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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 13 de Julho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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A bola de 1992.

Enquanto centro nevrálgico do jogo de futebol – sendo mesmo a razão do prefixo do mesmo – a bola acaba por ser um elemento tão icónico quanto os próprios equipamentos ou chuteiras dos jogadores, apesar de, muitas vezes, menos notável ou notório. Ainda assim, têm havido, ao longo dos últimos cinquenta anos, várias bolas oficiais da FIFA e UEFA cujo 'design' e escolha de cores e padrões as torna particularmente memoráveis, e suscita a compra de um sem-número de réplicas por parte dos jovens fãs do desporto-rei. Os anos 90 não foram, de forma alguma, excepção a esta regra; de facto, ainda que as bolas oficiais dos Campeonatos Europeus daquela década ficassem longe das cores vivas e 'designs' memoráveis do Novo Milénio, as mesmas revelavam, ainda assim, suficiente 'personalidade' para justificarem serem as escolhidas do público-alvo em causa.

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O modelo de 1996.

Da responsabilidade da Adidas, fabricante único das competições internacionais desde o seu início, as três bolas oficiais dos Europeus de finais do século XX (a Etrusco Único de 1992, Questra Europa de 1996 e Terrestra Silversteam de 2000) apresentavam a mesma base no tradicional branco, mas marcavam a diferença através de padrões bem distintos, embora nem sempre particularmente originais. A Etrusco, por exemplo (modelo que 'transitava' do Mundial de Itália '90) era uma simples bola preta e branca, com o habitual e frequentemente imitado padrão da Adidas: painéis lisos no meio, com um 'friso' a toda a volta. Já a Questra Europa, usada apenas no Euro '96, marcava a diferença através das cores usadas no friso (azul e vermelho) que evocavam a anfitriã Inglaterra sem, ao mesmo tempo, serem declaradamente alusivas à icónica Union Jack. Por sua vez, a Terrestra Silverstream, utilizada apenas no Europeu de 2000, apostava num conceito menos declaradamente localizado e de cariz mais inovador, substituindo a clássica cor branca dos painéis por um elegante prateado, que tornava de imediato a bola mais apelativa para os jovens da viragem do Milénio, época em que o futurismo estava em alta em todos os sectores da sociedade.

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O esférico de 2000.

Três bolas tão semelhantes quanto distintas, portanto, cada uma das quais desenhada para apelar às sensibilidades dos adeptos da época e, idealmente, garantir que os mesmos levavam para casa uma réplica de um dos três esféricos, por oposição às igualmente apelativas, e mais baratas, bolas não oficiais com os painéis decorados com bandeiras dos diferentes países do Mundo – um paradigma que, aliás, se mantém até aos dias de hoje, tendo sem dúvida ajudado a informar o 'design' da bola do Campeonato Europeu prestes a concluir-se algumas horas após a publicação deste 'post'...

13.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Quinta-feira, 11 de Julho de 2024.

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Enquanto competições máximas do futebol ao nível internacional (ou seja, de Selecções) é natural que tanto os Mundiais como os Campeonatos Europeus motivem publicações especiais por parte dos periódicos desportivos um pouco por todo o Mundo. E escusado será dizer que, num país tão fanático pelo desporto-rei como Portugal, essa naturalidade assume contornos de inevitabilidade, tendo os adeptos nacionais, ao longo dos anos, 'aprendido' a contar com múltiplos suplementos e destacáveis, ou até mesmo revistas individuais, com foco nos diversos certames. O primeiro Europeu do Novo Milénio não foi, de todo, excepção a essa regra, antes pelo contrário, tendo visto surgir nas bancas lusitanas não apenas uma, mas duas revistas especiais a ele dedicadas, ambas com o então Bola de Ouro Luís Figo como figura de capa, ele que era o 'porta-estandarte' da Selecção Nacional na era pré-Cristiano Ronaldo.

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A primeira destas duas, da responsabilidade do jornal 'Record', revestia-se de especial interesse por apresentar uma abordagem algo diferente do habitual: além das habituais 'fichas' de jogadores e factos sobre a competição, a publicação em causa trazia, à laia de 'biografias' dos elementos da Selecção Nacional da época, uma série de textos assinados por autores tão consagrados quanto Manuel Alegre ou Carlos Tê, além de outras figuras ligadas ao mundo das artes e letras, como os cineastas João Botelho e Joaquim Leitão. Já os 'distintos adversários' das outras selecções participantes no certame eram 'apresentados' por especialistas dos respectivos países, com natural destaque para nomes ligados ao jornalismo desportivo. A completar esta ambiciosa edição estavam oito 'guias turísticos' das principais cidades onde a competição se desenrolaria, elaborados 'in loco' por correspondentes do jornal. Uma publicação inovadora e ambiciosa, portanto (sobretudo para os parâmetros algo conservadores do jornalismo desportivo) que terá, certamente, justificado em pleno os quinhentos escudos do preço de capa, até mesmo para quem não era fã do desporto-rei.

