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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.06.25

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

A estimulação sensorial (incluindo visual) é das primeiras faculdades a ser desenvolvida em qualquer criança humana, tendendo as mesmas a reagir de forma entusiástica a padrões ou cores vivas, como as que adornam a maioria dos brinquedos para recém-nascido ou bebé. Não é, pois, de surpreender que uma versão ligeiramente mais 'avançada' do mesmo conceito fizesse as delícias das crianças portuguesas dos anos 80 e 90, sob a forma de uma pequena 'quinquilharia' que, quando investigava, revelava padrões fascinantes.

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Apesar de não serem, de todo, exclusivos desta época (as gerações mais antigas terão utilizado versões menos 'de bolso' em certos contextos psicotrópicos, ou apenas de festa) os caleidoscópios estavam, à entrada para a recta final do século XX, ainda algo em voga entre as crianças lusitanas, podendo ser encontrados com relativa facilidade tanto em lojas de brindes como dos trezentos. A versão noventista deste estimulante visual surgia, concretamente, sob a forma de uma pequena luneta, cujo vidro era moldado para, sob contacto com a luz, revelar um efeito visual ou colorido apelativo, que podia depois ser movimentado ou controlado através de um mecanismo rotativo situado em torno da lente. Um daqueles conceitos aparentemente simples mas que, na era pré-digital, ajudavam a 'matar' uns bons momentos, e podiam facilmente ser partilhada com os amigos e familiares, para que também eles disfrutassem da agradável surpresa visual contida naquele minúsculo objecto.

Tal como tantos outros brinquedos e conceitos de que falamos nesta e noutras rubricas, também os caleidoscópios acabaram por efectuar uma retirada discreta do mercado nacional, tendo simplesmente desaparecido da consciência colectiva infantil após a viragem do Milénio. Quem com eles brincou, no entanto, certamente recordará a surpresa de, subitamente, ver aquele vidro aparentemente simples desdobrar-se em reflexos e padrões aparentemente impossíveis, e anteriormente insuspeitos. Razão mais que suficiente para dedicarmos algumas linhas a mais uma das muitas 'quinquilharias' noventistas que as novas gerações nunca conhecerão, mas que os seus pais recordam com carinho.

31.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 29 e Sexta-feira, 30 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

De entre os muitos elementos apelativos para as demografias jovens (e não só), um dos mais negligenciados é o da surpresa através da dualidade – isto é, a incorporação ou integração de um produto ou serviço normalmente associado a uma área com outro de um campo completamente diferente, criando um 'híbrido' tão inesperado quanto interessante e original. Quando utilizada, no entanto, esta táctica tende a ter resultados sobremaneira positivos, como o comprova o produto de hoje.

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De facto, os chupa-chupas de anel (oficialmente conhecidos como Ring Pops) extrapolavam a sua função principal de guloseima para quase poderem servir como adereço – pelo menos enquanto duravam, já que, uma vez comidos, apenas restava a base do anel, em plástico. Durante aqueles poucos momentos, no entanto, o detentor de um destes doces quase se poderia sentir rico e poderoso, com um enorme 'cachucho' no dedo, de fazer inveja aos seus pares – e por mais do que uma razão!

Assim, e embora não tão 'geniais' ou revolucionários quanto os 'Push-Pop' (estes não se podiam guardar e comer depois da aula), os chupa-chupas de anel não deixaram, ainda assim, de marcar época entre a geração 'millennial' portuguesa, a par das 'chuchas', funcionalmente semelhantes e que aqui, em breve, terão o seu espaço. De facto, o sucesso deste produto faz pensar no porquê de este tipo de 'fusão' não ter sido mais explorada ao longo dos tempos, não só no campo dos doces ou da comida, mas também em sectores algo mais relevantes da sociedade portuguesa, e não só; afinal, se um simples doce consegue juntar com tanto sucesso duas áreas tão díspares, o que impede que o mesmo suceda com produtos mais complexos?

28.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 27 de Março de 2025.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Já aqui por diversas vezes elencámos brinquedos que, apesar de aparentemente demasiado simplistas e básicos, não deixavam ainda assim de proporcionar bons momentos de diversão às crianças noventistas; neste 'post', recordamos um dos mais clássicos, e que, apesar de hoje algo esquecido, teve ainda assim algum impacto na infância da demografia afecta a este 'blog'.

