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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

09.09.24

NOTA: Este post é respeitante a Domingo, 8 de Setembro de 2024.

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Já aqui por diversas vezes mencionámos o facto de as crianças de finais do século XX precisarem de muito pouco para criar um Domingo Divertido, mesmo dentro de portas. De balões a 'concertinas' de plástico, passando por uma simples folha de papel e uma caneta, eram diversas as brincadeiras que, apesar de simples, eram ainda assim capazes de entreter a referida geração durante largos períodos de tempo; deste grupo faz, também, parte um misto de brinquedo e jogo que, apesar de obsoleto e até algo tolo da perspectiva da era digital, não deixava de apresentar um desafio considerável para quem ainda não vivia rodeado de ecrãs e recursos virtuais.

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Consistia este brinquedo de um cone de plástico, ao qual era amarrada uma bola por meiio de um fio curto. O objectivo da brincadeira passava por conseguir equilibrar a mesma no cone – um desiderato aparentemente simples, mas que requeria um nível surpreendente de precisão de movimentos e controlo da força, já que qualquer gesto mais brusco ou descontrolado resultava, inevitavelmente, num 'vôo rasante' da bola sobre a superfície do cone, antes de tombar do outro lado e obrigar a nova tentativa. O segredo estava, assim, no trabalho de pulso, que deveria ser, ao mesmo tempo, subtil e preciso para obter os resultados desejados, fazendo deste jogo um excelente veículo de treino para a coordenação motora, ainda que algo exigente para as crianças mais pequenas.

Não será, de todo, surpreendente afirmar que, desde a época em causa, este tipo de jogo desapareceu quase totalmente da consciência popular nacional, sendo possível imaginar a reacção de um elemento da Geração Alfa a algo deste tipo. Para quem cresceu em tempos mais simples, no entanto, aquele pequeno cone com a 'bolinha' agarrada terá, na sua época, constituído um desafio quase ao nível de um Cubo Mágico, e gerador de iguais graus de satisfação ao ser, finalmente, conquistado...

11.08.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 10 de Agosto de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Para grande parte das crianças portuguesas, independentemente da geração, a chegada das férias grandes é sinónimo de uma temporada na praia, ou, alternativamente, de deslocações frequentes à mesma; e, para as crianças de uma certa idade dos anos 80 e 90, havia um elemento que jamais poderia faltar num Sábado aos Saltos no meio da areia – as forminhas.

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Um conjunto de praia bem típico da época.

Disponíveis nas mais variadas formas e feitios – embora privilegiando curvas arredondadas – e em modelos tanto mais simples quanto mais elaborados e complexos, estes moldes em plástico colorido constituíam, a par dos castelos de areia feitos com recurso ao balde, uma das actividades preferidas dos portugueses mais pequenos durante grande parte do século XX, mantendo-se essa apetência ainda bem viva à entrada para a última década do mesmo. Isto porque a sensação de conseguir fazer a forma mesmo 'perfeitinha' – com todos os painéis do casco da tartaruga ou recortes das torres do castelo – proporcionava uma sensação de orgulho, mesmo tendo noção de que mais ninguém iria admirar a 'obra de arte', e de que a mesma seria provavelmente destruída ou refeita dentro de poucos momentos.

Tal como muitos dos nossos outros tópicos neste blog, as forminhas também acabaram, eventualmente, por 'passar de moda', tendendo a já não fazer parte dos conjuntos de praia vendidos nas lojas portuguesas da actualidade, ao contrário do que sucede com o balde ou a pá. Para quem cresceu a deixar o 'carimbo' de maçãs, tartarugas ou estrelas na areia, no entanto, este tipo de brincadeira será para sempre parte integrante das memórias dos Verões de infância, um tempo mais simples, em que uma peça de plástico colorido cheia de areia era capaz de proporcionar muitos bons momentos.

