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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

15.02.23

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog.

Em plena era do Facebook, Twitter, TikTok e Instagram – em que um dos principais objectivos da maioria dos jovens passa por colocar tantos aspectos da sua vida quanto possível em 'hasta pública', para o resto da sua geração ver e comentar – a ideia de manter pensamentos, planos e até sentimentos só para si mesmo, num livrinho ou caderno que mais ninguém estava autorizado a consultar, parece, no mínimo, caricata; e, no entanto, os referidos volumes fizeram parte integrante da infãncia de muitas crianças do século XX e inícios do XXI.

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Um exemplo bem típico do produto em causa.

Falamos, claro está, dos diários, um conceito que reúne vários elementos, hoje em dia, perfeitamente desactualizados e até obsoletos. Senão veja-se: eram volumes físicos, em papel, nos quais se escrevia à mão, e que não eram mostrados a ninguém – ou seja, o total oposto do paradigma actual nas redes sociais. De facto, aqueles caderninhos de papel liso ou pautado, muitos deles, inclusivamente, com cadeado (!!!) para assegurar que ninguém 'bisbilhotava', servem como ilustração perfeita das profundas diferenças entre a Geração Z e as que lhe sucederam, já que um jovem da sociedade ocidental actual procuraria veicular os conteúdos do seu diário, muito mais do que mantê-los secretos!

Para as gerações pré-Internet, no entanto – bem mais 'reprimidas' e contidas nas suas acções do que a actual – era impensável confessar os sentimentos à pessoa de quem se gostava, ou confrontar verbalmente os maiores de idade, pelo que todas essas sensações reprimidas acabavam naquelas páginas, por vezes com 'letra bonita', espacejamento e muitos desenhos à volta, outras sob a forma de enorme parágrafos agressivamente escrevinhados em meio a logotipos de bandas de metal e garatujas de caveiras. O denominador comum passava, apenas, pelo carácter pessoal e confidencial da informação, servindo o diário como uma espécie de instrumento de catarse – finalidade, aliás, para a qual ainda hoje é usado no contexto da terapia psicológica e emocional.

Àparte esse uso muito específico, no entanto, o próprio conceito de um diário é, hoje em dia, completamente contrário a toda e qualquer tendência social infanto-juvenil, pelo que não surpreende minimamente vê-los quase desaparecidos do referido panorama; no entanto, com o pendor cada vez maior para reviver conceitos e produtos nostálgicos, também não seria de admirar que, dentro de bem pouco tempo, se visse um regresso dos clássicos livrinhos às prateleiras de drogarias, tabacarias, supermercados e grandes superfícies, prontos a re-ensinar o conceito de privacidade a uma geração aparentemente determinada a pôr toda a sua vida 'a nu' ...

14.10.21

NOTA: Este post corresponde a Quarta-Feira, 14 de Outubro de 2021.

Em quartas-feiras alternadas, falamos sobre tudo aquilo que não cabe em nenhum outro dia ou categoria do blog...

Numa altura em que o novo ano lectivo começa verdadeiramente a ‘engrenar’, muitas ex-crianças dos anos 90 – às compras com os filhos nos hipermercados e grandes superfícies por esse Portugal fora – certamente recordarão o tempo em que eles próprios precisavam de se ‘abastecer’ de todo o material necessário à aprendizagem; e certamente algumas das mais vivas memórias de todo esse processo terão a ver com a compra de materiais como cadernos e dossiers.

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Quem se lembra...?

Isto porque a década a que este blog diz respeito foi pródiga em ‘engendrar’ material escolar que quase fazia o fim das férias valer a pena, só pelo ‘gozo’ de poder mostrar aos colegas os novos cadernos. De linhas ligadas a licenças oficiais até ‘designs’ mais genéricos, mas não menos apelativos (quem não se lembra dos cadernos de espiral com motas, carros de corrida ou desenhos de flores?) a escolha era variada, existindo invariavelmente algo para todos os gostos.

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Lá por casa houve a dado ponto um destes...

O facto de a maioria destes materiais se encontrarem nos referidos hipermercados e 'shoppings' – implicando, portanto, a necessária viagem para serem adquiridos – apenas adicionava ao seu encanto, apesar de ter também o efeito colateral de fazer com que muitas crianças da mesma área ou escola tivessem os mesmos cadernos, o que os tornava um pouco menos únicos. Ainda assim, o sentimento de ‘pertença’ que essa situação acarretava acabava por compensar a perda de identidade única no que tocava a material escolar, levando a que muitos alunos não vissem na mesma qualquer problema. Lesados, mesmo, só acabavam por ficar os ‘coitados’ que haviam adquirido os materiais na sempre conveniente papelaria da esquina (ou da própria escola), e que acabavam invariavelmente com um caderno de capa lisa (normalmente azul, vermelha ou preta) e sem o mínimo interesse do ponto de vista estético.

Os cadernos não eram, no entanto, a única oportunidade de utilizar o material escolar para estabelecer uma identidade – havia outra forma, bastante mais vistosa, e como tal, consideravelmente mais importante para a maioria dos alunos portugueses dos anos 90; essa, no entanto, está mais ligada ao Style, pelo que dela falaremos na próxima Sexta…

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