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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

29.09.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Numa era em que a maioria dos homens ocidentais de uma certa faixa demográfica exibe uma aparência muito semelhante, e cuidada até ao extremo, é fácil esquecer que, há meros trinta anos, era por demais fácil reconhecer certas classes sociais e profissionais pelo aspecto que apresentavam. Destas, a mais famosa talvez seja a dos desportistas profissionais, e especificamente dos futebolistas, cujas marcantes escolhas no tocante a aparências popularizaram, em Portugal, a expressão 'cabelinho à jogador da bola'. São inúmeros os exemplos ilustrativos deste estilo durante os anos 90 e 2000, bastando lembrarmo-nos de Fernando Couto, Nuno Gomes, Claudio Cannigia, Jorge Cadete ou mesmo Luís Figo, mas um dos mais memoráveis e marcantes pertenceu a um jogador do Sporting Clube de Portugal na viragem da década de 80 para a de 90, o qual completa hoje sessenta e cinco anos.

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O futebolista com três das quatro camisolas que envergou em Portugal.

Falamos de Paulo Roberto Bacinello, avançado goleador cujo apelido futebolístico derivava da pequena cidade que o vira nascer em 1959 – Cascavel, no estado brasileiro do Paraná. Era ali, ao serviço do clube local, que, em finais dos anos 70, o adolescente então já conhecido como Paulinho Cascavel daria os primeiros toques na bola enquanto jogador semi-profissional; seguir-se-ia uma passagem discreta pelo Criciúma, antes de o avançado demonstrar a sua verdadeira valia ao marcar vinte e sete golos ao serviço do Joinville, conquistando assim a Bota de Ouro no Campeonato Catarinense de 1984. Esta boa prestação valer-lhe-ia, subsequentemente, o primeiro 'salto', no caso para o Fluminense, um dos 'grandes' históricos do futebol brasileiro. Ali, no entanto, Paulinho nunca seria mais do que segunda escolha atrás de Washington, uma das 'lendas' do clube carioca, tendo somado apenas oito jogos em todo o Brasileirão de 1984, das quais apenas um na condição de titular – números, ainda assim, suficientes para lhe outorgar o título de Campeão Brasileiro daquele ano.

Era, pois, com esse estatuto que Cascavel embarcava na sua primeira aventura internacional, rumando a Portugal para representar um dos três 'grandes' do País, no caso o Futebol Clube do Porto. Na Invicta, no entanto, o avançado ver-se-ia na mesma difícil posição que experienciara no Rio de Janeiro, enfrentando a concorrência desleal do 'Bi-Bota' Fernando Gomes, do qual estava fadado a ser eterno suplente. A sua única época ao serviço dos azuis e brancos saldou-se, assim, em uma única presença, antes de o avançado ter sido 'despachado' para Guimarães como parte do negócio em torno do guarda-redes Júnior Best – uma troca que acabaria por beneficiar todas as partes, já que as duas épocas na Cidade-Berço permitiriam a Cascavel relançar a carreira de forma nada menos que impressionante. Quarenta e sete golos em sessenta jogos são o saldo total do primeiro período alto da carreira do avançado desde os tempos dos distritais brasileiros, tendo a sua contribuição ajudado o Vitória FC a assegurar o terceiro lugar na época 1985-86, e a carimbar exibição honrosa na Taça UEFA do ano seguinte. Rapidamente se espalhava por Portugal e arredores o nome daquele avançado que marcava golos de todas as formas e feitios, e foi com total naturalidade que os vimaranenses viram a sua estrela ser abordada pelo segundo 'grande' português da sua carreira, desta feita localizado mais a Sul.

Esta segunda passagem por um clube de monta correria, no entanto, significativamente melhor a Paulinho Cascavel, que demonstrava em Lisboa os mesmos predicados técnicos e faro de golo que exibira em Guimarães, e se afirmava rapidamente como peça-chave do Sporting de finais dos anos 80. À entrada para a última temporada da década (e primeira dos 'noventas'), eram já mais de oitenta e cinco as presenças do avançado com o pentrado 'mullet' ao serviço dos Leões, ao longo das quais obtivera quarenta e cinco golos (sendo melhor marcador do campeonato na sua primeira época) e ajudara o clube a conquistar o seu único título nesse período, a Supertaça Cândido de Oliveira. A época de 1989/90 parecia, inicialmente, seguir nessa mesma toada, mas um desacordo com o então presidente do clube, Sousa Cintra, via Paulinho Cascavel perder preponderância na equipa, que viria a abandonar no final da temporada, tendo contribuído com meros três golos em cerca de duas dezenas e meia de presenças, números muito aquém dos que vinha obtendo em Portugal até então.

Um 'craque' em baixa anímica ou de forma não deixa, ainda assim, de ser um 'craque', e era com o máximo prazer que o Gil Vicente acolhia Paulinho Cascavel como parte do seu plantel para a época 1991/92. Esta fase da carreira do avançado ficaria, no entanto, marcada por outro conflito, este contra as sucessivas lesões que ia contraindo, e que culminaram no final da sua carreira profissional, aos trinta e dois anos, após apenas oito presenças com a camisola dos Galos.

Ao contrário de muitos dos nomes que abordamos nestas páginas, no entanto, Paulinho Cascavel não transitou para cargos técnicos ou federativos no seio do futebol, optando em vez disso por continuar a carreira por mais alguns anos, agora no Campeonato Nacional de Veteranos, onde se sagraria Bota de Ouro em cinco das seis épocas que fez ao serviço do Aliados de Lordelo. Penduradas definitivamente as chuteiras, o agora ex-jogador regressaria ao seu Brasil natal para se tornar empresário do ramo da pecuária, deixando a continuação do legado futebolístico ligado ao nome Cascavel à responsabilidade do filho, Guilherme, que desde 2005 vem representando diversos emblemas das divisões inferiores portuguesas, não tendo nunca logrado alcançar o alto nível atingido pelo pai. Continua, pois, a ser do jogador com o 'cabelinho à jogador da bola' (e bigode a condizer) e capacidade invulgar para marcar golos que muitos adeptos se lembrarão ao ouvir o nome Cascavel, merecendo o mesmo o seu lugar no panteão de Lendas da Primeira Divisão nacional. Parabéns, e que conte ainda muitos!