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Sobre a 'outra' publicação alusiva ao Europeu de 2000 – fornecida como suplemento do jornal 'Expresso' – existe bastante menos informação; no entanto, a capa sugere que os conteúdos da mesma se insiram numa linha bastante mais típica e 'clássica' do que a seguida pela congénere de 'Record', com dados sobre os jogadores, estádios e países participantes, além de um guia TV com as datas e horas da exibição televisiva dos jogos, quase todos transmitidos em directo pela RTP. Um suplemento de valor inegável, mas que fica muito longe da ambiciosa e demarcada proposta do jornal de António Tadeia. Ainda assim, sem dúvida uma peça de coleccionador, a qual, tal como a revista de 'Record', valerá sem dúvida a pena adicionar à colecção de um adepto com interesse na História das publicações sobre futebol em Portugal, talvez ao lado das revistas dos Mundiais editadas por 'A Bola' e 'Record', e da publicação sobre a 'Geração de Ouro' sugerida pela primeira alguns anos depois...

08.07.24

Qualquer jovem é, inevitavelmente, influenciado pela música que ouve – e nos anos 90, havia muito por onde escolher. Em segundas alternadas, exploramos aqui alguns dos muitos artistas e géneros que faziam sucesso entre as crianças daquela época.

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Apesar de não ser imediatamente óbvia, a relação entre os mundos do futebol e da música tem, tradicionalmente, sido simbiótica. De sucessos 'pop' adaptados a cânticos (e vice-versa) a músicas especificamente conotadas com o desporto-rei, ou mesmo tematizadas em torno deste, têm sido muitos os exemplos desta sinergia desde que o futebol se tornou um espectáculo globalista e massificado; quando a este paradigma se junta também a vertente comercial a que o desporto em causa vem, cada vez mais, sucumbindo, a existência de discos oficiais para as competições internacionais da UEFA e FIFA torna-se lógica ao ponto de parecer óbvia.

E de facto, foram poucos os Campeonatos do Mundo ou Europeus dos últimos trinta anos a não se fazerem acompanhar de um álbum oficial repleto de 'malhas' evocativas do ambiente em torno da competição em causa; o primeiro grande exemplo desta tendência deu-se em 1996, quando a Inglaterra juntou dois dos seus grandes 'amores' num só conjunto de doze faixas a que chamou 'The Beautiful Game', e voltou a ser assim com quase todas as competições subsequentes, logo a começar pelas duas seguintes, nomeadamente o Mundial de França '98 e o Euro 2000. É ao álbum oficial deste último que, em época de novo Europeu, dedicamos abaixo algumas linhas.

Por comparação a 'The Beautiful Game' e até ao álbum do France '98, o disco do Euro 2000 revela desde logo uma abordagem algo distinta, mais centrada na coesão musical e criação de atmosferas do que no investimento em grandes nomes da música mundial. De facto, onde o disco de '96 trazia nomes como Jamiroquai, New Order, Primal Scream, Supergrass, Blur ou Pulp, e o de '98 contava com Ricky Martin (com a imortal 'The Cup of Life') Youssou N'Dour, Gypsy Kings, Daniela Mercury, Chumbawamba e Skank, entre outros, o único nome mais imediatamente reconhecível do álbum de 2000 será o dos pop-rockers Republica, ficando as restantes faixas a cargo de DJs e artistas de música electrónica relativamente desconhecidos fora da esfera do Europop e Euro-disco. E apesar de a estratégia escolhida até fazer sentido, dado o campeonato em causa ter sido realizado em dois dos 'centros nevrálgicos' deste estilo de música, a verdade é que essa falta de variedade e grandes nomes limitou severamente o potencial público-alvo do álbum, limitando o seu apelo a quem gostava de música electrónica na sua vertente mais 'azeiteira'.

Não quer isso dizer, no entanto, que o álbum fosse um falhanço total; nenhum conjunto de músicas encabeçado pela monstruosa 'Campione 2000' merece esse epíteto. No entanto, quando comparado aos seus dois antecessores, e a alguns lançamentos posteriores, este é, sem dúvida, um lançamento mais limitado (por definição) e, como tal, menos presente na memória colectiva dos fãs de futebol. Uma pena, já que um dos melhores Europeus de sempre merecia, decididamente, ter gozado de uma banda sonora à altura do futebol praticado...

07.07.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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Goste-se mais ou menos dos jogadores convocados, o apoio à Selecção Nacional de futebol masculino sénior está entranhado no âmago de qualquer adepto português, teimando em surgir sempre que as Quinas surgem em mais um Mundial ou Europeu – algo que vem sendo recorrente de há três décadas a esta parte. No entanto, a maioria dos adeptos mais velhos será, também, rápida a admitir que a Selecção de hoje já não desperta a mesma paixão do grupo desse tempo, centrado em elementos da lendária Geração de Ouro e que apresentava o verdadeiro 'futebol champanhe', dando 'espectáculo' e entusiasmando os adeptos independentemente do resultado.