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Falamos das caixas de sons – não as posteriores versões electrónicas, mas as originais, que se viravam de 'cabeça para baixo' para ouvir um assobio, o trinado de pássaros, o mugido de vacas, ou qualquer outro som, normalmente simulado de um ruído natural. Um conceito e resultado final que faria revirar os olhos de qualquer membro da Geração Alfa, ou até dos 'Z' mais novos, mas que foi suficiente para divertir, por alguns momentos, não só os 'X' e 'millennials' como as gerações que lhes deram origem.

E apesar de, nos anos 90, esta já não ser uma Quinquilharia particularmente comum nos estojos, mochilas ou bolsos das crianças e jovens nacionais – especialmente por comparação a outras que esta rubrica já abordou – a mesma estava, ainda assim, suficientemente presente no dia-a-dia das mesmas para justificar estas breves linhas na rubrica dedicada a pequenos objectos lúdicos comuns à época, e para potencialmente trazer à tona memórias nostálgicas para quem, em criança, tenha tido a oportunidade de brincar com uma.

22.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2025.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Ainda hoje existem, agora num contexto mais técnico e desportivo, ligado à prática da caminhada e outras actividades de exterior; foi, no entanto, nos anos 80 e 90 que se popularizaram, então como um elemento de vestuário eminentemente prático, perfeito para 'enfiar' na carteira, mochila ou mala de férias em caso de chuva imprevista. Falamos, claro está, dos impermeáveis dobráveis em saco, parte integrante da infância e adolescência de duas gerações de portugueses, os quais, quiçá, agora os introduzam também às demografias mais jovens.

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Exemplo moderno do produto em casa.

Conceito tão genial como intemporal, estes impermeáveis nada mais eram do que plásticos finos, ao estilo 'tapa-vento', que, quando não a uso, podiam ser enrolados e colocados num 'saco' com alça, o qual, ao vestir, se transformava num bolso de practicidade algo prejudicada pela fita elástica no seu interior. Quando devidamente dobrados, no entanto, esta alça transformava-se de estorvo em elemento essencial, permitindo carregar o impermeável na mão ou até ao ombro ou à volta do pescoço à laia de carteira ou bolsa, reduzindo assim as probabilidades de o mesmo se perder – algo que as mães e pais da época não terão deixado de apreciar, especialmente aqueles cujos filhos tendiam a ser mais distraídos e deixar os mais diversos objectos para trás nos mais diversos locais, como era o caso do autor deste 'blog'.

Tal como referimos no início deste texto, os impermeáveis com elástico ainda existem, ainda mais pequenos e compactos (após dobrados) do que o eram em finais do século XX, e hoje com uma conotação mais 'séria' e adulta. Restam poucas dúvidas, no entanto, de que existam em Portugal (e não só) grande quantidade de crianças e jovens que continuam a 'encontrar' esta peça de vestuário nos respectivos 'carregos' da escola ou treino desportivo sempre que o tempo está ameno, mas a 'ameaçar' chuva...

21.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 19 e Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2025.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Podiam vir da livraria ou da tabacaria ou quiosque, e ser mais focados em conteúdos educacionais ou oferecer um pouco mais de diversão pura e dura; em qualquer dos casos, constituíam um ponto alto no dia de qualquer criança, sendo capazes de proporcionar várias horas divertidas após um dia de escola, ou mesmo durante um fim-de-semana. Falamos, claro está, dos livros com autocolantes, uma daquelas diversões intemporais e transversais a, pelo menos, as últimas três gerações, da qual falaremos em mais um 'post' duplo no Anos 90.

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Exemplo moderno do conceito em causa.