04.08.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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Nos últimos meses da década de 70, o futebol português via nascer mais uma competição, a juntar aos campeonatos nacionais e à Taça de Portugal: a Supertaça Cândido de Oliveira, troféu designado em homenagem ao lendário jogador e treinador que põe frente a frente os vencedores das duas outras competições. E embora as características do panorama futebolístico nacional não permitam grandes surpresas, tornando algo previsível quais as duas equipas que se irão defrontar, a História do troféu reservou, ainda assim, lugar a surpresas, embora a hegemonia de Sporting, Benfica e FC Porto apenas por três vezes tenha sido quebrada nos já quarenta e cinco anos de vida da competição. Agora, no rescaldo de mais uma Supertaça (ganha de forma tão impressionante quanto mirabolante pelo FC Porto) nada melhor do que recordar esses 'intrusos' que, embora apenas por uma época, lograram 'roubar' uma Taça aos três 'grandes' nacionais.

A primeira dessas três 'intromissões' deu-se ainda na década de 1980, quando o Vitória de Guimarães, capitaneado por Nando e com Neno na baliza, levou para casa o troféu da época 1987-88, após bater por um agregado de 2-0 o Porto de Quinito, que contava com nomes como João Pinto, Augusto Inácio, António André, Jaime Pacheco, Domingos ou Rui Águas, e que havia, nesse ano, feito a 'dobradinha', derrotando precisamente a equipa de Geninho na final da Taça de Portugal. Os vimaranenses tornavam-se assim, ainda que sem o saberem, a única equipa fora do eixo Lisboa-Porto a vencer a competição, e realizavam um feito e que apenas mais uma equipa conseguiria igualar em toda a História da competição – curiosamente, outra agremiação alvinegra, embora neste caso as cores surgissem em padrão axadrezado.

Falamos, claro, do Boavista, que, por duas vezes na década de 90, 'bateu o pé' a um 'grande' – primeiro em 1992 e em seguida cinco anos depois, em 1997, ambas contra o FC Porto. O primeiro destes dois triunfos viu a equipa então treinada por Manuel José, e que tinha como capitão o histórico Paulo Sousa, eliminar a equipa de Carlos Alberto Silva, após dois 'derbies da Invicta' repletos de golos, o primeiro dos quais veria os axadrezados vencer por 3-4 em plenas Antas, para depois segurar (e assegurar) um empate a duas bolas em casa, no Bessa. De ressalvar que, dessa equipa do Boavista, faziam parte, além de Paulo Sousa, nomes como Lemajic, Rui Bento, Caetano, Litos ou o 'Grande dos Pequenos' axadrezado, Bobó, que faziam frente ao Porto de Baía, Fernando Couto, Aloísio, Paulinho Santos, Timofte, Kostadinov, Domingos, Jorge Costa e Jorge Couto.

Já a segunda vitória, obtida em Agosto de 1997, veria os homens de Mário Reis, ainda com Paulo Sousa como capitão e agora com o bem conhecido Ricardo na baliza (além do também 'famoso' matador Ayew na frente) levar de vencida a turma de António Oliveira por um resultado agregado de 2-1, tendo a equipa axadrezada vencido em casa por 2-0 antes de ir perder às Antas por margem mínima, a qual não foi suficiente para lhe retirar o troféu. A equipa de Ricardo, Paulo Sousa, Rui Bento, Isaías, Martelinho, Delfim e do 'matador' Ayew Kwame (muitos com passagem passada ou futura pelos 'grandes') lograva assim conquistar um dos poucos troféus perdidos pelo Porto da fase hegemónica, que, na época em causa, contava com nomes tão conhecidos dos adeptos da altura como Rui Jorge, Sérgio Conceição, Drulovic, Zahovic, Chippo, Folha, Capucho e, claro, Mário Jardel, além do 'perene' Paulinho Santos.

Assinalar-se-ia assim a última vez que uma equipa fora do 'triumvirato' de Sporting, Benfica e Porto levaria para casa a Supertaça, pelo menos até à data de publicação deste 'post'. Numa era em que o desnível entre equipas se tende cada vez mais a reduzir, não é, no entanto, impossível ou impensável que outra agremiação consiga repetir tal façanha – sendo que, por exemplo, o Sporting de Braga deu muito trabalho ao seu homónimo lisboeta ainda há poucos anos, sucumbindo já perto do fim do jogo; e se o formato de 'jogo único' torna impossível uma vitória por agregado, como as conseguidas pelos clubes acima descritos, a verdade é que a remontada do Porto na edição 2024 do certame prova que tal desiderato pode perfeitamente ser atingido num jogo de 90 ou 120 minutos. Têm a palavra as restantes quinze equipas actualmente no escalão principal nacional...

21.07.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Qualquer fã de futebol que tenha crescido em Portugal nas duas últimas décadas do século XX recordará com especial carinho as icónicas cadernetas de cromos alusivas aos campeonatos nacionais da época, cada uma repleta de clubes históricos e caras que, através da sua presença ano após ano, acabavam por se tornar familiares e conhecidas. O jogador de que falamos este Domingo, no dia do seu quinquagésimo-oitavo aniversário, foi uma dessas caras, tendo ficado ligado, na mente dos jovens adeptos nacionais, a um dos mais históricos de todos os clubes nacionais, o carismático Sporting Club Farense.

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O jogador com a camisola com que se tornou sinónimo.

De facto, apesar de nascido na Margem Sul do Tejo e formado no Sporting, onde dava os primeiros toques logo no início da adolescência, Rui Pedro Rodrigues Eugénio (vulgarmente conhecido apenas pelo seu apelido) veria a sua carreira sénior ficar ligada a regiões consideravelmente mais a Sul, nomeadamente a terras algarvias – região onde, aliás, daria os primeiros passos como sénior, aos dezoito anos recém-completos, ao serviço do Olhanense. Seguir-se-ia uma experiência mais a Norte (no Recreio de Águeda) e outra na zona de Lisboa – onde representaria, durante duas épocas, o Estoril-Praia – mas o dealbar da época 1988-89 via o defesa lateral ingressar na agremiação com que haveria de se tornar sinónimo para muitos adeptos portugueses ao longo da década seguinte. Essa primeira passagem pelo Farense durou quatro épocas, em que Eugénio se afirmou como peça-chave quase indiscutível da equipa algarvia, realizando mais de cento e trinta jogos entre a então Segunda Divisão de Honra e o escalão principal – que, aliás, ajudaria a equipa a atingir logo na sua segunda época, a qual ficou também coroada pela presença no Jamor (embora como finalista derrotado) e, a nível pessoal, pelo nascimento do filho, Pedro.

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Cromo da Panini dos tempos da passagem pelo Braga....

Foi com o Farense ainda 'em alta', e com estatuto de titular quase indiscutível, que Eugénio abraçou a sua próxima aventura, desta feita no outro extremo do País, e trocando a camisola alvinegra do Farense pela alvirrubra do Sporting de Braga de Mladen Karoglan. A passagem para um clube de maior dimensão não assustou, no entanto, Eugénio, que rapidamente se afirmou como opção também nos arsenalistas, pelos quais viria a realizar setenta e cinco jogos ao longo das três épocas seguintes.