E esta última condicionante é mais importante do que parece, já que um dos principais elementos associados a 'essa' Selecção Nacional era o azar. De facto, jogasse melhor ou pior, Portugal parecia sempre soçobrar nos momentos-chave, fosse por falta de sorte, fosse por o adversário lhe ser legitimamente superior. O auge desta tendência (apenas desfeita, de forma inacreditável, em 2016) foi, claro, a derrota frente à massa adepta caseira, em pleno Estádio da Luz, na final do Euro 2004; no entanto, o problema já vinha, a essa data, mais 'de trás', tendo ambas as participações das Quinas em competições internacionais durante os anos 90 redundado em esperanças desfeitas quase 'à última hora'.

De facto, logo no seu regresso aos palcos internacionais, em 1996 (Europeu que iniciaria a referida tendência de apuramentos sucessivos que perdura até aos dias de hoje) Portugal logrou efectuar uma fase de grupos honrosa, até dominadora, e foi favorecido com um sorteio bastante razoável para os quartos-de-final, evitando os 'tubarões' e defrontando a República Checa, hoje Chéquia. O 'presente' revelar-se-ia, no entanto, 'envenenado', com um golo monumental do futuro benfiquista Karel Poborsky (então jogador do Manchester United) a ditar a eliminação da equipa fortemente favorita para esse jogo, e a lançar a 'outra' tendência de Portugal em Europeus, esta mais negativa que a anteriormente mencionada.

A 'maldição' continuaria (e de forma ainda mais dolorosa) quatro anos depois, quando uma das melhores selecções portuguesas de sempre realizaria uma fase de grupos irrepreensível (encabeçada por uma reviravolta histórica contra a Inglaterra) e 'dinamitaria' a Turquia nos quartos, garantindo o acesso a uma meia-final de má memória, em que levou a França campeã do Mundo dois anos antes a prolongamento, para depois ser 'atraiçoada' por uma mão de Abel Xavier em plena área, que Zidane converteria em corações partidos de Norte a Sul de Portugal.

Vistos isoladamente, cada um destes casos pode parecer apenas coincidência, ou azar; no entanto, todo o adepto português sabe que os mesmos marcaram o início de uma tendência que apenas seria contrariada duas décadas depois, no único jogo que Portugal talvez não merecesse ganhar. E numa altura em que a 'maldição' volta a 'atacar' em pleno (tendo Portugal acabado de soçobrar nos 'penalties' frente à França, nos quartos-de-final do Euro 2024) convém que não se perca a memória de onde tudo começou...

05.07.24

NOTA: Este post é respeitante a Quinta-feira, 4 de Julho de 2024.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Desde a sua massificação em inícios do século XX, o futebol tem sido o desporto mais consensual e com maior base de fãs a nível mundial; Portugal não é, de todo, excepção a esta regra, como se pode facilmente verificar pela existência de nada menos do que três jornais diários dedicados apenas e tão-somente a notícias de cariz desportivo, com natural primazia para o futebol. Não é, pois, de estranhar que cada nova competição internacional, particularmente as disputadas entre selecções de jogadores de cada país, façam 'parar' grande parte do Mundo, e motivem um sem-número de companhias a efectuar promoções alusivas ao certame em causa.

O Euro '96, levado a cabo em Inglaterra, não foi, de forma alguma, excepção a esta regra, tendo vários produtos, companhias e entidades adoptado temporariamente as cores da bandeira do país em que eram comercializados, e oferecido brindes centrados nas equipas presentes no torneio. Em Portugal, uma dessas entidades era o jornal 'A Bola', que, não querendo deixar créditos por mãos alheias no que toca à sua área de especialização, veiculava esse Verão, em conjunto com o seu jornal, figuras em borracha dos jogadores da Selecção Portuguesa da altura.

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Algumas das figuras da colecção, e respectivos cartões de 'identidade'.

Inteligentemente chamados de Figuras da Bola (num trocadilho com o nome do jornal) estes bonecos constituíam, basicamente, caricaturas tridimensionais dos jogadores, cada um dos quais surgia com as feições exageradas daquele estilo de arte, e com cabeças muito maiores do que o 'esquelético' corpo em que assentavam. Ainda assim, e apesar da abordagem 'cartunesca', a maioria dos 'craques' da Geração de Ouro era, ainda, perfeitamente reconhecível, de Fernando Couto e Paulo Sousa com as suas 'melenas' à não menos farta cabeleira loira de Jorge Cadete, o enorme queixo de Sá Pinto ou a cabeça achatada de Luís Figo, entre outras características propositalmente ampliadas para máximo efeito cómico. Juntamente com cada uma das figuras vinha, ainda, um cartão, com uma caricatura do jogador em causa e alguns dados vitais do mesmo – um pormenor cujo valor era apenas aparente, já que o que verdadeiramente interessava era a figura, ideal para colocar na estante, mesa de cabeceira ou secretária (não confundir com Secretário, que também faz parte da colecção...!) e mostrar assim o apoio à Selecção.

