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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.06.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quarta-feira, 12 de Junho de 2024.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Em finais dos anos 80 e inícios da década seguinte, com o advento e posterior expansão de tecnologias como os leitores de cassettes áudio portáteis, assistiu-se ao aparecimento e difusão de um novo e popular formato de literatura infanto-juvenil, que juntava um livro a uma cassette áudio, por vezes com uma simples narração do texto do livro, em outras com uma adaptação livre e expandida da história ali contida – o chamado, em Inglês, 'read-along'.

Em Portugal, as primeiras tentativas de implementar este novo formato deram-se ainda em finais dos anos 80, com as quadrilogias 'A Aldeia das Amoras' e 'Histórias e Canções em Quatro Estações' – curiosamente, ambas de temática sazonal, e a segunda com textos de autores como Maria Alberta Menéres ou Alice Vieira – cujo sucesso entre a demografia-alvo não tardou a motivar novas edições do mesmo estilo, de entre as quais se destaca uma colecção que fazia uso de uma poderosa licença para chamar a atenção das crianças da época.Falamos da série de livros vulgarmente conhecida apenas como 'Os Clássicos Disney', que a maioria dos jovens 'X' e velhos 'millennials' portugueses conhecerão, não tanto pelo nome, mas pelo distintivo formato quadrangular e com os desenhos da capa emoldurados por um bloco de cor garrida – verde, amarelo, cor de laranja, vermelho ou azul.

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Alguns dos volumes da colecção, com as respectivas cassettes áudio.

De data de edição, infelizmente, perdida no tempo – situando-se algures entre finais da década de 80 e os primeiríssimos anos da seguinte – esta apelativa colecção 'esticava' ao máximo o conceito de 'clássico', emparelhando histórias, sem dúvida, merecedoras desse epíteto – quer retiradas directamente dos filmes da companhia, quer do repertório popular de contos – com outras menos conhecidas, ou até criadas especificamente para a colecção, que conseguia assim chegar às duas mãos-cheias de títulos. Mais ou menos conhecidos, no entanto, todos os contos integrantes da colecção recebiam um tratamento áudio cuidado, com direito a vozes e efeitos sonoros distintos, e com o selo de qualidade outorgado pela licença Disney, criando assim um excelente complemento à vertente escrita, para quando não 'apetecesse' ler. Esta dualidade, aliada ao poderio das personagens criadas por Walt Disney, ajudava ainda a assegurar o interesse por parte do público-alvo, levando a que a colecção em causa marcasse presença nos quartos de muitas crianças da época, sobretudo os das mais adeptas à leitura.

E se, nos dias que correm, o conceito de um 'áudio livro' em formato físico – e acompanhado de um livro propriamente dito – parece quase pitoresco, a verdade é que estes e outros livros do mesmo formato marcaram época, e terão tido a sua parte a cumprir na missão de encorajar todo um conjunto de portugueses de uma certa faixa etária a ler – o que, só por si, já lhes valeria a presença nestas páginas. O facto de se tratar de uma colecção relativamente icónica é apenas a cereja no topo de um 'bolo' que, mesmo totalmente obsoleto, talvez ainda conseguisse, com os devidos ajustes, apelar à juventude de hoje em dia...

29.12.21

A banda desenhada fez, desde sempre, parte da vida das crianças e jovens portugueses. Às quartas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos títulos e séries mais marcantes lançados em território nacional.

Os filmes da Disney têm sido, quase desde a sua popularização, sucessos absolutos entre a população infanto-juvenil, seja nas salas de cinema ou no circuito 'home video'; assim, não é de surpreender que rapidamente tenham surgido variações e alternativas a estes mesmos filmes, a maioria das quais oriunda do seio da própria Walt Disney. De adaptações áudio (das quais paulatinamente falaremos) a jogos e programas de computador alusivos aos diferentes filmes, foram muitos os produtos adjacentes lançados pela companhia entre o final da década de 80 e o início do novo milénio - e, de entre estes, um dos filões mais explorados foi precisamente a adaptação em banda desenhada dos filmes e séries animados lançados pela companhia.

A esse propósito, já aqui falámos da colecção ´Álbuns Disney´, que reunia histórias paralelas protagonizadas por alguns dos mais populares personagens áudio-visuais da companhia, publicadas na americana 'Disney Adventures' e subsequentemente traduzidas para português; no entanto, em finais da década a que este blog diz respeito, um dos principais diários portugueses expandiu ainda mais este conceito, apresentando uma colecção de adaptações directas e integrais de cada um dos filmes até então lançados pela Walt Disney Company, que tinham como principal particularidade o facto de serem bilingues, com cada conjunto de duas páginas a conter exactamente as mesmas ilustrações, diferindo apenas o idioma em que o texto estava redigido - de um lado em Português, do outro, em Inglês.

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A colecção integral

Veiculada em conjunto com o Diário ou Jornal de Notícias (embora, conforme era hábito com as colecções e suplementos dos jornais da época, também pudesse ser adquirido separadamente, mediante pagamento de uma quantia fixa) a série de clássicos Disney em banda desenhada bilingue teve ao todo treze volumes, os quais englobavam uma selecção algo anárquica de filmes entre os que haviam sido lançados pela companhia à época, sem lugar a quaisquer considerações cronológicas ou de completismo; para se ter uma ideia, a colecção começava com 'Toy Story - Os Rivais' (o filme mais recente dos incluídos na série), aparecendo 'Branca de Neve e os Sete Anões' (o primeiro filme Disney de sempre) e 'Pinóquio' (o segundo) apenas no terceiro e quarto números, já depois de '101 Dálmatas'. Os restantes volumes seguiam a mesma toada, com 'Aladino' entre 'Peter Pan' e 'Bambi' e 'Pocahontas' antes de 'O Rei Leão', que encerrava a série.

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A lista incluída no verso de cada volume ilustrava bem a ordenação anárquica da colecção

Nada, no entanto, que beliscasse a qualidade da série, que apresentava desenhos ao estilo 'Disney Adventures' e textos que adaptavam fielmente (ainda que por vezes com menos diálogos) os guiões dos filmes em causa. Quando combinados com um grafismo cuidado e encadernação mais próxima dos álbuns franco-belgas do que do habitual formato 'gibi' favorecido pela Editora Abril, estes elementos faziam com que valesse bem a pena investir nesta colecção, especialmente para quem quisesse aprender ou ensinar inglês a um público infanto-juvenil de forma divertida e interessante. De facto, o sucesso desta série poderá ter estado na génese de uma outra empreitada pelo ensino de línguas com chancela Disney, da qual falaremos aqui muito em breve; para já, aqui fica a merecida homenagem a uma excelente colecção de livros infantis, de uma altura em que as colecções oferecidas como brinde pelos jornais eram, por vezes, quase mais interessantes do que os próprios conteúdos dos mesmos...

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