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Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

Portugal Anos 90

Uma viagem nostálgica pelo universo infanto-juvenil português dos anos 90, em todas as suas vertentes.

26.05.25

NOTA: Este 'post' é respeitante a Sábado, 24 de Maio de 2025.

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Na era pré-digital, e em que a maioria dos brinquedos era cara o suficiente para apenas ser acessível em contextos particulares e especiais, como os anos e o Natal, era natural que as crianças portuguesas – sobretudo as dos meios menos urbanizados – recoressem a brincadeiras improvisadas, ou 'herdadas' de gerações anteriores, cujos requerimentos materiais eram inexistentes ou baixos o suficiente para facilmente serem supridos. A actividade que abordamos este Sábado faz, precisamente, parte desse grupo, e será recordada com nostalgia por qualquer elemento da geração 'millennial' portuguesa cuja juventude tenha sido passada longe dos centros urbanos.

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De facto, enquanto que nas cidades era difícil arranjar o espaço necessário para tais actividades, as vilas e aldeias suburbanas e do interior – à época bem menos povoadas e 'motorizadas' do que hoje em dia – proporcionavam o cenário perfeito para 'corridas' em cima de grades de cerveja, carros de rolamentos, colchões, pneus ou mesmo simples folhas de plástico ou cartão; desde que o material permitisse deslizar sobre o asfalto, terra batida ou empedrado, pouco importava qual a variante utilizada. Depois, era só encontrar uma rampa, colina, monte ou 'ladeira' e 'dar a largada' para ver quem chegava primeiro ao sopé da referida área.

Escusado será dizer que, na maioria das vezes, tais 'aventuras' não tinham exactamente final feliz, sendo responsáveis por múltiplos 'esfolões', fracturas, dentes partidos e outros 'azares' típicos de uma infância passada 'à solta', em Sábados aos Saltos com os amigos. Apesar das dores, choros e inevitáveis raspanetes e 'sovas', no entanto, é de suspeitar que seriam muito poucos os portugueses que, tendo a oportunidade, mudariam sequer um momento dessas experiências tão simples quanto divertidas, hoje quase pitorescas para a geração digital, mas que tanto disseram, e tantas memórias criaram, aos seus pais e até irmãos mais velhos...

24.03.25

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

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Todas as crianças da era pré-digital os fizeram, ou pediram que lhos fizessem, pelo menos uma vez na vida, e todos os testaram da mesma maneira: correndo para lados opostos de uma divisão (ou tão longe quanto o fio permitisse) e tentando comunicar entre si. E apesar de a suposta capacidade de ecoarem ser, parcialmente, uma ilusão, não deixava ainda assim de se passar um Domingo Divertido, na companhia de um amigo, irmão ou primo, a brincar com esta simples mas fascinante criação.

Falamos, claro, dos telefones feitos com dois copos de plástico e um bocado de guita, que era passada por dentro de cada copo, unindo-os assim um ao outro para criar algo com a aparência de um sistema de comunicação de duas vias, ainda que de eficiência duvidosa. Nada que impedisse as engenhosas e imaginativas crianças de então, para quem o ritual acima descrito era parte integrante da diversão, com o acréscimo de ser um pretexto para poder falar mais alto, ou até gritar...

Apesar de haver, ainda, tutoriais sobre como fazer estes pseudo-telefones no Google e YouTube, este é, infelizmente, mais um daqueles conceitos que, se não caiu já na obsolescência, rapidamente o fará, já que é de duvidar que as gerações digitais achem qualquer interesse num brinquedo deste tipo. Para os seus pais, no entanto, este é mais um daqueles símbolos simples e insignificantes, mas ainda assim marcantes, de uma infância feliz, vivida numa era mais simples e despreocupada, em que algo tão simples como dois copos atados com linha eram suficientes para dar largas à imaginação...

16.06.24

Ser criança é gostar de se divertir, e por isso, em Domingos alternados, o Anos 90 relembra algumas das diversões que não cabem em qualquer outra rubrica deste blog.

Numa era em que tudo parece disponível à distância de dois ou três 'cliques' e algumas semanas de espera, pode parecer caricato pensar que, há meras três décadas, muitas crianças e jovens tinham, ainda, de 'improvisar' as suas próprias brincadeiras, com recurso a materiais 'genéricos' e muita imaginação; e se alguns destes casos foram já abordados no nosso 'post' sobre o faz-de-conta, a brincadeira que abordamos hoje é tão ou mais icónica do que as ali elencadas, sobretudo para quem era adepto ou entusiasta de futebol. Numa altura em que tem início mais um Euro, nada melhor, portanto, do que recordar um 'desporto' tão popular que ainda hoje se disputam campeonatos nacionais oficiais do mesmo! Falamos, é claro, do 'futebol de caricas', a alternativa ao algo dispendioso Subutteo criada pela criativa geração 'X' (e fomentada pela existência, à época, de caricas personalizadas com as caras de jogadores de futebol) e prontamente adoptada, também, pela sua sucessora, dado o seu excelente balanço de custo, tempo e diversão.