Curiosamente, apesar da natureza obviamente atractiva desta promoção (mais próxima de um brinde dos ovos Kinder ou do Happy Meal do McDonald's do que algo oferecido por um jornal), não tornou a haver, em certames subsequentes, qualquer outra promoção deste tipo, deixando a 'Selecção' de Figuras da Bola como uma iniciativa única no panorama promocional português, quer do século XX quer do actual, e bem merecedora de lembrança nas páginas deste nosso blog.

02.07.24

A década de 90 viu surgirem e popularizarem-se algumas das mais mirabolantes inovações tecnológicas da segunda metade do século XX, muitas das quais foram aplicadas a jogos e brinquedos. Às terças, o Portugal Anos 90 recorda algumas das mais memoráveis a aterrar em terras lusitanas.

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Enquanto desporto mais popular a nível global, não é de admirar que o futebol tenha sido, desde o dealbar dos jogos de vídeo, um dos temas mais populares em torno dos quais centrar um título interactivo; e se, nos primórdios da tecnologia, se afirmava algo complicado transladar as emoções do desporto-rei para o ecrã da televisão ou computador, a acelerada evolução da tecnologia verificada a partir de meados da década de 80 permitiu uma aproximação gradualmente cada vez mais realista das partidas virtuais às verdadeiras, a qual prossegue em fluxo até aos dias de hoje. E se os jogos da viragem de Milénio não dispunham das tecnologias foto-realistas disponíveis hoje em dia, a verdade é que conseguiam já proporcionar uma experiência bastante fidedigna à realidade de um jogo de futebol, conseguindo assim conquistar os corações (e carteiras) dos adeptos do desporto-rei.

Não é, pois, de estranhar que a segunda metade dos anos 90 e primeira metade da década seguinte tenha assistido a uma época áurea para os jogos de futebol (e de desporto em geral), com múltiplas franquias a disputarem, de forma mais ou menos bem-sucedida, o 'trono' dividido por duas míticas séries, ambas 'em alta' até aos dias de hoje: 'FIFA', da EA Sports, e 'International Superstar Soccer', da Konami, que, já no Novo Milénio, adoptaria nova designação, ainda hoje vigente: 'Pro Evolution Soccer'. E se em termos de jogabilidade e realismo era esta última a clara vencedora, a 'rival' e 'co-monarca' tinha um considerável 'trunfo na manga' – nomeadamente, a licença oficial para produzir os jogos alusivos às competições internacionais de Selecções. De facto, desde o Mundial de 1994 que a companhia americana dispunha de autorização para criar os títulos oficiais de cada novo certame, um poder de que apenas uma vez não tiraram partido, quando permitiram que a licença oficial do Europeu de 1996 fosse atribuída à Gremlin, criadora da série 'terceira classificada' na 'guerra' do futebol interactivo dos anos 90, 'Actua Soccer', e que lançava um jogo muito semelhante aos da referida franquia.

Seria um erro que a Electronic Arts não voltaria a cometer, recuperando e cimentando a exclusividade ao longo das duas competições seguintes, cujos jogos ajudaram, também, a estabelecer a fórmula ainda hoje vigente para jogos alusivos a certames internacionais – nomeadamente, uma versão 'condensada' do título 'FIFA' do ano anterior, ao qual são removidos todos os aspectos relativos ao futebol de clubes e campeonatos nacionais, ficando o foco exclusivamente limitado à competição em causa. Foi assim, primeiro, com 'World Cup '98' – uma versão mais 'básica' e menos entusiasmante do excelente 'FIFA '98: Road to the World Cup' – e voltou a ser assim com o jogo oficial do Euro 2000, que se afirmava mais uma vez como um título da série 'FIFA' com menos equipas e opções.

Enquanto que o título oficial do França '98 era, em tudo, semelhante ao jogo 'principal' lançado no ano anterior, no entanto, 'UEFA Euro 2000' (lançado poucos meses antes do evento em causa, para PC e PlayStation) oferece uma particularidade interessante em relação a 'FIFA 2000', constituindo uma actualização gráfica considerável em relação ao mesmo, e posicionando-se como uma espécie de 'ponte' entre este e o título seguinte da série, 'FIFA 2001', que seria lançado ainda antes do final desse ano. Assim, e devido a este facto, o jogo em questão acaba por se afirmar como 'caso único' no contexto da série 'FIFA', não sendo visualmente idêntico nem ao seu antecessor, nem ao seu sucessor, ou a qualquer outro jogo da série.

Ficam-se por aí as 'novidades', no entanto, já que em termos de jogabilidade e sonoplastia, 'Euro 2000' é um típico título da EA Sports da época, com o habitual (e excelente) comentário de John Motson e Mark Lawrenson e o mesmo conjunto de acções simplistas que resultavam, nove em cada dez vezes, em golo. Edições posteriores introduziriam inovações às mecânicas da série, mas em 'Euro 2000', continua a bastar a habitual combinação de corrida, passe, drible, centro, e pressão rápida na tecla ou botão de remate para garantir o sucesso – embora, agora, em ritmo mais lento, já que o detalhe gráfico limitava a velocidade do jogo, sobretudo na versão para PC.

