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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

21.05.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Por vezes, acontecem coincidências destas: duas pessoas (neste caso, dois jogadores) com o mesmo dia de aniversário partilham um local de trabalho (neste caso, dois clubes), criando uma efeméride interessante não só para aqueles que os rodeiam como também para quem os conheça fora do referido meio. É, precisamente, esse o caso com os dois jogadores de que falamos este Domingo, cujos caminhos se cruzaram não só nas camadas de formação do Benfica como, mais directamente, no histórico satélite do clube da Luz, o Futebol Clube de Alverca, durante a primeira metade da época 1997/98.

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A passagem pela Selecção foi apenas um dos muitos factores partilhados pelos dois jogadores

Falamos de Bruno Miguel Leite Basto, nascido neste dia em 1978, e de Hugo Miguel Ribeiro Leal, exactamente dois anos mais novo, e que celebra este fim-de-semana o seu quadragésimo-terceiro aniversário. Nascidos, respectivamente, em Lisboa e em Cascais, os dois jogadores viriam a ingressar no clube da Segunda Circular ainda ao nível de Infantis, tendo Hugo passado antes pelos mais 'locais' Alcabideche e Estoril,enquanto que Bruno teria mesmo em Benfica a sua primeira experiência futebolística. A partir daí, o percurso de formação dos dois é praticamente idêntico, apenas diferindo as posições, já que Basto actuava a defesa-esquerdo, enquanto que Hugo Leal era médio.

Essa semelhança estende-se também à primeira experiência sénior dos dois jogadores, tendo ambos sido emprestados ao satélite Alverca, famoso, na altura, por acolher jogadores como Deco (com quem ambos os jogadores se encontraram no Ribatejo) e, mais tarde, por ter revelado ao Mundo um tal de Pedro Mantorras. Mais velho, Bruno Basto vai primeiro, realizando no Ribatejo a época de 1996/97, durante a qual, previsivelmente,'pega de estaca', realizando mais de trinta e cinco partidos e contribuindo também com um golo; na época seguinte, junta-se-lhe o mais novo Hugo Leal, que – apesar da concorrência do prodigioso Deco – consegue, ainda assim, amealhar mais de duas dezenas presenças pelos ribatejanos, no decurso das quais marca três golos. Apenas os primeiros de entre esses jogos seriam, no entanto, realizados ao lado do colega das escolas benfiquistas, já que Bruno Basto impressionava suficientemente os responsáveis benfiquistas para ser integrado no plantel principal logo em Dezembro; no final da época, o mesmo sucederia com Hugo Leal, que voltaria, assim, a reencontrar o colega com quem partilhava o aniversário. no seio de um plantel sénior (e não deixa de ser curioso que, dos três jogadores, o único a não ser reintegrado tenha sido precisamente Deco...)

Também curioso é o facto de até mesmo as carreiras de Hugo Leal e Bruno Basto após saírem do Benfica terem sido semelhantes, pelo menos no imediato, já que ambos os jogadores saíram para se tornar ídolos em grandes equipas internacionais – Basto no Bordéus, onde foi parte importante da equipa durante as quatro primeiras épocas completas do Novo Milénio, e Hugo Leal no Atlético de Madrid, onde foi pedra basilar durante duas épocas antes de rumar, também ele, a França, para completar três épocas no Paris Saint-Germain, onde viria a reencontrar o seu antigo colega de equipa, agora na condição de adversário.

É neste ponto, no entanto,que os percursos dos dois jogadores finalmente divergem, com Basto a transitar de França para a Holanda para representar outro clube de grande expressão internacional, o Feyenoord, enquanto Leal regressa a Portugal como uma daquelas contratações de um 'grande' que custam a perceber, fazendo apenas dois jogos pelo Futebol Clube do Porto antes de rumar a outro 'histórico' do futebol nacional, a Académica. A partir daí, o percurso do jogador seria semelhante ao de tantos outros, com passagens por históricos da segunda linha do desporto-rei português, como Braga, Belenenses, Trofense e Vitória de Setúbal, e ainda um 'saltinho' a Espanha, para jogar no Salamanca, antes de terminar carreira no clube que o vira despontar para o futebol, o Estoril, onde penduraria as botas aos trinta e três anos. Já o retorno a Portugal de Basto seria mais protelado, tendo o defesa-esquerdo passado, ainda, pelo Saint-Étienne antes de, em 2006, surgir como suplente do Nacional da Madeira; a carreira, essa, acabaria na época seguinte, com apenas trinta anos, ao iserviço do Shinnik, do campeonato russo.

