apesar de muitos desenhos animados adoptarem a estética de campos verdejantes e paisagens idílicas, apenas um número muito reduzido se dá ao trabalho de localizar a acção especificamente nesta estação. No entanto, os anos 80 e a primeira metade da década seguinte viram, talvez, o maior influxo de produtividade neste capítulo em particular, pelo que – numa altura em que se celebra a chegada da estação das flores – nada melhor do que recordar algumas das mais marcantes.

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E nada mais certo do que começar por aquela que foi uma das séries mais acarinhadas por uma dada geração de portugueses, que a chegou a ver três vezes no espaço de uma década, tendo a mesma ido ao ar originalmente em 1985, na RTP1, e repetido depois em 1988, novamente na '1', e 1994, no bloco 'Um-Dó-Li-Tá', na RTP2. Falamos de 'Fábulas da Floresta Verde', um daqueles 'animes' da fase clássica da indústria (é, originalmente, de 1973) cujo nome não deixa grande lugar a dúvidas quanto ao seu tema; mais curioso é perceber que a série tem como base uma série de contos escritos pelo mesmo autor das populares histórias de 'Pedro Coelho' (Peter Rabbit), que chegaram a inspirar dois filmes de acção real, já no Novo Milénio.

Com temática e estilo semelhantes aos também mega-populares 'Bana e Flapi', trata-se, no entanto, de uma série distinta, que segue as aventuras de duas marmotas, Rocky e Polly, no seu dia-a-dia na Floresta do título, com tudo o que isso implica – incluindo ataques por parte de predadores bastante realistas, como raposas, doninhas e, claro, seres humanos. Com um genérico memorável e uma atitude despretensiosa, é fácil de perceber o porquê de esta série ter sido grande favorita entre as crianças da época.

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Outra série que focava especificamente a Primavera era 'As Ervilhinhas de Poddington', uma série britânica que seguia o então popular 'formato Estrumpfes' e o adaptava quase directamente a outro meio – neste caso, uma plantação de ervilhas, habitada por todos os habituais estereótipos, incluindo uma única personagem feminina (denominada Ervilha de Cheiro e que, claro, é loira, ao melhor estilo Estrumpfina.) Com apenas treze episódios, a série destacou-se, aquando da sua passagem por Portugal – em 1992, na RTP1 - sobretudo pelo contagiante genérico, sendo, de resto, apenas mais uma série infantil dentro da média da época em que foi criada.

O contagiante genérico da série

Por último, mas não menos merecedora de destaque, vem a série 'A Família Silvestre', transmitida pela RTP e baseada na linha de brinquedos do mesmo nome lançada pela Tomy em finais dos anos 80, e que, em Portugal, era distribuída pela inevitável Concentra. Curiosamente, o conceito do desenho animado pouco tinha a ver com a linha original, adoptando um formato mais próximo ao dos populares 'Ursinhos Carinhosos', em que a titular Família Silvestre e restantes habitantes da floresta mágica, que o ajudam a resolver o seu problema enquanto tentam derrotar os vilões de serviço. Pela sinopse, já deu para ver que se trata, apenas e tão-sómente, de 'mais uma' série destinada a promover uma linha de brinquedos, sem nada que a distinga de congéneres mais famosas como os referidos 'Ursinhos Carinhosos' ou ainda os Pequenos Póneis.

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É pena, pois, que a estação que tantas crianças fascinou e inspirou ao longo das gerações não tenha ainda tido um representante condigno no mundo da animação; ainda assim, vale a pena recordar os poucos exemplos de séries da 'era de Ouro' que faziam uso da estação nas suas tramas, ou simplesmente no Mundo que criavam.

24.01.23

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Os anos 90 constituíram uma verdadeira 'época áurea' no que tocou aos blocos de programação infantil em Portugal, tendo visto nascer alguns dos mais memoráveis exemplos deste formato da História da televisão portuguesa; do 'Buereré' da SIC à 'Casa do Tio Carlos' e, mais tarde, o 'Batatoon' e 'Mix Max' (todos na TVI) as crianças portuguesas daquela década tiveram muito por onde escolher no tocante a programas que intercalavam a exibição de desenhos animados e séries infantis com jogos, passatempos e interlúdios musicais, com animação a cargo de um ou mais apresentadores carismáticos e bem-dispostos.

No caso da RTP, o representante deste tipo de programa começou por ser 'A Hora do Lecas', passando depois a chamar-se 'Brinca Brincando' (termo que se aplicou a uma série de formatos, sendo o mais memorável 'Os Segredos do Mimix') até, em 1993, se fixar como 'Um-Dó-Li-Tá', nome pelo qual o bloco infantil da emissora estatal seria conhecido até praticamente ao final da década.