28.07.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Na nossa última publicação, falámos dos cavalos de pau, um tipo de brinquedo hoje obsoleto mas que, nos anos 90, constituía ainda uma excelente forma de passar um Sábado aos Saltos. Para quem não era adepto de grandes 'coboiadas' ou 'cavalgadas', no entanto (ou simplesmente para crianças mais novas) existia uma outra opção, a qual podia por si mesma dar azo a um Domingo Divertido: os cavalinhos de baloiço.

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Lá por casa existia um modelo exactamente igual a este...

Uma espécie de versão mais encorpada (e estática) dos cavalos de pau, os cavalos de baloiço eram presença frequente nos quartos de cama ou de brinquedos de crianças em idade pré-escolar, quando um brinquedo deste tipo era ainda capaz de encantar, e proporcionavam uma espécie de cruzamento entre o referido cavalo de pau e uma versão gratuita dos brinquedos de moeda tão populares à época. Requerendo apenas um pequeno impulso – que podia ser dado tanto pela criança como por um adulto – e controlo firme sobre os manípulos situados de cada lado da cabeça (já que, nestes casos, tendia a não haver rédeas) estes brinquedos eram a forma ideal de viver as fantasias de ser 'cowboy', cavaleiro ou príncipe encantado sem grande esforço, e sem quaisquer acidentes resultantes em 'nódoas negras', arranhões e outras 'mazelas' típicas da infância. Não é, pois, de espantar que os mesmos continuassem a gozar de enorme popularidade entre as crianças das décadas de 80 e 90, as quais certamente relembrarão uma qualquer variação do tradicional modelo pintado de vermelho e branco, que ilustra este post.

À semelhança dos cavalos de pau, é também ainda hoje possível encontrar para venda versões modernas dos cavalos de baloiço, sobretudo em lojas especializadas em brinquedos de índole mais clássica; tal como com os seus 'irmãos' mais 'magricelas', no entanto, é difícil imaginar o interesse que um produto desta índole possa ter para a 'geração iPad', para quem até mesmo os referidos brinquedos de abanar movidos a créditos já têm de ter animações a acompanhar. Quem viveu num tempo mais simples e menos tecnológico, no entanto, certamente terá, após ler este 'post', despertado memórias remotas de muitos Domingos Divertidos passados 'a cavalo' de um destes 'bravos alazões', a dar largas a uma imaginação que cada vez mais vai faltando às crianças modernas...

28.07.24

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 27 de Julho de 2024.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

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Versão moderna do clássico brinquedo.

Apesar de estar já a cair em desuso em inícios dos anos 90 (narrativa que, aliás, serve de base a um dos grandes filmes animados da década, o fantástico 'Toy Story', que em breve aqui terá o seu 'momento') a imagética dos 'cowboys' a cavalo continuava, ainda, a reter algum apelo junto das crianças e jovens das gerações 'X' e 'millennial', como bem demonstra o sucesso que continuavam a fazer dois brinquedos 'irmãos' (mas não gémeos) ainda bastante populares naqueles últimos dez anos do século XX. De um desses, falaremos neste mesmo post, enquanto o outro servirá de tema ao Domingo Divertido desta semana.

Comecemos, pois, por aquele que, dos dois, proporcionava um belo Sábado aos Saltos – o tradicional cavalo de pau em madeira pintada, o qual era ainda presença relativamente frequente nas lojas de brinquedos mais tradicionais (sobretudo as de bairro) nos primeiros anos da década em causa. E se os modelos disponíveis hoje em dia oferecem 'cabeças' quase exclusivamente em peluche, os seus congéneres dos anos 80 e 90 nem 'sonhavam' com tais veleidades, sendo a efígie do animal em causa esculpida na própria madeira e, em seguida, pintada ao gosto do criador. Já o resto do corpo consistia, como o próprio nome do brinquedo dá a entender, de um simples 'pau', no qual as crianças se podiam equilibrar e, segurando nas 'rédeas' em plástico muitas vezes acopladas à cabeça, 'partir à desfilada' pela casa ou quintal afora, recriando as aventuras que era ainda possível acompanhar na televisão, livros, filmes  e revistas aos quadradinhos da época.