No geral, duas trajectórias mais do que honrosas – ambas, também, com passagem pelas Selecções Nacionais jovens, inclusivamente enquanto militavam no Alverca, e até pela Selecção A, embora apenas como solução de recurso – para dois homens que partilharam, durante as respectivas carreiras, muito mais do que apenas o dia de aniversário. Parabéns a ambos!

25.08.22

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Hoje em dia - quando quase todas as páginas de Internet ligadas ao comércio possuem uma funcionalidade que permite deixar críticas sobre os serviços ou produtos adquiridos - saber o que pensam os especialistas ou consumidores sobre seja o que for é tão fácil, que é já tomado como adquirido até (sobretudo) pelas gerações mais velhas. No tempo em que essas mesmas gerações viveram, no entanto, o panorama era significativamente diferente, sendo necessário esperar pela opinião publicada ou publicamente veiculada de um especialista - a qual, além de constituir apenas uma opinião de um único utilizador, era também, necessariamente, subjectiva, e sujeita a todo o tipo de deturpações.

Nos últimos anos da década de 70, num esforço para equipar a sociedade portuguesa da era pré-Internet com um leque de opiniões mais variado, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (vulgarmente conhecida como DECO, mas que não deve ser confundida com o ex-futebolista do mesmo nome) lançava a Pro-Teste, uma revista dedicada, precisamente, ao teste de bens de consumo de distribuição em massa, independentemente do seu raio de acção, podendo um mesmo número apresentar testes a gamas de produtos tão variadas como ovos, micro-ondas, detergentes da loiça ou antivírus para computador.

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O denominador comum entre todas estas análises era o facto de serem testadas, não por um único especialista, mas por todo um painel, e mediante uma série de critérios pré-definidos, invariavelmente publicados numa tabela juntamente com os próprios resultados dos testes. As notas obtidas nas diferentes categorias (devidamente fundamentadas no texto do artigo em si) eram, então, sujeitas a um cálculo de média, que ditava a classificação final de cada produto; o produto com melhor média final e aquele que apresentasse melhor relação qualidade-preço tinham as honras de receber a recomendação Pro-Teste, a qual, naquele tempo, equivalia praticamente a um selo de qualidade.

Esta fórmula, bem conhecida dos portugueses até uma determinada geração, manteve-se praticamente incólume até aos dias de hoje (sim, a Pro-Teste continua a ser publicada, embora o seu âmbito e influência tenham diminuído consideravelmente) e atingiu, quiçá, o seu auge nos anos finais do século XX, em que a revista tinha praticamente o estatuto de Bíblia para os consumidores nacionais, que invariavelmente lhe recorriam na hora de escolher ou comprar um determinado tipo de produto; o sucesso era tanto, aliás, que, no novo milénio, o catálogo da Edideco - a editora fundada pela DECO para o lançamento de publicações próprias - se expandiu para uma série de outros títulos, dedicados aos conselhos de saúde, financeiros e de investimento, além de publicar uma série de guias sobre os mais variados temas ligados à defesa do consumidor.

Apesar de direccionados, sobretudo, a adultos, todos estes títulos - e, em especial, a Pro-Teste original - apresentavam um fascínio especial para as crianças de então, talvez por apresentarem uma vertente de comparação e 'competição' entre diferentes modelos, que tende a despertar o interesse inato de qualquer jovem; e ainda que as gerações mais novas vão buscar os seus conselhos, opiniões e críticas a outros locais, para os seus pais (e até avós) há uma fonte cujas análises se continuam a sobrepôr a todas as outras, nem que seja por virtude de, em tempos, terem sido o único órgão a disponibilizá-las...

07.08.22

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidades do desporto da década.

Há duas semanas, falámos aqui de Aloísio, lenda do Futebol Clube do Porto; pois bem, o brasileiro teve participação activa num evento que, por lapso, acabámos por não abordar no final da época futebolística passada, mas que, pelo seu carácter histórico, merece que esse erro seja rectificado – o inédito (e ainda hoje recordista) pentacampeonato conquistado pelo Futebol Clube do Porto há pouco mais de vinte e três anos, no final da última época completa do século XX.