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Alternando, durante os seus cinco anos de vida, entre a RTP1 e a RTP2, o programa foi alvo de várias re-estuturações de formato, por vezes concomitantes com estas mudanças. A proposta inicial não andava longe da das concorrentes, consistindo em desenhos animados intercalados com segmentos moderados por dois apresentadores - no caso Francisco Barbosa e Vera Roquette, esta última já bem querida da 'pequenada' devido à sua associação com o 'Agora Escolha', programa onde revelara uma aptidão especial para comunicar com os mais novos.

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Vera Roquette foi a primeira apresentadora do programa. (Crédito da foto: Desenhos Animados Anos 90)

Mais tarde, em 1994, a 'apresentação' passaria a ficar a cargo de dois bonecos, o 'Umdó' e a 'Litá', duas molas com vida que, nos anos finais do programa, foram substituídos por outros dois bonecos, HumHum e Benzé, que ocupariam o 'cargo' até à extinção do formato, em 1998, num caso óbvio de discriminação contra humanos...

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As molas animadas Umdó e Litá substituiriam os apresentadores humanos a partir de 1994

O que não se alterou ao longo do tempo de vida do programa foram a duração, que se manteve nas duas horas, e a aposta em conteúdos nacionais, como 'Rua Sésamo', 'Os Amigos de Gaspar' ou 'No Tempo dos Afonsinhos', à mistura com as habituais séries estrangeiras. Um formato perfeitamente 'seguro', sem grandes inovações, e sem a agitação frenética dos concorrentes directos (aproximava-se mais do ambiente tranquilo de 'A Casa do Tio Carlos' do que do 'espalhafato' de Ana Malhoa ou Batatinha) mas perfeitamente capaz de lhes fazer frente, até por dispôr de alguns bons argumentos a nível de séries e programas – e, como tal, bem digno de homenagem num ano em que se comemoram, simultaneamente, os trinta anos da sua estreia e os vinte e cinco da sua última emissão...

Dois excertos de eras diferentes do programa.

 

19.12.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Na edição passada desta rubrica, mencionámos que, de entre todas as séries animadas produzidas nos anos 80 e 90, apenas uma era, declaradamente, tematizada em torno do Natal, e ambientada na época do ano e localização geográfica normalmente associadas com a mitologia do mesmo; agora, na última Segunda de Séries antes do Natal - e última deste ano 2022 - chega a altura de nos debruçarmos, precisamente, sobre essa produção.

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Trata-se de Noeli, um 'anime' produzido em meados dos anos 80, mas que se encontrava ainda em rotação na grelha da RTP no final do primeiro ano da década seguinte, datando a sua segunda e última exibição em Portugal, precisamente, de Dezembro de 1990 e inícios de Janeiro de 1991. Com um total de vinte e três episódios, e um estilo de animação bem típico das produções japonesas da época (ainda que algo mais 'suave' que o de contemporâneos como 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Oliver e Benji' ou mesmo a lendária adaptação em 'anime' de Tom Sawyer) a série tem como objectivo declarado seguir o quotidiano do Pai Natal (aqui conhecido como 'Noeli'), da sua mulher Maria (presumivelmente, a Mãe Natal) e dos respectivos duendes, à medida que todos se preparam para mais uma noite de Natal; pelo meio - e porque seguir a premissa à risca tornaria a série algo aborrecida - os elfos assistentes do bom velhinho (aqui conhecidos como Tontos, a palavra japonesa para 'Elfos' que, pelos vistos, ninguém se deu ao trabalho de traduzir) vivem ainda uma série de peripécias na floresta que rodeia a oficina de São Nicolau, no coração da Finlândia remota.

Uma premissa que limita bastante a abrangência da série, mas que, inversamente, a torna perfeita para exibição na época festiva, quando o público-alvo se encontrava de férias, e com tempo livre de sobra para seguir as aventuras desta família de simpáticos duendes. E a verdade é que 'Noeli' nunca mostra pretender ser mais do que aquilo que é - uma série simpática, sem a acção violenta ou as aspirações épicas demonstradas pela maioria das produções japonesas, da época e não só. E se esta intenção declarada a poderá ter tornado algo 'fofinha' em demasia para um determinado sector do público infanto-juvenil, para outros tantos, esta série terá sido tão sinónima da experiência televisiva de certas épocas festivas da infância como 'O Natal dos Hospitais' ou o Circo de Natal - e esses terão, sem dúvida, apreciado esta pequena homenagem à única série animada verdadeiramente natalícia do período a que este blog diz respeito.