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...e da segunda passagem pelo Farense.

Em 1995, no entanto, surgiria a oportunidade de 'regressar a casa', que Eugénio não hesitaria em aproveitar; seria, pois, de braços abertos que a 'capital' do Algarve voltaria a acolher um jogador que lhes dera muitas alegrias num passado nada distante. E a verdade é que Eugénio retomaria funções no mesmo patamar em que as havia deixado, ou seja, como titular habitual – pelo menos durante a primeira época, já que na seguinte (de 1996/97) viria a perder o lugar, realizando apenas sete partidas em toda a campanha. A situação viria, no entanto, a ser corrigida na época seguinte, tendo Eugénio voltado a figurar como parte importante da equipa durante os dois anos seguintes, antes de se tornar novamente opção de recurso na sua última época nos 'leões' algarvios, já no dealbar do Novo Milénio.

Por esta altura, o 'peso' da idade já se começava a fazer sentir, e Eugénio iniciaria, gradualmente, uma transição para o futebol semi-profissional, 'despedindo-se' dos principais escalões nacionais com uma época como 'jogador de plantel' do Olhanense (num bonito 'fecho de círculo' da sua carreira profissional) antes de ingressar por duas épocas no modesto Sambrasense (embora algumas fontes dêem também conta de uma passagem pelo Valdevez). Seria nesse clube, e na condição de amador, que, no final da época 2002/2003, Eugénio viria a fechar definitivamente o seu ciclo enquanto jogador de campo, deixando o legado do seu nome nas mãos do filho, Pedro, à época ainda em idade de Iniciado, e parte das escolas do Farense - ele que viria a passar pelas Academias de Sporting e Benfica e, tal como o pai, a representar o clube alvinegro em duas ocasiões distintas, antes de rumar ao estrangeiro para jogar na Bulgária, Turquia e, actualmente, Cazaquistão. Já o Eugénio 'sénior' transitaria, com naturalidade, para cargos técnicos do clube a que ficara indelevelmente ligado, tendo exercido funções de adjunto durante duas épocas, e chegado mesmo a ser treinador interino dos algarvios na época 2006/2007.

Hoje afastado do Mundo do futebol, Eugénio continua, no entanto, a ser lembrado com carinho pelos adeptos farenses, que aprenderam a respeitar e apreciar o profissionalismo do lateral, um homem de valores e personalidade bem maiores do que a sua estatura de módicos 1,66 metros, e que bem merece esta singela homenagem no dia do seu aniversário. Parabéns, e que conte muitos.

21.04.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Em qualquer colectivo desportivo, seja uma equipa de futebol ou de qualquer outra modalidade, existem, inevitavelmente, dois tipos de jogadores: os que se destacam pela técnica e talento inato, e fazem a diferença a ponto de rapidamente serem cobiçados por outros clubes, e os chamados elementos 'de equipa', 'de plantel' ou 'de balneário', que, sem chegarem aos níveis de qualidade das mega-estrelas, mantêm um padrão consistente, e acabam por cumprir sempre que solicitados. A equipa do Sporting que quebrou o jejum de dezoito anos, nos últimos meses do Segundo Milénio e primeiros do seguinte, não era excepção a esta regra, e para cada André Cruz, Acosta ou Jardel havia um jogador mais discreto, mas não menos importante na forma de jogar da equipa. Um desses jogadores - que até viria mesmo a perder o lugar, durante essa época, para um concorrente 'fora de série' chegado em Janeiro – era um defesa-esquerdo internacional marroquino, então com vinte e cinco anos, e que chega este Domingo, dia 21 de Abril, ao exacto dobro dessa idade.

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Em acção pelo Sporting

Falamos de Abdelilah Saber, contratado dois anos antes ao seu primeiro clube, o local Wydad Athletic Club, de Casablanca, onde se estreara na equipa principal com apenas dezanove anos, e pelo qual realizara mais de uma centena de jogos, deixando indicações suficientes para lhe permitirem esse primeiro 'salto' para a Europa, no defeso de Inverno da época 1996/97, para integrar o Sporting de Octávio Machado. E se aqueles primeiros meses até correram de forma positiva, rapidamente o que parecia ser um sonho, se revelaria um pesadelo, já que o Sporting entraria em fluxo, ocasionando a famosa época dos quatro treinadores, durante a qual Saber trabalharia, no espaço de poucos meses, com Octávio, o seu adjunto Vital, o italiano Vicente Cantatore e, finalmente, José Couceiro, o nome que voltaria a trazer estabilidade ao Sporting.

Para o jovem marroquino, no entanto, este autêntico 'vendaval' pouco ajudava à sua adaptação a uma nova realidade e às distintas filosofias dos diferentes treinadores, causando alguns problemas de afirmação durante as temporada 97/98. Uma vez ultrapassado esse obstáculo, no entanto, Saber seria finalmente capaz de 'agarrar' a titularidade do lado direito da defesa, partindo para uma segunda temporada completa a bom nível, que o veria cimentar o seu lugar não só no plantel do Sporting mas também no da Selecção Nacional marroquina, que representava no Mundial de França '98, e pela qual conseguiria nesta fase o seu primeiro e único golo, num amigável frente ao Senegal que terminaria, precisamente, com um resultado de 1-0.

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Ao serviço da Selecção Nacional marroquina.

Esse momento de forma manter-se-ia, aliás, durante o que restava do século XX, sendo apenas já nos primeiros dias do Novo Milénio que o lateral perderia o estatuto de titular que a tanto custo conquistara, passando a actuar como suplente de um dos reforços de Janeiro – um brasileiro de nome César Prates, que os sportinguistas ainda hoje recordam com carinho pelas suas prestações ao serviço do clube e, sobretudo, pela forma letal como batia livres, muitos deles traduzidos em golos. Subitamente sem espaço no clube que representava há já três épocas, Saber viu por bem aceitar a proposta que lhe chegava de Itália, para um empréstimo ao Nápoles. Após uns primeiros meses bem sucedidos, no entanto, a proposta tornou-se permanente, encerrando o ciclo do marroquino no Sporting, que duraria quase exactamente quatro anos e se saldaria em cerca de seis dezenas de jogos.

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Com a camisola do Turim.

O resto da (surpreendentemente curta) carreira de Saber seria passado na Série B italiana, primeiro com duas temporadas em bom plano ao serviço do Nápoles, por quem contabilizaria quase cinquenta jogos, e depois com uma última como segunda linha do Turim; nesse mesmo Verão, com apenas trinta anos, o antigo internacional marroquino daria por encerrada a carreira como futebolista profissional, efectuando a inevitável transição para cargos técnicos, a qual o levaria de volta ao seu Marrocos local para treinar o Union Ait Melloui, clube formado poucos anos antes, em 1999.