De salientar que, ao contrário de muitos brinquedos que ocupam a nossa atenção nesta mesma rubrica, os cavalos de pau não desapareceram totalmente da sociedade, sendo ainda hoje possível encontrá-los na Internet, ou em lojas dedicadas à venda de brinquedos mais tradicionais; no entanto, numa era em que qualquer produto infanto-juvenil vem equipado com LED, efeitos sonoros ou mesmo visuais, e ligação a Bluetooth, é de ponderar até que ponto as crianças da chamada 'Geração Alfa' poderão ter interesse num brinquedo simplista e obsoleto ao ponto de ser pitoresco. Quem cresceu a 'galopar' pela casa num pau de madeira com uma cabeça de cavalo na ponta, no entanto, certamente terá 'desbloqueado' memórias remotas ao ler este 'post' – tendência que, suspeitamos, se estenderá à nossa próxima publicação, onde falaremos do 'irmão mais velho' (e ainda mais nostálgico) deste tipo de brinquedo...

14.04.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

A imagem do cavalinho de baloiço em madeira sempre foi um dos mais tradicionais elementos significantes da fase mais inocente da infância. Um daqueles brinquedos verdadeiramente intemporais, presentes em quartos de criança desde há séculos, este tipo de produto não deixa de marcar presença em todo e qualquer quarto de brinquedos de criança visto num filme ou série de televisão, ou mesmo descrito nas páginas de um livro; e se, hoje em dia, o mesmo é utilizado quase exclusivamente como parte de uma estética propositalmente 'retro' e nostálgica, em finais do século XX, os cavalinhos de baloiço surgiam ainda como parte integrante da selecção de brinquedos de muitas crianças portuguesas, normalmente num modelo muito específico e extremamente popular à época, cuja fotografia ilustra este 'post'.

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O modelo cujas diversas variações deliciaram as crianças portuguesas de finais do século XX. (Crédito da foto: OLX)

Para quem cresceu na época em que nem tudo tinha, ainda, de dispôr de um ecrã com imagens e sons berrantes, o apelo de um destes brinquedos é fácil de perceber e explicar, sendo que o mesmo constituía uma espécie de versão gratuita e sem limite de tempo dos populares brinquedos 'de moeda' tão frequentemente encontrados, à época, em centros comerciais e à porta de cafés. E apesar de os cavalinhos de baloiço se tornarem desajustados a partir de uma idade muito mais precoce que os referidos brinquedos electrónicos, as crianças mais pequenas não deixavam, ainda assim, de conseguir derivar considerável diversão dos mesmos antes de 'evoluírem' para os cavalos de pau ou veículos electrónicos, e daí para as bicicletas, patins em linha, skates, 'karts' e outros meios de locomoção mais avançados.

Hoje em dia, um brinquedo deste tipo pode parecer (e é) quase picaresco na sua simplicidade, uma relíquia de uma era que, apesar de ainda não muito distante, já ficou, definitivamente, 'para trás', sendo impossível a um jovem actual vislumbrar que interesse poderiam ter grande parte dos elementos que a marcaram – sendo os cavalinhos de baloiço um exemplo perfeito disso mesmo. Para quem teve, ou teve oportunidade de usar, um dos tradicionais equídeos em madeira pintados de vermelho e branco, no entanto, o 'post' que agora se conclui terá (espera-se) ajudado a remeter a mente a um tempo mais inocente, em que alguns minutos a 'cavalgar' nos mesmos constituíam uma excelente maneira de passar um 'bom bocado'...

03.03.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

No último Domingo Divertido, há já várias semanas, virámos a nossa atenção para os Micro Machines da Concentra, uma de duas gamas de carros em miniatura a chegar a Portugal na década de 90; nada mais justo, pois, do que debruçarmo-nos agora sobre a segunda dessas colecções, e única sobrevivente até aos dias de hoje – os Hot Wheels, da Mattel.