Diferentes das tradicionais cadernetas de cromos por não fomentarem o aspecto social ou coleccionista (sendo, na maioria dos casos, auto-contidos) estes livros funcionavam, no entanto, num contexto algo semelhante, oferecendo aos jovens leitores cenários e temas sobre os quais aplicar os autocolantes fornecidos em conjunto com o livro, os quais diziam, por sua vez, respeito a esse tema. Assim, um livro sobre animais teria provavelmente como fundo de página um cenário natural ou um jardim zoológico sobre os quais colar os autocolantes de 'bicharada', outro sobre viagens poderia ter estradas, portos ou aeroportos nos quais colocar carros, barcos ou aviões, ou focar-se em destinos como a praia ou o campo, cada qual com o seu grupo de autocolantes decorativos. As crianças eram, assim, incentivadas a relacionar elementos entre si de modo a que fizessem sentido, dando à experiência um aspecto didáctico que complementava a diversão inerente a um destes tomos – afinal, qual é a criança que não gosta de aplicar autocolantes aos mais diversos sítios?

Talvez por este misto de simplicidade, didatismo e apelo directo aos gostos do público-alvo, os livros com autocolantes mantêm-se 'em alta' entre as camadas mais jovens da população até aos dias de hoje, sendo ainda relativamente fáceis de encontrar nos mesmos meios que os vendiam algures há três décadas – um paradigma que, ao contrário da maioria dos que aqui vimos relembrando, não se prevê que mude num futuro próximo. Afinal, por muito avançado que seja no momento presente, o meio digital não é, ainda, capaz de reproduzir a sensação única de destacar um autocolante da respectiva folha e, com ele, 'embelezar' o cenário proposto na página, e que já há vários minutos vem 'puxando' pela imaginação...

05.02.25

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Hoje em dia, descobrir a melhor trajectória rodoviária entre dois pontos implica, tão simplesmente, activar o GPS e acreditar que o mesmo vai ter em conta obstáculos como estradas sem saída ou cursos de água; em finais do século passado, no entanto (antes do advento de tais tecnologias) tal objectivo requeria o recurso a um elemento indispensável em qualquer veículo pessoal à época, e presença obrigatória em qualquer porta-luvas ou bolsa adjacente ao lugar do passageiro – o clássico mapa rodoviário.

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Oferecendo uma diagramação exacta das estradas, localidades e obstáculos naturais quer de todo um país, quer de apenas uma área restrita, estes mapas eram, regra geral, criados pelas instituições estatais ligadas ao trânsito rodoviário ou, em alternativa, por entidades privadas dentro do mesmo ramo (no caso nacional, o Automóvel Clube de Portugal) e tomavam a forma de um panfleto grosso, o qual se desdobrava infinitamente até se transformar numa gigantesca folha de tamanho A0, repleta de linhas e cores, e onde quaisquer dois pontos pareciam estar a apenas um 'saltinho' de distância um do outro. Não é, pois, de admirar que os mesmos constituíssem objectos de fascínio para as crianças da época, capazes de passar longos minutos a traçar, com o dedo, rotas desejadas ou imaginárias entre localidades, ou a tentar adivinhar por onde se desenrolaria a sua própria viagem daquele dia – pelo menos até o condutor ou o passageiro 'pendura' precisarem de consultar o mapa, e o mesmo ter de ser novamente cedido para desempenhar a sua funcionalidade primária. Pior, mesmo, era voltar a dobrar correctamente aquela 'imensidão' de folhas, acabando a maioria dos mapas rodoviários por ficar 'do avesso', com a parte das estradas para fora e a capa e contracapa escondidas no interior...

Conforme referimos no início deste texto, o aparecimento dos GPS (e, mais tarde, dos mapas na Internet) veio tornar obsoletas as versões em papel; no entanto, os mapas rodoviários nunca desapareceram completamente, pelo que é bem possível que, algures, uma família recorra ainda a um dos mesmos para se orientar durante uma Saída de Sábado ou viagem de férias, e que, no banco de trás, as crianças da mesma se entretenham a tentar traçar o caminho até ao seu ponto de chegada, tal como faziam os seus pais quando tinham a mesma idade...

02.01.25

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Já aqui por diversas vezes falámos da apetência das crianças (independentemente da geração em que cresceram) para fazer barulho, seja por que meio fôr, e sob qualquer pretexto. Assim, não é de surpreender que uma das quinquilharias mais populares entre a juventude de finais do século XX se destinasse, precisamente, a esse fim.