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No Turim, onde faria a última época como profissional.

Seguir-se-iam períodos como treinador adjunto e interino do clube que o vira despontar para o futebol, o Wydad Casablanca, e onde ainda hoje actua como adjunto técnico – cargo, aliás, que combina com a personalidade consistente, competente e discreta que revelou durante o tempo nos relvados, e que o tornou elemento acarinhado, ainda que não idolatrado, dos plantéis do Sporting de finais do Segundo Milénio. Parabéns, e que conte muitos mais.

07.04.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

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O jogador com a camisola que o celebrizou.

No futebol português dos anos 80, 90 e 2000 (ainda mais do que no actual) existiu um conjunto bem demarcado de jogadores que, sem atingirem o nível de fama ou os altos vôos de alguns dos seus contemporâneos (nomeadamente os da chamada 'Geração de Ouro') conseguiram, ainda assim, afirmar-se como ícones de um ou mais clubes e, pela sua presença constante nos campeonatos nacionais da época, atingir o estatuto de Lendas da Primeira Divisão. Um dos principais nomes desse grupo – onde se incluem ainda jogadores como Emílio Peixe, Rui Barros ou Folha – foi um médio que, após iniciar a carreira como Cara (Des)conhecida ainda na década de 80, acabou eventualmente por fazer também parte do selecto contingente de jogadores que representaram mais do que um 'grande' em Portugal durante a sua carreira; falamos de António Manuel Pacheco Domingos (vulgarmente conhecido apenas pelo seu primeiro apelido), o 'histórico' do Benfica que chegou, também, a representar o Sporting, e que faleceu há cerca de duas semanas – a 20 de Março de 2024 – aos cinquenta e sete anos, em consequência de um ataque cardíaco. E porque, à data da sua morte, o 'blog' se encontrava em hiato temporário, fica agora, embora já com algum atraso, a nossa merecida homenagem a uma das muitas caras icónicas do futebol nacional de finais do século XX.

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Ainda jovem, no Torralta.

Nascido em Portimão, Algarve, no primeiro dia de Dezembro de 1966, António Pacheco iniciou carreira no modesto Torralta, clube em que realizara a maior parte da sua formação enquanto futebolista. Durante a única época em que representou o emblema, o médio fez pouco mais de três dezenas de jogos, contribuindo com oito golos, marca que se provaria suficiente para lhe garantir três presenças na Selecção Nacional Sub-18 despertar o interesse do outro clube por onde Pacheco passara enquanto jovem - o Portimonense, que representara na categoria de Iniciados. Assim, com apenas dezanove anos, e exactamente meia década após ter deixado o clube da sua terra natal, o atleta voltava a vestir de preto e branco, dando assim o considerável 'salto' das divisões distritais para o principal escalão nacional.

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O plantel do Portimonense para a época 1986-87; Pacheco está em baixo, à direita.

Este desafio não intimidou, no entanto, o médio, que partiria para nova época de destaque: sem ser titular indiscutível, Pacheco logrou registar vinte e três presenças ao serviço do Portimonense, bem como nove pela Selecção Nacional Sub-21, no decurso das quais demonstrou qualidade suficiente para alargar ainda mais os seus horizontes futebolísticos. Previsivelmente, não tardou a surgir na secretaria portimonense uma oferta pelos préstimos do promissor futebolista, oriunda da capital portuguesa, e de um dos principais emblemas dos campeonatos nacionais, o Sport Lisboa e Benfica.

Face a esta oferta nada menos do que irrecusável, o jovem Pacheco não teve outra escolha senão 'fazer as malas' e mudar-se de 'armas e bagagens' para Lisboa, no Verão de 1987, para equipar de vermelho e branco. E se muitos jogadores nas mesmas condições têm uma entrada mais gradual na equipa, por forma a habituá-los ao desafio, já no caso de Pacheco, o impacto foi imediato, tendo o médio logrado participar em mais de três dezenas e meia de partidas logo na sua primeira época, e contribuído com seis golos.

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Ao serviço da Selecção Nacional A.

Estava dado o mote para seis épocas a espalhar classe na zona intermédia benfiquista, sempre como peça-chave, durante as quais levantaria por duas vezes o troféu de Campeão Nacional (em 1988-89 e 1990-91), bem como uma Taça de Portugal e uma Supertaça, além de marcar presença em duas finais da então Taça dos Campeões Europeus (hoje Liga dos Campeões). Um autêntico 'conto de fadas', que estabeleceria Pacheco como um dos grandes ícones do clube encarnado, lhe carimbaria um lugar na Selecção Nacional A (que representaria seis vezes) e só viria a terminar no 'Verão quente' de 1993, fruto de um desentendimento com o então treinador do Benfica, Toni; pouco depois, os adeptos encarnados viam, com horror, Pacheco juntar-se ao colega de sector (e membro da 'Geração de Ouro') Paulo Sousa, e atravessar a Segunda Circular, ingressando no plantel do maior rival das 'águias', o Sporting.

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Com a 'listrada' do maior rival benfiquista.

Embora muito lembrado em Alvalade, no entanto, duraria apenas duas épocas a estadia de Pacheco no referido estádio, tendo o médio sido praticamente 'carta fora do baralho' na segunda (a de 1994-95), após ter estado ao seu nível na época anterior, em que foi um dos infelizes intervenientes num dos mais famosos 'derbies' da História do futebol português. Ainda assim, e apesar das 'desavenças' com o treinador Carlos Queiroz, as três presenças do médio na sua segunda temporada de leão ao peito chegariam para adicionar novo título ao seu palmarés pessoal, com a conquista da Taça de Portugal, um ano depois de ter visto o seu antigo clube voltar a sagrar-se campeão. Em Alvalade, Pacheco foi, ainda, colega de nomes tão ilustres no 'reino do leão' como Balakov, Oceano, Iordanov, Cherbakov, Stan Valckx, Juskowiak, Jorge Cadete, Emílio Peixe, Amunike, Ricardo Sá Pinto ou mesmo Luís Figo, além de uma futura Cara (Des)conhecida, um promissor jovem de nome Nuno Valente

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A homenagem do Belenenses, um dos vários clubes por que passou após deixar o Sporting.

Sem que ainda se soubesse, começava aí o declínio da carreira de Pacheco, que as épocas seguintes transformariam naquilo a que os britânicos chamam um 'journeyman' – um jogador que transita de clube em clube, sem nunca ter grande impacto em qualquer deles. Assim, foi decerto com tristeza que os fãs do médio viram um ex-internacional português ser peça 'periférica' dos plantéis de Belenenses, Santa Clara e Atlético, bem como da Reggiana, de Itália, que lhe proporcionou a primeira e única experiência 'fora de portas' – emblemas, note-se, que, pese embora o fugaz envolvimento com o jogador, não deixaram de lhe prestar homenagem aquando da notícia do seu falecimento.

