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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

05.07.22

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

A 'guerra das consolas' de finais dos anos 80 e inícios de 90, entre a Sega e a Nintendo (antes de a Sony entrar em cena e 'varrer' a concorrência) é, ainda hoje, tida como um dos grandes confrontos comerciais não só daquela era, como da História do marketing e vendas, tendo tido repercussões um pouco por todo o Mundo – incluindo em Portugal.

Por terras lusitanas, os métodos de combate foram, aliás, além do mero despique directo entre consolas de jogos, jogos em si e desenhos animados alusivos às respectivas mascotes, tendo-se estendido à criação de clubes exclusivos para membros e assinantes por parte de cada uma das companhias; em plena era dos clubes de jovens e clubes de fãs por correspondência, ambos os rivais japoneses decidiram 'entrar na onda', e criar a tão cobiçada lealdade por parte dos seus jovens consumidores através de métodos muito semelhantes.

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Os folhetos de ambos os clubes, um dos muitos aspectos em que os dois eram semelhantes

De facto, tanto o Club Nintendo Portugal como o Clube Sega – ambos, aliás, com designações por demais incomuns e originais – proporcionavam aos seus sócios acesso a materiais exclusivos, dos mais 'descartáveis', como folhetos, aos mais apetecíveis, como cartas personalizadas (um momento apoteótico para qualquer criança da época) catálogos com as próximas novidades – havia, afinal de contas, que criar antecipação entre o público-alvo – linhas de apoio para truques e dicas sobre os principais jogos de cada companhia, revistas exclusivas (ambas as quais fariam, eventualmente, a transição para as bancas generalistas, como veremos na próxima Quinta no Quiosque), e até, no caso da Sega, cassettes VHS promocionais (ou não estivesse o clube afiliado à Ecofilmes, à época uma das principais distribuidoras de vídeo em Portugal) com 'clipes' dos próximos lançamentos da editora – o que, na era pré-Internet, era bem mais apetecível do que possa hoje parecer. Claro que, para ambos os clubes, não podiam também faltar os cartões de sócio personalizados e de grafismo atraente. outro aspecto cuja importância para os jovens daquele tempo é difícil de transmitir a quem não o tenha sido.

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Exemplos dos cartões de sócio de ambos os clubes

Abordagens, portanto, extremamente semelhantes, até mesmo no modo de angariar sócios, residindo a única diferença no facto de a Sega incluir cupões de inscrição nas caixas das suas consolas, e a Nintendo, nas dos jogos – uma táctica que angariava ao seu clube mais visibilidade, mas também gastava mais recursos, pois quem já fosse membro não precisaria, decerto, de vários cupões repetidos.

Dois clubes, portanto, bastante semelhantes em todos os aspectos, e que terão certamente feito as delícias de inúmeras crianças e jovens fanáticas dos videojogos de cada uma das duas companhias durante os seus poucos, mas marcantes, anos de existência em inícios da década de 90...

 

30.06.22

NOTA: Este post é respeitante a Quarta-feira, 29 de Junho de 2022.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Numa altura da História em que tudo está disponível mediante uma rápida pesquisa na Internet, torna-se progressivamente mais difícil perspectivar a quantidade desses elementos que, na era analógica e primórdios da digital, ofereciam uma conjuntura específica e invariavelmente limitada de acesso. Os mais óbvios são, claro, imediatamente identificáveis, das enciclopédias em formato físico aos os jogos de vídeo em disquete, cartucho ou CD-ROM; no entanto, para cada um destes, há outro, mais insignificante ou obscuro, que o tempo vem, paulatinamente, tratando de fazer esquecer.

Um exemplo perfeito desta última categoria são as cassettes VHS promocionais, muito populares na década a que este blog diz respeito, mas cujos conteúdos teriam, meros anos mais tarde, sido incluídos no menu de opções especiais de um qualquer DVD, ou mesmo disponibilizados gratuitamente no YouTube. Estando qualquer destes meios ainda a cerca de uma década de distância, no entanto, o VHS afigurava-se mesmo como o melhor veículo para divulgar os documentários 'making-of' de certo e determinado filme, ou os vídeos de antevisão, truques e dicas para jogos 'da moda' - estes últimos, normalmente, lançados pelas próprias companhias.

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Um dos VHS promocionais lançados pela Sega, em exclusivo para os membros do seu clube de fãs.

No entanto, independentemente do valor histórico que possuem hoje em dia - como documentos de uma época desaparecida - estas cassettes não representavam, mesmo à época, uma particular mais-valia, muitas vezes consistindo de uma única peça, relativamente curta, ou de uma série de segmentos de duração equivalente; felizmente, as mesmas também não tendiam a ser, regra geral, vendidas comercialmente, surgindo mais frequentemente como brinde ou prémio em promoções, ou como parte da subscrição a um clube de fãs (o que também ajuda a inflacionar o seu valor nos dias que correm, dada a sua raridade.)

Escusado será dizer que este é um paradigma que se encontra total e inapelavelmente erradicado da sociedade ocidental actual, pelo menos até uma penetração informática ou cataclismo natural erradicar o elemento digital da mesma, ou até a actual onda nostálgica atingir o seu limite máximo; e o mínimo que se pode dizer é que, neste caso, tal constitui uma mais-valia, visto as cassettes promocionais terem sido, mesmo na 'sua' altura da História, um artefacto algo sem sentido, com mais valor como curiosidade do que como obra audio-visual propriamente dita.

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