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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

19.12.24

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2024.

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Já aqui anteriormente falámos dos anos 90 como era de maior popularidade da banda desenhada institucional. Da EDP – através da sua 'mascote falhada', Luzinha – ao Instituto Português da Qualidade – com as bem melhor sucedidas personagens Disney como porta-vozes – passando pelo Jardim Zoológico de Lisboa, pelo banco Montepio Geral e por um sem-fim de autarquias e localidades de Norte a Sul do País, muitas foram as entidades que, durante a referida década, decidiram utilizar este recurso para veicular as suas mensagens. A esta lista, há ainda que juntar mais um nome, também ele ligado à função pública, e que talvez seja o mais 'Esquecido Pela Net' de todos os até agora mencionados.

1.jpg

Falamos dos CTT, os quais, em 1996, publicavam 'Viagem ao Mundo dos Correios Portugueses', obra da qual, quase trinta anos depois, sobrevive apenas a arte de capa e o nome dos autores – Henrique Monteiro e António Luís Ferronha. Os restantes conteúdos da obra em causa encontram-se, infelizmente, perdidos no tempo, não sendo sequer possível retirar quaisquer pistas da algo psicadélica arte da capa. É apenas graças ao contributo do leitor Pedro Serra que ficamos a saber que se trata de uma História dos correios portugueses desde o final do século XVI à (então) actualidade, contada, como é habitual neste tipo de publicações, de forma divertida pelo argumento de Ferronha, bem complementado pelos desenhos em estilo quase caricatural de Henrique Monteiro, hoje conhecido pelo site Henricartoon. Sem estas informações, e apenas com recurso à arte de capa, poder-se-ia perfeitamente pensar que a obra em causa consistisse de como uma aventura que envolva mulheres de sorriso arrepiante e carruagens de cavalos...

Apesar desta relativa obscuridade, no entanto, 'Viagem ao Mundo dos Correios Portugueses' não deixa de ser mais um título a acrescentar à lista de 'quadradinhos' institucionais de finais do século XX – ainda que, por comparação aos outros de que aqui vimos falando, significativamente mais misterioso, quanto mais não seja pela falta de informação. Como 'blog' arquivista e recuperador de obras mais ou menos obscuras do período em causa, no entanto, seria omisso da nossa parte deixar de fora este título, àcerca do qual nos tornamos, com este 'post', uma das principais fontes de informação...

13.12.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Figura central do imaginário natalício ocidental, o Pai Natal tem servido, ao longo das décadas, uma função dupla como, por um lado, o distribuidor dos mais desejados brinquedos e prendas e, por outro, figura de austera autoridade que pode, caso se justifique, trocar os referidos presentes por um bocado de carvão ou algo igualmente desagradável. Esta dualidade de critérios não impede, no entanto, as crianças de, todos os meses de Dezembro, desejarem visitar o bom velhinho no seu 'trono' no hipermercado ou centro comercial mais próximo, e lhe escreverem uma carta em que listam o que mais desejam ver debaixo da árvore na noite de dia 24 para dia 25. Em meados dos anos 80, os CTT aproveitaram esta tradição informal, que lhes 'inundava' os serviços todos os meses de Dezembro, para lançarem uma campanha de 'cartas ao Pai Natal', que permitia às crianças viverem a ilusão no seu expoente máximo, e que perdura até aos dias de hoje.

ctt-natal.jpg

O principal diferencial desta campanha em relação à escrita independente de cartas – para além do incentivo extra que oferecia às crianças – era o facto de todas as cartas receberem resposta, por vezes acompanhada de uma pequena lembrança simbólica. Este pequeno-grande detalhe não só permitia alimentar a bonita ilusão em torno do residente do Pólo Norte, mas também oferecia aos remetentes (a maioria ainda muito nova) a sua primeira experiência de recepção de correspondência – algo praticamente insignificante, e até algo obsoleto, nos tempos actuais, mas capaz de entusiasmar qualquer criança da era pré-massificação do email.

A juntar a estes argumentos, havia ainda o facto de muitas escolas primárias terem aderido à campanha nos seus anos iniciais, permitindo aos alunos elaborar as cartas na sala de aula, e mesmo, em certos casos, acompanhando-os ao marco de correio para ali as depositarem, como foi o caso na instituição frequentada pelo autor deste blog. Tal gesto vinha, por sua vez, adicionar a toda a experiência do Natal na sala de aula, juntando-se aos inevitáveis desenhos de sininhos e Pais Natais numa tradição anual por que muitos alunos da faixa etária em causa esperavam.

Conforme acima mencionado, a tradição das cartas ao Pai Natal enviadas através dos CTT perdura até aos dias de hoje, embora seja de crer que muitas das mesmas sejam, hoje, já remetidas por email. Ainda assim, continua a tratar-se de uma iniciativa louvável, que alimenta a fantasia natalícia das crianças ao mesmo tempo que lhes permite treinar a escrita e lhes oferece um primeiro contacto com o processo de envio de correspondência.

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