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A única 'aventura' do médio fora de Portugal foi em Itália, ao serviço da Reggiana, que também lhe prestou homenagem aquando da nota de falecimento.

Seria, pois, necessário esperar até à ponta final do Segundo Milénio para ver a carreira de Pacheco ganhar um 'segundo fôlego': uma boa época ao serviço do Estoril garantiu alguma visibilidade ao então já veterano médio, que contribuiu para a campanha dos 'canarinhos' com quatro golos em cerca de duas dezenas e meia de presenças.

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Com a camisola do Estoril-Praia, na sua 'última salva' enquanto futebolista profissional.

Não foi, no entanto, suficiente para revitalizar o interesse no jogador, que saía pela 'porta pequena' logo na época seguinte, novamente ao serviço do Atlético, clube no qual faria a transição para cargos técnicos, assumindo a posição de treinador. Seguir-se-ia nova experiência como técnico, agora na sua 'casa-mãe', o Portimonense, antes de o ex-futebolista decidir enveredar por novos rumos, com a abertura de um bar em Lagos, estabelecimento que viria a gerir até ao seu prematuro falecimento em Março de 2024.

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No papel de treinador.

Para a história fica uma carreira honrosa, mas algo prejudicada pelo temperamento rebelde, sem o qual Pacheco talvez tivesse conseguido inscrever o seu nome junto dos de alguns dos seus mais ilustres contemporâneos – o que não invalida que o médio seja, por direito próprio, uma das Lendas da Primeira Divisão portuguesa noventista. Que descanse em paz.

10.03.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Apesar de, hoje em dia, militar na modesta Liga 3 (ao lado de outros históricos do futebol português, como Belenenses e Vitória de Setúbal) a União de Leiria sempre foi - historicamente e em particular em finais do século XX e inícios do seguinte – um dos emblemas-estandarte das divisões profissionais nacionais, daqueles que qualquer adepto da época nem sequer equacionava não ver nas páginas da tradicional caderneta anual da Panini. Por entre classificações honrosas (mas sem nunca 'tocar' nos 'grandes') e as habituais 'subidas e descidas' experienciadas por um clube da sua dimensão, o Leiria conseguia, ainda, revelar uma série de jogadores que, mais tarde, viriam a almejar a mais altos vôos, com destaque para Hélton (histórico guardião do Porto que teve na cidade do Lis a sua primeira experiência futebolística em Portugal) e para os prolíficos avançados Maciel e Derlei, este último 'destinado' a fazer História como um dos poucos jogadores a vestir a camisola de todos os três grandes, e a gozar de sucesso em todos os três.

Em meio a estas revelações, no entanto, o clube alvirrubro contava, também, com a sua quota parte de 'jogadores de clube', aqueles 'Grandes dos Pequenos' que se contenta(va)m com uma carreira estável e o estatuto de ídolo dos adeptos; e, no período em causa, um destes nomes foi o de um médio trasmontano que, durante mais de uma mão-cheia de épocas, assegurou a consistência defensiva no centro do terreno leiriense, e que comemora este Domingo cinco décadas de vida.

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O médio ao serviço do clube onde se notabilizou.

Proveniente do Académico de Viseu, onde se formara e onde tivera as primeiras experiências como futebolista sénior, Luís Miguel Silva Tavares, mais conhecido como Luís Vouzela, chegava a Leiria, no início da época 1995/96, já com créditos de jogador estabelecido, após duas temporadas como peça indispensável do emblema viseense. O 'salto' para um nível consideravelmente mais alto tão-pouco assustou o médio, que, das seis temporadas que passaria no clube do Lis, apenas em uma não conseguiria afirmar-se como indispensável (1997/98, em que apenas amealhou pouco mais de uma dezena de presenças), tendo, nas restantes, sido pedra basilar do meio-campo alvirrubro, sempre com cerca de trinta a trinta e cinco jogos ao longo de cada época. Neste período, o viseense chegou também a partilhar o relvado com nomes sonantes do futebol nacional, como os futuros ídolos portistas Derlei e Nuno Valente, a ex-estrela de Benfica e Porto Tiago, o guarda-redes Costinha, antigo mal amado de Sporting e FC Porto, ou o futuro treinador dos 'leões', Silas, outro 'histórico' do clube.

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Vouzela no Moreirense.

Curiosamente, este honroso e regular registo, bem como o apreço de que gozava junto dos adeptos leirienses, não resultou em vôos ainda mais altos para Luís Vouzela; pelo contrário, os passos seguintes do médio seriam 'para o lado', já que se transferiria para emblemas da mesma dimensão do Leiria, ou até um pouco menores. O que também não mudaria seria o estatuto do jogador dentro dos plantéis de Santa Clara (primeiro) e Moreirense (depois), clubes entre os quais dividiria as épocas entre 2002/2003 e 2004/2005, realizando entre quatro a cinco dezenas de jogos por cada um. O 'salto', no caso para o estrangeiro, ficaria adiado para o fim de uma única época ao serviço do Beira-Mar, também em bom plano, após a qual o médio assinaria pelo Olympiakos Nicosia, de Chipre – à época destino de 'férias pagas' para um sem-número de jogadores portugueses de nível médio.

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Ao serviço do Beira-Mar.

Durou pouco, no entanto, a 'viagem de férias' de Vouzela, que se veria de regresso ao futebol nacional no final dessa época de 2006-2007, após apenas uma dezena de partidas pelo emblema cipriota. O 'remédio' para relançar a carreira passou, assim, por nova descida de nível profissional, com as épocas seguintes a verem Vouzela representar clubes progressivamente mais modestos: Desportivo de Chaves (onde se chegou a cruzar com outro Grande dos Pequenos, Kasongo, na última época do congolês enquanto futebolista), Nelas, e Penalva do Castelo foram os seus destinos nas três temporadas seguintes, antes de 'regressar a casa' para duas épocas no clube que o vira despontar para o futebol, no decurso das quais sofreu uma lesão grave na perna.

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Com a camisola do Chaves.

Ao contrário do que seria de esperar, no entanto, não seria no Académico de Viseu que Vouzela viria a dar por encerrada a carreira, tendo o médio recuperado da referida lesão o suficiente para representar ainda, já com estatuto de veterano, por Nogueirense e Oliveira de Frades, onde viria a terminar o seu percurso, já com quarenta anos feitos.

