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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

31.03.23

NOTA: Este post é correspondente a Quarta-feira, 29 de Março de 1998.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Há exactos vinte e cinco anos, em Março de 1998, vivia-se já em Portugal a 'febre' de antecipação da Expo '98, o mega-evento que colocaria definitivamente o País no mapa cultural internacional esse Verão. Tal como aconteceria com o Euro 2004 alguns anos mais tarde, a vontade de apresentar um certame memorável para os visitantes estrangeiros levou a que fossem feitos consideráveis investimentos em vários campos, dos quais um dos mais notáveis foi o das infra-estruturas, o qual, além das habituais melhorias a estruturas existentes, viu ser recuperada toda uma área devoluta da cidade de Lisboa, o hoje denominado Parque das Nações.

Nesse âmbito, foram construídas - de raiz - algumas das, ainda hoje, mais reputadas e úteis infra-estruturas da capital, entre as quais se destacam uma estação de comboios, a Gare do Oriente, a principal sala de espectáculos da cidade -a NOS Arena, então conhecida como Pavilhão Atlântico - um dos grandes 'shoppings' da área metropolitana circundante (o Centro Comercial Vasco da Gama) e, claro, a décima-sexta ponte sobre o Tejo - segunda na Grande Lisboa - a Ponte Vasco da Gama, inaugurada há quase exactos trinta anos, a 29 de Março de 1998.

Esta última, em particular, deu azo a um dos eventos públicos mais recordados pela geração crescida nos anos 80 e 90, e que quase contaria como uma Saída de Sábado, não fora o seu carácter de evento único e 'a convite', que a maioria dos jovens da época apenas viu pela televisão. Falamos, é claro, da lendária feijoada comida sobre a própria ponte - numa mesa com vários quilómetros de comprimento - uma semana antes da sua inauguração, por uns impressionantes dezassete mil convidados, naquele que foi, à época, um duplo Recorde do Guinness para Portugal - pela maior ponte da Europa e pela maior mesa do Mundo.

O que quem assistiu em directo a este marco cultural do Portugal moderno também dificilmente esquecerá é o patrocínio da Fairy, marca que, nos meses imediatamente subsequentes, incorporou o evento na sua estratégia de marketing - e porque não? A verdade é que o detergente foi mesmo utilizado para lavar dezassete mil pratos, o que não só o valida como produto de qualidade, mas também constitui motivo de orgulho. Por conta da sobredita campanha, no entanto, a feijoada na 'Ponte Vasco' ficou, para os jovens da altura, indelevelmente ligada à popular marca de detergentes, da qual é, ainda hoje, indissociável.

Pelo carácter único, grandioso e marcante,  por aquilo que representou e pela infra-estrutura inegavelmente útil que ajudou a inaugurar, este evento adquiriu merecido lugar de destaque na História contemporânea portuguesa, pelo que - no ano em que se celebra um quarto de século sobre a sua ocorrência, e sobre a Expo '98 como um todo - não podíamos deixar de lhe dedicar algumas linhas neste nosso blog nostálgico - até porque, nos dias que correm, é improvável que algo deste género se torne a repetir...

12.12.21

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

De entre as muitas prendas que as crianças dos anos 90 recebiam no Natal, uma das mais clássicas era aquele balde em plástico berrante – normalmente vermelho – cheio de peças avulsas de LEGO.

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Os tradicionais blocos de construção atravessavam, na última década do século XX, um dos seus períodos áureos, com inúmeras linhas e colecções para todas as idades, pelo que o referido balde se afirmava como uma prenda tão vistosa quanto 'segura'; afinal, a maioria dos jovens daquele tempo tinha um interesse activo em LEGO, pelo que uma caixa cheia de peças do referido jogo seria, inevitavelmente, bem recebida.

Para perceber o porquê deste facto, é necessário recuar aos LEGOs, tal como eles eram na 'nossa' época. Isto porque, hoje em dia, a marca tem conotações e motivações quase diametralmente opostas àquelas de que gozava em finais do segundo milénio; enquanto que nos dias que correm, as linhas da LEGO consistem, quase exclusivamente, de produtos de custo elevado e utilização específica, normalmente ligados a um qualquer 'franchise' cinematográfico ou televisivo, nos anos 90, a marca afirmava-se como um dos últimos bastiões para a imaginação das crianças, permitindo-lhes criar aquilo que quisessem (desde que dispusessem das peças, bem entendido) e dar largas à sua imaginação. Havia, bem entendido, conjuntos com finalidade definida, como o clássico castelo ou os veículos da linha Lego Technic, a versão da LEGO para os populares Meccano; o ênfase, no entanto, estava mesmo na criação sem limites, sendo que até mesmo os diferentes elementos destes conjuntos mais direccionados podiam ser retirados do seu ambiente natural e utilizados para quaisquer outros fins que aprouvessem à criança. Em suma, enquanto que os conjuntos LEGO de hoje em dia permitem construir uma réplica exacta de Hogwarts com os conteúdos da respectiva caixa, e nela colocar as mini-figuras de Harry Potter e seus amigos, os LEGOs dos anos 90 permitiam construir uma escola de magia completamente original, de raiz, e nela colocar como alunos os cavaleiros do castelo, a menina tenista, o polícia de trânsito, e quem mais viesse à mão – o único limite era mesmo a nossa imaginação.

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O espectacular castelo era um dos poucos conjuntos 'direccionados' comercializados pela marca à época

Com isto em mente, não é de estranhar que um balde cheio de peças avulsas e aleatórias de LEGO fosse uma surpresa tão grata para as crianças daquele tempo; embora não fosse exactamente um presente que se pusesse na lista ou marcasse no catálogo de brinquedos (afinal, uma das 'regras orais' das listas de Natal em criança era que as mesmas tinham um número finito de linhas, e tinha sempre de se deixar espaço para aquela boneca, figura de acção ou jogo de tabuleiro 'vistoso') também não era, nem de longe, uma prenda de que se desdenhasse, e acabava sempre por ter bastante uso nos meses subsequentes.

Infelizmente, numa altura em que os brinquedos e brincadeiras se vêm tornando cada vez mais restritivos, os baldes de LEGO perderam muita da sua razão de ser, não sendo de estranhar que raramente (ou nunca) se avistem nas secções de brinquedos dos supermercados e hipermercados de hoje em dia; o próprio hobby de construir com LEGOs tem-se tornado, nos últimos anos, mais exclusivo e segmentado, graças ao preço exorbitante dos conjuntos actuais, por oposição ao que acontecia nos anos 90, em que qualquer semanada de criança permitia comprar um conjunto de figura-e-carrinho na loja de brinquedos do bairro. Quem ainda tenha acesso àqueles baldes anuais da sua infância (e se lembre do gozo que dava 'mergulhar' num deles) tem, por isso, como dever apresentá-los à geração actualmente com idade para se interessar por eles, antes que o poder da imaginação se perca por completo...

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