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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

25.03.23

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais e momentos.

Na última Saída de Sábado, abordámos a chegada a Portugal da FNAC, uma das poucas cadeias de venda de artigos tecnológicos e multimédia ainda resistentes no País. No próprio dia em que dedicávamos algumas linhas à cadeia francesa, no entanto, faltavam menos de vinte e quatro horas para se celebrar o aniversário de uma outra loja muito semelhante, também ela ainda hoje presente nas grandes superfícies nacionais e que, de facto, é praticamente dois anos mais velha do que a FNAC Portugal; assim, seria omisso da nossa parte não dedicar algumas linhas à grande 'concorrente' da cadeia francesa em solo português, a Worten.

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Inaugurada a 12 de Março de 1996, como subsidiária do poderoso grupo Sonae (hoje Sonae Continente) a Worten pode ser considerada a cadeia-irmã do popular hipermercado, de enfoque menos generalista e mais centrado na electrónica e multimédia (daí as comparações com a FNAC). Ainda que sem a facilidade em obter livros importados da concorrente, a cadeia compensava esta 'falha' oferecendo preços ainda mais competitivos que os da companhia francesa (ou outros concorrentes da época, como as lojas Singer, de que também aqui em tempo falaremos), tornando-se assim, rapidamente, o local de aquisição de electrodomésticos por excelência do consumidor nacional.

Curiosamente, e ao contrário do que aconteceu com a concorrente (cuja primeira loja abriu num 'shopping' em plena Lisboa) a Worten expandir-se-ia, não a partir das grandes capitais portuguesas, mas da vila de Chaves, tendo só depois 'rumado' a Sul, rumo à capital. Uma vez iniciada, no entanto, essa expansão deu-se de forma por demais célere – apenas alguns anos após a sua fundação, por alturas da viragem do Milénio, a Worten era já parte do 'cenário' em centros comercials e lojas Modelo e Continente de Norte a Sul do País, paradigma que se mantém até hoje.

A forte presença em território nacional incentivou, aliás, Belmiro de Azevedo a expandir a área abrangente do seu negócio até ao país vizinho, tendo a Worten adquirido não uma, mas duas cadeias comerciais espanholas, num total de cerca de meia centena de lojas. Ao contrário do sucedido em Portugal, no entanto, esta 'aventura' não se saldou pelo sucesso, tendo a estadia da Worten como grande cadeia em Espanha durado pouco mais de uma década, e saldando-se a presença actual da loja de Belmiro de Azevedo no outro país ibérico em pouco mais de uma dezena e meia de lojas, a esmagadora maioria das quais situada nas Ilhas Canárias, último grande 'reduto' da rede Sonae em Espanha; curiosamente, grande parte das restantes lojas da franquia foram vendidas a outro grupo comercial bem conhecido dos portugueses, no caso o MediaMarkt.

Em Portugal, no entanto, a Worten continua a somar e seguir, até por o seu nicho de especialização ser um dos poucos em que a procura é constante, e a avaliação física do produto particularmente importante; enquanto este paradigma se mantiver (e enquanto o grupo MC Sonae Continente mativer a sua pujança no panorama comercial português) é de esperar que muitas crianças e jovens portugueses continuem a desfrutar de Saídas de Sábado periódicas à 'loja de electrodomésticos do Continente'.

21.03.21

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(NOTA: Este post é referente a Sábado, 20 de Março de 2021.)

Aos Sábados, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais excitantes locais para se visitar naquela época.

E nada melhor para começar esta rubrica do que falar num conceito que – pelo menos em Portugal – teve início em meados dos anos 80, e que revolucionou para muitas famílias o conceito de ‘ir às compras’: os hipermercados, um conceito já existente em muitos países estrangeiros, mas que apenas se popularizou no nosso país em finais do século passado, com o Continente na linha da frente, tanto no Norte (o Continente de Matosinhos, inaugurado em 1985, foi o pioneiro deste conceito no nosso país) como mais a Sul, onde o Continente da Amadora, aberto em 1987, se afirmou como o primeiro espaço deste tipo na capital.

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O Continente de Matosinhos, o primeiro hipermercado em Portugal, inaugurado em 1985.

Hoje em dia, este tipo de superfície é comum ao ponto de constituir só mais uma parte da vida quotidiana dos portugueses; nos anos 90, no entanto, não era assim. À época, os supermercados (a grande maioria de pequena dimensão, e localizados nos próprios bairros residenciais) eram lojas como quaisquer outras - sítios até algo aborrecidos, uma espécie de mercearia da esquina em ponto grande, onde a melhor perspetiva que uma criança tinha era a de ir para casa com uma caixa dos seus cereais favoritos, ou quanto muito, uma BD ou um chupa-chupa comprados na caixa.

Os hipermercados vieram mudar tudo isso, oferecendo não só um local para fazer as compras, como toda uma experiência, que passou a atrair milhares de famílias todos os fins-de-semana, criando uma nova espécie de ‘ritual’ para os Sábados e Domingos. Tanto assim é que, aquando da sua abertura, o Continente de Matosinhos chegou a dar azo a excursões organizadas, apenas para conhecer o espaço!

Escusado será dizer que, se os adultos não ficavam incólumes aos encantos destas superfícies, as crianças ainda menos lhes resistiam. Ir ao hipermercado, sobretudo na altura do Natal ou dos anos, correspondia a ter todo um mundo de possibilidades ao alcance da mão (e do dinheiro dos pais), desde t-shirts ou ténis a discos, vídeos, livros, brinquedos, aparelhos eletrónicos e até bicicletas – tudo isto num espaço suficientemente grande para tornar até a compra do tal pacote de cereais numa experiência memorável e excitante, e que obrigava a atenção redobrada para nunca perder de vista a família.

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Aproximação mais ou menos fiel da experiência de uma criança dos anos 90 ao entrar num hipermercado.

Como se isto não bastasse, os hipermercados de maior dimensão tinham, à sua volta, uma espécie de mini-centro-comercial, o que – numa época em que os ‘shoppings’ propriamente ditos eram também eles locais quase mitológicos – tornava ainda mais atrativa aquela ‘romaria’ às compras, e dava às crianças ainda mais que ver e antecipar. No entanto, mesmo que estas lojas extra não existissem, a experiência de visitar um hipermercado não seria, para um ‘puto’ dos 90s, muito menos excitante; pelo contrário, o simples ato de subir a escada rolante já causava um ‘frisson’ de antecipação para aquilo que aí vinha, justificando plenamente a inclusão destes espaços como primeira Saída de Sábado deste blog.

E vocês? Que memórias têm de ir ao hipermercado naquela época? Deste lado, fica a memória de ter visto, pela primeira vez, uma Sega Saturn (e respetivo jogo Virtua Fighter) na ‘praceta’ do Carrefour de Telheiras, ali em meados da década, e de ficar ‘especado’ a babar nos gráficos 3D, rudimentares pelos padrões de hoje em dia mas, à época, revolucionários. Têm alguma experiência semelhante, ou igualmente marcante? Partilhem-na nos comentários!

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