10.12.21
Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.
Apesar de a roupa de marca ter, tradicionalmente, exercido enorme influência junto dos jovens de todas as idades, os anos 90 e inícios de 2000 viram essa tendência exacerbar-se. A maior acessibilidade da roupa com nomes de marcas famosas – fosse ela genuína ou de contrafacção – tornou os itens de vestuário com logotipos reconhecíveis quase obrigatórios no guarda-roupa de qualquer jovem da época.
Foram várias as marcas que beneficiaram desta tendência, algumas das quais – como a Quebramar ou a No Fear – foram já abordadas nesta rubrica; hoje, no entanto, chega a vez de falar de outro conhecido emblema, que adornou muitos torsos de ambos os sexos ao longo da 'nossa' década e da seguinte: a Gap.
Famosa pelas suas calças de ganga e camisas, a Gap não era, no entanto, conhecida à época por qualquer destes artigos; a peça que tornou a marca visão inescapável nas escolas preparatórias e secundárias de Norte a Sul do País era bem mais casual e relaxada, e de 'design' ainda mais simples – tratava-se, pura e simplesmente, de uma 'sweatshirt' de capuz, de cor lisa, com o emblema da marca bordado em letras garrafais na frente. Sim, essa mesmo – a famosa 'camisola da Gap', que quase toda a gente tinha, ou pelo menos conhecia quem tivesse.
Um dos itens de vestuário mais populares e desejados das décadas de 90 e 2000
Àparte o chamariz da marca, era difícil apontar qual, exactamente, era o atractivo desta 'sweatshirt'; tratava-se de uma peça bem confeccionada e resistente, como seria de esperar de um artigo de preço tão elevado, mas o 'design' era minimalista ao ponto de quase não existir, especialmente se comparado com as mais inspiradas ofertas das referidas No Fear e Quebramar, ou ainda de marcas como a Mad = Bad. Quem viveu os anos 90 enquanto jovem, no entanto certamente se lembrará que essa foi uma década de camisolas com enormes logotipos da marca em causa – normalmente de desporto – o que poderá ajudar a explicar a popularidade deste artigo, que se inseria precisamente nessa categoria.
Fosse qual fosse a razão, no entanto, a verdade é que esta peça de roupa era, inegavelmente, da preferência dos jovens (sobretudo adolescentes) sendo que o seu carácter declaradamente unissexo permitia que fosse vestida em pacífica convivência por rapazes e raparigas, sem que tal desse azo às habituais picardias ou dichotes (as quais, quando ocorriam, estavam sobretudo ligados à associação desta camisola à famigerada demografia dos 'betinhos'.)
Como seria de esperar, o sucesso da 'camisola da Gap' deu origem a 'designs' muito parecidos (e, por vezes, bem mais interessantes) por parte de lojas e marcas com menor expressão; no entanto, as mesmas eram muitas vezes recebidas com o habitual desdém que as crianças (de qualquer era) reservam a coisas 'falsas' ou 'de imitação' – ainda que, conforme referido, nem sempre o merecessem.
Como também vem sendo habitual com os itens de que aqui falamos, a popularidade destas camisolas – e da marca Gap em geral – foi alvo de um declínio acentuado ao longo das duas primeiras décadas do século XXI, sendo que hoje é extremamente raro avistar alguém, quer jovem quer mais velho, com uma delas vestida; com efeito, a 'queda' da marca foi tão acentuada que há hoje quem esteja na casa dos vintes e praticamente não conheça a marca que 'virou a cabeça' de pessoas (muito) pouco mais velhas em finais da década de 90! Quem lá esteve, no entanto, sabe a 'loucura' que estas camisolas representaram, e recorda sem dúvida a sensação de orgulho por ter no armário aquela camisola com as três letrinhas mágicas bordadas na zona do peito - ou, inversamente, a inveja por não ser tão sortudo. Um impacto sem dúvida invejável, para uma peça que pouco mais era do que uma 'sweatshirt' de capuz lisa com o nome da marca na frente...