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Fundamentalmente semelhantes aos Micro Machines, na medida em que se tratavam de carrinhos de brincar a escalas muito reduzidas, e com aparência entre o desportivo e o futurista, os Hot Wheels tinham um importante diferencial em relação à gama da Concentra, que lhes permitiu reter a sua popularidade até aos dias de hoje – as suas pistas. De facto, pese embora a ausência de um apresentador 'tagarela' a debitar mil palavras por minuto nos anúncios televisivos, a Hot Wheels punha especial foco nos circuitos nos quais as crianças e jovens podiam utilizar os carros - os quais incluíam, invariavelmente, pelo menos um 'looping', como convinha às melhores pistas de carros da época. Isto porque, enquanto que a abordagem dos Micro Machines era, sobretudo, centrada no tamanho reduzidíssimo das miniaturas, a Hot Wheels jogava mais com o factor 'espectáculo', enfatizando o facto de os seus carros serem especialmente desenhados para realizarem proezas e façanhas espectaculares – uma narrativa que se prolongou, inclusivamente, aos jogos interactivos da série.

Talvez por isso os Hot Wheels tenham conseguido não só fazer concorrência aos carrinhos da Galoob/Concentra – pese embora a sua chegada relativamente tardia ao mercado luso, já na ponta final da década de 90 - mas também superá-los, 'resistindo' a todas as flutuações e 'modas' no mercado dos brinquedos e mantendo-se firmes nas prateleiras das lojas de brinquedos, supermercados e hipermercados do século XXI. Assim, quem quiser mostrar aos filhos aquilo com que brincava quando tinha a mesma idade (ou, quem sabe, 'abrir-lhes o apetite' para a própria gama em si) pode facilmente fazê-lo com uma rápida visita a uma grande superfície, por oposição a ter de 'vasculhar' nas caixas de arrumação da infância – apenas mais uma vantagem daquela que, a quase três décadas de distância, se pode dizer ter sido a grande vencedora da 'guerra' de carrinhos em miniatura dos anos 90.

04.02.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Como já aqui foi mencionado numa edição anterior desta rubrica, os carrinhos de modelo, em escala reduzida, estiveram entre os brinquedos mais populares dos anos 90, em especial junto do público masculino. Quer se tivesse ou não uma das famosas e icónicas garagens, os carrinhos reuniam as características perfeitas para serem peça fulcral em qualquer Domingo Divertido – nomeadamente, a excelente relação entre preço, qualidade, e 'factor diversão' que proporcionavam, e que faziam com que a maioria dos rapazes da época (e também, adivinha-se, muitas raparigas) tivessem caixas cheias de diferentes modelos, prontos a serem empregues numa qualquer corrida ou 'campeonato de destruição' durante uma tarde de fim-de-semana em casa. E apesar de a grande maioria dos conteúdos destas mesmas caixas consistir, normalmente, de veículos da Matchbox ou congéneres de 'marca branca' comprados na loja 'dos trezentos', havia também altas probabilidades de encontrar, em meio a estes, pelo menos um carro da gama Micro Machines.

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De facto, os anos 90 (sobretudo a primeira metade) representaram o período áureo da gama de carrinhos a escala super-reduzida distribuídos em Portugal pela inevitável Concentra. Grande parte deste sucesso devia-se, como nos seus EUA natais, tanto à aparição dos minúsculos carrinhos no mega-sucesso 'Sozinho em Casa' - onde formam a base de uma das mais memoráveis armalhidas montadas por Kevin – como aos bem-conseguidos anúncios aos diferentes modelos da marca, 'debitados' ao melhor estilo 'relato de futebol de rádio' por um 'dobrador' com uma missão espinhosa – igualar a velocidade de discurso de John Moschitta Jr., o 'homem dos Micro Machines' original, cujo nome consta do livro de recordes do Guinness precisamente por esse feito. E a verdade é que o esforço do 'substituto' português em nada prejudicava a essência dos anúncios, que contavam ainda com um 'jingle' memorável, que ajudava a compôr ainda mais o 'ramalhete' – e a tornar os Micro Machines parte integrante das listas de Natal e anos de muitas crianças da época, pese embora o preço proibitivo por comparação aos carrinhos mais 'normais'.

