19.11.23
NOTA: Este post é respeitante a Sábado, 18 de Novembro de 2023.
As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.
Apesar de frequentemente visitados pelas crianças e jovens da época – fosse com a escola ou como Saída de Sábado com a família – os museus dos anos 90 não eram, regra geral, espaços especialmente atractivos para essa demografia. Enquanto que, hoje em dia, tudo tende a ter um cariz mais interactivo, em finais do século XX, este tipo de local caracterizava-se, ainda, por uma certa estaticidade, que – caso a área abordada não fosse de interesse directo para o visitante – os tornava, por vezes, algo aborrecidos. A década em causa viu também, no entanto, serem inaugurados pelo menos dois espaços museológicos directa e explicitamente dirigidos ao público menor de idade. De um deles, falaremos aquando do trigésimo aniversário da sua abertura; ao outro, dedicaremos algumas linhas nos parágrafos que se seguem.
A segunda casa do Museu, no antigo quartel de bombeiros de Sintra.
Trata-se do Museu do Brinquedo, espaço inaugurado ainda em finais da década de 80, na localidade de Sintra, perto de Lisboa, e que, pela temática abordada, imediatamente captou a atenção das crianças e jovens da época. Isto porque, apesar de se tratar de um museu de moldes bastante típicos, a oportunidade de ver brinquedos de várias épocas (incluindo a então actual) era uma posta bastante mais atractiva para o público-alvo do espaço do que a oferecida pelo comum dos museus então existentes, o que aumentava o desejo de visitar o espaço. Uma vez no local, a proposta de valor ganhava, ainda, novos contornos, dado que o museu dispunha de uma sala lúdica, mais tarde transformada em espaço de exposições temporárias ou itinerantes, mas que, na altura, permitia aos mais novos passarem alguns minutos divertidos a 'descomprimir' após a visita (guiada ou não) ao acervo de brinquedos cultivado durante mais de seis décadas por um único coleccionador, João Arbués Moreira, cuja família era responsável pelo museu.
Aspecto do interior do museu.
Esta combinação de atractividade com importância e relevância histórica ajudou a fazer do espaço em causa parte importante da 'malha' de museus da Grande Lisboa, tendo-lhe valido a entrada na rede nacional de museus, em 2004, e o estatuto de Superior Interesse Nacional, quatro anos depois, além de uma nova 'casa', no antigo quartel de bombeiros de Sintra. Tudo fazia prever mais várias décadas de deleite das novas gerações, mas a História ditaria um destino algo diferente para o Museu do Brinquedo, que – apenas seis anos após almejar o supramencionado estatuto – viria a encerrar portas em 2014, deixando uma lacuna no panorama museológico português que apenas o Museu do Brinquedo Português, fundado em 2012 em Ponte de Lima, procurou desde então colmatar.
Isto porque, embora a Geração Z pouco interesse tenha nos brinquedos clássicos de gerações passadas, a documentação e exibição dos mesmos não deixa de ser crucial, para evitar que os mesmos se percam no tempo, como vem acontecendo com tantos outros aspectos da cultura popular do século XX. Neste aspecto, a existência de um espaço como o Museu do Brinquedo afigurava-se crucial, sendo de esperar que, algures num futuro próximo, venha a surgir outra instalação semelhante que possa continuar a 'missão' iniciada pelos Arbués Moreira em 1989 e continuada pela autarquia de Ponte de Lima, e captar o interesse das novas gerações da mesma forma que sucedeu e vem sucedendo com aqueles dois espaços.