24.10.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Quando se fala em programação educativa transmitida em Portugal, a referência maior e imediata é a mítica 'Rua Sésamo', a localização do formato americano feita pela RTP e que ensinou conceitos básicos a toda uma geração de crianças. No entanto, apesar da avassaladora (e merecida) popularidade, Poupas, Ferrão e os seus amigos não detinham o monopólio sobre o conteúdo de 'edutenimento' exibido no nosso país na altura, havendo uma mão-cheia de competidores directos, a maioria dos quais também bastante bem sucedida. De um deles, 'Artur', já aqui falámos numa ocasião anterior; de outro, falaremos nas linhas que se seguem.

Um daqueles genéricos passíveis de causar nostalgia instantânea

Produzido a partir de 1994 e durante três temporadas (até 1997) e baseada numa série de livros iniciada quase uma década antes, em 1986, 'A Carrinha Mágica' provou-se, aquando da sua estreia no espaço infantil da RTP2, 'Um-Dó-Li-Tá', em 1995, capaz de cativar até os alunos mais relutantes, com o seu genérico, personagens e até histórias altamente memoráveis. As aventuras da professora Frisadinha (um nome ainda melhor que o original Miss Frizzle, sendo ambos inspirados no característico cabelo da personagem) e dos respectivos alunos a bordo do veículo que dá título à série (um autocarro escolar amarelo, tipicamente norte-americano) atingiam aquele balanço perfeito entre a transmissão de informação relevante e a capacidade de deixar as crianças 'coladas ao ecrã', fascinadas pelo desenvolvimento das diferentes tramas em que o grupo se 'metia' a cada semana, graças aos métodos de ensino muito pouco ortodoxos da Frisadinha.

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A professora Frisadinha e os seus alunos formavam um conjunto de personagens memorável

O resultado era um desenho animado que, sem fazer parte da lista de favoritos de ninguém (não deixa, ainda hoje, de suscitar boas memórias a quem com ele cresceu. Tanto assim que a série suscitou a criação e comercialização de uma série de CD-ROM educativos para PC produzidos pela Microsoft, os quais tiveram, à época, relativo sucesso – embora, estranhamente, este tenha mesmo sido o limite do 'merchandising' do programa no nosso país, não tendo sequer havido as habituais t-shirts piratas com o logotipo da série mal reproduzido e com as cores trocadas. Já no que toca à presença mediática, a história foi um pouco diferente, tendo A Carrinha Mágica acabado mesmo por granjear uma continuação oficial, agora com a prima de Frisadinha ao volante do autocarro escolar; para além disso, a série deverá também, num futuro próximo, ser também alvo de uma adaptação cinematográfica com actores de 'carne e osso' - uma ideia capaz de fazer tremer os mais nostálgicos, receosos de que mais uma parte da sua infância seja desnecessariamente arruinada.

Enquanto isso não acontece, no entanto, a geração que cresceu a ver Frisadinha encolher a carrinha para entrar no nariz de um dos seus alunos para uma lição sobre saúde e o corpo humano, ou transformá-la num submarino para poder ir ao fundo do mar, pode continuar a recordar com afecto essas e outras 'lições' da professora que todos queriam ter, e a apresentar a mesma (ou quiçá a prima) a uma nova geração, para que o legado do bom 'edutenimento' televisivo da década de 90 não se perca nas 'brumas' do tempo – algo que a própria Frisadinha nunca deixaria que acontecesse...

Um dos episódios mais famosos da série, aqui com a segunda dobragem

29.08.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Qualquer criança ou adolescente que tenha crescido entre finais dos anos 80 e inícios do Terceiro Milénio saberá que esse mesmo intervalo constitui o período áureo para os desportos radicais, cuja globalização ajudou a atrair o interesse da camada da população sempre 'à coca' de novos 'hobbies' e passatempos; assim, não é de estranhar que essa 'febre' rapidamente tenha sido apropriada pelas corporações mediáticas e comerciais e utilizada como chamariz na divulgação dos mais variados produtos e serviços. Os personagens 'radicais', de crista, boné para trás e dialecto a condizer – mas sempre com bom coração e preocupados com questões como o ambiente ou a solidariedade social, claro - não só tomaram conta das prateleiras de supermercado, como também dos ecrãs, tanto de cinema como de televisão.

Este último campo, em particular, viu surgir, em finais dos anos 80, um dos exemplos mais flagrantes desta tendência, e que a combinava descaradamente com outro grande foco de interesse da demografia-alvo da altura, os dinossauros, e com o também sempre apetecível conceito das viagens no tempo, para criar o sonho de qualquer dirigente televisivo da altura – uma série perfeitamente sinergética e pronta a fazer sucesso entre os jovens daquela época.