Outra vertente que ajudava a distinguir os Micro Machines dos seus congéneres a escalas menos exageradas era a presença de pistas, muitas das quais 'disfarçadas' de edifícios ou veículos gigantes – uma daquelas propostas feitas à medida para cair no gosto das crianças noventistas, e que, suspeita-se, conseguiria mesmo algum sucesso nos dias de hoje. Assim – e apesar de, como os carros, não serem exactamente baratas – estas pistas não deixaram, certamente, de marcar presença nos quartos dos pequenos fãs da gama em causa, ajudando a tornar a experiência de brincar com os Micro Machines ainda mais entusiasmante.

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Uma das pistas da gama.

Face a todo este sucesso, não é, também, de estranhar que a marca tenha tido direito a adaptações para jogo de vídeo, todas elas bastante bem cotadas entre os adeptos do formato da altura, bem como a nada menos que três 'ressurreições': a primeira logo após a venda da licença à Hasbro, em finais dos anos 2000, a primeira em conjunção com o primeiro episódio da terceira saga 'Guerra das Estrelas', em mados da década de 2010, e a terceira já em inícios de 2020, encontrando-se esta, ainda hoje, disponível em certos mercados. Assim - e apesar de, em Portugal, a sua relevância se ter há muito, esfumado - é ainda bem possível que os elementos mais novos da chamada 'geração Z' venham a descobrir estes veículos, tal como sucedeu com os seus pais três décadas antes, e tornem a trazer o nome Micro Machines para a ribalta; até lá, ficam as memórias daquela linha de carrinhos tão pequenos que quase se podiam qualificar para a secção Quintas de Quinquilharia deste nosso blog...

16.11.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

O facto de haver vários jogos e brinquedos extremamente simples que não deixavam, ainda assim, de ter inegável apelo para as crianças e jovens dos anos 90 é já tema recorrente nesta rubrica do nosso 'blog', e o produto de que falamos esta Quinta-feira nada faz para negar ou contrariar esse paradigma; pelo contrário, o tema do 'post' de hoje junta-se a um vasto número de Quinquilharias já aqui abordadas na categoria de conceitos que não deveriam nunca ter desfrutado do grau de sucesso que almejaram, e que provam que atributos como a simplicidade nem sempre são sinónimos de desinteresse ou aborrecimento. 

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Exemplos modernos do jogo, que continua a ser produzido até aos dias de hoje...

O produto em causa – que nunca teve, em Portugal, um nome oficial, sendo normalmente conhecido apenas como 'pinball' – consiste de uma estrutura plástica fechada, sensivelmente do tamanho da palma de uma mão adulta, que contém no seu interior duas ou três esferas metálicas e uma série de plataformas, ou prateleiras, estrategicamente colocadas em toda a superfície de jogo. O objectivo passa, depois, por lançar cada uma das esferas de modo a que assentem nestas prateleiras, às quais correspondem diferentes valores pontuais, sendo necessário, para tal, premir ou puxar um 'gatilho' situado no canto inferior direito do brinquedo, e que lhe valia a sua denominação 'não-oficial', já que se tratava de um mecanismo semelhante ao encontrado nas máquinas de 'pinball' espalhadas por cafés e salões de jogos de Norte a Sul do País.

