03.12.24
NOTA: Este 'post' é respeitante a Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024.
Em Segundas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das séries mais marcantes para os miúdos daquela década, sejam animadas ou de acção real.
Já aqui anteriormente falámos de séries animadas que, apesar de visível e declaradamente produzidas no Japão, se destinavam sobretudo ao mercado ocidental, optando por isso por adaptar propriedades intelectuais europeias ou norte-americanas, muitas vezes em conjunção com países desses mesmos continentes. E se a maioria destas séries tinham por base trabalhos de literatura clássica, contos de fadas ou folclore, também já aqui fizemos menção a 'animes' adaptadas de filmes de sucesso, ou mesmo de histórias da Bíblia, chegando agora a altura de adicionar ainda mais uma fonte de inspiração a essa lista – no caso, as histórias de BD, que renderam pelo menos uma boa série animada deste teor durante os anos 90, curiosamente ambas com os mesmos protagonistas.
Falamos da primeira de duas adaptações distintas de 'Luluzinha' (no original, 'Little Lulu') a menina de vestido e boina vermelhos criada pela 'cartoonista' Marge, e que a maioria das crianças e jovens portugueses da geração 'millennial' conhecerão através da sua versão brasileira, editada pela inevitável Abril Jovem e importada para a Península Ibérica juntamente com os seus restantes títulos durante as décadas de 80 e 90. Ao 'aterrar' em solo português no início da última década do século XX, a série em causa tinha já, portanto, a 'benesse' de se basear numa propriedade bem conhecida do seu público-alvo, já bem a par das personalidades e motivações de Luluzinha, Bolinha e os seus restantes amigos.
Não devendo ser confundida com as animações alusivas aos personagens criadas nos EUA nos anos 40, durante a 'era de ouro' da animação (e que também chegaram, ocasionalmente, a passar em Portugal) a primeira das duas séries japonesas (produzida em 1976, mas apenas exibida no nosso País mais de uma década e meia depois) traz o grupo de Marge em versão algo mais estilizada, tipicamente 'anime' – embora sem perder totalmente os traços da criadora - e em enredos não necessariamente tão fiéis ao material original, embora mantenham a mesma tónica de aventuras quotidianas típicas de crianças em idade de instrução primária e residentes num bairro sossegado. O principal destaque vai, no entanto, para o 'monstruoso' tema de abertura, uma daquelas 'malhas' que se aloja perpetuamente na memória, pronta a ser trauteada à mera menção da série, três décadas depois.
Já relativamente à segunda série, desta feita produzida na América do Norte existem menos informações, tendo a mesma sido transmitida, novamente na RTP, em 1998, numa altura em que o panorama televisivo infanto-juvenil se alterara radicalmente, e em que Luluzinha enfrentava a concorrência, entre outros, de Doraemon, um adversário bem mais 'temível' que o antecessor Henbei, com quem Luluzinha disputara tempo de antena no início da década. Talvez por isso esta segunda 'iteração' da personagem de Marge em formato animado seja menos lembrada e mencionada por quem era da idade certa para ter assistido à série em causa; a primeira, no entanto, continua a deixar boas memórias (a maioria, provavelmente, do seu tema de abertura) a quem, como o autor deste 'blog', era já fã da personagem, e apreciou a oportunidade de ver as suas aventuras transpostas dos painéis estáticos de uma página de BD para o dinamismo do pequeno ecrã.