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A série em causa, 'Denver, O Último Dinossauro' provou ter 'pernas' suficientes para não só se 'esticar' para uma segunda temporada como ser exportada internacionalmente, uma honra que nem todas as séries almejavam (em Portugal, passou na RTP, em versão dobrada, logo nos dois anos seguintes à sua estreia nos Estados Unidos). E apesar de, trinta anos volvidos, parecer uma daquelas séries que é tão 'de época' que chega a doer – ao mesmo nível de 'Power Rangers' ou 'Tartarugas Ninja' – foi precisamente essa especificidade que lhe permitiu ganhar tracção entre o público jovem do seu tempo.

De facto, a 'datação em carbono' desta série poderia ser feita simplesmente com base na premissa, que vê quatro jovens praticantes de skate e BMX descobrirem e albergarem um dinossauro (ou aquilo que, à época, se entendia como um) que ensinam a falar, a andar de skate (obviamente) tocar guitarra eléctrica (naturalmente) e a usar óculos escuros 'radicais' (claro) e que, em troca, os leva a viajar pelo tempo até à Pré-História, permitindo-lhes aprender mais sobre a vida durante esse período. Uma espécie de mistura entre 'ET' e 'Bill e Ted', que resulta numa daquelas sinopses mirabolantes que só podia mesmo ter vindo de um período em que répteis especialistas em artes marciais e ratos antropomórficos aficionados de Harley-Davidsons eram considerados conceitos normais para a programação infantil.

Infelizmente, 'Denver' nunca chega a esse patamar de qualidade, ficando-se pelo nível médio de séries da altura – onde se incluem outros programas contemporâneos, como 'Widget' ou 'Capitão Planeta' – e sendo sobretudo memorável (além de por ter servido de inspiração a um dos brinquedos 'movidos a moedas' mais comuns daquele tempo) pelo seu 'bem esgalhado' tema de abertura, um dos muitos clássicos que a época em causa nos proporcionou, e que (juntamente com o conceito totalmente 'ver para crer') lhe merece lugar de destaque nesta nossa rubrica nostálgica.

A versão portuguesa do mítico tema de abertura da série (em cima) e alguns episódios-tipo da mesma (em baixo)

01.08.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Apesar de apenas recentemente ter penetrado na cultura 'mainstream' ocidental, a animação japonesa (o chamado 'anime') vinha, já, informando em grande medida os conteúdos mediáticos produzidos na Europa e, sobretudo, nos EUA desde a década de 70. Além da adaptação de séries clássicas do género (como 'Esquadrão Águia') e da criação de outras constituídas por episódios (mal) dobrados e colados de dois 'animes' diferentes (como 'Robotech'), os estúdios ocidentais vinham já, também, recrutando a ajuda dos seus congéneres ocidentais na criação de animações para séries tão conhecidas como 'Tiny Toons', 'Capitão Planeta', e até algo como 'As Aventuras do Bocas'.

Apesar desta aparente expansão em termos estilísticos e temáticos, no entanto, não há dúvida de que os estúdios japoneses eram recrutados, a maior parte das vezes, para prestar assistência num género específico de conteúdo animado: a série de acção e ficção científica, em que as décadas de 80 e 90 foram especialmente pródigas. De 'GI Joe' e 'Transformers' a 'Tartarugas Ninja', 'M.A.S.K', 'Rambo' ou 'X-Men', a maioria das séries deste tipo lançadas durante as referidas décadas tinham 'dedinho' japonês, com algumas a nem sequer esconderem a influência nipónica nos seus traços.

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O grupo de heróis homónimo da série

É o caso da série que abordamos esta semana – 'Skysurfer' (no original, 'Skysurfer Strike Force'), apenas mais um entre tantos outros produtos semelhantes a invadirem as ondas televisivas (portuguesas e não só) durante os últimos anos do século XX; de facto, um par de minutos chega para perceber que o aspecto dos personagens tem forte influência do 'anime' televisivo da época (aqueles olhos grandes ao estilo 'Esquadrão Águia' ou 'Cavaleiros do Zodíaco' não enganam ninguém), sendo que neste caso a influência se estende, também, à escrita. Isto porque 'Skysurfer' tem um conceito semelhante aos famosos e clássicos 'tokusatsu' ou 'Super Sentai' – aquelas séries sobre heróis de fatos e capacetes a 'condizer' que lutam contra monstros de dois andares, que fazem parte da cultura japonesa há décadas e que, no ocidente, ficaram famosas por servirem de base a localizações como 'VR Troopers', 'Big Bad Beetleborgs' e, claro, as inúmeras séries de 'Power Rangers'; e embora Jack Hollister e os seus comparsas nunca cheguem a esconder a cara, os seus fatos de super-herói são activados mediante um relógio especial, que lembra muito os 'morphers' dos referidos Power Rangers.

