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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

03.03.22

NOTA: Para celebrar a estreia, esta sexta-feira, do novo filme de Batman, todos os 'posts' desta semana serão dedicados ao Homem-Morcego.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Um dos mais demonstráveis axiomas dos anos 90 era que qualquer propriedade intelectual popular entre o público jovem seria alvo da sua própria colecção de cromos; e com bom motivo, já que s autocolantes temáticos coleccionáveis estavam em alta entre a referida demografia, e lançar uma colecção alusiva a uma série, artista ou obra literária de sucesso era receita segura para manter a mesma ou o mesmo relevante junto do sector infanto-juvenil, prolongando assim a sua popularidade ao mesmo tempo que se aumentavam as receitas de vendas. Foi assim com o Dragon Ball Z, as Tartarugas Ninja, os Simpsons, A Máscara e – numa altura em que o Cavaleiro das Trevas atravessava a sua fase de maior exposição mediática até então, graças à sua popular série de filmes e a algumas excelentes histórias nas suas bandas desenhadas – era de prever que assim fosse, também, com Batman.

A diferença entre o caso do Vingador Mascarado e os referidos no parágrafo anterior reside no facto de que, sendo a sua popularidade bem mais 'continuada' do que a da maioria das propriedades intelectuais para crianças, o mesmo teve direito, não a uma, mas a duas colecções de cromos durante a década a que este blog respeita, conseguindo através das mesmas fazer parte das memórias coleccionistas de duas gerações distintas.

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O primeiro dos dois lançamentos (nenhum dos quais, surpreendentemente, lançado pela Panini) deu-se logo no início da década, aquando da estreia do primeiríssimo filme do justiceiro de Gotham, da autoria de Tim Burton, o qual foi alvo de uma aguerrida campanha de marketing e divulgação, na qual a caderneta da Editorial Impala se inseria. Com cromos que retratavam as diferentes cenas do filme, o álbum oferecia às crianças e jovens um meio de recordar o filme de que tanto haviam gostado no cinema, ao mesmo tempo que aguçava o 'apetite' de quem ainda não o tinha visto – exactamente como se pede a uma publicação deste tipo.

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O mesmo, aliás, se passava com a segunda caderneta, lançada em 1995 pela Merlin como complemento ao terceiro filme da série, 'Batman Para Sempre'. De facto, apesar do aspecto visual algo mais cuidado, e que reflectia a passagem de tempo que se havia verificado deste a caderneta original, esta colecção possuía estrutura e conteúdos muito semelhantes aos da sua antecessora, oferecendo uma visão geral simplificada do filme, passível de agradar tanto a quem o vira no cinema, como a quem ainda não tinha tido oportunidade. E é claro que também não faltavam os habituais cromos 'especiais', duplos e quádruplos, que tornavam a experîência de completar a colecção ainda mais desafiante e emocionante.

No cômputo geral, e apesar de não apresentarem rigorosamente nada de novo em relação a outras colecções marcantes da época, os dois álbuns de cromos de Batman lançados nos anos 90 mostravam-se exímios naquilo que se pedia a uma colecção de cromos à época, possuindo múltiplos pontos de interesse para o público que se dedicava a este tipo de actividade.

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Uma das cadernetas de Batman lançadas já no novo milénio

O Homem-Morcego seria, aliás, um filão que o meio continuaria a explorar em décadas subsequentes, com pelo menos mais dois álbuns alusivos ao Cavaleiro das Trevas a serem lançados desde então; esses, no entanto, ficam já fora do âmbito deste blog, pelo que hoje nos ficamos por recordar as duas colecções que marcaram o início do percurso do herói de Gotham no mundo das cadernetas de cromos...

 

13.10.21

NOTA: Este post corresponde a Terça-feira, 12 de Outubro de 2021.

Porque nem só de séries se fazia o quotidiano televisivo das crianças portuguesas nos anos 90, em terças alternadas, este blog dá destaque a alguns dos outros programas que fizeram história durante aquela década.

O aparecimento da SIC, em 1992, representava uma revolução no mercado televisivo português. Enquanto primeira estação privada do país, a emissora de Carnaxide quis, desde logo, deixar evidentes as vantagens de não se encontrar limitada aos ‘guidelines’ e registos a que os canais nacionais se encontravam restritos, apresentando uma grelha programática mais vasta, abrangente e virada ao entretenimento do que aquela por que as RTPs se pautavam.

Um dos esteios iniciais deste manifesto foi, também ele, um programa pioneiro em Portugal, e cuja fórmula não mais viria a ser repetida nos vinte anos após a sua última emissão. Quer tal se devesse a uma mudança nos interesses dos jovens, à cada vez maior expressão da nova ferramenta chamada Internet, ou simplesmente ao facto de qualquer repetição do formato correr o risco de ser inferior, a verdade é que este programa continua – à semelhança de outros, como o Top +, por exemplo – a ser caso único na História da televisão portuguesa, e ainda hoje recordado com carinho por aqueles que o acompanharam.

