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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

31.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 29 e Sexta-feira, 30 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

De entre os muitos elementos apelativos para as demografias jovens (e não só), um dos mais negligenciados é o da surpresa através da dualidade – isto é, a incorporação ou integração de um produto ou serviço normalmente associado a uma área com outro de um campo completamente diferente, criando um 'híbrido' tão inesperado quanto interessante e original. Quando utilizada, no entanto, esta táctica tende a ter resultados sobremaneira positivos, como o comprova o produto de hoje.

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De facto, os chupa-chupas de anel (oficialmente conhecidos como Ring Pops) extrapolavam a sua função principal de guloseima para quase poderem servir como adereço – pelo menos enquanto duravam, já que, uma vez comidos, apenas restava a base do anel, em plástico. Durante aqueles poucos momentos, no entanto, o detentor de um destes doces quase se poderia sentir rico e poderoso, com um enorme 'cachucho' no dedo, de fazer inveja aos seus pares – e por mais do que uma razão!

Assim, e embora não tão 'geniais' ou revolucionários quanto os 'Push-Pop' (estes não se podiam guardar e comer depois da aula), os chupa-chupas de anel não deixaram, ainda assim, de marcar época entre a geração 'millennial' portuguesa, a par das 'chuchas', funcionalmente semelhantes e que aqui, em breve, terão o seu espaço. De facto, o sucesso deste produto faz pensar no porquê de este tipo de 'fusão' não ter sido mais explorada ao longo dos tempos, não só no campo dos doces ou da comida, mas também em sectores algo mais relevantes da sociedade portuguesa, e não só; afinal, se um simples doce consegue juntar com tanto sucesso duas áreas tão díspares, o que impede que o mesmo suceda com produtos mais complexos?

11.04.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 10 de Abril de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Diz um ditado popular que a imitação é a mais sincera forma de elogio, e tendo essa máxima em conta, pode dizer-se que, desde finais dos anos 80 a esta parte, os ovos Kinder têm sido motivo de elogios um pouco por todo o mercado do chocolate. Isto porque, na esteira do retumbante sucesso dos icónicos ovos com surpresa aquando da sua introdução no mercado, os supermercados, hipermercados e mercearias nacionais (e não só) viram surgir uma série de 'imitadores' lançados por marcas perfeitamente anónimas, e cujas semelhanças com os verdadeiros Kinder raramente iam além do conceito de um ovo de chocolate com um brinde no interior.

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Exemplo moderno do produto em causa.

De facto, a esmagadora maioria destes ovos – muitos deles oriundos de locais bem mais 'esotéricos' do que a tradicional Alemanha ou Suíça – fazia uma cópia apenas superficial dos originais da Kinder, incluindo os elementos de base mas falhando retumbantemente nos detalhes, como a presença de chocolate branco no interior do ovo (os que tinham chocolate branco dedicavam-lhe toda uma metade), a qualidade dos brindes oferecidos, e mesmo do próprio chocolate em si, que tendia a ter mais semelhanças com o dos calendários do advento do que com a textura cremosa e alto teor de leite do produto original. Alguns fabricantes ainda tentavam colmatar estas deficiências com uma licença oficial (embora, muitas vezes, a mesma não fosse além da 'prata' da embalagem), mas até mesmo o melhor destes 'imitadores' tendia a ficar muito aquém da sua inspiração.

Nada que parasse os produtores, no entanto, sendo que estes ovos 'de imitação' subsistem até aos dias de hoje, talvez pelo papel que desempenham como alternativas mais baratas aos historicamente caros ovos Kinder. Ainda assim, este continua a ser um daqueles casos em que 'o original é sempre o melhor', e em que vale sem dúvida a pena pagar a diferença, tal como já era o caso nos longínquos anos 90 e 2000...

21.03.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 20 de Março de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

A mudança – de logotipo, estética, características, fabrico ou mesmo composição – é um elemento tão inevitável quanto natural no ciclo de vida de qualquer produto, sendo poucos os que conseguem manter intactas todas as características acima listadas ao longo de várias décadas. Deve, pois, ser dado ainda mais valor àqueles que, efectivamente, almejam tal objectivo, como é o caso do produto alimentar ao qual dedicamos esta Quinta ao Quilo.

