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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

14.04.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Os 'jeans' são, tradicionalmente, um dos elementos mais marcantes e definidores de qualquer estilo ou moda, e os anos 90 não foram excepção a esta regra; antes pelo contrário, a última década do século XX (bem como a primeira do Novo Milénio) viram as calças (de ganga ou de qualquer outro material) servir de elemento identificativo para as diferentes 'tribos' urbanas. Das calças à boca de sino das 'betinhas' às calças largas do movimento alternativo, passando pelas jardineiras, pelos camuflados típicos dos fãs de música pesada ou pelas calças de fato de treino da 'malta' mais 'dread', a parte inferior do vestuário era uma das formas mais fáceis de identificar a que grupo pertencia uma determinada pessoa; e, nos últimos anos da década em causa, um dos principais codificadores do 'pessoal' alternativo eram as imediatamente reconhecíveis calças da extinta marca Resina.

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Um 'design' bem típico da marca.

'Rainhas' entre os 'jeans' deste tipo (apesar de terem competição aguerrida por parte de outras marcas 'radicais' como a Fubu) as calças da Resina tinham como principais elementos distintivos o seu formato (invariavelmente 'largueirão', bem ao gosto dos praticantes de 'skate' ou dos entusiastas do hip-hop) e a 'mascote' de visual bem 'cool' que marcava presença em todas as suas peças, ao estilo do que sucedia, na mesma altura, com o ratinho da Sacoor ou os rapazinhos carrancudos da Mad+Bad e Street Boy. Ambos estes elementos, especialmente quando combinados, ajudavam a dar aos 'jeans' da marca um aspecto e 'design' absolutamente irresistíveis para a demografia-alvo, tornando estas calças num dos artigos de vestuário mais cobiçados pelos jovens portugueses durante um bom par de anos – uma daquelas peças que quem não tinha, queria ter, e quem tinha, raramente tireva do corpo.

À semelhança de muitas das peças e marcas acima citadas, no entanto, também a Resina viu o seu momento de glória no mercado português terminar, à medida que a marcha inexorável da moda ditava outras tendências e estilos para os jovens lusitanos, que levariam à eventual extinção da marca; ainda assim, o icónico visual das calças da marca marcou definitivamente época, fazendo parte integrante e inegável da lista de peças de vestuário imediatamente reconhecíveis por qualquer membro daquela geração da 'viragem do Milénio', e que suscitam exclamações de nostalgia sempre que são recordados ou mencionados – mesmo quando, ao contrário de alguns dos supramencionados, não fazem parte da 'linha da frente' de memórias daquela época.

17.03.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Mesmo sendo um dos artigos de vestuário mais intemporais e universais alguma vez criados, as calças de ganga não são, ainda assim, imunes a flutuações e variações derivadas da moda – antes pelo contrário. Para além dos cortes, que mudam consoante as tendências da estação, também o próprio formato das calças 'entra e sai' de moda, sendo relativamente fácil identificar a era temporal de um par de 'jeans' apenas com base neste mesmo elemento. E se os finais da década de 90 e inícios da seguinte foram a era por excelência das calças largas e à boca de sino, os anos anteriores viram surgir e popularizar-se um outro tipo de 'jeans': as icónicas jardineiras.

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Ainda hoje utilizadas pelas suas demografias original (as crianças pequenas, os trabalhadores manuais e as mulheres grávidas) as jardineiras tornaram-se, nos anos 90, parte do 'estilo' de um outro sector da sociedade – nomeadamente, a das adolescentes do sexo feminino, que as incorporaram nos seus 'looks' mais casuais e desportivos, e fizeram delas um dos mais icónicos símbolos da moda dos anos 90, sendo que quem foi da idade certa durante a última década do século XX e primeiros anos do Novo Milénio certamente se lembrará de ter usado (ou visto as familiares ou colegas de turma usar) calças deste tipo, normalmente com uma das alças (ou até ambas) desabotoadas e a pender pelas costas abaixo, e combinadas com ténis All-Star, Airwalk ou até socas plataforma.

O atractivo deste tipo de calças era, aliás, óbvio, já que as mesmas aliavam a versatilidade à practicidade e conforto (visto muitos dos modelos serem 'largueirões', eliminando a principal razão de queixa de muitos relativamente às gangas), podendo ser usadas numa grande variedade de situações informais ou semi-informais sem nunca parecerem deslocadas ou de alguma forma impróprias – desde que o artigo em causa fosse de bom corte e estivesse bem tratado, bem entendido.