Em tudo o resto, 'Skysurfer' é uma série absolutamente típica da época, uma espécie de cruzamento entre 'M.A.S.K.' ou 'GI Joe' e 'X-Men', e que mistura todos os elementos populares naquela era da animação ocidental: armas 'laser', veículos futuristas, super-poderes, experiências científicas, vilões cibernéticos mascarados, e até mutantes. Uma receita que parece criada em laboratório, mas que nunca chega a conseguir elevar a série acima da miríade de outras absolutamente idênticas que iam surgindo à época.

Ainda assim, o sucesso das duas temporadas do programa nos seus EUA natais terá sido suficiente para a mesma ser importada para Portugal – isso, ou a SIC já estava a vasculhar no 'fundo do barril'. Fosse qual fosse a motivação, no entanto, a verdade é que a série chegava mesmo ao nosso país, dois anos após a sua estreia, e com dobragem a cargo dos suspeitos do costume – quem, à época, via séries como 'A Lenda de Zorro', 'Robin dos Bosques', 'A Carrinha Mágica' ou os referidos 'Power Rangers' rapidamente identificará pelo menos um dos apenas quatro (!) dobradores que se revezam para dar vida aos diferentes personagens.

Ao contrário dos programas acima referidos, no entanto – ainda hoje lembrados com carinho pela geração que com eles cresceu – 'Skysurfer' não deixou, sequer, a memória de ser uma boa 'série-anúncio' para a respectiva linha de brinquedos, desaparecendo dos televisores da juventude portuguesa da mesma maneira que por eles passara: sem grande alarido - embora, aparentemente, tivesse feito o suficiente para ser 'repescada' pelo Canal Panda, três anos depois (então em versão original legendada) e para justificar o lançamento em VHS, no habitual formato de alguns episódios em cada cassette, pela inevitável Prisvídeo.

Apesar do pouco impacto cultural da série, no entanto, numa altura em que um episódio específico (disponível no Dailymotion, e que serviu de inspiração para este 'post') completa exactos vinte e cinco anos sobre a sua transmissão no canal de Carnaxide (a 2 de Agosto de 1997, presumivelmente como parte do icónico bloco infantil do canal, o inesquecível Buereré) vale a pena recordar aquela que é um dos 'concorrentes' menos lembrados dessa era da programação para jovens em Portugal.

Episódio da série transmitido há quase exactos vinte e cinco anos

 

 

 

 

 

 

 

 

26.07.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Quem pensa em blocos de programação infantis da TVI de finais dos anos 90, decerto pensará de imediato no lendário Batatoon, um dos maiores sucessos da História do canal, e um dos mais conhecidos e populares programas infantis de sempre em Portugal, principalmente devido à sua mirabolante grelha de desenhos animados, que incluiu séries  como 'Samurai X', 'Sonic Underground', 'Navegantes da Lua', 'Homens de Negro' ou 'Digimon Adventure'; quem, no entanto, assistia ao mesmo canal aos dias de semana da parte da manhã, durante a mesma época, certamente se lembrará de um segundo programa, apresentado por uma dupla de 'bonecos' com pinta de radialistas e química a condizer que, sem nunca ter atingido os níveis de audiência do congénere das tardes da 'Quatro', apresentou ainda assim uma alternativa bem válida ao mesmo para quem tinha aulas depois do almoço.

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Falamos de 'Mix Max', bloco infanto-juvenil estreado mesmo ao 'cair do pano' do novo milénio – a primeira emissão vai ao ar algures em 1999 - e que, sem bater o recorde de longevidade do Batatoon, conseguiu ainda assim permanecer nos ecrãs nacionais uns honrosos dois anos, até 2001. De conceito substancialmente diferente do programa dos palhaços Batatinha e Companhia (apesar de uma sinopse divulgada no artigo relativo ao programa do nosso congénere Desenhos Animados Anos 90 falar em audiência ao vivo, bem como de um terceiro boneco, do sexo feminino, este formato planeado nunca chegou a ser levado avante, sendo o programa uma emissão exclusivamente de estúdio e centrada no duo homónimo) este bloco vivia muito mais da qualidade e interesse dos segmentos e desenhos animados que exibia, o que poderá explicar o porquê de não ter durado tanto quanto o seu programa-irmão, cuja índole era bem mais variada; ainda assim, os apresentadores DJ Mix e MC Max – um daqueles duos de 'melhores inimigos', à semelhança dos 'colegas' Batatinha e Companhia e de personagens como Egas e Becas, da Rua Sésamo, com uma aparência que lembrava um cruzamento entre Terrence e Phillip, de 'South Park', e o famoso 'Boneco Amarelo' do 'Curto Circuito' – chegaram a ser responsáveis por proporcionar muitos e bons momentos às crianças e jovens nacionais, nomeadamente através da exibição dos excelentes 'animes' inspirados em histórias clássicas, aos quais já aqui dedicámos um 'post'.