Por virtude desta falta de originalidade, 'Euro 2000' acaba por ser recomendado apenas a completistas, fãs da competição em causa, ou adeptos patriotas desejosos de 'corrigir' a História e levar a Selecção Nacional da fase Geração de Ouro à final do certame; quem apenas deseje disputar umas partidas de futebol 'sem compromisso' ficará, certamente, melhor 'servido' com qualquer dos dois 'FIFAs' próximos a este jogo, ou até com as edições de 1998 ou 1999 do jogo em causa. Ainda assim, em tempo de Europeu, seria um 'crime' não fazer menção ao jogo que ajudava a EA Sports a entrar no Novo Milénio da mesma forma que saíra do anterior – como força hegemónica no campo da simulação de futebol.

 

23.06.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

O conceito e propósito declarados deste 'blog' passam por recuperar experiências vividas pela juventude portuguesa dos anos 90; no entanto, é ocasionalmente necessário fazer um pouco de 'batota' e viajar até ao primeiro ano da década, século e Milénio seguintes, para assinalar um qualquer evento digno de nota. Foi assim com 'Capitães de Abril', a única homenagem filmográfica a um dos mais importantes eventos da História de Portugal, e será assim, novamente, este Domingo Desportivo, para recordar aquele que é unanimemente considerado um dos melhores Campeonatos Europeus de sempre, e que foi palco da primeira de várias prestações honrosas da Selecção Nacional em certames deste tipo, que culminaria com a inusitada e inesperada vitória em 2016.

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Entrando desde logo na História como o primeiro evento futebolístico internacional organizado 'a meias', o Euro 2000 tinha lugar a partir de 10 de Junho daquele ano, em várias localidades da Bélgica e da Holanda, países que haviam batido a Espanha e a Áustria no sorteio, e cuja pequena dimensão justificava a organização conjunta. Em prova estavam, além das duas selecções anfitriãs, catorze outras equipas, sendo que a Alemanha se qualificava igualmente de forma directa, por ser campeã em título; já Portugal beneficiava do primeiro de muitos 'bafejos' de sorte, qualificando-se como 'melhor segundo' (após o habitual 'passeio' na fase de qualificação, com goleadas aos habituais Liechtenstein e Luxemburgo) e ganhando, assim, a oportunidade de 'corrigir' o agri-doce desempenho em solo inglês, quatro anos antes.

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O conjunto português presente no certame, um dos melhores de sempre.

E a verdade é que, sem ser favorito, o colectivo português apresentava um conjunto fortíssimo, 'movido' a Geração de Ouro (tal como em '96) mas com adições e peças secundárias significativamente melhores, e que ajudavam a elevar ainda mais o nível de desempenho da equipa, como era o caso de Nuno Gomes na frente de ataque, ou Sérgio Conceição na ala. O único entrave ao sucesso da Selecção das Quinas era o nível absurdamente elevado das restantes selecções, em antítese absoluta à fase de qualificação; e o grupo que calhava a Figo, Jorge Costa, Rui Costa, João Pinto e companhia era tudo menos simpático, com a sempre complicada Inglaterra e a campeã em título Alemanha a perfilarem-se como favoritas aos dois primeiros lugares. O jogo inaugural da Selecção no torneio parecia indicar isso mesmo, com a equipa portuguesa a perder por 0-2 ainda antes da meia hora...

...mas foi então que começou o milagre. Primeiro, uma remontada contra a Inglaterra para uma eventual vitória por 3-2, com golos de antologia de Figo e João Pinto; depois, o empate entre Roménia e Alemanha; e, finalmente, o 'massacre' à campeã em título, com um não menos antológico 'hat-trick' de Conceição, que cimentava Portugal como líder do grupo na mesma jornada em que a Roménia derrotava, também ela, a Inglaterra, garantindo o segundo lugar e arredando as duas favoritas da eliminatórias – no caso da Alemanha, com um único ponto! Uma fase de grupos perfeitamente 'louca', mas que fazia sobressair a equipa portuguesa como, agora sim, uma das favoritas.

O primeiro jogo do Euro veria talvez a prestação mais épica da Selecção Portuguesa da era moderna até então.

Os quartos-de-final nada fizeram para mudar essa percepção, tendo Portugal conseguido superiorizar-se confortavelmente à Turquia (curiosamente, o seu mais recente adversário à data de edição deste post, novamente com vitória folgada), por 0-2, e avançando assim para as meias-finais, onde iria enfrentar a temível França, campeã do Mundo em título; e a verdade é que, como sucederia década e meia depois, os guerreiros lusitanos surpreenderam o Mundo enfrentando os gauleses 'olhos nos olhos', e 'empurrando' o jogo para prolongamento – altura em que, finalmente, o azar bateu à porta. Centro de Trezeguet, Baía batido, e Abel Xavier leva a mão à bola em plena pequena área. Penalty, prontamente convertido pelo então melhor do Mundo, Zidane, e que confirmava a reviravolta num jogo em que Portugal até entrara a ganhar, um pouco ao invés do que sucedera frente à Inglaterra. Ficava a consolação de perder com a eventual campeã, que, dias depois, aproveitaria novamente o prolongamento para se superiorizar à Itália, garantindo assim a 'dobradinha' de troféus internacionais e cimentando-se como melhor Selecção europeia.