Tal como a maioria das outras modas que abordámos em edições passadas desta rubrica, também as jardineiras tiveram a sua época, sendo hoje codificadas como elemento de um estilo declaradamente 'vintage', e especificamente associado aos anos 90. A tendência cíclica da moda dita, no entanto, que estas icónicas calças de ganga venham, num futuro muito próximo, a estar novamente 'na moda', e a conquistar o coração de toda uma nova vaga de adolescentes; até lá, o espírito das jardineiras continuará a ser perpetuado pelos públicos para que foram originalmente concebidas...

20.01.23

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

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Lois. Lee. Replay. Guess. Reporter. Wrangler. Levi's. Qualquer jovem acima de uma certa idade durante os anos 90 conhecia todos estes nomes, e sabia não só escolher os seus favoritos como justificar essa mesma escolha. Isto porque, apesar de os 'jeans' serem um artigo de vestuário absolutamente intemporal, e que nunca sai de moda, os movimentos ligados ao 'rock' e à música alternativa tornaram os anos 80 e 90, mais do que quaisquer das décadas circundantes, a 'era da ganga' por excelência.

De facto, fosse no formato 'artisticamente rasgado' vigente no início da época (e entretanto ressuscitado), nos formatos largo ou à boca de sino típicos dos últimos anos do Segundo Milénio, ou na sua forma mais clássica, a direito ou em 'corte vaqueiro' e sem quaisquer adereços, os 'jeans' estiveram, a par das t-shirts e sweatshirts menos 'espalhafatosas' e dos ténis Converse, entre as poucas peças de roupa que atravessaram essas décadas – e também as subsequentes – sem em qualquer momento terem 'saído de moda'. É certo que os formatos diferiam, como aliás mencionámos no início deste parágrafo, mas não houve, durante aqueles vinte anos, qualquer momento em que os 'jeans' não fizessem parte integrante dos figurinos jovens; pelo contrário, como se poderia deduzir pelo 'rol' de marcas que abre este 'post', o mercado poucas vezes esteve tão receptivo e propício a este tipo de item, que figurava nos guarda-roupas juvenis logo desde tenra idade, sob a forma ds tradicionais jardineiras – as quais, paulatinamente, também aqui merecerão a nossa atenção.

E ainda que estas últimas tenham descrescido em popularidade durante as primeiras décadas do século XX, o mesmo não se verificou com as versões 'sem alças', que continuam a ser vestidas diariamente – nos diferentes formatos 'da moda' – por portugueses (e não só) de todas as idades e estratos sociais, tornando-as uma das peças mais intemporais e consensuais da história do vestuário – mesmo que, ainda hoje, umas Levi's continuem a não equivaler exactamente a um par de calças da Primark, tal como, nos anos 90, não equivaliam a umas compradas no hipermercado...

10.04.22

NOTA: Este post é respeitante a Sexta-feira, 08 de Abril de 2022.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Já anteriormente aqui se discutiu o impacto que o movimento alternativo - quer na vertente 'rock', quer 'hip-hop' - teve sobre a juventude portuguesa de finais do segundo milénio; e um dos aspectos mais visíveis dessa mesma influência era a forma de vestir, um dos principais identificadores externos do 'estilo' a que se pertencia. E enquanto os 'betinhos' tinham as 'sweats' da Gap, as camisas Sacoor, os pólos de 'rugby', os sapatos de vela, os blusões da Duffy e as calças à boca de sino, os 'dreads' tinham os panamás às florzinhas (aos quais paulatinamente chegaremos), os bonés de equipas desportivas, os ténis Airwalk, as 'sweats' de marcas de surf e skate, e aquela que era literalmente a 'alternativa' às calças à boca de sino: as calças largas.