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A carismática dupla de apresentadores do programa

Ainda assim, fosse pelo horário menos ideal fosse pelo teor mais simplista do próprio conceito do programa, a verdade é que Mix e Max nunca lograram intrometer-se no 'monopólio' que Batatinha e Companhia detinham sobre os programas infantis da estação de Queluz à época – uma situação que nem um tema de abertura tão ou mais memorável que o do programa dos palhaços ajudou a alterar.

O contagiante genérico do programa não foi, infelizmente, suficiente para o tornar mais memorável junto do público-alvo.

Quem lá esteve, no entanto, sabe que este programa, apesar de 'menor', tinha ainda assim os seus méritos, nomeadamente o de proporcionar desenhos animados de qualidade a quem não conseguia estar em casa a horas de ver o 'Samurai X' ou os 'Digimon' – argumento, por si só, mais que suficiente para lhe valer a homenagem nesta rubrica do nosso blog.

'Spot' promocional alusivo ao programa

18.07.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

Nos anos 80, um dos maiores axiomas do 'marketing' dirigido ao pùblico mais jovem ditava que qualquer propriedade intelectual de sucesso tinha, inevitavelmente, direito a uma adaptação televisiva em formato desenho animado, independentemente de ser ou não apropriada para a demografia em causa – uma mentalidade, aliás, que se estendeu à década seguinte, que viu personagens supostamente para adultos, como Rambo, serem convertidas para animação e sujeitas a um formato episódico e serializado, com uma evidente e necessária redução dos níveis de violência, mas de outro modo inalteradas, atingindo graus maiores ou menores de sucesso entre o público-alvo.

Dada a natureza de muitas das propriedades sujeitas a este tratamento ao longo das duas décadas em causa (muitas das quais já em fase decadente, ou com relevância reduzida, como 'Highlander Os Imortais') não é de espantar que um dos maiores sucessos de bilheteira da última década do século XX tenha, também, sido convertida a este formato – no caso, 'MIB – Homens de Negro', o mega-sucesso de 1997 que misturava ficção científica, acção e comédia, e que cimentou o estatuto de Will Smith como estrela de cinema internacional.

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Surgida no mesmo ano do filme, e com envolvimento directo do criador do conceito, Lowell Cunningham, a série animada de 'MIB' é, diga-se em abono da verdade, mais fiel ao espírito do filme do que muitos dos outros esforços deste tipo, explorando as diferentes missões dos agentes J, K e L (esta, curiosamente, uma personagem totalmente distnta da sua homónima cinematográfica) e mantendo intactas as personalidades e a química entre as personagens; até mesmo a música de abertura, uma memorável faixa electrónica, não deixava ficar mal o 'rap' original de Will Smith, presente no filme. A grande pecha era, pois, a mesma da maioria das séries congéneres – a animação, que apresenta aquele estilo meio 'preso de movimentos' típico de finais dos anos 90, apesar de a série ter a chancela da Warner Brothers (o que explica, também, o porquê de o 'design' dos personagens se aproximar muito do da série animada de 'Batman'.)

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O elenco principal de personagens da série, cujo 'design' lembra o das suas homólogas da série animada de Batman

Apesar desta pecha, no entanto, a versão animada de 'MIB' fez sucesso suficiente para justificar quatro temporadas, continuando em produção nos seus EUA natais até 2001 – e, falhando assim, curiosamente e por pouco, a estreia da sequela, que sairia no ano seguinte. Já em Portugal, a série estrearia em 1999 – dois anos depois do filme, mas com a propriedade intelectual Homens de Negro ainda suficientemente relevante para o justificar – no icónico espaço infantil da TVI, Batatoon (onde passaria, também, outra adaptação animada de um 'blockbuster', no caso 'Godzilla' – sim, ESSE, Godzilla!) onde acabou, naturalmente, por passar algo despercebida em meio à mirabolante selecção que o bloco ofereceu durante o seu tempo de vida, e que incluiu séries tão inesquecíveis e populares como Samurai X, Alvin e os Esquilos, Sailor Moon, Digimon ou Sonic. Ainda assim, na semana em que o filme que a inspirou completa um quarto de século sobre a sua estreia em Portugal, não fica mal recordar a mais modesta, menos icónica, mas ainda assim bem-conseguida versão animada do mesmo.

04.07.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A abertura autêntica, de época, está disponível aqui mesmo, no SAPO, mas não permite fazer 'embed'...

Este é daqueles posts que tinha, mesmo, de começar assim – com um dos mais icónicos genéricos de abertura dos anos 90, daqueles que consegue a proeza de ser memorável sem, para isso, utilizar sequer uma palavra.