No fundo, um produto manifestamente simples – quase simplista – mas que, sem ser capaz de entreter uma criança durante mais do que alguns minutos de cada vez, constituía, ainda assim, um dos melhores brindes disponíveis nas famosas 'máquinas de bolinhas', jogos de 'garra', barracas de feira ou simplesmente lojas dos 'trezentos'. Esta variedade de contextos e locais era, assim, responsável por garantir que cada criança portuguesa da época tinha, pelo menos, um destes jogos em casa, oriundo não se sabe bem de onde, e normalmente encontrado dentro de uma gaveta ou caixa de arrumação, ao lado dos 'puzzles' de deslizar e outras Quinquilharias semelhantes.

Mais surpreendente é constatar que chegou a haver versões licenciadas (e oficiais!) de um produto que, para muitos portugueses de finais do século XX, praticamente definia a expressão 'brinde barato', e que nunca seria sequer remotamente associado pelo mesmos a qualquer tipo de licença – as motas, carros, cãezinhos e gatinhos perfeitamente genéricos que serviam de cenário ao jogo eram parte tão indissociável dos mesmos quanto o próprio mecanismo, ou as circunstâncias de obtenção do produto. De igual modo, e à semelhança do que acontece com os jogos de pesca magnéticos, apesar de ter havido versões maiores do jogo (aproximadamente do tamanho de um livro) é com a versão 'de bolso' que o mesmo é mais frequentemente conotado, por ter constituído uma das muitas Quinquilharias nos bolsos e gavetas dos jovens portugueses da altura.

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...e um bizarro exemplo licenciado de época, no caso alusivo à série 'Os Simpsons'

Apesar de estes jogos continuarem a ser fabricados, no entanto, é de duvidar que os mesmos consigam posição semelhante junto da Geração Z, habituada a actividades bem mais complexas e retidas em ecrãs digitais bem mais pequenos, e que não tardaria a denunciar (algo justificadamente) um produto como este como sendo excessivamente básico; assim, os jogos de 'pinball' de bolso permanecerão como produtos do seu tempo, nostálgicos para as gerações nascidas e crescidas no século XX, mas perfeitamente obsoletos na actual sociedade digital – ainda mais do que já o eram em finais do Segundo Milénio. Ainda assim, não é de duvidar que, em alguma máquina de brindes algures em Portugal, um ou mais destes jogos esperem, potencialmente há décadas, ser escolhidos como contrapartida para o investimento de uma moeda, restando apenas saber como o recipiente do prémio reagirá a tão simples brinde...

26.10.23

Trazer milhões de ‘quinquilharias’ nos bolsos, no estojo ou na pasta faz parte da experiência de ser criança. Às quintas, o Portugal Anos 90 recorda alguns dos brindes e ‘porcarias’ preferidos da juventude daquela época.

Apesar de, como celebração, o Halloween ser uma data 'importada' já bastante depois da viragem do Milénio, alguns dos seus elementos estéticos, imagéticos e iconográficos faziam já, de uma forma ou de outra, parte do quotidiano das crianças e jovens portugueses desde há várias décadas; quem cresceu em inícios dos anos 90, por exemplo, certamente dedicou um período da sua infância a coleccionar as famosas Caveiras Luminosas oferecidas nos pacotes da Matutano, e talvez até lhes tenha dado lugar de honra na prateleira do quarto, de forma a aproveitar o efeito fluorescente e bem 'tétrico' que as mesmas davam a uma divisão às escuras. Não se ficava por aí, no entanto, a presença de elementos associados ao terror, e também estará provavelmente a mentir quem, tendo crescido no período em causa, afirme nunca ter assustado um familiar, professor, colega ou mesmo apenas a senhora da limpeza com um insecto de plástico.

