08.12.22
Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.
Numa altura em que mais um ano se aproxima a passos largos do final, chega a altura em que, em décadas passadas, seria necessário actualizar uma parte essencial não só da decoração da cozinha ou escritório, mas também da carteira. Falamos, é claro, do calendário, uma das Quinquilharias que não podia faltar no bolso de qualquer cidadão português dos anos 90, 'entalado' entre o Cartão Jovem e o BI na carteira ou – mais tarde – enfiado na bolsa traseira das primitivas bolsas para telemóvel.
Exemplo de um calendário promocional, no caso da CP
Rivalizando apenas com os isqueiros, canetas, porta-chaves e baralhos de cartas em termos de variedade e criatividade de 'decoração', os calendários de bolso tinham em comum o facto de serem, na sua esmagadora maioria, obtidos de graça, normalmente (embora nem sempre) como brinde promocional de uma qualquer empresa ou prestador de serviços; e, tal como as outras categorias de Quinquilharias acima enumeradas, era inevitável que a gaveta das 'bugigangas' de qualquer lar médio português acabasse repleta de um sem-número de calendários do mesmo ano (alguns deles, inclusivamente, duplicados) cujo último e fatídico destino era o balde do lixo – ou, com sorte, a colecção de algum dos residentes mais novos.
Colecções como esta existirão ainda, certamente, em muitas casas de infância Portugal afora.
Sim, à semelhança dos objectos acima referidos – e de outros, como os Credifones – a natureza variada e facilidade de obtenção dos calendários de bolso tornava-os escolhas frequentes para os coleccionadores infanto-juvenis; é, aliás, bastante provável que haja, ainda, uma infinidade de colecções desse tipo espalhadas por sótãos e garagens por esse Portugal fora, prontas a render dinheiro em sites como o OLX, ou simplesmente – para os menos ambiciosos – a despertar memórias de tempos que já lá vão e não voltam, em que os telefones eram fixos (ou extremamente básicos) e a existência de objectos como calculadoras, 'pagers' ou calendários de bolso não só fazia sentido, como era activamente necessário – prova, como se a mesma ainda fosse necessária, de quanto a tecnologia revolucionou a forma de viver da sociedade ocidental (Portugal incluído) nos últimos trinta anos...