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Disponível até hoje em mercearias, supermercados e até hipermercados na sua forma original e clássica – em garrafa de vidro – o leite com chocolate Ucal conseguiu, de alguma forma, manter-se praticamente imutável em relação à bebida que os portugueses das gerações 'X', 'Millennial' e até anteriores consumiram. Àparte algumas (mais ou menos) subtis mudanças de logotipo – e, decerto, também de fórmula e gosto – o produto hoje adquirível em qualquer bom retalhista é praticamente o mesmo daquela época, sem quaisquer características ou 'truques' de 'marketing' adicionais.

Embora seja, pois, de lamentar o desaparecimento da variante em garrafa pequena do leite branco da marca (à época tão comum quanto o de chocolate, embora naturalmente menos popular) é, sem dúvida, de louvar o facto de o referido leite se conseguir manter tão relevante e popular como nunca, sem recurso a quaisquer mascotes, ofertas ou brindes, apenas na base do nome e da qualidade a que o mesmo é associado – uma característica que, cada vez mais, se vai perdendo no panorama comercial, e que torna o clássico leite Ucal mais do que merecedor de destaque nesta rubrica, apenas algumas semanas após termos cedido o mesmo espaço tanto ao entretanto desaparecido 'Leite do Dia' como aos outros leites em garrafa disponíveis no mercado. Ficam os votos de que a tradição se mantenha ainda por muitos anos, e que os filhos e netos das gerações 'Z' e 'Alfa' possam, ainda, deliciar-se com o mesmo leite em 'garrafinha' que os seus pais, avós e até bisavós tomaram nos seus próprios tempos de infância...

28.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Embora, hoje em dia, tal possa parecer difícil de imaginar, até há relativamente pouco tempo, o leite UHT em embalagem Tetrapak estava longe de ser a norma em Portugal – antes pelo contrário. De facto, já à entrada dos anos 90, continuava a ser relativamente comum adquirir o lacticínio-mor em dois outros tipos de embalagem: por um lado, a garrafa de vidro (ainda hoje vigente, embora com bastante menos expressão, e restrita essencialmente ao leite com chocolate da UCAL) e o chamado 'leite do dia', comercializado em sacos semelhantes aos que, hoje em dia, podem ser vislumbrados ao lado da máquina de café num qualquer estabelecimento da Starbucks. É destas duas formas (quase) desaparecidas de comercializar leite que falaremos nas próximas linhas.

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Uma visão típica dos anos 80 e 90, mas totalmente desaparecida um terço de século depois.

Considerados, à época, mais saudáveis do que o leite UHT (embora também bastante mais perecíveis, o que pode ajudar a explicar o seu desaparecimento) estes dois tipos de leite não tendiam a figurar nas prateleiras dos habituais supermercados e hipermercados, sendo um dos resquícios do tempo em que o comércio era sobretudo local, e em que os lacticínios eram adquiridos na leitaria, ou directamente ao leiteiro; e embora, em finais do século XX, os segundos fossem já raros, as primeiras continuavam a existir, e a vender as duas formas de leite embalado, as quais, por sua vez, continuavam a ir ao encontro das necessidades de uma clientela fiel. Mais tarde, o leite do dia chegaria mesmo às grandes cadeias retalhistas, embora o seu tempo de vida nas prateleiras das mesmas viesse a ser reduzido, talvez pela supracitada perecibilidade, que obrigava a 'rodar' 'stock' com muito mais frequência do que no caso do leite UHT, famoso pelas suas longas datas de validade.

Curiosamente, fora de Portugal, continua a ser comercializado leite fresco (ou, pelo menos, não-UHT), sendo mesmo a principal forma de consumir o lacticínio em países como o Reino Unido. Em terras ibéricas, no entanto (ou, pelo menos, lusitanas), a versão ultra-pasteurizada e disponivel em embalagem de cartão ganhou mesmo vantagem sobre as alternativas, tornando-se sinónima com o produto em causa e relegando-as para a memória remota de quem foi criança antes do final do século e Milénio passados, 'fadadas' a serem recordadas apenas ocasionalmente, em páginas de 'sites' como este 'blog' nostálgico...

07.02.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 6 de Fevereiro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Hoje em dia, o queijo em triângulos e embalado numa caixa de papel acartonado redondo é quase sinónimo com uma só marca, a internacionalmente famosa Vaca Que Ri (ou La Vache Qui Rit, ou The Laughing Cow). Nos anos 90, no entanto, esse mercado era, em Portugal, ainda surpreendentemente concorrido, com competição renhida entre pelo menos três marcas, duas das quais entretanto desaparecidas ou vítimas de perda significativa de visibilidade; é precisamente a elas que iremos dedicar as próximas linhas.