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Utilizada sobretudo na noite de Ano Novo e durante a semana do Carnaval - alturas em que a sua funcionalidade e finalidade eram melhor aceites, dados os respectivos contextos, e de cujas gama de acessórios formavam parte integrante - as 'línguas-da-sogra' (não confundir com a bolacha do mesmo nome, clássico das praias portuguesas do mesmo período) eram um daqueles conceitos tão simples quanto genialmente apelativos, consistindo tão-sómente de um tubo de plástico do qual 'emergia' uma tira (ou língua) de papel, decorada com cores vivas ou mesmo desenhos, a qual se desenrolava mediante a aplicação de ar ao tubo de plástico, produzindo um som característico, semelhante ao de uma flatulência. O apelo deste brinquedo era, pois, não só evidente como duplo, já que o mesmo não só gerava um barulho divertido como também uma explosão de cor e efeitos visuais; junte-se a isso o preço eminentemente acessível deste produto, e estão reunidas as condições para tal 'quinquilharia' ter feito sucesso junto da juventude de um tempo mais simples, e em que era preciso bastante menos para divertir a criança ou jovem comum.

Tal como sucede com quase todos os produtos dessa época, no entanto, também a 'língua-da-sogra' se encontra hoje desaparecida do seu 'ambiente natural' de lojas de bairro, quiosques e papelarias (embora ainda possa ser comprada nos habituais sites 'vende-tudo' na Internet), e, por conseguinte, da consciência colectiva da juventude 'Alfa'. Para quem viveu momentos de diversão simples a soprar numa destas linguetas e a tentar não se rir do som produzido, no entanto, esta permanece sem dúvida como uma das muitas quinquilharias de infância lembradas com carinho e nostalgia em certas épocas do ano, e cuja memória é reavivada ao ler 'posts' como o que acabamos de concluir, no rescaldo de uma celebração que, há não muito tempo, teria sido, pelo menos em casas com crianças, tão pautada pelo som destes brinquedos como pelo de foguetes ou tampas de panela.

01.12.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Em edições anteriores desta rubrica, falámos de brinquedos prevalentes em finais do século XX e nos primeiros anos do seguinte, e que eram capazes de proporcionar tanto um Sábado aos Saltos como um Domingo Divertido à sua demografia-alvo. Este fim-de-semana, voltamos a combinar as duas rubricas para juntar mais um nome a essa restrita, mas crescente lista.

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Falamos das bolas desmontáveis, um daqueles conceitos tão simples quanto brilhantes, e irresistíveis para qualquer ser humano de uma certa faixa etária. Tal como o nome indica, tratavam-se de bolas em plástico duro constituídas por vários painéis segmentados, os quais se podiam separar e juntar à boa maneira de peças de 'puzzle'. Era, assim, possível 'construir' uma bola, utilizá-la da forma convencional durante um Sábado aos Saltos e, terminada a brincadeira, 'parti-la' no chão e juntar as peças para, no dia seguinte, passar um Domingo Divertido a reconstruí-la. Um verdadeiro 'dois em um' que, apesar de não ser tão eficiente em cada uma das suas funções como o equivalente de 'uso único' (sendo, por exemplo, demasiado duro para ser atirado com força, e demasiado simplista para ser verdadeiramente desafiante enquanto quebra-cabeças) não deixava ainda assim de desempenhar ambas as funções de forma suficientemente competente para atrair a atenção e curiosidade do público-alvo.

Ao contrário de outros produtos aqui abordados, as bolas desmontáveis nunca chegaram a desaparecer totalmente do mercado. No entanto, tal como vários outros brinquedos de que aqui fomos falando, o seu 'nicho' actual consiste, sobretudo, de páginas e plataformas de venda grossista na Internet, sendo as mesmas praticamente impossíveis de detectar na vida quotidiana – algo que não deixa de ser curioso, dado o seu conceito relativamente intemporal, e capaz de apelar aos mais básicos insintos e gostos da população infanto-juvenil. As Gerações Z e Alfa ficam assim, infelizmente, privadas de conhecer o prazer vivido pelos seus pais em 'destruir' uma destas bolas com uma valente pancada no chão, apenas para a reconstruir quase de imediato, e reiniciar novamente o ciclo - uma daquelas sensações que nenhuma 'app' será, jamais, capaz de recriar...