Não menos memorável e icónica, no entanto, é a própria série a que este mítico instrumental serve de suporte; antes pelo contrário, serão poucos os ex-jovens da época que não se recordem de ver pelo menos alguns episódios das aventuras do grupo de bebés conhecido, na versão original, como 'Rugrats', e em Portugal como 'Os Meninos do Coro'.

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De longe a mais famosa produção da dupla Arlene Klasky e Gabor Csupó – e uma das mais famosas do catálogo da Nickelodeon, a par de 'Hey Arnold!' e 'Ren e Stimpy' – 'Rugrats' chegou a Portugal em 1992 (menos de um ano depois da sua estreia em território norte-americano, um intervalo invulgarmente célere para a época) como um dos primeiros 'trunfos na manga' da recém-nascida SIC, que transmitiria a série como parte do seu bloco infantil da manhã durante os dois anos seguintes, primeiro em versão original legendada e, mais tarde, com a icónica (e impressionantemente fiel em termos vocais) dobragem que a maioria das crianças daquela época associará, de imediato, ao nome da série.

Ao todo, foram três temporadas – as primeiras, e melhores – em que os mini-espectadores se tornaram íntimos de Tommy, Chucky, os gémeos Phil e Lil e a 'carrasca' e centro das atenções do grupo, a espalha-brasas Angélica, que, por ser mais velha e extremamente mimada, dividia o seu tempo entre enfiar ideias na cabeça dos amigos mais novos e fazer 'birras' para obter o que queria dos adultos.

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O grupo original de 'Meninos do Coro', mais tarde expandido com novos personagens.

E por falar em adultos, estava aí outro dos factores que ajudava a demarcar 'Rugrats – Os Meninos do Coro' de produções contemporâneas semelhantes; os personagens adultos tinham tanto 'tempo de antena' como os bebés, e eram tão ou mais interessantes do que estes, transmitindo (ainda que de forma leve e subtil) mensagens sobre temas tão importantes como as famílias monoparentais, a identidade de género ou os pais mais focados no trabalho que nos filhos, e que tentam suprir essa lacuna com 'mimos' excessivos. Entre si, este grupo de personagens ajudava a que houvesse um pouco de variedade nas histórias da série, e permitia retirar o foco exclusivamente das aventuras estilo 'pastelão' e 'nonsense' dos protagonistas homónimos da série.

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O grupo dos adultos adiciona uma nova dimensão aos episódios.

Estes (e outros) elementos faziam de 'Rugrats – Os Meninos do Coro' uma excelente série para todas as idades (já que os guiões também incluíam piadas de humor um pouco mais sofisticado e dirigidas ao público adulto) que perdurou na memória dos jovens portugueses mesmo depois de ter saído originalmente do ar, em 1994. E se os espectadores lusos da época apenas conheceram esses episódios dos primórdios, lá por fora, a situação era bem diferente, tendo 'Rugrats' continuado a fazer sucesso durante várias décadas, e dado origem a inúmeros produtos de merchandising (tanto oficiais como piratas), várias longas-metragens, novas séries com os mesmos personagens (a excelente 'All Grown Up!' e a experiência falhada chamada 'Angelica and Susie's Pre-School Daze') e até um 'escape room' em Los Angeles!

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Os personagens em idade pré-adolescente, tal como surgem na sequela 'All Grown Up!'

Por cá, no entanto, o público fã de desenhos animados apenas voltaria a tomar contacto com Tommy e os seus amigos em 2005, com o advento da versão portuguesa da própria Nickelodeon, em que a série se encontrava inserida, agora com novas dobragens.

E a verdade é que esta segunda passagem (da qual é oriundo o genérico que abre este post) se afirmou ainda mais bem-sucedida que a primeira, tendo os 'Meninos do Coro' aproveitado a especificidade da sua nova 'casa', e o estatuto de que gozavam dentro da mesma, para se tornarem presença assídua nos ecrãs da nova geração que, entretanto, substituíra o seu público-alvo original; tanto assim que, em 2021, estreava na Nickelodeon Portugal uma nova temporada desta série aparentemente perene e imorredoura, que conseguiu já a proeza de ser transversal a duas gerações de espectadores, um feito normalmente reservado apenas a produções da Disney e Hanna-Barbera. Só por isso, 'Os Meninos do Coro' já mereciam uma presença nestas páginas; o facto de serem, efectivamente, uma das melhores e mais nostálgicas de entre as séries 'importadas' dos EUA naquele período é apenas a cereja no topo deste bolo de baba, cuspo e outros ingredientes 'duvidosos', mas ainda assim extremamente saboroso...

23.05.22

Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.