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Caixa internacional do queijo Tigre, menos bonita do que a portuguesa.

Das duas, a mais famosa era, sem dúvida, a Tigre, memorável pela sua fantástica embalagem, que exibia o felino homónimo, em toda a sua majestade, a caminhar por cima do logotipo, sobre um fundo amarelo. Deixando de parte o facto de os tigres serem exclusivamente carnívoros (e, como tal, não comerem queijo) era uma imagem marcante, que deixava a qualquer criança ou jovem a vontade de provar aquele produto (o qual, uma vez experimentado, se revelava um gosto adquirido, pelo menos para o gosto do autor deste blog à época). E apesar de a Tigre ser, como a Vaca Que Ri, uma marca internacional (com origem na Suíça) a mesma será, por muitos portugueses das gerações 'X', 'millennial' e anteriores, identificada sobretudo com a vivência portuguesa de finais do século XX, altura em que marcava forte presença nas arcas frigoríficas de supermercados, hipermercados e mercearias de bairro, ao lado da outra marca a que este 'post' faz alusão.

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Embalagem moderna do queijo em triângulos Eru.

Falamos da Eru, a resposta holandesa à suíça Tigre, e que, apesar de menos expressiva em termos de impacto comercial, não deixava de constituir uma alternativa para quem procurava um queijo em triângulos de sabor menos forte e intenso (era, por exemplo, a preferência deste autor, quando era jovem). O que poucos decerto saberão é que, ao contrário da Tigre, a Eru ainda hoje existe, embora a sua presença no mercado português seja, actualmente, praticamente nula – pelo menos no tocante ao queijo em triângulos, já que alguns dos seus outros produtos podem ainda ser encontrados em cadeias comerciais nacionais.

Ainda assim, e apesar da capacidade de sobrevivência de pelo menos uma das suas concorrentes, não há como negar a Vaca Que Ri como grande vencedora da 'guerra' comercial do queijo em triângulos, sendo a mesma praticamente opção única para quem queira degustar este produto no Portugal dos anos 2020. Quem viveu décadas e séculos passados, no entanto, certamente se recordará da variedade de escolhas oferecida pelo mercado português da época no respeitante a este tipo de alimento, e talvez tenha mesmo sentido alguma vontade de voltar a provar um daqueles queijos da sua infância, hoje infelizmente desaparecidos para sempre...

 

18.01.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Já aqui dedicámos – merecidamente – algum espaço aos ovos Kinder, um dos doces mais icónicos e apreciados da infância de qualquer geração; nada mais apropriado, pois, do que voltarmos agora a falar da marca, desta feita para recordar a adição feita pela mesma ao seu espectro de produtos, precisamente no início da década a que este 'blog' diz respeito, e que se mantém nas prateleiras dos supermercados e hipermercados nacionais até aos dias de hoje, volvidas quase exactas três décadas e meia.

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Concebido e lançado logo nos primeiros meses dos anos 90, o Kinder Bueno não chegaria, no entanto, a Portugal senão volvidos mais alguns anos, sendo que a maioria dos 'millennials' portugueses associará, provavelmente, o produto à segunda metade da década. Foi então que a Kinder revelou aos seus 'aficionados' ibéricos a mistura de chocolate com uma crocante bolacha 'wafer' (e de haste dupla) que se tornaria um dos doces favoritos de muita gente durante os anos subsequentes, e que se posicionaria, basicamente, como a resposta da Kinder a chocolates como o Lion, Twix ou Kit Kat. Em relação a estes, no entanto, a oferta da companhia alemã saía, talvez, a ganhar, já que o novo chocolate contava com a qualidade que a ajudara a tornar conhecida.

Escusado será dizer que o sucesso foi imediato, tendo o Kinder Bueno 'pegado de estaca' no mercado dos chocolates a nível global (com Portugal a não ser excepção nesse aspecto) e o seu sucesso motivado a Kinder a criar novas variantes, com chocolate de duas variedades ou branco, entre outras (embora, como no caso dos Corn Flakes, o original continue a ser o melhor). E apesar de um recente escândalo relacionado com os níveis de agentes cancerígenos contidos nos chocolates da companhia (incluindo o Bueno) e que levou a que enormes quantidades dos mesmos fossem retirados do mercado, a verdade é que o chocolate em causa (como os seus companheiros de fábrica) continua a 'somar e seguir' um pouco por todo o Mundo, estando já na terceira geração de crianças que cativa com a sua simples, mas irresistível proposta, e não dando sinais de abrandar num futuro próximo...