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Corolário da fase hegemónica que o clube do Norte vivera durante a década de 90 (embora anos vindouros viessem a revelar que tal domínio se devia a mais que apenas qualidade dentro das quatro linhas) o 'penta' do Porto veio, conforme acima referimos, estabelecer um novo recorde de conquistas de campeonatos, destronando o tetracampeonato conquistado pelo Sporting durante os anos 50, e que se mantivera intacto durante quase cinco décadas; curiosamente, seria também o Sporting a impedir o Porto de expandir ainda mais este recorde, com a conquista do seu primeiro campeonato em dezoito anos, logo na década seguinte. Nada que minimize ou trivialize o recorde do Porto, o qual se mantém vigente até aos dias de hoje.

Orientada pelo hoje Seleccionador Nacional e ainda 'engenheiro do penta', Fernando Santos, a equipa pentacampeã pelo Futebol Clube do Porto centrava-se (como, aliás, as quatro anteriores) numa das figuras maiores do desporto-rei em Portugal – Mário Jardel, avançado famosamente prolífico e que, nesta época, estabeleceria o primeiro de três recordes pessoais de golos por época, o último dos quais (42 golos, pelo Sporting, na época 2001/2002) ainda hoje vigente; no caso da época do 'penta', seriam 36 os golos na conta pessoal do avançado, cujo prodigioso e mortífero jogo aéreo chegou, à época, a inspirar estribilhos de Rui Veloso e Carlos Tê.

Como qualquer adepto certamente saberá, no entanto, mesmo o melhor jogador, sozinho, dificilmente faz milagres, pelo que não chegava ao Porto ter um Jardel na frente – era necessário construir uma equipa forte de uma ponta à outra; felizmente para os nortenhos, Fernando Santos tinha matéria-prima de primeira qualidade à disposição, contando 'aquela' equipa do Porto com o com nomes instantaneamente reconhecíveis para qualquer adepto da altura, muitos já com largos anos de 'casa' e parte integrante da chamada Geração de Ouro do futebol português - casos de Vítor Baía (ainda a alguns anos de dar hipóteses a qualquer concorrente), Jorge Costa, Paulinho Santos, Secretário, Peixe ou Capucho - que dividiam espaço no balneário com os não menos marcantes Chippo, João Manuel Pinto, Doriva, Deco, Panduru, Rui Barros, Folha, Fehér (ainda longe da tragédia que acabaria com a sua promissora carreira) e Mielcarski, além da eterna dupla Zahovic/Drulovic, do referido Aloísio e de um jovem central de 21 anos, com enorme margem de progressão, chamado Ricardo Carvalho.

É claro que até as melhores equipas não podem deixar de ter aqueles jogadores que se podem considerar – no mínimo – estar no sítio certo no momento certo, e este Porto não era excepção, com elementos como Quinzinho, Chaínho (uma daquelas contratações aos 'pequenos' que acabam por não se afirmar) Butorovic ou o lendário Esquerdinha a serem bafejados pela sorte; no entanto, estas acabavam por ser excepções à norma numa equipa com um nível médio impressionante, cuja vantagem de seis pontos sobre o segundo classificado, o então 'quarto grande' Boavista, indica que, mesmo sem os hoje famosos 'jogos de bastidores', os nortenhos teriam sido perfeitamente capazes de revalidar o título por mais um ano.

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A parte mais negativa da época? Este 'magnífico' equipamento alternativo...

Mesmo com os factos que viriam à luz em épocas subsequentes, no entanto, o pentacampeonato do Futebol Clube do Porto não deixa de ser uma marca bonita e honrosa, que ajudou o clube a fechar em grande não só a década de 90, como o século XX e o Segundo Milénio, e serviu de trampolim para futuras aventuras hegemónicas na Europa, sob o comando de José Mourinho – motivos mais que suficientes para que façamos dela o tema de mais um Domingo Desportivo.

21.11.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

Para a maioria das pessoas – incluindo os desportistas – a rota para o sucesso é longa e árdua. Embora haja quem pareça já ter nascido ali, no topo da cadeia alimentar da sua respectiva área, a verdade é que, a maior parte das vezes, até as mais distintas carreiras têm início nos locais mais insólitos e inesperados. Nesta nova rubrica aqui no Anos 90, vamos relembrar onde andavam algumas das caras mais icónicas do desporto português, antes de serem famosos.