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Fáceis e baratos de conseguir nas drogarias tradicionais, lojas dos trezentos ou até simplesmente como brindes nas máquinas de 'bolinhas', as réplicas de aranhas, lagartos, cobras e outros animais marcavam presença na gaveta das 'quinquilharias' de muitas crianças, prontas a serem 'desenterradas' assim se apresentasse a menor oportunidade. E se a qualidade variava consideravelmente dependendo da proveniência (as tiradas em 'bolinhas', por exemplo, tendiam a ser microscópicas, em plástico duro e praticamente isentas de detalhes) também é verdade que alguns destes brinquedos almejavam um grau de realismo suficiente para, de relance ou à distância, enganarem os mais incautos – lá por casa, por exemplo, existia uma tarântula que, inclusivamente, contava com um fio acoplado, permitindo 'sustos' perfeitamente épicos. Depois, era só escolher a situação mais adequada (lá por casa, normalmente, a mesa do almoço ou jantar), a 'vítima' mais susceptível, e esperar pela inevitável reacção, que nunca falhava em causar deleite.

E porque queremos pensar que a geração Z não é totalmente desprovida de criatividade, e não deriva TODO o seu humor de vídeos do TikTok, arriscamos dizer que, nesta época de Noite das Bruxas, haverá por esse Portugal fora inúmeros pequenos cérebros a engendrar sustos centrados em torno de insectos de plástico, para ajudar ao clima desta festa que se tenta tornar tradição. A esses, fica a dica para que, se precisarem de ajuda, perguntem aos respectivos pais, dado estes terem mais experiência no assunto do que se possa, à partida, imaginar...

10.09.23

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

As primeiras edições desta rubrica abordaram, entre outros temas, as bonecas Barbie (e respectivas 'imitadoras' e as figuras de acção, vulgo 'bonecos', dois dos tipos de brinquedo mais populares dos anos 90 entre, respectivamente, os públicos masculino e feminino. E dado ter sido, também, nessa década (bem como na anterior) que se verificou a expansão e globalização dos produtos baratos fabricados nos mercados asiáticos, não é de espantar que algum empresário mais ambicioso tenha tido a ideia de combinar estas duas categorias de produto numa só, e de as vender, a um preço irrisório, no mesmo tipo de estabelecimento que já albergava inúmeras 'cópias' de qualidade mais que duvidosa de Barbie, Sindy, Batman ou Power Rangers.

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Um exemplo típico deste tipo de figura, claramente baseado nos Power Rangers.

Nasce, assim, a selecta mas ainda assim icónica categoria dos super-heróis de imitação, não de 20cm, mas do tamanho normalmente associado a bonecas para raparigas. Normalmente estilizados a partir dos Power Rangers ou VR Troopers (embora com suficientes diferenças para constituírem uma personagem 'única', por oposição a uma cópia descarada) estes bonecos tendiam a notabilizar-se pela falta de articulação e movimento. campo em que eram diametralmente opostos às figuras mais pequenas, que, na altura, se revezavam para ver quem conseguia ter MAIS pontos de encaixe de membros. Esta falta de flexibilidade, aliada ao tamanho da própria figura, tendia a tornar impossível a sua convivência com os 'bonecos' mais pequenos, tornando-a, na melhor das hipóteses, candidata a 'monstro da semana' e, na pior, um bocado de plástico duro fadado a ser usado como 'noivo' de uma qualquer boneca pela irmã mais nova.

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Outro exemplo fabuloso, este com comparação de escala.

Ainda assim, por comparação a outras figuras piratas da altura – como as inenarráveis bonecas Sailor Moon, que ameaçavam partir-se a qualquer toque mais forte – este tipo de super-herói até gozava de uma qualidade de construção bastante razoável, sendo mais pesado e 'cheio' do que os bonecos e bonecas invariavelmente ocos e ultra-leves que o rodeavam nas prateleiras das lojas 'dos trezentos' e estabelecimentos semelhantes. E, sem terem sido o brinquedo preferido de ninguém, a verdade é que estes bonecos terão tocado, em algum momento, a infância de quase todos os jovens portugueses da época – sobretudo do sexo masculino – o que os torna, de certo modo, um produto icónico e de referência para a geração nascida e crescida de cada um dos 'lados' do Novo Milénio.

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