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No 'seu' Académico de Viseu, já veterano.

Um exemplo de longevidade dentro das quatro linhas, que chegaria ainda a ter um 'gostinho' da carreira de treinador, ao orientar os modestos Campia e Santacruzense durante um par de jogos cada, nas épocas de 2017/18 e 2018/19, respectivamente. Desde então, Vouzela tem-se mantido afastado do Mundo do futebol, preferindo dedicar-se a outras actividades na sua 'reforma', e ser lembrado por aquilo que deu aos campeonatos portugueses nos seus tempos de mais jovem. Parabéns, e que conte muitos.

25.02.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Um dos elementos mais importantes em qualquer agremiação desportiva é a chamada 'mística' – o conjunto de valores que definem a ética profissional e desportiva da colectividade, e que se espera que os atletas da mesma sigam sempre que a representam. É, precisamente, este factor que torna tão crucial, em qualquer plantel de qualquer desporto, a presença de atletas que vejam no clube que representam a sua 'casa', ou o tenham como emblema de coração desde muito jovens, já que é, normalmente, sobre eles que recai a responsabilidade de transmitir a 'essência' do clube aos recém-chegados. O jogador de que falamos este Domingo, e que completa no dia da publicação deste 'post' cinquenta anos de idade, insere-se nessa mesma categoria, ao lado de nomes como Serifo, Kasongo, Aloísio ou o colega de equipa Martelinho, tendo sido uma das grandes figuras de um 'histórico' português da década de 90. Um verdadeiro 'Grande dos Pequenos', portanto, que muitos adeptos da época reconhecerão das páginas das icónicas cadernetas da Panini – ou, caso sejam adeptos do clube em casa, de o ver jogar em 'carne e osso'.

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O central com a camisola que o notabilizou.

Falamos de Carlos Manuel de Oliveira Magalhães, mais conhecido pelo seu 'apelido' futebolístico, Litos, defesa-central que foi lenda do Boavista e, mais tarde, representou os espanhóis do Málaga, à época 'casa' para muitos nomes bem conhecidos dos meandros futebolísticos da viragem de Milénio, com destaque para os também ídolos Edgar e Duda. Natural do Porto e formado no clube ao serviço do qual se notabilizaria anos depois, seria, no entanto, no Campomaiorense que o central faria a sua estreia como sénior, por empréstimo do emblema axadrezado, na época de 1992/93. E a verdade é que, apesar da tenra idade (atributo que tende a jogar contra atletas defensivos, sobretudo numa posição-chave como a de central) Litos não demorou a estabelecer-se como figura importante do clube alentejano, pelo qual realizou cerca de três dezenas de partidas durante a temporada em causa.

Este início auspicioso não foi, no entanto, suficiente para convencer os responsáveis boavisteiros, e a época seguinte reservava novo empréstimo a Litos, desta feita para a zona da Grande Lisboa, para representar o Estoril-Praia. Infelizmente, este segundo empréstimo foi diametralmente oposto ao primeiro, com o central a participar em apenas cerca de metade dos jogos dos 'canarinhos' na campanha de 1993/94 – o que em nada ajudava à concretização do seu sonho de jogar pelo Boavista. Por sorte, o terceiro e último empréstimo da carreira do defesa voltou a correr-lhe bastante melhor, com Litos a estabelecer-se novamente como figura importante no Rio Ave, voltando a contabilizar mais de trinta partidas e, desta feita, fazendo o suficiente para justificar não só a sua inclusão no plantel axadrezado para a época de 1995/96, mas também diversas chamadas à Selecção sub-21, onde se tornou opção a partir de 1993.

E o mínimo que se pode dizer é que Litos não desperdiçou a sua oportunidade de finalmente viver o seu sonho, 'agarrando' o lugar com unhas e dentes e dando o mote para seis temporadas como opção quase indiscutível no seio do plantel axadrezado, culminadas com a inédita conquista do título de Campeão Nacional, na primeira temporada completa do Novo Milénio – campanha, aliás, em que Litos, por essa altura já com honras de capitão de equipa, teve papel determinante, formando um esteio defensivo de respeito com uma Cara (Des)conhecida prestes a rumar a mais altas glórias, Pedro Emanuel. Foi, também, durante este período que Litos teve a honra de representar a Selecção Nacional AA da fase Geração de Ouro, pela qual disputou um total de seis partidas entre 1999 e 2001.

As excelentes prestações durante a temporada do título, e o respeito e estatuto de que gozava entre jogadores e adeptos do Boavista, propiciaram mesmo o 'salto' internacional para Litos, que, no final da época em causa, assinava pelo emblema sul-espanhol que se viria a tornar a sua segunda 'casa'.

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Ao serviço do Málaga, de Espanha.

Em Málaga, o central seria novamente opção indiscutível em quatro das cinco épocas que passou de azul e branco, encantando e conquistando os adeptos espanhóis da mesma forma que fizera com os do seu clube formador, em Portugal – pelo menos durante a primeira época, já que, nas seguintes, foi gradualmente perdendo preponderância, acabando por se desvincular do emblema aquando da descida à II Divisão espanhola, no Verão de 2006. Oportunidade perfeita para regressar a Portugal, onde rapidamente encontrou novo 'emprego' ao serviço de outro histórico, a Académica de Coimbra, pela qual militou duas épocas, tendo sido titular habitual na primeira e opção de banco esporadicamente utilizada na segunda, o que motivou nova 'aventura' pelo estrangeiro, desta vez ao serviço dos austríacos do Salzburgo; meia época sem qualquer presença no 'onze' levou, no entanto, a que Litos desse oficialmente por encerrada a carreira no final da temporada 2007/2008.

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Em campo pela Académica.

Curiosamente, para um jogador com perfil de líder, Litos nunca se aventurou por cargos técnicos (não devendo ser confundido com o treinador e ex-jogador de alcunha semelhante, alguns anos mais velho, e que chegou a passar pelo Sporting) preferindo que o seu legado se resumisse aos feitos conseguidos dentro de campo. E a verdade é que, apesar dos poucos emblemas representados, o central podia, à data da sua reforma, gabar-se de ter sido Campeão Nacional, contra todos os prognósticos, e de ter partilhado o balneário com futuras 'lendas' como Nuno Gomes, Ricardo, Petit ou o referido Pedro Emanuel – um espólio honroso, e do qual o defesa se pode, com toda a justiça, orgulhar. Parabéns, e que conte muitos.

11.02.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Uma das grandes 'verdades implícitas' do futebol afirma que o melhor jogador das camadas jovens nem sempre será necessariamente o detentor da melhor carreira sénior; pelo contrário, na maior parte dos casos, uma mistura de falta de sorte, falta de oportunidade, imaturidade e factores externos acaba por condenar estes jovens a uma carreira não mais que honrosa, ou até mesmo ao 'esquecimento', bastando atentar nos famosos comentários de Cristiano Ronaldo sobre o colega de formação Fábio Paim para ter uma prova 'acabada' deste mesmo fenómeno.

