17.11.24
Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.
Apesar de ser, hoje em dia, relembrada como um período áureo para a inovação tecnológica, a ponta final do século XX era, ainda, suficientemente analógica em grande parte dos seus aspectos para tornar qualquer pequeno avanço motivo de entusiasmo e até espanto por parte não só do público infanto-juvenil, mas também de alguns adultos. E por ser, precisamente, nos brinquedos dirigidos aos mais pequenos que a grande maioria destas mudanças e 'novidades' se inseriam, não faltaram às crianças e jovens dos anos 80 e 90 motivos de excitação ao contactarem pela primeira vez com uma novo produto lúdico.
De entre os muitos pequenos 'acrescentos tecnológicos' adicionados aos brinquedos desta época, um dos mais comuns era a combinação de um mecanismo de corda ou impulsão com elementos produtores de som e imagem, a qual resultava numa espécie de versão mais 'avançada' do efeito tradicionalmente associado a uma caixa de música, em que o resultado final se manifestava não através de uma dança interpretada por uma boneca de porcelana, mas sim com recurso a imagens ou efeitos de luz. Foi a era dos piões musicais e com LED e dos electrodomésticos de brincar, nomeadamente os gira-discos (que também, em tempo, aqui terão o seu espaço) e as televisões, sendo destas últimas que nos vamos ocupar na presente publicação.
Não sendo, evidentemente, avançadas o suficiente para simular a experiência de mudança de canal (algo que, sem dúvida, faria parte de uma versão moderna deste tipo de brinquedo) as referidas televisões mostravam, ainda assim, argumentos suficientes para fomentar a ilusão e imaginação de uma geração cujo contacto com a tecnologia era, ainda, relativamente restrito. Os actuais 'bebés do iPad' não esboçariam, decerto, qualquer reacção perante o que era, essencialmente, uma caixa de música algo mais 'sofisticada', preferindo regressar aos seus episódios de Cocomelon ou da Patrulha Pata, mas, para os seus pais, ver a imagem 'mexer' quando se dava corda ao brinquedo (um efeito conseguido através do uso de uma superfície ondulada sobre o 'ecrã', a qual se mexia lentamente através do mesmo, criando assim mudanças subtis na imagem) era suficiente para 'fazer de conta', durante alguns minutos, que se estava mesmo a ver um desenho animado - por mais simples que o mesmo fosse – e passar, assim, alguns bons momentos durante um Domingo Divertido.
Escusado será dizer que este tipo de brinquedo não apenas foi remetido à obscuridade, como desapareceu por completo do mercado infanto-juvenil moderno, onde se destacaria pela sua simplicidade e obsolescência relativamente à restante oferta. Quem, em pequeno, chegou a 'ver televisão' numa destas 'caixas de música' modernas terá, no entanto, desbloqueado memórias remotas (ou apenas revivido bons momentos ainda recordados) ao ler as linhas acima, e, quem sabe, ido verificar se a sua mini-televisão de brincar de quando era pequeno ainda se encontrava algures, para poder partilhar a experiência com os respectivos filhos...