26.12.24

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Eram presença assídua nas tabacarias, papelarias e quiosques do Portugal noventista, e são dos poucos elementos das bancas dessa época a ter perdurado, praticamente imutáveis, até aos dias de hoje. O preço é mais elevado, e agora em Euros, mas os conteúdos permanecem, essencialmente, os mesmos: ideias e sugestões de receitas para todas as épocas e ocasiões, incluindo as festas de Dezembro.

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Exemplo moderno das publicações em causa.

Falamos, claro está, daquelas revistas de receitas que quase se poderiam mais correctamente designar como 'livrinhos', que cabem em qualquer bolso das calças ou camisa, e cujo conteúdo consiste exclusivamente de cozinhados apropriados para a quadra festiva e para o Ano Novo. E visto que há quase exactamente um ano havíamos dedicado algumas linhas às suas congéneres de maior dimensão e mais 'genéricas', nada melhor do que dar agora espaço às 'variantes' 'de bolso', as quais, tal como as suas 'irmãs maiores', continuam a ocupar grande parte do espaço útil das bancas de jornais e revistas, e a ter o seu público fixo e fiel, o qual não se adaptou ainda às novas tecnologias, ou prefere simplesmente ter as suas receitas escritas em papel, mesmo que tal implique o dispêndio de uma (pequena) quantia a cada semana, quinzena ou mês.

Apesar desta admirável continuidade, no entanto, é inegável que este tipo de revistas tem os 'dias contados', tal como, aliás, sucede com a maioria da imprensa escrita. Até ao seu inevitável ocaso, no entanto, há que continuar a louvar estes últimos 'bastiões' das publicações periódicas tradicionais, que fornecem uma das últimas 'pontes' ainda existentes para os anos da viragem do Milénio.

13.12.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

A par da Páscoa, o Natal é a época por excelência para a compra e consumo de chocolates. Tanto assim que, além das inevitáveis caixas de presente, Pais Natais de chocolate (remodelados a partir dos coelhinhos de Páscoa) e calendários do Advento, os portugueses tendem até, por vezes, a colocar enfeites de chocolate na própria árvore de Natal – uma tendência ainda mais exacerbada em finais do século XX, quando era costume ver, entre as bolas e enfeites 'normais', um ou outro explicitamente 'comestível'.

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De facto, fossem as clássicas sombrinhas da Regina, as ainda mais icónicas Fantasias ou simplesmente uma bola de Natal de chocolate mais genérica, eram inúmeros os chocolates de pequena dimensão que acabavam por 'ir parar' à árvore, onde, durante as três a quatro semanas seguintes, 'tentariam' os membros mais jovens do agregado familiar, os quais, muitas vezes, desejavam ardentemente poder desembrulhá-los e prová-los, mas tinham que esperar que a árvore fosse desfeita – ou, pelo menos, que fosse dada 'ordem' pelos mais velhos. Ainda assim, a sensação de 'esmigalhar' uma bola de chocolate entre os dedos antes de lhe retirar o alumínio vive na memória de quem alguma vez tenha tido essa experiência.

Embora muitos destes enfeites-petisco continuem a ser vendidos até aos dias de hoje, as tendências modernas ditaram não só a sua redução em número como também em frequência de utilização, tornando-as, cada vez mais, 'relíquias' de gerações anteriores. Apenas mais um elemento, portanto, que as gerações 'X' e 'millennial' recordarão com carinho, mas que será alheio ou estranho às subsequentes. Uma pena, pois a experiência acima descrita é daquelas que sobrevivem à mudança de mentalidades e hábitos, e faria sem dúvida as delícias de uma criança moderna, tanto quanto sucedeu com as daquele tempo....

16.11.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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Os meses finais de cada ano ficam, no Portugal rural, marcados por duas tradições anuais, ambas com vasta e reconhecida História, e ambas ligadas à colheita e tratamento de frutos: por um lado, as vindimas, e, por outro, a apanha da castanha. E se, hoje em dia, ambas as actividades recorrem a uma forte componente mecânica, há trinta anos, as duas envolviam ainda uma parcela muito mais significativa de trabalho manual, para a qual os membros mais jovens de cada família produtora não deixavam de contribuir. Não é, pois, de surpreender que grande parte dos 'millennials' portugueses nascidos ou criados fora dos ambientes citadinos retenham memórias nostálgicas ligadas a estes dois rituais anuais, e ao papel que eles próprios desempenhavam nas mesmas.