A honrosa prestação frente à França terminaria, infelizmente, em desapontamento.

Apesar deste resultado (novamente) agri-doce, no entanto, muitos adeptos de certa idade continuam a ter boas recordações do Euro 2000, competição que viu talvez o melhor conjunto de jogadores portugueses da era moderna (vestidos a rigor com um dos mais emblemáticos equipamentos da História da Selecção, e que vendeu muitas camisolas, tanto oficiais como da 'feira') defrontar-se 'taco a taco' com outras selecções tão boas ou melhores, e contribuir para um dos campeonatos europeus com melhor futebol de sempre, facto que não podia deixar de lhe garantir a presença nas páginas virtuais deste nosso blog nostálgico – mesmo que, tecnicamente, já não tivesse tido lugar nos anos 90...

09.06.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Aquando do último campeonato da Europa, aproveitámos esta mesma rubrica para recordar o Euro '96, que assinalava a décima edição do torneio, a primeira com um formato mais alargado, e uma das primeiras a ter maior projecção na consciência popular mesmo de quem não gostava de futebol, nomeadamente através de produtos de 'merchandising' oficial alusivos ao evento. Agora, a menos de uma semana do início de mais um certame, nada melhor do que assinalar essa data com algumas breves linhas sobre aquele que foi, efectivamente, o primeiro Euro da década de '90, sobre o início do qual se celebram este dia 10 exactos trinta e dois anos.

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Realizado na gélida Suécia – como forma de evitar que a Espanha tivesse o monopólio dos eventos daquele Verão, após ter acolhido tanto a Expo '92 como os Jogos Olímpicos – o Euro '92 acabaria por representar uma espécie de 'afirmação' dos países nórdicos, tendo sido ganho, não pelos anfitriões, mas por uma das suas duas nações vizinhas, no caso a Dinamarca, para quem toda a competição representaria um conto de fadas, já que a sua participação derivava de uma repescagem após a desqualificação da Jugoslávia, então em processo de desmembramento. 'Segunda escolha' ou não, no entanto, o certo é que a selecção alvirrubra almejaria mesmo a presença na final do evento, onde se superiorizaria à Alemanha – um feito notável, tendo em conta que a selecção alemã atravessava, à época, um dos seus melhores períodos de sempre.

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A Selecção dinamarquesa vencedora do certame.

Além das duas finalistas e da anfitriã, participavam ainda no certame as selecções da França, Inglaterra, Países Baixos, Escócia e União Soviética, então conhecida como CIS. Um quadro repleto de plantéis fortes e nomes sonantes do futebol da época – dos campeões Peter Schmeichel e Henrik Larsen a Dennis Bergkamp, Frank Riijkard, Jean-Pierre Papin ou Tomas Brolin - mas que, para o adepto actual habituado a fases de grupos e quadros de países mais alargados, quase poderá parecer uma versão 'incompleta' de um evento deste tipo, com apenas dois grupos ao invés dos habituais seis. Era este, no entanto, o modelo da altura, e com apenas oito equipas, não é de surpreender que o certame se tenha desenrolado em apenas duas semanas, incluindo fins-de-semana, e com jogos mais espaçados entre si do que é norma hoje em dia.

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Os vencedores com o troféu.

Curiosamente, embora a Selecção Nacional portuguesa, então em entrada na fase 'movida' a Geração de Ouro, tivesse falhado o apuramento – pelo que seria a última vez em mais de três décadas - o País não deixava, ainda assim, de ter representação, no caso através da equipa de arbitragem de José Rosa dos Santos, Valdemar Lopes e António Carvalho, que teriam a seu cargo o jogo entre a anfitriã Suécia e a Inglaterra, que terminaria com o triunfo dos nórdicos por 2-1. Infelizmente, ficar-se-ia pelo lado técnico a participação de Portugal no Campeonato da Europa em causa, o que pode ajudar a explicar o seu relativo esquecimento na consciência colectiva lusitana por oposição ao seu sucessor directo – no qual as Quinas fariam uma campanha honrosa, embora amarga – e a alguns dos seus antecessores, nos quais o País marcara presença. Ainda assim, esta competição não deixa de representar um 'pedaço' de História da década em causa, pelo que, pese embora a repercussão relativamente limitada a nível nacional, não deixa de ser importante recordá-la por alturas do seu trigésimo-segundo aniversário, e do início de uma nova competição europeia de Selecções.

23.11.23

Os anos 90 viram surgir nas bancas muitas e boas revistas, não só dirigidas ao público jovem como também generalistas, mas de interesse para o mesmo. Nesta rubrica, recordamos alguns dos títulos mais marcantes dentro desse espectro.