A década de noventa ficou – em Portugal como no resto do Mundo - marcada por muitas e muito mediatizadas rivalidades comerciais: da Pepsi com a Coca-Cola, dos Blur com os Oasis (que aqui paulatinamente abordaremos) da WWF com a WCW e, claro, da Sega com a Nintendo, sendo que esta última se destacava das restantes por se dar em duas frentes, com as rivais japonesas a competirem directamente não só através dos produtos que lançavam, mas também das suas mascotes.

Efectivamente, a 'luta' entre Sonic e Super Mario pelo coração das crianças e jovens noventistas traduziu-se em muitas e boas horas de entretenimento, quer através de alguns dos melhores jogos da década (um dos quais aqui recentemente abordámos) quer através das inevitáveis séries de desenhos animados que eram praticamente um pré-requisito de qualquer propriedade comercial infanto-juvenil bem sucedida; e porque, recentemente, aqui falámos de uma das três séries de animação dedicadas ao porco-espinho da Sega (a única a chegar a Portugal) nada mais justo do que nos debruçarmos, hoje, sobre o principal veículo animado do rival, o famoso 'Super Mario Brothers Super Show.'

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Estreada na RTP1 em 1993, numa altura em que ainda não havia a preocupação de dobrar todo e qualquer conteúdo dirigido ao público infantil (situação que se alteraria a partir de meados da década), o desenho animado de Mario não teve sequer direito a nome traduzido em português, sendo que até mesmo as cassettes VHS com episódios da série entretanto lançadas em Portugal traziam a dobragem brasileira; é, pois, de crer que muitas crianças e jovens da época conhecessem a série apenas pelo nome do protagonista. Quanto à não dobragem dos conteúdos propriamente ditos, esta constitui, neste caso específico, um ponto a favor, já que os diálogos da parte em 'acção real' de cada episódio são, sem dúvida, um dos elementos mais fortes da série 

Sim, dissemos mesmo 'acção real' – isto porque, ao contrário da série do rival, cada episódio do 'Super Show' estava dividido entre segmentos com actores verdadeiros a interpretar Mario e Luigi – um deles o lutador da WWF, 'Captain' Lou Albano – e outros em desenho animado, que se dividiam entre episódios das aventuras dos dois irmãos canalizadores e das de Link, o protagonista da série 'A Lenda de Zelda'. E se os primeiros eram fiéis quanto-baste ao material de base – estavam presentes a Princesa Peach, o cogumelo vivo Toad, o vilão Rei Koopa (ou Bowser), e os inimigos e poderes do jogo – o segundo tomava bastante mais liberdades com o mesmo, incluindo mudar a cor de cabelo e personalidade de Link (o qual repetia frequentemente uma frase-feita hoje tornada 'memética') e dar um papel mais proeminente a Zelda, que nos jogos não passa da princesa a ser resgatada.

Sabemos que algo se tornou um 'meme' quando tem direito a uma montagem de dez horas no YouTube

Em ambos os casos, a qualidade da animação, do trabalho de vozes e das histórias é perfeitamente típica da época em que a série foi produzida, o mesmo podendo dizer-se dos cenários, situações, diálogos e piadas dos segmentos em acção real, que não surpreenderão qualquer espectador que tenha visto sequer um episódio de uma qualquer 'sitcom' de inícios dos anos 90. O resultado é um produto extremamente 'de época', que se apoia declaradamente no interesse e procura por materiais relacionados com os personagens que o integram, mas que consegue, ainda assim, nunca descer abaixo de um nível aceitável e perfeitamente tolerável.

Não há dúvida, no entanto, de que 'Super Mario Bros. Super Show' deixou, pelo menos, um legado à cultura popular contemporânea, também ele transformado, hoje em dia, em 'meme': os seus genéricos de abertura e encerramento, que apropriam desavergonhadamente ainda mais um elemento de enorme sucesso entre os jovens – o nascente movimento 'rap'/'hip-hop', especificamente a vertente mais virada para a dança – e o misturam com efeitos sonoros retirados do jogo com resultados decididamente 'tão maus que são bons'; ver 'Captain' Lou Albano (ao que consta, alcoolizado em todo e qualquer segmento em que surge) a tentar infrutiferamente adoptar uma cadência 'rap' por cima do famoso tema do primeiro  'Super Mario Bros', enquanto executa algo que vagamente se assemelha a uma dança é tão deprimente quanto hilariante.

...palavras para quê?

De resto, tal como as tentativas de transpôr o rival Sonic para um papel menos interactivo, 'Super Mario Bros. Super Show' merece permanecer nos anos 90, sendo trazido à baila apenas ocasionalmente, no contexto de um 'post' como este – ainda que, mesmo assim, consiga ser melhor que as versões posteriores da série, já para não falar da longa-metragem de acção real, estreada no mesmo ano...

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