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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

12.11.24

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

Nunca um canal 'premium' teve tanta audiência e tão pouca aderência; nunca uma emissora com tão pouco conteúdo acessível, ou até perceptível, foi tão icónica e marcante para tão grande parte de uma demografia; e nunca os 'riscos de estática' de um canal codificado geraram tanto entusiasmo em tantos habitantes de um só País. Todos o conheciam, todos o discutiam no pátio da escola, todos tentavam 'decifrá-lo' às escondidas dos pais, mas – talvez por razões óbvias – poucos ou nenhuns lhe tinham acesso, pelo menos a partir de certa hora. 'Camuflado', durante o dia, de inocente e inócuo canal de 'lifestyle', a partir da 'hora de deitar', aquela posição no primeiro terço da lista de canais da TV Cabo adquiria, passe o trocadilho, outra 'frequência', e passava a ser dedicada a, digamos, outros 'modos de vida', algo mais arriscados e controversos. Ao longo dos anos, foram várias as designações e grafismos, mas sem que nunca se alterassem a proposta, a localização na grelha a cabo e o nome por que era coloquialmente conhecido em função da mesma: chamasse-se o que se chamasse, para quem dele falava, era sempre o 'Canal 18'.

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Elemento incontornável dos anos formativos da população masculina portuguesa de uma certa idade (e, imagina-se, também de alguma percentagem do público feminino) a lendária emissão erótico-pornográfica da TV Cabo portuguesa dividia o canal com que era sinónimo com um vizinho de 'time-sharing' de características diametralmente opostas – o espanhol Viver/Vivir, que nada possuía de controverso ou censurável. Essa 'face diurna' da posição 18 da grelha pouco interesse retinha para os adolescentes, no entanto; eram os minutos após o fim da transmissão da mesma que viam milhares de jovens de Norte a Sul do País 'esgueirarem-se' para a sala de estar (ou, para os mais sortudos, ligarem a televisão do quarto) para olhar para 'riscos de estática', dos quais emanavam gemidos, grunhidos e palavrões dobrados no mais 'azeiteiro' espanhol. Por vezes, com sorte, era possível ler uma legenda, ou ver metade de uma imagem distorcida, mas na maior parte do tempo, a experiência ficava-se mesmo, em grande parte, pelo domínio do áudio – a menos, claro está, que o canal estivesse num dos seus raros períodos de emissão aberta, caso em que havia que aproveitar ao máximo...

Apesar deste cariz codificado e secretista, o 'canal 18' – que, a partir de certo ponto, veria 'cortada' a sua 'ligação' com o Viver/Vivir, passando a ocupar por si mesmo toda a emissão da referida posição – foi icónico o suficiente entre os 'millennials' portugueses para não só ver o seu nome tornar-se sinónimo de qualquer forma de 'media' erótico lançada no País, como também gerar pelo menos uma frase daquelas que, hoje, seriam taxadas de 'meme': o famoso 'hó sí carinho!', sempre dito com exagerada entoação espanhola, por forma a emular as actrizes responsáveis pelas dobragens do canal.

Com o passar dos anos, no entanto – e o alargamento da grelha da TV Cabo – o canal em causa acabou por ser 'expulso' da sua icónica posição, vindo eventualmente a extinguir-se devido a influências políticas. E ainda que, nesta era de fácil acesso a conteúdos eróticos não-codificados – o interesse e relevância deste tipo de canal seja cada vez mais reduzido, para uma larga maioria de ex-jovens portugueses, hoje na casa dos quarenta anos, o (ex-)'canal 18' representará, para sempre, a sua primeira forma de contacto com aquela vertente algo mal-afamada da existência humana que tanto tem fascinado os adolescentes do sexo masculino ao longo das décadas e gerações...

29.06.21

NOTA: Este post é relativo a Domingo, 27 de Junho de 2021.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos desportivos da década.

E visto termos acabado de terminar uma quinzena de ‘posts’ totalmente dedicados ao futebol, nada melhor do que falarmos, hoje, do canal que trouxe o futebol internacional – nomeadamente o de outras ligas que não a portuguesa, e de outras Selecções que não apenas a Geração de Ouro – aos lares nacionais de forma permanente: a Sport TV.

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Fundada em 1998 e financiada pelas principais operadoras nacionais e pela Olivedesportos, a Sport TV destacou-se, à época, por ser o primeiro canal ‘premium’ totalmente produzido em Portugal – além, claro, de ser exclusivamente dedicado a um tema apetecível e ‘vendável’, como é o desporto.

Assim, não foi de todo de estranhar que o canal se tornasse um quase imediato sucesso de vendas, mesmo implicando um acréscimo no valor da conta mensal da TVCabo; afinal, a Sport TV representava uma mudança quase completa do paradigma vigente de ‘um jogo por semana, se tivermos sorte’. Pelo contrário – este canal permitia acompanhar TODOS os jogos, inclusivamente os das divisões secundárias, bem como os das principais ligas estrangeiras! Uma proposta irresistível para fãs de futebol, especialmente os de clubes mais pequenos, habituados a só verem o seu clube na televisão quando jogava com um dos grandes – e  apenas se fosse esse o jogo escolhido para transmissão nessa semana - ou nos resumos do Domingo Desportivo. Enfim, um verdadeiro festim, que justificava plenamente o preço de admissão.

Apesar de ser indubitavelmente o principal atractivo, no entanto, o futebol não era o único trunfo na manga da Sport TV. Pelo contrário – o canal oferecia de tudo um pouco e, ainda que a variedade nunca chegasse a ser tão eclética quanto a do principal concorrente, o Eurosport, oferecia motivos mais do que suficientes para fãs de outras modalidades investirem na assinatura. E foi precisamente o que estes fizeram, tornando a Sport TV num dos bastiões daquela primeira – e maravilhosa – vaga de canais Premium da TV Cabo portuguesa.

O resto da história é bem conhecido: o sucesso do canal original faz com que a Sport TV se expanda para cada vez mais canais, cada vez mais especializados, chegando ao cúmulo de, em meados da década transacta, haver TREZE (!!!) canais subsidiários do conceito original, dos quais seis eram dedicados a modalidades ou mercados específicos. Desses, resta hoje cerca de metade (sem contar com as versões HD), sendo que um deles – a Sport TV + - é oferecida em canal aberto; uma oferta mais controlada, mas nem por isso menos ecléctica, e que continua a fazer as delícias dos fãs de desporto em Portugal. E quem se lembra do nascimento do canal original, ali ainda antes do virar do século, não pode evitar um sorriso de orgulho por ver o seu ‘bebé’ tão ‘crescido’…

Programa noticioso dos primeiros meses de vida da Sport TV, ou uma viagem no tempo à borla? Na verdade, é ambos...

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