Em finais do século XX, a revista desportiva era já parte do panorama editorial de vários países de todo o Mundo, com publicações tão famosas e sonantes como a 'Sports Illustrated' norte-americana ou a 'France Football'; em Portugal, no entanto, o paradigma era um pouco diferente, com a imprensa desportiva (pelo menos a não-especializada) a ser dominada pelos três 'eternos' diários desportivos, que só em inícios do século XX deixariam espaço a revistas como a 'Futebolista'. Tal hegemonia não impediu, no entanto, que pelo menos uma publicação tentasse 'furar fileiras' e afirmar-se no espaço editorial desportivo português, tendo mesmo chegado a atingir um moderado grau de sucesso nesse desiderato.

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Exemplo dos dois tipos de grafismo da revista durante o seu tempo de vida (Crédito das fotos: OLX.)

Falamos da 'Mundial', uma revista que, apesar de se estender periodicamente a outros desportos, tinha como foco central (e perfeitamente natural) o futebol, que ocupou a maioria das capas da revista desde o seu lançamento, algures em meados dos anos 90, até ao seu desaparecimento das bancas, ainda antes do final do Novo Milénio. Infelizmente, não nos é possível precisar melhor o espectro temporal da publicação, dado esta ser – como a também noventista 'Basquetebol' – uma daqielas revistas das quais poucos vestígios restam para lá de uma série de anúncios da OLX e do ocasional 'post' nostálgico no Facebook – por outras palavras, uma Esquecida Pela Net.

Daquilo que as capas permitem averiguar, a 'Mundial' procurava ter cuidado em alternar o foco entre diversos clubes, bem como entre os principais jogadores de cada um deles, e até aos principais nomes internacionais da época – isto para além de uma marcada (e também bastante natural) vertente de apoio à Selecção Nacional, que vivia, à época, alguns dos seus melhores anos, com a Geração de Ouro a 'dar cartas'. De igual modo, a presença de artigos sobre outras modalidades e eventos - como o 'bodyboard', a Fórmula 1 ou até as Olimpíadas - vem da análise dessas mesmas capas, sendo praticamente impossível encontrar, hoje, dados sobre a editora, longevidade ou até número de páginas da revista – facto algo insólito, tendo em conta que outras publicações da mesma altura (1996-98, pelo menos) se encontram ainda bem documentadas na 'autoestrada da informação'! Ainda assim, é também possível observar uma mudança de grafismo na 'Mundial' entre 1996 e 98, presumivelmente para ajudar a dar um ar menos austero à revista, e mais condicente com o que o público jovem da época procurava de uma publicação deste tipo.

Tendo em conta o posterior sucesso da referida 'Futebolista' e outras publicações semelhantes, não deixa de ser bizarro que a 'Mundial' seja tão pouco lembrada entre os fãs de jornais e revistas de desporto nacionais. No entanto, uma das missões declaradas deste nosso blog é, precisamente, não deixar que tais artefactos de finais do século XX se percam para sempre, e, nesse aspecto, era nosso dever fazer a nossa parte para assegurar que esta 'Mundial' não era vetada ao esquecimento pela mesma geração que, em tempos, a comprou e leu religiosamente - uma missão que, esperamos, se venha a provar bem-sucedida.

15.10.23

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

O chamado 'jogador de um clube só' – aquele atleta que faz toda a carreira em apenas um emblema desportivo, mantendo-se fiel através de todos os altos e baixos do mesmo – sempre foi uma espécie rara, e nos dias que correm - em que o dinheiro fala, invariavelmente, mais alto – encontra-se praticamente em vias de extinção, pelo menos ao nível do futebol de alta competição. No período a que este blog diz respeito, no entanto, era ainda possível encontrar alguns atletas dessa estirpe, os quais – sem contar com os habituais empréstimos em inícios de carreira – passavam todo o seu período activo num só clube, normalmente aquele que os havia formado. O jogador de que falamos hoje, e que completa este fim-de-semana cinquenta e dois anos de idade, esteve perto de fazer parte desse lote, não fora um desentendimento com a 'casa-mãe' em finais de carreira; ainda assim, é a esse mesmo clube que qualquer adepto português da 'velha escola' o associa, e é também a ele que o seu nome ficará, indelevelmente, ligado.

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O jogador com a camisola do clube de sempre.

E, no entanto, até mesmo Jorge Paulo Costa Almeida – mais conhecido pelo seu primeiro nome e primeiro apelido – chegou, a dada altura, a ser Cara (Des)conhecida nos campeonatos nacionais, apenas mais um jovem promissor a desenvolver o seu futebol em emblemas históricos, mas fora da esfera dos três 'grandes' portugueses. De facto, após a chegada à idade sénior, logo no início da década de 90, aquele que viria a ser um dos grandes defesas-centrais do futebol luso era enviado para rodar durante uma época no 'vizinho' CS Penafiel, onde começaria desde logo a chamar a atenção, afirmando-se como elemento importante da equipa e amealhando vinte e três presenças, no decurso das quais contribuiria com dois golos.