E começamos, desde logo, com um exemplo perfeito do tipo de percurso acima descrito: a história de Anderson Luís de Sousa, um médio brasileiro que, no decorrer dos anos 2000, se viria a tornar um dos jogadores mais instantaneamente reconhecíveis do mundo do futebol, passeando a sua classe primeiro ao serviço de um FC Porto em transição da fase 'sarrafeira' para a fase de conquista da Europa, e mais tarde do Barcelona, do Chelsea e da Selecção Nacional portuguesa. O que poucos saberão, no entanto, é que antes de viver estes anos de glória, Deco – como era mais comummente conhecido – militou em dois outros 'históricos' do futebol português, ambos entretanto tombados: nada mais, nada menos do que o Alverca (aqui por empréstimo do 'clube-pai' Benfica, juntamente com o colega de equipa e histórico dos ribatejanos, Caju) e Sport Comércio e Salgueiros.

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Deco alinhou pelo Alverca e Salgueiros, nas épocas de 1997-98 e 1998-99, respectivamente

Sim, um dos jogadores mais claramente predestinados da sua geração começou a sua ascensão para o sucesso do mesmo modo que tantos outros: descoberto no seu Brasil natal por um 'grande', mas cedo 'despachado' para um clube satélite, onde acaba por se afirmar. No caso de Deco, no entanto, a excelente época realizada no clube ribatejano - onde foi, ao lado do conterrâneo e colega de equipa Caju, uma das figuras de proa, com 32 jogos e 12 golos - não foi suficiente para conseguir uma segunda oportunidade no Benfica de Souness, demasiado ocupado a arranjar lugares de plantel para os seus 'boys' para reparar na pérola que tina debaixo do seu nariz. No início da época de 98-99, naquele que foi considerado posteriormente como um 'erro histórico', Deco viria a desvincular-se definitivamente do Benfica, clube pelo qual nunca chegara a calçar, e rumaria a Norte, para se juntar ao Salgueiros, seguindo Nandinho (outra aposta falhada do clube da Luz) na direcção inversa. Uma época assolada por lesões levaria a que o hoje luso-brasileiro alinhasse apenas doze vezes pelo histórico clube nortenho, mas mesmo com poucas aparições e muito azar, Deco conseguiu mostrar o seu talento a ponto de despertar o interesse do Porto, que o viria a contratar ainda antes do fim da temporada. O médio estreava-se, assim, na elite do futebol mundial da melhor maneira – com um título de campeão nacional, que quase fazia esquecer a época desafortunada que acabara de viver.

O resto da história é bem conhecido – títulos europeus com o Porto, transferências para o Barcelona e depois Chelsea, participação em algumas das melhores campanhas da selecção nacional portuguesa, e eventual regresso a 'casa' para alinhar pelo Fluminense. Uma carreira verdadeiramente de 'top' mundial, que é difícil de acreditar que começou com a dispensa de uma equipa que ficou na história pelo seu elevado volume de 'mancos', mas que não teve lugar para um dos últimos grandes 'números dez' puros do futebol moderno. No entanto, como se disse no início deste texto, por vezes a vida tem destas coisas – e Deco não será, certamente, o último exemplo que aqui vemos disso mesmo...

16.05.21

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

E porque ontem houve ’derby’ de Lisboa, nada melhor do que falar desses jogos que apaixonavam os pequenos fãs de futebol durante a década de 90.

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Dimas, um dos grandes nomes do futebol português dos anos 90, aqui em jogo contra o Sporting.

Um ‘derby’ – ou seja, uma confrontação directa entre dois clubes historicamente rivais, normalmente da mesma cidade ou de localizações adjacentes – tende a ser, invariavelmente, um dos pontos altos de qualquer campeonato, especialmente se disputado entre equipas de qualidade equivalente, e que ambas militem no primeiro escalão dos respectivos campeonatons nacionais. Os ‘derbies’ portugueses reúnem ambas estas condições, e adicionam-lhe uma terceira – nomeadamente, o facto de as equipas intervenientes serem as maiores e mais poderosas do campeonato. Assim, não é de estranhar que os jogos entre essas equipas sejam sempre os de maior interesse para adeptos de todas as idades, e especialmente para as crianças, que sentem o futebol como ninguém.

