19.01.24
Os anos 90 estiveram entre as melhores décadas no que toca à produção de filmes de interesse para crianças e jovens. Às sextas, recordamos aqui alguns dos mais marcantes.
Para a maioria das crianças e jovens dos anos 80 e 90, Robin Williams é conhecido, sobretudo, pelos seus dotes cómicos, ombreando com nomes como Eddie Murphy, Tim Allen, Rowan Atkinson ou Jim Carrey no panteão de grandes actores de comédia da época; para os espectadores mais velhos, no entanto, o malogrado actor era, também, famoso pela sua versatilidade, sendo capaz de interpretar de forma convincente (embora sempre imbuída da sua fisicalidade e dramatismo propositadamente exagerados) papéis mais 'sérios'. A própria filmografia do actor demonstra explicitamente essa dicotomia, com filmes como 'Papá Para Sempre', 'Flubber – O Professor Distraído' ou a versão original do 'Aladdin' da Disney a serem contrapostos com magníficas interpretações dramáticas em obras como 'Bom Dia Vietname', 'O Bom Rebelde', ou o filme que inspira esta Sessão extra, por ocasião do trigésimo-quarto aniversário da sua estreia em Portugal.
De facto, apesar de tecnicamente o post da passada Quinta-feira servir 'função dupla' como Sexta com Style, não poderíamos deixar de aproveitar a ocasião de falar de um dos filmes mais marcantes do início dos anos 90, no exacto dia em que, no primeiro mês da nova década, o mesmo surgia nos cinemas lusitanos, dando-nos, assim, a 'desculpa' perfeita para o incluirmos neste nosso 'blog'. Falamos de 'O Clube dos Poetas Mortos', clássico do género dramático que, fosse no cinema ou, mais tarde, através do mercado de vídeo, teve impacto directo sobre pelo menos duas gerações de cinéfilos, pela sua bem conseguida mistura de drama 'para chorar' com elementos relativos ao processo de amadurecimento, com que o público-alvo facilmente se conseguia identificar.
O ´professor' e 'alunos' nos quais se centra o filme.
Guiado por uma magnífica interpretação de Williams como o novo professor de Literatura de uma escola privada norte-americana determinado a fazer 'sair da casca' os seus alunos, o filme conta, ainda, com 'performances' de alto nível por parte dos jovens actores que compõem a turma, com destaque para um jovem Ethan Hawke e para Robert Sean Leonard, futura 'cara conhecida' de várias séries de televisão. E apesar de o tempo se ter encarregue de tornar certas falas e cenas 'meméticas' ao ponto de quase parecerem paródias, a verdade é que é difícil negar a qualidade de escrita e interpretação das mesmas, e do filme em geral, e a validade da sua mensagem – embora, neste último caso, seja fácil a um espectador mais experiente oferecer contrapontos a várias das ideias do filme. Para o público-alvo, no entanto, as mensagens de auto-determinação, auto-descoberta e rejeição do destino por outros traçado terão sido por demais eficazes, explicando o estatuto de culto de que o filme continua a gozar.
A cena mais icónica do filme.
Acima de tudo, o filme de Peter Weir faz parte daquele contingente de obras cinematográficas que se recusa a 'envelhecer', podendo tão facilmente ter sido rodado no ano transacto como três décadas antes - como foi o caso – e que, por isso, continuam a constituir uma excelente experiência fílmica, mesmo para a geração habituada a efeitos especiais mirabolantes e ritmos de acção frenéticos. Isto porque, conforme acima notámos, as mensagens transmitidas pela obra continuam a afirmar-se como universais, o que, aliado ao excelente elenco, poderá fazer com que a geração digital levante o olhar do TikTok durante duas horas, e se delicie com uma Sessão de Sexta ainda hoje acima da média - teoria que pode ser testada seguindo este link...