A próxima aventura do central seria significativamente menos confortável, 'atirando-o' da cidade onde nascera e crescera para o ambiente insular da Madeira, onde viria a representar um dos maiores clubes das ilhas, o Marítimo. Tal desafio não amedrontou Jorge Costa, no entanto; pelo contrário, o jogador emprestado pelo Porto viria a afirmar-se como peça-chave da equipa, participando em quase todos os jogos da época 1991-92 e marcando ainda um golo pelos verde-rubros insulares.

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Cromo de um jovem Jorge Costa ao serviço do Marítimo.

Esta segunda época ao mais alto nível foi, aliás, suficiente para garantir ao central a inclusão no plantel principal do FC Porto, do qual não voltaria a sair até um desentendimento com o então treinador Octávio Machado, mais de uma década depois. No total, esta primeira fase de Jorge Costa no Porto veria o central representar o clube em quase duzentos jogos, sempre como esteio defensivo, ao lado de nomes como Paulinho Santos, Fernando Couto, Jorge Andrade ou Ricardo Carvalho, sagrar-se penta-campeão nacional, e notabilizar-se tanto como figura-chave na fase hegemónica do FC Porto como como um dos melhores do País na sua posição - distinção que lhe valeu lugar quase cativo também na Selecção Nacional, que representaria em cinquenta ocasiões e quatro torneios no decurso dessa mesma década, muitas vezes ao lado dos mesmos nomes com que emparceirava no centro da defesa portista.

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Cromo do jogador na caderneta do Euro 96, um dos torneios em que representou a Selecção Nacional.

Apenas um voto ao 'ostracismo' por parte de Octávio Machado, na segunda metade da época 2001/2002, seria capaz de afastar o carismático jogador do clube que o formara, sendo o mesmo forçado a embarcar na sua primeira aventura internacional, no caso ao serviço do Charlton, de Inglaterra, por quem ainda chegaria a tempo de figurar duas dezenas de vezes até ao final da Premiership daquele ano.

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O jogador durante o seu breve período no Charlton.

Durou pouco, no entanto, este afastamento, e na época seguinte, sob as ordens do novo treinador José Mourinho, Jorge Costa via restituído o seu estatuto de peça-chave numa equipa que, sem ainda o saber, estava prestes a embarcar numa segunda fase hegemónica, que culminaria com a histórica conquista da Liga dos Campeões, em 2005, já após a igualmente inédita captura da Taça UEFA, na época anterior. Em ambas as ocasiões, Jorge Costa marcava presença no centro da defesa, contribuindo com toda a sua experiência para aqueles que estavam entre os momentos mais gloriosos da História dos 'Dragões'.

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Jorge Costa celebra a conquista da Liga dos Campeões de 2004/2005, ao lado de outra lenda do FC Porto, Vítor Baía.

Poucos meses depois, no entanto, nova reviravolta, com a chegada de Co Adriaanse à equipa nortenha, e subsequente nova perda de estatuto por parte do capitão portista, que era novamente (e publicamente) afastado; tal como anteriormente, o central optou, nesta ocasião, por ingressar numa aventura no estrangeiro, desta vez a título definitivo, e seria no Standard de Liège, ao lado do ex-colega Sérgio Conceição, que viria a fazer a última época da sua carreira, aos trinta e quatro anos. Vinte partidas e dois golos longe dos holofotes europeus marcavam, assim, a despedida de um jogador que, doze meses antes, tinha ocupado lugar de destaque sob os mesmos – um final algo indigno para um dos melhores e mais notáveis jogadores dos campeonatos portugueses das décadas de 90 e 2000, e da Selecção Nacional da fase 'Geração de Ouro'.

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No Standard de Liège, durante a última época como profissional.

Tal como tantas outras caras – (Des)conhecidas ou não – de que aqui vimos falando, também Jorge Costa optou, após o término de carreira, por enveredar pela carreira de treinador, a qual iniciaria logo após o encerramento de actividades nos relvados, como adjunto do Braga. Dentro em breve, assumiria o comando dessa mesma equipa como técnico principal, e os anos seguintes vê-lo-iam treinar emblemas tanto em Portugal – Académica, Olhanense, Paços de Ferreira, Arouca, Académico de Viseu e Vila das Aves, onde actualmente milita – como um pouco por toda a Europa - tendo passado pelos romenos do Cluj e Gaz Metan, pelos cipriotas do AEL Limassol, pelos gregos do Anorthosis, pelos franceses do Tours - e até em países como a Tunísia (com duas passagens pelo CS Sfaxien) e Índia (onde treinou o Mumbai City FC), além da Selecção Nacional sénior do Gabão.

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Na qualidade de treinador.

Uma carreira cuja diversidade surge como contraponto à relativa estabilidade de que o portuense gozara enquanto jogador de campo, e que, infelizmente, nunca almejou o mesmo estatuto ou sucesso, mas que oferece uma continuidade honrosa para uma das 'lendas' da Primeira Divisão nacional 'das antigas'. Parabéns, e que conte ainda muitos.

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A camisola 2 é, ainda hoje, sinónima com o jogador.

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