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Sim, durante um período de dois ou três anos, no final do século XX, um dos items mais desejados pela maioria dos jovens de tendência mais 'alternativa' foram calças de corte propositalmente largo (as bases das pernas tapavam, idealmente, todo o topo dos ténis), cujos bolsos se estendiam quase até aos joelhos (ou à base do rabo, no caso dos bolsos de trás), acomodando sem problemas um 'walkman' ou 'discman', uma consola portátil, ou até algo como um livro, uma barra de chocolate ou uma sanduiche. Fosse na vertente ganga (sempre com as tradicionais costuras brancas, que não deveriam faltar num item deste tipo) fosse no ainda mais popular formato 'chino' (cinzento ou, preferencialmente, bege ou cor de creme), de corte masculino ou feminino, as calças deste tipo eram parte indispensável do vestuário tanto de quem era 'dread', como de quem queria ser; e quem não tinha (e não tinha dinheiro para comprar) um par, 'caçava com gato', isto é, comprava simplesmente um par de calças normal, vários tamanhos acima, e apertava-o na cintura para que servisse. O importante era que o efeito visual fosse o correcto...

Como tantas das peças de que aqui falamos (incluindo o seu indispensável complemento, os ténis de 'skate', e as 'rivais' boca de sino) as calças de formato largo acabaram, com o passar dos anos, por voltar ao seu reduto mais 'de nicho', tanto na sociedade portuguesa, como um pouco por todo o Mundo; quem 'lá esteve', no entanto, não esquece o impacto que essa vestimenta teve numa parte significativa da população jovem nacional da época, para quem era (mais um) elemento-chave de identificação e 'localização' social...

08.01.22

NOTA: Este post é correspondente a Sexta-feira, 08 de Janeiro de 2021.

Um dos aspetos mais marcantes dos anos 90 foi o seu inconfundível sentido estético e de moda. Em sextas alternadas, o Anos 90 recorda algumas das marcas e modas mais memoráveis entre os jovens da ‘nossa’ década.

Uma das verdades mais universalmente aceites sobre o assunto da moda e vestuário é que as tendências são cíclicas. Quer isto dizer que, mais cedo ou mais tarde, todo e qualquer artigo considerado 'fora de moda' numa determinada época irá voltar a ser desejável, sendo o intervalo médio para que tal aconteça de entre duas a três décadas (por esta lógica, devemos estar aí a ver um regresso das bolsinhas de trocos e 'daqueles' fatos de treino da nossa infância, por isso vão-se preparando...) E embora os exemplos que provam este axioma são já inúmeros, iremos hoje focar-nos num que fez furor na 'nossa' época, nomeadamente na segunda metade da década de 90 e primeira da década seguinte: as calças de ganga à boca de sino.

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'Resgatadas' dos anos 70 e passadas pelo prisma estilístico dos anos 90 (com pernas mais estreitas e bocas de sino bem menos espampanantes que na sua encarnação original), estas calças surgiram no mercado de finais dos 90 prontas a serem adoptadas por toda uma mancha demográfica adolescente, no caso (e ao contrário do que sucedia nos anos 90) exclusivamente do sexo feminino -o equivalente masculino, à época, regia-se precisamente pelo princípio oposto, sendo propositadamente o mais largo possível, por forma a agradar aos jovens fãs de hip-hop ou rock alternativo.

Como Quem adoptou ou conviveu com o 'look' certamente se lembrará, estas calças eram normalmente combinadas com as características, e também marcantes, socas de plataforma, das quais talvez falemos num futuro próximo. É claro que este não era o ÚNICO tipo de calçado utilizado com estas calças - havia quem as combinasse com botas de salto e biqueira fina, ou ainda com os tradicionais e sempre versáteis All-Stars - mas não havia, durante o auge desta peça, rapariga adolescente que não tivesse pelo menos um par das ditas socas no armário, para uso quase exclusivo com este tipo de calça.

Este icónico conjunto (que se completava normalmente com uma camisola de malha fina, ou uma sweatshirt, quer da Gap ou outra marca semelhante, quer daquelas com colagens fotográficas que também chegaram a estar muito na moda) serviu como 'uniforme' escolar de toda uma geração de alunas do 3º ciclo e ensino secundário durante um período de praticamente uma década, antes de - como tantas outras modas e artigos de que falamos nestas páginas, ter acabado por cair em desuso, substituído por outro tipo de peça. No entanto, e como que para provar o axioma exposto no início deste texto, as calças boca de sino parecem estar, mais uma vez, a entrar 'na berra', embora agora em tecido, ao invés de ganga. Ainda assim, é como vos dizemos - já não deve tardar muito para começarmos a ver miudagem vestida com meias brancas de raquetes e sweatshirts da No Fear e Quebramar...

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