Outro famoso exemplo, este cerca de uma década mais 'antigo', é o do jogador que recordamos este Domingo, apenas três dias após, aos cinquenta e dois anos, ter perdido a batalha contra a leucemia: um médio ofensivo (ou 'número dez') de consumado e reconhecido talento, Campeão do Mundo de sub-20 como parte da famosa 'Geração de Ouro', mas cuja carreira nunca logrou atingir os mesmos patamares das dos seus colegas de equipa na Selecção de Carlos Queiroz, incluindo a de um seu homónimo e colega de Selecção. Falamos de João Manuel de Oliveira Pinto, normalmente conhecido pelos seus dois apelidos, para o distinguir de dois homónimos contemporâneos: o histórico defesa-central do Porto com quem partilhava os dois nomes próprios, e o referido colega de posição na Selecção sub-20 de Lisboa '91, e futura estrela de Benfica e Sporting, João Vieira Pinto.

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O jogador ao serviço da Selecção

Formado nas então já célebres escolas do Sporting - onde foi campeão nacional de Juvenis e partihou o campo com nomes como Abel Xavier ou o futuro colega de Selecção Luís Figo - João Oliveira Pinto logrou vestir a camisola dos 'leões' apenas em uma ocasião, num jogo contra o Estoril a contar para a Taça de Honra de 1991/92, em que entrou como suplente, já na segunda parte; este efémero concretizar do sonho chegou já depois de um empréstimo ao Atlético lisboeta, então satélite do clube de Alvalade, onde o médio logrou realizar meras treze partidas antes do regresso a 'casa'.

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O cromo da Panini dos tempos do Gil Vicente (crédito da foto: Cromo Sem Caderneta)

Treze seria, também, o número de encontros que João Oliveira Pinto disputaria na temporada seguinte, já desvinculado do seu clube formador e efectivo no Vitória de Guimarães 'europeu' de Pedro Barbosa, Paulo Bento, Dimas, Quim Berto e Nuno Espírito Santo – apenas o primeiro de uma longa lista de clubes pelos quais o médio passaria nas nove temporadas subsequentes. Logo na época seguinte à passagem por Guimarães, por exemplo, Pinto ingressava no mesmo Estoril Praia que defrontara no seu único jogo com a 'listada' verde e branca, marcando presença em trinta e um jogos, contribuindo ainda com um golo.

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Com a camisola do Sporting de Braga.

Por sua vez, as boas exibições pelos 'canarinhos' valer-lhe-iam a transferência para o Gil Vicente, onde apenas na segunda época se lograria afirmar, com vinte e um jogos contra os quatorze de 1994/95, o suficiente para despertar o interesse do Braga de Quim e Karoglan. E se a primeira época na 'Pedreira' correu de feição, com vinte e seis presenças na equipa principal e um golo marcado, já a segunda veria o médio perder lugar no seio do plantel, figurando em apenas oito partidas no total da época. Estava, pois, na altura de novo 'salto', que levaria João Oliveira Pinto de um extremo ao outro do País, para assinar pelo Farense. Nova época em bom plano, com trinta e duas presenças no 'onze' e três golos (um recorde de carreira) suscitariam nova 'viagem', desta feita rumo às ilhas, para representar o Marítimo.

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O médio no Farense.

Na Madeira, o médio passaria duas épocas como elemento de 'rotação' (contribuindo, ainda assim, com vinte e quatro partidas e três golos) antes de, no final da primeira época completa do Novo Milénio, rumar à Académica, da então chamada Segunda Divisão de Honra. Apesar da temporada em relativamente bom plano, seria o primeiro de sucessivos 'passos atrás' na carreira, que veriam o outrora promissor médio passar de peça importante em históricos do escalão máximo do futebol nacional para reforço parcamente utilizado de clubes de ligas secundárias ou mesmo distritais, como o Imortal, Sesimbra, Amora (último clube onde se logrou impôr, com trinta presenças e dois golos na época 2003/04) e Alfarim, onde terminaria a carreira, já perto dos quarenta anos.

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João Pinto era, actualmente, dirigente do Sindicato dos Jogadores e delegado da FPF.

Ao contrário de muitos dos seus contemporâneos, João Oliveira Pinto não assumiu, após pendurar as botas, a carreira de treinador, embora se tivesse mantido ligado à Federação Portuguesa e Sindicato dos Jogadores do desporto do qual, em tempos, fora tido como uma das grandes esperanças, mas onde, fosse por que razão fosse, nunca se conseguira afirmar ao nível desejado. Ainda assim, a imagem que fica após a sua 'partida' é a de um jogador tenaz, talentoso, e a quem apenas faltou uma 'pontinha' de sorte para chegar a ser mais do que aquilo a que os britânicos se referem como um 'journeyman'; um caso, portanto, semelhante ao dos inúmeros outros jovens de que falávamos no início deste texto, e que deveria ser 'caso de estudo' para os mesmos nas Academias deste País, como símbolo de perserverança, esforço e ética profissional em prol da manutenção da carreira. Que descanse em paz.

14.01.24

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Já aqui anteriormente aludimos a jogadores que atingiram o sucesso em dois ou mais dos chamados 'três grandes' portugueses. Apesar de a referida lista não ser, de modo algum, extensa, é ainda relativamente fácil, mesmo para o adepto mais 'distraído', recordar nomes como Simão Sabrosa, Ricardo Quaresma, João Moutinho, Zlatko Zahovic ou – mais distanciados no tempo – João Vieira Pinto, Mário Jardel, Paulo Bento ou Sergei Yuran. O futebolista que abordamos este Domingo – por ocasião do seu quinquagésimo-segundo aniversário – alia a sua presença nessa lista a um estatuto de 'Grande dos Pequenos' que só lhe é negado, precisamente, pelo facto de ter jogado em ambos os lados da Segunda Circular lisboeta.

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Um jovem Rui Bento em início de carreira ao serviço do Benfica.

Isto porque Rui Fernando da Silva Calapez Patrício Bento – médio-defensivo algarvio integrante oficial da Geração de Ouro campeã de sub-20 em 1991 e da equipa Olímpica de Atlanta 1996, e um dos dois 'Bentos' a ganhar fama nessa posição durante a década de 90 – passou a grande maioria da sua carreira, não na Lisboa onde se formara para o futebol, mas na capital rival, onde envergou a 'malha' axadrezada do histórico Boavista, então em meio a uma das melhores fases da sua ilustre História.