Fosse apenas a apanhar, fosse a pôr as mãos (e pés) 'na massa' ao ajudar a pisar as uvas, eram muitas as formas como os jovens agricultores de finais do século XX podiam contribuir para o processo de recolher e preparar uvas, castanhas ou mesmo outros frutos de época, prestando assim auxílio aos pais e avós, e ajudando a reduzir os volumes de trabalho dos mesmos. E apesar de, na época em causa, a prática de não enviar os filhos para a escola de modo a participarem nestes processos fosse já muito menos frequente do que em gerações anteriores, não será surpreendente que muitos dos visados por este 'post' tenham mesmo deixado, ocasionalmente, a educação de parte durante estes e outros períodos do ano, em que a necessidade de colher o sustento falava mais alto. Mais do que apenas uma obrigação, no entanto, estas actividades ajudavam também a reforçar os laços familiares, e faziam com que os mais pequenos se sentissem membros úteis e produtivos do agregado, quase como se fossem versões em miniatura dos adultos – algo capaz de encher qualquer jovem de orgulho, independentemente da geração ou contexto social.

Infelizmente, a crescente mecanização e contratação de mão-de-obra externa tem, lentamente, vindo a acabar com tais rituais para as famílias rurais portuguesas; no entanto, quem ainda teve ensejo de neles participar certamente não hesitará em transmitir aos filhos, por via oral, as experiências que vivenciou em criança ou adolescente, preservando assim a memória destas importantes tradições sócio-económicas do quotidiano rural português para as gerações vindouras.

02.11.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 31 de Outubro de 2024.

Todas as crianças gostam de comer (desde que não seja peixe nem vegetais), e os anos 90 foram uma das melhores épocas para se crescer no que toca a comidas apelativas para crianças e jovens. Em quintas-feiras alternadas, recordamos aqui alguns dos mais memoráveis ‘snacks’ daquela época.

Apesar de o currículo escolar português não contemplar, a qualquer dos seus quatro níveis, uma disciplina nos moldes da Economia Doméstica estudada pelos alunos britânicos ou norte-americanos, tal não invalida que as escolas portuguesas tenham, desde sempre, tentado incutir nos seus alunos algumas noções básicas de como cuidar do seu espaço ou contribuir para a vida quotidiana. E se esta tendência, outrora presente em aulas de Lavores e práticas semelhantes, se foi esfumando ao longo das décadas, nos anos 90, a mesma subsistia ainda sob a forma de ocasionais lições de culinária.

De facto, não era de todo infrequente ver uma professora do ensino primário (fase menos estruturada do processo educativo nacional, e que, como tal, oferece maior liberdade para iniciativas deste tipo) dedicar uma manhã ou tarde a ensinar aos seus alunos como preparar uma receita simples, mas saborosa; e, à falta de fornos e outros equipamentos semelhantes nas salas de aula nacionais, a escolha acabava, inevitavelmente, por recair num 'velho conhecido', que não requeria tempo de forno, ou mesmo grande iniciativa no tocante à preparação – o salame de chocolate.

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Doce marcadamente português – sendo a Itália o único outro país do Mundo onde é conhecido e confeccionado – muito popular entre a demografia infanto-juvenil, e que oferece a vantagem adicional de poder ser preparado de duas maneiras (com e sem recurso a ovos) não é de admirar que o salame de chocolate formasse parte de tantos 'ateliers' de culinária para crianças, quer no contexto das aulas, quer de iniciativas externas – quase sempre na sua versão sem ovos, dados os riscos inerentes ao uso de ovos crus, sobretudo quando consumidos por crianças. Mesmo essa variante 'simplificada', no entanto, era extremamente saborosa, e cumpria com louvor a tripla missão de ensinar rudimentos culinários às crianças, de lhes aumentar a auto-estima como resultado de um processo de confecção bem-sucedido, e de lhes proporcionar uma experiência diferente e, por isso, inesquecível, afirmando-se assim como uma escolha ideal para o efeito em causa.

Numa altura em que os cuidados e regulamentos em torno de produtos alimentares são muito mais rigorosos e exigentes, é de questionar se a prática de aulas de culinária – quer centradas em torno do salame de chocolate, quer de qualquer outro produto – continua a ser viável num contexto escolar ou educativo. Quem teve a sorte de participar numa destas sessões, no entanto, decerto a lembrará até aos dias de hoje, e quiçá nunca tenha voltado a comer um salame tão bom como o confeccionado naquele dia, na sala de aula, por si mesmo e pelos seus colegas de turma...

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