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Falamos do Portugal Radical, programa que estreou ao mesmo tempo que a emissora onde era transmitido, e que se afirmou como pioneiro na divulgação dos chamados ‘desportos radicais’ junto da população jovem portuguesa. E a verdade é que o ‘timing’ de tal empreitada não podia ter sido melhor, já que o início dos anos 90 marca, precisamente, o primeiro grande ‘boom’ de interesse em modalidades como o skate, os patins em linha, o surf ou a BMX, que viriam a dominar o resto da época. Transmitido entre 1992 e 2002, o ‘Portugal Radical’ conseguiu acompanhar toda a evolução das ditas modalidades, desde os seus primeiros passos como fenómeno ‘mainstream’ até ao momento em que o fascínio com as mesmas começava a arrefecer um pouco, garantindo assim uma audiência constante durante a sua década de existência.

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A apresentadora Raquel Prates

Apresentado, durante a esmagadora maioria desse período, por Raquel Prates, com trabalho jornalístico de Rita Seguro, também do já referido ‘Top +’ (Rita Mendes, do ‘Templo dos Jogos’, tomaria as rédeas da apresentação já no último ano de vida do programa) o ‘PR’, como também era muitas vezes conhecido, era um conceito criado por Henrique Balsemão, a partir da rubrica com o mesmo nome na revista ‘Surf Portugal’, tendo sido exibido pela primeira vez no ‘Caderno Diário’ da RTP, ainda antes do nascimento da SIC. Foi, no entanto, a passagem para o canal de Carnaxide que ajudou a transformar um modesto conceito baseado numa coluna jornalística num verdadeiro fenómeno, com direito a ‘merchandising’ próprio, incluindo a inevitável caderneta de cromos, e ainda um CD com ‘malhas’ de grupos bem ‘anos 90’, como Oasis, Radiohead, The Cult, Smashing Pumpkins, Spin Doctors ou Manic Street Preachers.

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Capa do CD de 'banda sonora' do programa

Mais significativamente, no entanto, o programa terá tido uma influência mais ou menos directa no interesse que a maioria dos jovens portugueses desenvolveu por desportos radicais ao longo da década seguinte, o que, só por si, já lhe justifica um lugar no panteão de programas memoráveis da televisão portuguesa – bem como nesta nossa rubrica dedicada a recordar os mesmos. Uma aposta arrojada por parte da SIC, talvez, mas mais um dos muitos casos em que a atitude ‘nada a perder’ da estação de Francisco Pinto Balsemão viria, inequivocamente, a render dividendos...

 

18.06.21

NOTA: Este post corresponde a Quinta-feira, 17 de Junho de 2021.

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

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Numa das primeiras edições desta rubrica, falámos das colecções de cromos, um dos mais populares passatempos entre as crianças dos anos 90; e como qualquer pessoa que tenha ‘estado lá’ prontamente admitirá, as colecções mais conhecidas e ferventemente ‘negociadas’ e completadas eram as de futebol.

Destas, havia dois grandes tipos, ambos popularizados pela Panini, e ambos com sensivelmente o mesmo formato: as anuais, relativas às formações dos clubes da Liga Portuguesa da respectiva época, e as alusivas às competições internacionais. Ambas ofereciam aos ‘putos’ da época (quase todos do sexo masculino) a oportunidade de colar as caras dos seus jogadores nacionais e internacionais favoritos nas sempre atractivas cadernetas, e de ‘gabarolar’ junto dos amigos quando completavam as mesmas antes deles.

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...o quê, vão dizer que em 96 não sonhavam ter a cara do Secretário colada em qualquer lado?

A caderneta alusiva ao Euro ’96 não constituía excepção a qualquer destas regras, ficando apenas na memória por ser uma das primeiras a incluir a Selecção Nacional portuguesa - o que a terá, sem dúvida, tornado ainda mais popular junto do público-alvo. De resto, a caderneta era igual a todas as suas congéneres, tanto em formato – além dos jogadores, cada página dedicava um lugar à foto de equipa e outro ao símbolo de cada Selecção – como em aspecto, com as tradicionais ‘molduras’ à volta da imagem de cada jogador, e o não menos característico papel brilhante, que realçava o colorido dos fundos de página alusivos a cada país, ou à competição em geral.

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Uma das páginas da caderneta

Cabe realçar, no entanto, que apesar de os conteúdos serem os mesmos em todos os países onde a caderneta era comercializada, o mesmo não se passava com as capas; Portugal recebeu apenas a variante ‘standard’, mostrada no início deste post, mas a Alemanha, por exemplo, tinha a mesma imagem em fundo vermelho-escuro, enquanto que outra variante encontrada na Internet se destaca por não ter absolutamente NADA a ver com qualquer das outras.

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Capas ‘estranhas’ à parte, no entanto, não há muito mais a dizer sobre os cromos do Euro ’96; tratava-se de uma colecção de futebol perfeitamente vulgar pelos padrões da sempre fiável Panini, que seguia à risca a receita futebolística de ‘em equipa que ganha, não se mexe’ – a qual já havia dado resultado no passado, daria resultado aqui, e voltaria a dar resultado aquando da próxima competição internacional, que renderia à editora uma das suas mais bem-sucedidas cadernetas da década. Quanto a ‘Europa ‘96’, a mesma também se pode inserir nesse leque, como bem atesta a caderneta que por estas bandas se preencheu, e que ainda há pouco tempo ‘morava’ algures na Área Metropolitana de Lisboa…

 

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