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Bento com a camisola que o celebrizou

Contratado ao Benfica no início da época 1991/92após uma temporada em que foi elemento importante do plantel, e que de forma alguma faria prever tal transferência – o médio de 'trunfa' encaracolada apenas viria a deixar o Bessa exactas dez épocas depois, já com estatuto de lenda viva e histórico do clube, para ingressar no terceiro emblema da sua carreira (e segundo 'grande'), onde ainda chegaria a tempo de - ao lado do 'outro' Bento e dos referidos Ricardo Quaresma, Mário Jardel e João Vieira Pinto, além de colegas de Selecção como Dimas e Rui Jorge - ser peça-chave na conquista do segundo título de Campeão Nacional em três anos, ainda hoje o intervalo entre títulos mais curto para o Sporting da era moderna. Curiosamente, Bento chegava a Alvalade já com estatuto de campeão, tendo feito parte integrante do inédito e histórico triunfo do Boavista na época transacta.

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O médio no Sporting.

Seguir-se-iam mais duas épocas em Alvalade, ao longo das quais Rui Bento assistiria em 'primeira mão' ao despontar do maior talento de sempre no futebol português (o médio encontrava-se, aliás, em campo quando Cristiano fez o primeiro, e impressionante, golo da sua carreira sénior, frente ao Moreirense) antes de perder preponderância como consequência da idade, dando lugar a novos talentos na zona central. Para trás ficavam mais de uma dúzia de temporadas como jogador sénior, das quais apenas a primeira e a última não o tinham visto actuar como peça preponderante da equipa em que militava – um registo mais do que honroso para aquele que foi, simultaneamente, um dos principais nomes da Primeira Divisão portuguesa noventista, e um dos seus mais discretos.

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Ao serviço da Selecção Nacional.

Tal como tantos outros nomes que figuram nesta rubrica, também Rui Bento não deixou que o 'pendurar de botas' equivalesse ao seu 'fim' para o futebol, transitando para cargos técnicos após o final da carreira, nomeadamente para o de treinador. Académico de Viseu, Barreirense e Penafiel proporcionaram ao ex-médio defensivo as suas primeiras experiências profissionais nessa categoria, antes de o mesmo ser contactado pelo 'seu' Boavista, no início da época 2008-2009. Infelizmente, a passagem de Bento pelo Bonfim como treinador ficaria muito longe da que fizera enquanto jogador, durando apenas um ano, após o qual o ex-internacional português seria destacado pela Federação Portuguesa de Futebol para o cargo de Seleccionador Nacional sub-17; a estadia neste cargo seria, no entanto, novamente curta, tendo Rui Bento rapidamente regressado ao universo clubístico, para treinar o Beira-Mar.

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Bento na sua posição actual como treinador do Kuwait.

Em Aveiro, o ex-médio mal chegaria a aquecer o banco, antes de embarcar na primeira 'aventura' no estrangeiro de toda a sua vida, assumindo o comando do Bangkok United, do campeonato tailandês; mais uma vez, no entanto, a estadia de Bento na Ásia duraria apenas uma época, tendo o ex-internacional português regressado ao seu país-natal no Verão de 2015 para treinar o Tondela, antes de reassumir o cargo de seleccionador das camadas jovens, em 2016. Durante os seis anos seguintes, Bento trabalharia com todos os escalões entre sub-17 e sub-20, antes de ser promovido a seleccionador sénior...da Selecção do Kuwait, cargo que actualmente desempenha. Um posto algo aquém do que a sua carreira como jogador mereceria, talvez, mas que consegue ser, simultaneamente, discreto e essencial para o desempenho da equipa – precisamente como o era Rui Bento enquanto jogador de campo. Parabéns, e que conte ainda muitos.

25.12.23

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 24 de Dezembro de 2023.

Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.

Qualquer adepto português dos anos 80, 90 e 2000 tem 'na ponta da língua' o nome de uma série de jogadores históricos dos campeonatos da época, dos elementos da Geração de Ouro a ídolos mais modernos, como o já lendário Cristiano Ronaldo. Numa categoria logo abaixo da destes, menos 'universais' mas não menos conceituados, existe todo um outro lote de jogadores que chegam a ídolos dentro do seu próprio clube, sem nunca extravasarem por aí além esse patamar, do qual, em Portugal, fazem parte nomes como Aloísio, Iordanov ou Isaías, para citar apenas exemplos ligados aos três 'grandes'.

É, também, deste último grupo que faz parte o nome que hoje recordamos, que celebra neste dia 24 de Dezembro o seu sexagésimo-sexto aniversário e que, há exactos trinta anos, partia para os últimos seis meses de uma carreira que abrangeu mais de uma década e meia, quase sempre ao serviço de apenas dois emblemas. Falamos de António Santos Ferreira André, médio-defensivo vila-condense formado no Rio Ave mas que, entre finais da década de 70 e meados da de 90, se celebrizou ao serviço primeiro do 'vizinho' Varzim e, mais tarde, do Futebol Clube do Porto, onde foi esteio do meio-campo durante grande parte da sua carreira.

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De facto, à excepção dos três primeiros anos da carreira sénior (passados com as camisolas do Rio Ave e Ribeirão) António André foi 'homem de dois clubes', amealhando mais de cem jogos pelo Varzim entre finais da década de 70 e meados da seguinte antes de se transferir para os 'Dragões' do Norte, onde viria a passar as nove temporadas até ao final de carreira. Durante esse período, o médio viria a disputar mais de duzentos e setenta e cinco jogos pelo clube das Antas, e ganharia tudo o que havia para ganhar: sete títulos de Campeão Nacional da I Divisão (o último dos quais celebrado há exactas trinta épocas, no Verão de 1994), três Taças de Portugal, seis Supertaças e, em 1987, a 'tríplice' europeia, com uma Taça dos Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental, feito apenas superado já no século e Milénio seguintes, quando o 'super-Porto' venceria a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em anos consecutivos. Pelo meio, ficaria também a natural e expectável chamada à Selecção Nacional, pela qual alinhou no Mundial de 1986 - aquele que viria a ficar na História por um dos melhores golos de todos os tempos, da autoria de Diego Maradona.

Ao 'pendurar as botas' e transitar para a função de olheiro (do FC Porto, claro), António André podia, assim, gabar-se de uma carreira ilustre, da qual se retirava com estatuto de ídolo, senão para a geração 'Millennial', pelo menos para os adeptos da 'X' - e sobre a qual se encontrará, certamente, a reflectir nesta quadra natalícia em que também completa sessenta e seis anos, na companhia do filho, o também futebolista André André, notabilizado no Vitória de Guimarães. Parabéns, e que conte ainda muitos!

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