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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

13.12.22

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Há pouco menos de um ano atrás, falámos num dos nossos 'posts' sobre a emoção que representava para uma criança dos anos 90 ir assistir, ao vivo, a um espectáculo de Circo de Natal, normalmente através da(s) empresa(s) dos pais ou em visita de estudo com a escola. No entanto, e apesar de os referidos circos se espalharem, durante a época natalícia por quase todo o território português, haveria ainda, certamente, quem não tivesse oportunidade de visitar em pessoa a tenda listrada – e, nessa instância, apenas restava uma alternativa a quem queria admirar feitos impossíveis, rir dos palhaços ou emocionar-se com os sempre controversos números com animais: a emissão do 'Circo de Natal' apresentada por quase todas as televisões portuguesas da época.

Um marco perene da programação de Natal de finais do século XX (tão inevitáveis e esperados nas grelhas de 24 ou 25 de Dezembro como a 'Benção Urbi et Orbi' no Dia de Páscoa) os programas de Circo da época dividiam-se em dois grandes tipos: por um lado, as simples filmagens do espectáculo apresentado nesse ano pelos Circos Chen ou Cardinali situados em Lisboa ou no Porto, e por outro as transmissões de espectáculos de circo estrangeiros, normalmente de uma companhia prestigiada como o Circo do Mónaco; e ainda que nenhuma das duas opções enchesse totalmente as medidas ou conseguisse capturar a experiência de ver aqueles números ao vivo – os programas com base em circos portugueses, em particular, faziam ter vontade de 'estar lá' – ambos constituíam uma boa maneira de passar algumas horas da manhã de feriado, depois de já ter aberto todos os presentes e antes de sair para o almoço de Natal em casa da avó.

Ao contrário do que acontece com muitos dos programas que aqui abordamos, o Circo de Natal mantém-se intacto na grelha natalícia das televisões portuguesas – de facto, quem ligar a televisão nas próximas semanas deparar-se-à, provavelmente, com um programa em tudo semelhante aos da sua infância, sendo a única diferença, talvez, a dupla de apresentadores famosos, prontos a comentar os feitos dos artistas da companhia; uma prova cabal de que nem tudo mudou na sociedade actual por comparação à daquela época e de que, mesmo com todas as controvérsias que hoje a rodeiam, esta forma de arte continua, para muitos portugueses de todas as idades, a ser parte integrante da tradição natalícia, e tão sinónima com a mesma como o era naqueles anos 90.

18.12.21

NOTA: Normalmente, hoje seria Sábado de Saltos: no entanto, dada a relevância temporal deste post, iremos excepcionalmente ter duas Saídas seguidas. Desfrutem!

As saídas de fim-de-semana eram um dos aspetos mais excitantes da vida de uma criança nos anos 90, que via aparecerem com alguma regularidade novos e excitantes locais para visitar. Em Sábados alternados (e, ocasionalmente, consecutivos), o Portugal Anos 90 recorda alguns dos melhores e mais marcantes de entre esses locais.

A época natalícia mudou substancialmente desde os anos 90, com medidas como a redução dos anúncios dirigidos a crianças e o quase desaparecimento dos tradicionais catálogos de brinquedos dos supermercados; no entanto, uma coisa com que qualquer criança ou jovem ainda pode contar por volta desta época do ano é com a chegada de um ou mais circos aos arredores de qualquer cidade ou povoação de suficiente relevância. Para a maioria dos artistas circenses, o Natal continua a ser a principal 'galinha dos ovos de ouro', pelo que não é de admirar que os espectáculos apresentados nesta época sejam ainda mais 'de gala' do que é habitual.

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Nos anos 90, esta tendência era ainda mais exacerbada do que o é hoje em dia, com certos circos a terem honras de transmissão televisiva, e muitos a constituirem o destino de uma das últimas visitas de estudo das escolas primárias antes do fim do primeiro período - isto já sem falar das também frequentes distribuições de bilhetes por parte das grandes empresas, algumas das quais chegavam mesmo a organizar sessões especiais apenas para as famílias dos seus empregados. Em suma, os circos eram 'coisa séria', tão simbólicos do Natal infanto-juvenil nacional como o bolo-rei, a saída para ver as luzes ou a peregrinação à secção de brinquedos do hipermercado, para efeitos de prospecção.

É claro que, tal como acontece com outras experiências, como as idas à feira ou a própria saída para ver as iluminações, a ida ao circo assumia caracteristicas diferentes em ambiente citadino ou mais rural. Enquanto que as crianças da cidade podiam normalmente escolher entre os circos Vítor Hugo Cardinali e Chen - bem como as suas diversas 'sucursais' e circos associados - os habitantes de localidades mais pequenas acabavam forçosamente (e naturalmente) por ir ao que 'assentava arraiais' mais perto de sua casa. No demais, no entanto, a experiência não diferia por aí além, começando normalmente já na parte de fora do circo - onde, com sorte, se podiam admirar animais exóticos, numa altura em que os mesmos ainda não haviam sido banidos dos especáculos circenses - e continuava no interior da tenda, onde, além dos referidos animais, se podiam admirar os feitos dos mais diversos tipos de acrobatas, trapezistas, contorcionistas e, claro, os icónicos palhaços, a quem ninguém ficava indiferente - ou se adorava, ou se odiava, pelas mais diversas razões.

Juntamente com as tradicionais (e pouco saudáveis) comidas - como o algodão-doce ou as pipocas - estes elementos ajudavam a criar uma Saída de Sábado de Natal que muitos ex-jovens dos anos 90 ainda hoje relembram com saudade, e procuram na medida do possível transmitir aos seus filhos, para que a magia do circo de Natal possa perdurar para as novas gerações...

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