 

21.11.24

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Os anos 90 foram palco de uma espécie de 'renovação' no sector das bolachas em Portugal, com alguns nomes clássicos dos anos 80 a serem progressivamente descontinuados, e a darem lugar a novas propostas de cariz mais internacional, como as famosas Oreo. Ainda assim, o país vizinho continuava a ser o principal fornecedor estrangeiro de bolachas, sobretudo através da sua mais famosa produtora, a Cuétara, que se posicionava como principal rival da portuguesa Triunfo no mercado nacional do sector – uma posição que seria reforçada nos últimos anos do século XX, com o surgimento em Portugal de uma variedade de bolacha que se provaria duradoura o suficiente para permanecer à venda três décadas depois: a hoje clássica Tosta Rica.

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Embalagem 'de época' da bolacha em causa, no caso alusiva ao popularíssimo 'anime' de Pokémon

À primeira vista apenas uma típica bolacha recheada (embora absolutamente deliciosa, ao nível das melhores alguma vez comercializadas no nosso País), o segredo da Tosta Rica revelava-se ao analisar mais atentamente as suas 'mini-sanduíches', cada uma das quais trazia nos dois lados um desenho, traçado a castanho acima do logotipo da marca. E se, numa primeira fase, estes desenhos eram apenas ilustrações genéricas, pouco tardou até a Tosta Rica principiar a obter algumas das mais atractivas licenças infanto-juvenis disponíveis à época, e a substituir os desenhos iniciais por personagens ou motivos alusivos a cada uma delas. Esta segunda fase ficou, também, marcada pela oferta, em cada caixa de bolachas, de um pequeno brinde simbólico, um gesto tão ao gosto do público-alvo da época e que ajudou a que as bolachas em causa se destacassem em meio a um mercado variado e com muitos atractivos. Tanto assim que, trinta anos volvidos, a marca continua presente nos supermercados e hipermercados nacionais, talvez já sem a força que outrora teve, mas ainda assim pronta a fazer as delícias de toda uma geração de crianças, tal como sucedeu com os seus pais...

23.05.24

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

De entre os materiais essenciais na mochila de qualquer aluno do ensino básico ou secundário – até aos dias de hoje, mas sobretudo na era pré-digital – as borrachas estavam entre os mais indispensáveis; afinal, quando grande parte do dia é passada a tirar notas em papel, convém ter maneira de corrigir quaisquer eventuais erros ou fazer quaisquer mudanças que se afigurem necessárias. Não admira, pois, que as crianças e jovens da altura (e também, ainda, as actuais) tivessem à sua disposição toda uma panóplia de borrachas, das mais normais, brancas, de marcas como a Rotring, a modelos em forma de personagens ou até com cheiro. No entanto, de todos estes modelos, apenas um se destaca imediatamente na mente de quem andou na escola naquela época; a famosa e infame borracha de tinta.

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Teoricamente equipadas com duas secções distintas, que lhes davam o tradicional visual bicolor em tons de castanho e azul, as borrachas de tinta são vistas, por alguns, como um dos maiores embustes 'oficialmente reconhecidos' da História. Isto porque a parte azul, supostamente capaz de apagar traços de tinta de caneta, revelava-se inevitavelmente aquém das expectativas, não só não eliminando por completo os referidos traços, como sucedia com a parte para lápis, mas acabando ainda mais inevitavelmente por furar até a mais grossa e resistente das folhas de papel. Não têm conta os trabalhos, textos, folhas de caderno e até testes ou pontos estragados por este tipo de borracha, que muitas vezes causava mais problemas do que os que resolvia. E, apesar de tudo isto, ao início de cada novo ano lectivo, lá constava do estojo mais uma 'tablete' castanha e azul, a qual, certamente, iria funcionar bem melhor do que as últimas dez, e apagar a escrita a tinta sem furar o papel...

Quanto mais não seja por esta capacidade de 'enganar' sucessivas gerações de jovens, bem como pela sua ubiquidade nos estojos dos mesmos (ainda que não constituísse, exactamente, uma quinquilharia) a borracha de tinta merece um apontamento neste nosso blog nostálgico; afinal, quantos objectos existem que, depois de falharem naquilo para que foram destinados, continuem a ser sucessivamente substituídos por outros exactamente idênticos?

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