02.10.22
Aos Domingos, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos principais acontecimentos e personalidade do desporto da década.
Desde que demos início a esta rubrica dedicada a celebrar jogadores cuja carreira se fez longe dos 'três grandes', e como figura maior de clubes mais pequenos, temos mencionado vários nomes que acabam por ficar associados a apenas um ou dois clubes em particular ao longo da sua carreira, mostrando um amor e dedicação à(s) camisola(s) pouco habitual num meio mercenário como é o do futebol. Agora, chega a altura de juntar mais um desses jogadores à lista que já inclui nomes como Serifo, Fary ou Martelinho, e de falar de um dos mais sonantes e influentes futebolistas a passar pelo histórico Rio Ave durante a década de 90.
O jogador com a camisola com que se tornou sinónimo durante a década de 90
Nascido João Paulo Santiago Albuquerque, em Luanda, Angola, a 02 de Abril de 1974, este jogador viria – como tantos outros - a ficar conhecido nos meandros do futebol nacional por uma alcunha: Camberra. Foi sob esse nome que deu os seus primeiros passos, ainda com idade de juvenil – em outro histórico do futebol nacional, o Atlético CP, corria a época de 1989/90 – e seria por ele que se daria a conhecer nos campeonatos profissionais, duas épocas depois, ao serviço de ainda mais um emblema de enorme tradição, o Gil Vicente. E apesar de essa passagem pelo clube barcelense ter sido tão discreta quanto as anteriores por Atlético e Ovarense, até pela tenra idade do jogador, as suas oito exibições com a camisola dos gilistas foram, ainda assim, suficientes para despertar, o interesse do Rio Ave, que o contrataria no inicio da época 1992/93, quando Camberra contava, ainda, apenas dezoito anos.
Sem que qualquer das partes ainda o soubesse, iniciava-se nesse momento uma daquelas relações de sinergia que, cada vez mais, vão faltando no futebol moderno; no total, Camberra passaria seis épocas e meia no clube vilacondense, sempre como membro preponderante no coração do meio-campo dos alviverdes, cimentando o seu estatuto como um dos Grandes daquele Pequeno que contava, também, com outro nome ainda mais histórico em Vila do Conde que o de Gamboa: Augusto Gama, de quem paulatinamente também aqui falaremos.
Tão-pouco seria esse o último contacto de Camberra com um nome histórico no seio de um clube, já que a sua próxima aventura o levaria a cruzar-se com Serifo, nome maior do Leça, a quem o médio se juntaria na janela de transferências de Inverno da época 1997/98; precisamente um ano depois, e após trinta e duas partidas pelo seu novo clube, o angolano viria a aceitar o desafio de outro clube nortenho das divisões inferiores, no caso o Freamunde, onde passaria meia época, contribuindo com 17 aparições. O novo milénio veria, no entanto, o médio rumar ainda a outras paragens, tendo as últimas duas décadas da sua carreira sido passadas, respectivamente, com o Desportivo das Aves (27 partidas, 1 golo) e Famalicão (25 partidas) antes de o angolano pôr um ponto final na mesma, com apenas 28 anos.
Apesar do seu contributo para todos estes 'históricos' do desporto-rei nacional, no entanto, não restam dúvidas sobre qual o clube com o qual Camberra é mais frequentemente e imediatamente identificado: são mesmo as seis épocas e meia e quase 170 partidas do médio angolano ao serviço do Rio Ave que lhe outorgam o estatuto de verdadeiro Grande dos Pequenos, demonstrando enorme brio profissional e verdadeira dedicação ao clube vilacondense, e justificando a sua presença nesta nossa rubrica, ao lado de outros nomes tão históricos quanto ele próprio.