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Como o próprio nome indica, a premissa deste jogo passa por disputar uma partida de futebol em que os 'jogadores' são caricas de garrafa de sumo ou cerveja, cada uma das quais devidamente 'decorada', no interior, com o nome e número do jogador representado. Uma vez alinhadas as duas 'equipas' – e colocado na baliza o 'guarda-redes' de rolha – as mecânicas são mais ou menos as mesmas do referido Subutteo, consistindo na simulação de uma partida de futebol sem recurso a árbitro e em que as jogadas são criadas por via de 'piparotes' nas caricas que constituem as duas equipas. Ganha, claro, quem marcar mais golos, normalmente com uma bola improvisada ou 'emprestada' de um jogo de Subutteo. Uma brincadeira que, com a sua combinação quase perfeita de desafio, customização, improviso, simplicidade e diversão, não podia deixar de 'cair no gosto' de duas gerações habituadas a transformar tudo num jogo ou brinquedo.

Escusado será dizer, no entanto, que o apelo desta 'modalidade' não se transferiu para as gerações seguintes, para quem o próprio Subutteo se afigura já algo obsoleto. Não é, pois, de surpreender que sejam os agora adultos das demografias 'X' e 'millennial' a manter vivo o espírito desta actividade, e a re-apresentá-la a todo um novo público através de participações em programas de televisão e da organização de torneios e ligas oficiais de cariz anual. Quem sabe, no entanto, estas iniciativas não tenham sido suficientes para despertar novo interesse no 'desporto' mais económico da História de Portugal...?

13.04.24

Os Sábados marcam o início do fim-de-semana, altura que muitas crianças aproveitam para sair e brincar na rua ou no parque. Nos anos 90, esta situação não era diferente, com o atrativo adicional de, naquela época, a miudagem disfrutar de muitos e bons complementos a estas brincadeiras. Em Sábados alternados, este blog vai recordar os mais memoráveis de entre os brinquedos, acessórios e jogos de exterior disponíveis naquela década.

Uma das mais prematuramente lamentadas perdas a serem gradualmente sofridas pela 'geração digital' é a capacidade imaginativa; de facto, numa altura em que tudo está disponível, e quase sempre sem grande dificuldade, não há qualquer necessidade de ser criativo ou mentalmente desenvolto. Em finais do século XX, no entanto, a situação era algo diferente; ainda que já existissem na sociedade elementos electrónicos, os mesmos eram demasiado limitados para suprir todas as necessidades lúdicas das crianças e jovens – e, com os próprios brinquedos da época a terem um apelo necessariamente finito, apenas restava uma opção ao menor de idade aborrecido num Sábado à tarde: puxar pela imaginação.

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Com isso não queremos, apenas, referir-nos às brincadeiras de 'faz-de-conta' que ocupavam grande parte do tempo livre de qualquer criança da época; falamos, também, da desenvoltura mental que transformava o mais insuspeito dos objectos num instrumento de diversão. Um pau de vassoura ou galho de árvore transformava-se em cavalo, três cadeiras em fila formavam um comboio, duas tampas de panela viravam pratos de uma orquestra, meia dúzia de trapos eram moldados em bola de futebol, uma meia servia de fantoche (numa prática que deu, mesmo, origem ao termo 'sock puppet', utilizado hoje em dia no contexto das redes sociais para denunciar a criação de perfis falsos) e uma caixa fazia as vezes de um carro, barco ou avião. Em suma, havia muito pouco que pudesse impedir a criança de finais do século XX de 'inventar' o seu próprio Sábado aos Saltos, mesmo que os brinquedos 'a sério' já fartassem, que a consola estivesse estragada e que lá fora estivesse a chover.

É, precisamente, esta capacidade de obter diversão de qualquer fonte que vai faltando às novas gerações, que parecem não conseguir divertir-se sem ter à sua frente um ecrã a detalhar o desafio e as formas de o superar; urge, pois, continuar a tentar que a criatividade e capacidade imaginativa das crianças actuais não se perca, para que as mesmas possam conhecer o gáudio de passar um Sábado aos Saltos a bater com duas tampas de panela uma na outra, de 'conduzir' uma caixa ou fila de cadeiras, ou de 'cavalgar' um pau de vassoura pela casa ou jardim, sem necessidade de qualquer elemento digital para complementar a diversão...

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