08.06.25
Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.
Independentemente de quaisquer preferências clubísticas, há que reconhecer que o Sport Lisboa e Benfica teve, nos anos 80 e inícios de 90 (antes do início da década de hegemonia do Futebol Clube do Porto) uma série de grandes equipas, com nomes que se viriam a tornar símbolos do futebol em Portugal, e a estabelecer carreiras não menos honrosas em cargos técnicos após 'pendurarem as botas'. De facto, a profundidade dos plantéis dos 'encarnados' durante esta época fazia com que mesmo os jogadores menos 'notáveis' das equipas das águias lograssem atingir os píncaros do desporto-rei em Portugal, e estabelecer-se como nomes sonantes dos campeonatos nacionais até mesmo após o seu período áureo. É precisamente, esse o caso com o jogador de que falamos este Domingo, por ocasião do seu sexagésimo-sétimo aniversário, e que foi 'grande' não só do Benfica, como também de dois outros históricos do futebol nacional.
Nascido na vila da Moita, na Margem Sul do Rio Tejo, e formado no 1º de Maio Sarilhense e no Rosairense, António Henriques Fonseca de Jesus Oliveira (conhecido apenas pelo seu último apelido) iniciou a carreira sénior no clube hoje conhecido como Fabril do Barreiro, que na altura (finais dos anos 70) adoptava a denominação de duas das principais unidades industriais da área. Ali jogaria por quatro anos, sempre como peça importante no seio da defensiva (ocupando a extinta posição de líbero) até almejar dar um 'salto' considerável – directamente para a então chamada Primeira Divisão nacional – ao ser contratado pelo Marítimo, em 1982.
Durou apenas uma época a primeira experiência de Oliveira no Arquipélago da Madeira, no entanto, já que, após uma boa época, o líbero era sondado e contratado pelo Benfica, subindo assim mais um patamar na sua carreira sénior. E a verdade é que, ao contrário do que é habitual, a camisola não 'pesou' ao defesa, que, ao longo dos seus quatro anos de águia ao peito, se viria a afirmar como peça importante (sendo titular quase indiscutível em duas das temporadas que passou na Luz) e a contribuir para dois títulos de campeão nacional, três Taças de Portugal e uma Supertaça.
Seria, também, durante esta fase da sua carreira que Oliveira lograria atingir a honra máxima, ao ser convocado para a Selecção Nacional portuguesa, primeiro para um particular frente ao Brasil, em Coimbra (no dia do seu vigésimo-quinto aniversário, portanto, há exactos quarenta e dois anos) e depois para disputar o Mundial de 1986, onde participaria em todos os apenas três jogos da equipa das Quinas. No total, o jogador viria ainda a somar mais cinco internacionalizações ao longo da sua carreira, a última das quais no âmbito da qualificação para o Mundial de Itália '90, já depois de ter deixado o Benfica para representar, novamente, os verderrubros insulares do Clube Sport Marítimo, aos quais regressaria em 1987, e com os quais veria, ainda, o dealbar da última década do século XX.
Haviam decorrido apenas alguns meses do ano de 1990, no entanto, quando Oliveira deixava pela última vez o Estádio dos Barreiros para rumar mais uma vez ao continente, desta vez a Aveiro, 'casa' da última equipa que viria a representar como profissional. Ao serviço do Beira-Mar, o libero (tornado defesa-central com a extinção táctica da posição) faria ainda quatro épocas, sempre como peça-chave quase indiscutível, antes de 'pendurar as botas' a nível profissional (representaria ainda, a nível amador, os veteranos de ainda outro histórico, o Clube Sport Campomaiorense, que, anos depois, viria a ser o adversário do Beira-Mar na final da Taça de Portugal de 1998-99) aos trinta e seis anos de idade,
Ao contrário de muitos dos seus contemporâneos (incluindo um seu homónimo, também jogador do Benfica), 'este' António Oliveira não transitou, após a conclusão da carreira, para qualquer cargo técnico, preferindo ser lembrado apenas como esteio defensivo do Benfica numa das suas melhores épocas, e 'colega' mais discreto de Bobó, Chalana, Rui Águas, Bento, Silvino e outros nomes lendários das 'águias' lisboetas. Só esse estatuto, no entanto, já lhe outorga o estatuto de 'lenda' da Primeira Divisão, o qual é cimentado pelas suas passagens pelos outros dois clubes do principal escalão que representou, sempre de forma honrada e honrosa. Razão mais que suficiente, pois, para lhe dedicarmos esta 'prenda de anos', restando-nos desejar-lhe as maiores felicidades, e que conte ainda muitos mais anos felizes de vida.