Por sorte, quem cresceu nos anos 90 teve oportunidade de assistir a alguns ‘derbies’ verdadeiramente apaixonantes. Os ‘três grandes’ portugueses tiveram, ao longo da década, equipas muito equilibradas, com alguns grandes jogadores - entre eles a grande maioria dos elementos da chamada 'Geração de Ouro' - que ajudavam a garantir a emoção e o bom futebol a cada confronto directo.

No início da década, por exemplo, o Sporting apresentava uma equipa ‘movida’ a Balakov, e que contava ainda com nomes como Figo, Carlos Xavier, Paulo Torres, Oceano ou Cadete; o Benfica, por sua vez, respondia com Rui Águas, Veloso, Paulo Madeira, Paneira, Sánchez e Magnusson, enquanto o Porto apresentava uma equipa muito física, com nomes como Aloísio, Fernando Couto, João (Manuel) Pinto, Jorge Couto, Kostadinov, Madjer e, claro, Domingos. Ao longo dos anos seguintes, pontificariam nos diferentes ‘grandes’ nomes que marcaram época no futebol português, como o binómio Drulovic/Zahovic, Iordanov, Michel Preud’Homme, Vidigal, Marco Aurélio, e os vários ‘Paulos’ que se destacavam à época (como Bento, Futre, Sousa ou Paulinho Santos.)

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Figo (à esquerda) num dos 'derbies' em que participou

Ainda mais à frente, fariam história na I Divisão portuguesa nomes como João Vieira Pinto - um dos mais talentosos futebolistas portugueses de todos os tempos - Rui Jorge, Jorge Costa ou Dimas, além de estrangeiros de enorme qualidade como Karel Poborsky (vindo do Manchester United de Cantona e onde despontava já a Class of '92) ou o incontornável e exímio cabeceador brasileiro, Mário Jardel. Já no final da década, um Sporting campeão após jejum de 18 anos contava com Peter Schmeichel na baliza (uma das mais inacreditáveis contratações da história do futebol nacional) e um ‘velhote’ reabilitado chamado Acosta a mandar ‘charutadas’ na frente, e a rivalizar com o goleador do outro lado da estrada, um jovem de cabelo comprido chamado Nuno Gomes. Mais a Norte, o Porto segurava Jardel mais um ano e revelava ao mundo do futebol um ‘mago’ descoberto no Salgueiros – Anderson Luís de Souza, mais conhecido como Deco…

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Jorge Costa em acção contra o Benfica

É claro que, com nomes deste calibre, os ‘derbies’ da década de 90 (e inícios da seguinte) nunca poderiam ser menos do que emocionantes; no entanto, o entusiasmo natural decorrente deste tipo de jogo era, ainda, aumentado por alguns resultados atípicos em termos de volume de golos, como o 3-3 entre Benfica e Porto, em 1993, o histórico 3-6 do Benfica ao Sporting em Alvalade, em 1994, o 1-4 (novamente em Alvalade) na época seguinte, o outro empate a 3 bolas, desta vez entre os rivais de Lisboa, em 1998-99, ou os ‘três secos’ do Porto ao Sporting, na época em que este último se sagraria campeão. E embora este tipo de resultados acabasse sempre por ‘doer’ a alguém – e ainda mais tratando-se de adeptos jovens e ainda na fase da paixão assolapada pelos ‘seus’ clubes – a verdade é que em termos de espectáculo, estes jogos contavam-se entre o melhor que o campeonato português ainda algo ‘desnivelado’ da época tinha para oferecer.

Infelizmente, a evolução do futebol nas duas décadas subsequentes, de um jogo mais emocional e disputado para outro mais clínico e táctico, tornou este tipo de resultado cada vez menos frequente – o que torna resultados como o 4-3 de ontem (conseguido num jogo emotivo e bem disputado, à moda antiga) ainda mais dignos de nota. Pena, pois, que o contacto das gerações futuras com este tipo de partida tenda a ser cada vez mais ocasional, pois a verdade é que, para um jovem adepto, estes são os jogos que tendem a ficar na memória para sempre…

E vocês? Que memórias têm dos ‘derbies’ daquela época? Por quem ‘sofriam’? Partilhem as vossas histórias nos comentários! Entretanto, fiquem com a recordação da noite mais memorável (seja positiva ou negativamente) do futebol daquela década...

 

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